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Posts do blos recentes - Colunistas

    Colunistas

    Jornal Roraima Agora
    Aroldo Pinheiro

    Selfies

    Enquanto esperava embarque no aeroporto de Campinas (SP), Carina Camacho, com a filhota Agnes, de um aninho, no braço, resolve registrar o momento. Olha em volta, aproxima-se de dois passantes e, dirigindo o celular a um deles, pede:
    - Moço, você poderia fazer uma foto?
    Simpático, ele pega o aparelho e se posiciona ao lado da jornalista para fazer uma selfie. Ela se afasta e diz:
    - Não, eu quero uma foto minha com minha filha...
    Feito o registro, Carina agradece e os dois passantes se afastam às gargalhadas.
    Mais tarde, na sala de embarque, Carina vê que diversas pessoas pedem para fazer selfies com o seu fotógrafo de minutos atrás e, não resistindo à curiosidade, pergunta a uma mocinha quem é aquele sujeito que está causando frisson na garotada:
    - Ele é o Sorocaba, da dupla sertaneja Fernando & Sorocaba.
    A jornalista segura a risada e ironiza a oportunidade perdida de ser fotografada ao lado do, para ela, ilustre e famoso desconhecido.
    ********
    Segunda-feira, 10 horas da manhã, pitando um cigarrinho e conversando amenidades com o médico Pedro Maciel, sou abordado por uma senhora: "Nossa, que bom encontrá-lo aqui. Meu sonho de consumo é ter uma foto a seu lado; podemos fazer?"
    Antes que eu me refizesse da surpresa, ela cola o corpo no meu, se arruma debaixo de meu sovaco, passa o braço em minha cintura, entrega o celular para meu amigo e pede-lhe que faça o registro.
    Feita a fotinha, a loira sai toda serelepe, feliz da vida e entra no carro que estava a sua espera, deixando-me sem jeito, sem entender direito o ocorrido.
    Ao chegar a sua casa, a mulher chama a irmã e, toda satisfeita, mostrando imagem aberta do celular, anuncia: "Taqui, ó: consegui uma foto com o doutor Chicola!"
    Com o aparelho na mão, depois de analisar a selfie, a outra oxigenada diz: "Mana, esse não é o doutor Chicola não..."
    Ainda empolgada com a conquista e aborrecida com o questionamento da irmã, ela contra ataca: "Claro que é. Ele estava na saída da Junta Médica conversando com outro doutor..."
    "Mana, tenho certeza de que esse não é o Chicola..." E ante o olhar de dúvida e aborrecimento da irmã, observa: "Se bem que esse coroa da foto é bem mais bonitinho".

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    Aroldo Pinheiro

    Volta, Pinduca!

    Minha infância foi muito rica. Diferente dessa garotada que vive presa a celulares, Aipades, Aipedes, Aipodes e outros Ais, éramos meninos de brincar na rua e de, antes de nos assearmos para dormir na rede, evitarmos que nossas mães vissem cortes e arranhões surgidos em braços e canelas e quisessem nos castigar com aquela pazinha embebida com Merthiolate. O cara que inventou Merthiolate devia ter parte com o Demônio.

    Em um só quarteirão da rua Alfredo Cruz, éramos mais de 15 crianças. Meus pais entraram com oito nessa contagem. Nossas brincadeiras eram puro desgaste de energia. Tomar banho no rio Branco, amorcegar carros que passavam por ali, roubar frutas em quintais alheios, esconde-esconde, caumôni-bói, bandeirinha, queimada, pelada... Às vezes, enquanto os dois animais descansavam e comiam o ralo capim das redondezas, roubávamos o carro de bois do seu Zacarias e, divididos em turmas, dávamos voltas pela Praça da Bandeira. Metade dos meninos puxava a carroça enquanto a outra metade fazia festa entre os fueiros do chassi do veículo. Depois, as turmas se revezavam.

    Nascido Wallace Walter, mas renomeado Pinduca, dos mais novos por ali, também participava dessas brincadeiras. Pinduca morreu na semana passada e, com a morte dele, vi-me lembrando de nossa infância.

    Certo dia, depois de muito pedalar, chegamos ao Lago dos Americanos, onde decidimos nadar até uma barraquinha construída lá no meio da água. Entre nós, com idade entre 12 e 13 anos, estava Pinduca, que ainda não tinha passado dos 10. Paulo, seu irmão mais velho, determinou que ele não ia enfrentar o desafio conosco.

    Depois das primeiras braçadas, demos conta de que o pirralho nos seguia. Paulo grita: "Pinduca, volta, isso não é coisa pra criança!!!" Teimoso, Pinduca fazia que não ouvia. "Pinduca, volta! Tu num vai dar conta não!" E Pinduca nem se tocava. No desespero, Paulo apelou: "Pinduca volta, porra..." E arrematou: "Pinduca, volta... Depois, tu morre e chega lá em casa chorando..."


    Sei que todos nós seguiremos o mesmo caminho. Apesar de sabermos que a morte é a única coisa certa nessa vida, não nos acostumamos com a danada. Pinduca morreu e, com sua partida, deixou a curuminzada da Alfredo Cruz chorando. 

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    Aroldo Pinheiro

    Pai herói

    Quando Mariana ainda era minha única filha, eu gostava de deitar-me a seu lado e contar-lhe histórias para fazê-la dormir. Mas eu não me prendia a historinhas destinadas ao público infantil não e criava aventuras em que normalmente eu saía como herói. Lutei com ursos, tigres, onças, crocodilos, enfim, matei mais feras que o próprio Jim das Selvas.
    Um dia, contei-lhe que estava no Circo Orlando Orfei e, quando o domador sofreu um ataque de coração, vi-me obrigado a entrar no enorme engradado do picadeiro, apoderar-me da banqueta e do chicote do profissional desmaiado e enfrentar os enormes e bravos felinos até que o dono do circo surgisse para controlar a situação.
    Nunca imaginei que o Orlando Orfei, o maior circo em atividade na América do Sul de então, viesse a nossa cidade. Pois veio.
    Quando minha filhota, então com quatro aninhos, assistiu a anúncios da trupe, perguntou-me se "esse não era aquele circo em que eu tinha domado os leões". Confirmei, claro.
    Resolvi levar Mariana para assistir ao espetáculo circense. Na entrada, vi Orlando Orfei, vestido com reluzentes fraque e cartola, dando boas-vindas aos pagantes e resolvi encompridar minha heróica aventura. Afastei-me de minha filhota, cumprimentei o dono do circo e pedi-lhe, sem dar-lhe tempo para contestação, que, em seguida, respondesse positivamente às perguntas que eu lhe fizesse.
    Com Mariana nos braços, aproximei-me de Orlando Orfei e pergunteilhe se ele se lembrava do dia em que o domador desmaiou e eu tive que me virar para controlar os leões. O italiano deve ter sacado minha ideia, pois, com um sorriso maroto nos lábios, disse que "se lembrava sim".

    Atualmente, em reuniões de família, nos divertimos relembrando essas e outras histórias da infância de meus filhos. 

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    Aroldo Pinheiro

    Bloco do pó e respeito pelos mortos

    Há quem reclame da demora de um Sedex entre o Sul-maravilha e Roraima. Não recla­mem. Houve um tempo em que um telegrama levava até oito dias para chegar a Boa Vista. Explico: em nossa capital, a agência dos Correios não dispunha de serviço de telegrafia; assim, os pontos e linhas do Código Morse eram recebidos em Manaus e, depois de impressos, eram enviados para o vale do rio Branco por aviões do Correio Aéreo Nacional, cujas aeronaves só nos visitavam uma vez por semana.

    Pouco antes do carnaval, minha mãe recebeu telegrama noticiando a morte de meu avô. Lembro-me do choro e da tristeza em nossa casa. Vovô Manoel morava no Ceará e minha mãe não o via há alguns anos.

    Alguns anos antes, meu pai e alguns amigos tinham criado o Bloco do Pó, que prota­gonizava o ponto máximo do período momesco em nossa capital. Nos três dias da festa pagã, os foliões subiam numa cafuringa e, ao som de trombone, tocado por meu pai - o maestro -, tuba, saxofone, bumbo, surdo, caixas e tamborins, saíam levando música, alegria e jogando muito talco sobre quem chegasse perto.

    No domingo de carnaval, papai saiu de casa logo depois do almoço. Sumiu. Lembro-me que ao final da tarde, a pé, mamãe, eu e alguns de meus irmãos voltávamos da missa de sétimo dia da morte de meu avô, quando, na esquina das avenidas Jaime Brasil e Getúlio Vargas, ouvimos acordes de "Moço, qual é o pó? Eu nunca vi homem de renda e filó..."; logo, apareceu a cafuringa com o Bloco do Pó. Meu pai, mais alto do que seus colegas de farra, fantasiado de maestro, desta­cava-se no meio da trupe.

    Mamãe, abaixou e cabeça e, olhando para o lado, tentava esconder as lágrimas que es­corriam em sua face.

    Lá pelas nove da noite, em casa, ouviu-se o barulho do trombone sendo pendurado no gancho onde estaria sempre pronto para qualquer eventualidade. Em seguida, meu pai, ainda de fraque e cartola pretos, todo sujo de talco, entrou na cozinha e, ao servir-se de água retirada de um pote, ouviu mamãe dizer:

    - Isso é uma falta de respeito, Pinheiro. É esse o exemplo que você deixa para seus filhos?

    Papai sentou-se, tomou um trago de uísque e respondeu com a cara maia lavada do mundo:

    - Neuza, eu, sendo o comandante, não podia abandonar o barco com meus marujos. .. - E antes que mamãe começasse a chorar, ele acrescentou: "Veja que nós não passamos nenhuma vez aqui pelo nosso quarteirão. Teve uma vezinha que, quando chegamos perto da esquina, eu, como maestro, ordenei que os instrumentos silenciassem". 

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    Aroldo Pinheiro

    A garantia

    Médico à antiga, desses que procuram conhecer os pacientes a fundo. Com ele, uma consulta não leva menos de quarenta minutos. Psiquiatra conceituado e atencioso tenta viajar pela alma dos seus pacientes. Toda a sua vida acadêmica foi financiada com árduo trabalho como rádio-técnico em oficina de terceira categoria. Aliás, eletrônica sempre foi sua paixão.

    Era fim de tarde de sexta–feira quando doutor Jack Areh entrou numa mercearia e deu de cara com João Caporal que, há algum tempo, em crise maníaco depressiva, tinha feito uso dos serviços do psiquiatra. Durante conversa informal, o médico notou que a acompanhante do antigo paciente tinha o olhar perdido no espaço e agia como um robô.

    - Quem é esta senhora que está com você? – Perguntou. Ao saber que era dona Ambrozina, mãe de Caporal, ficou deveras preocupado e assuntou: "Sua mãe não está bem. Vejo que ela está apática, perdida, Algo estranho acontece com ela".

    - Ah, doutor, mãeinha tem me preocupado muito. Nossa vida não tem sido fácil. Derna o início do ano ela vem levando tanta porrada que azuretou. – Caporal enxugou lágrimas, assoou o nariz e continuou: "Em fevereiro, painho teve um enfarte e bateu a caçuleta; no início de março, Edilzanete, minha irmã mais nova, apagou na mesa de parto; o menino dela, Desmoillysson Jerry, morreu de caganeira três meses depois: os pessoal dizem que foi infecção hospitalar. De lá pra cá, mãeinha ficou assim, meio alesada. Ela fala pouco, se esquece de tudo, não sorri. Ela tá só sendo levada pela vida...

    Doutor Jack Areh dirigiu-se à mãe de Caporal e, depois de fazer-lhe perguntas e considerações sacou o receituário, escreveu algo naquela caligrafia que nem médicos conseguem ler, entregou o papel ao antigo paciente, repousou a mão no ombro dele e, usando o linguajar dos técnicos em eletrônica, sentenciou:


    - Olha, Caporal, nós vamos curar sua mãe. Ela vai tomar estes medicamentos aqui da receita e eu garanto que em uma semana o comportamento da velhinha vai mudar. Eu dou garantia: se ela não sarar nesse espaço de tempo, pode trazê-la de volta que o defeito pode ser nouto circuito, mas nós vamos fuçar até descobrir. Garanto-lhe que a velhinha vai ficar tinindo. 

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    Aroldo Pinheiro

    Os meninos da cobra (ou a cobra dos meninos)

    Início dos anos 1960. Boa Vista era uma cidadezinha pacata com menos de 20 mil habitantes. Esse era um tempo em que, por aqui, ainda nem sequer existia televisão e a meninada inventava suas brincadeiras. E que brincadeiras.

    Nossa casa ficava na rua Alfredo Cruz, sub-esquina da Getúlio Vargas - uma das únicas avenidas calçadas e asfaltadas da capital do Território Federal. Moradores do Rói Couro (hoje bairro de Sâo Pedro) usavam a Getúlio Vargas em seus deslocamentos para a Jaime Brasil, onde ficava o grosso do comércio e o Cine Teatro Boa Vista, que, ao lado de jogos de basquete, vôlei e futebol de salão, na Praça Capitão Clóvis, era das poucas diversões noturnas do lugarejo.

    Eu e meus dois irmãos, à guisa de diversão, cortamos uma câmara de ar de bicileta, amarramos uns 30 metros de linha que usávamos para empinar papagaio na parte do pito e, de noite, lá pelas 10 horas, por volta da hora em que terminava a sessão de cinema ou se encerrava alguma disputa na pracinha de esportes, nós jogávamos o artefato do outro lado da via e, escondidos por detrás de um muro, puxávamos o artefato que apavorou muita gente.

    Dali, ríamos dos sustos que os passantes levavam. Lembro-me de seu Malaquias, que, assustado, quebrou um guarda-chuva ao querer matar a cobra. Não tenho certeza, mas dizem que, com medo da falsa jiboia, João Funga-funga borrou o fundo das calças e, por causa do vexame, perdeu a namorada.

    E assim foi durante muito tempo. Enquanto nossos pais e vizinhos conversavam amenidades em fente de casa, eu, Agenor e Anchieta sacaneávamos inocentes passantes.

    Numa noite de sábado, uma mulher gestante, amparada pelo marido e uma comadre, vinha do Rói Couro dirigindo-se à Maternidade de Boa Vista, que ficava ali pertinho, na rua Coronel Pinto, onde hoje está a Seplan. Irresponsáveis, nós não demos descanso à cobra. O trio de passantes entrou em pânico, a gestante, segurando a barriga, curvou-se e, gritando de dor, contorcia-se no chão.

    As pessoas que conversavam na frente de nossa casa correram para socorrer a buchuda. Meus pais e uma nossa vizinha socorreram a futura mamãe e levaram-na até o hospital, onde ela já entrou parindo seu rebento.

    Algum tempo se passou, mamãe voltou pra casa, investigou o caso e, com sábia investigação, chamou seus anjinhos à responsabilidade. Com alguns bolos de palmatória em nossas mãos e cortes de tesoura na câmara de ar, mamãe deu fim ao réptil que, durante algum tempo, assombrou quem passasse pela avenida Getúlio Vargas. 

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    Aroldo Pinheiro

    Autoridade de primeira viagem

    No início da década de 1960, depois de acirrada disputa eleitoral, a chapa apoiada pelo governo lograra preencher a única vaga na Câmara dos Deputados destinada ao Território Federal de Roraima.
    O deputado era homem culto, inteligente, falava inglês fluentemente, conhecia alguns países, tinha muitas posses; o suplente, semi-analfabeto, era simples pecuarista - desses que começaram sendo vaqueiro de algum grande produtor e, com o sistema de ganhar uma cabeça de rês a cada quatro nascidas, estabelecera seu rancho e se tornara líder rural.
    Com a "Redentora", de 31 de março de 1964, o deputado, que alimentava simpatia pelo regime imposto por Fidel Castro, em Cuba, foi cassado pelos militares. O suplente assumiu a vaga.
    Sentindo-se importante, o peão que, agora, havia-se transformado em autoridade, viu-se obrigado a trocar suas calças e camisas de brim desbotado e puído por ternos de gabardine. A patroa caprichou em vestidos feitos com seda oriental trazida da então Guiana Inglesa, rendas do Ceará, fustões, tafetás, essas modas.
    Depois da posse e de cometer algumas gafes em Brasília, o casal voltava, pela primeira vez, para a pacata Boa Vista. Naquele tempo, os DC3s da Cruzeiro do Sul pernoitavam em Manaus para descansar tripulação, esfriar motores e seguir viagem no dia seguinte.
    Hospedados no Hotel Amazonas, deputado e esposa se encantavam com tanto luxo e mordomia.
    Antes de entrar no Aero-Willys da Representação do Território Federal de Roraima que levaria o casal até o Aeroporto da Ponta Pelada, a esposa do parlamentar resolveu visitar lojinha de artesanato que vira na frente do imponente e famoso hotel. Entrou e encantou-se com uma bolsa que a atraíra no mostruário.
    Ao ver a aproximação do jovem e bem vestido atendente, madame, para mostrar que era gente bem, resolveu caprichar no vernáculo, pegou a bolsa e perguntou:
    - Moço, essa bolsa é de couro de crocodalho?
    Rindo, o vendedor respondeu-lhe:

    - Não. É de couro de jacaralho. 

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    Aroldo Pinheiro

    Controlador de voos

    O único psiquiatra do lugarejo aposentou-se e passou a missão para doutor Germano Duna, jovem médico que exerceu a profissão por muito tempo na Clínica Santa Genoveva, no Rio de Janeiro. Este, com sede de fazer seu pé de meia e voltar para as praias da Cidade Maravilhosa, trabalhava mais do que seria recomendável.

    Numa sexta-feira de lua cheia, o plantão tinha sido dos infernos. Doutor Germano, depois de atender cinquenta e dois pacientes, tirou o jaleco, jogou-o sobre o assento traseiro da reluzente L-200 e dirigiu-se à sua lanchonete preferida para um lauto sanduíche aberto. Pediu uma cerveja gelada e ouviu o toque do celular antes que terminasse o primeiro copo. Olhou o aparelhinho com raiva e atendeu à ligação vinda do Pronto Socorro:

    - Doutor, venha urgente ao PS. Acabamos de receber uma paciente sua em alta crise...

    - Ô, Aparecida, dá um tempinho... Vou só comer um sanduíche pra forrar o estômago... Chego aí em meia hora...

    - Doutor, a coisa tá feia... É melhor o senhor vir logo e deixar o sanduba pra depois... 

    - Vocês não podem administrar isso aí? Apliquem um sossega-leão na paciente... Logo, logo, estou chegando...

    - Não dá, doutor... Ela tá muito agitada... Além do mais, ela tá com mania de querer voar..

    Doutor Germano largou a garrafa de cerveja quase cheia, chamou o chapeiro e pediu que não tivesse pressa com seu pedido, "pois ele tinha que sair para atender a um chamado". 

    O Pronto Socorro estava um verdadeiro caos. Tantos eram os necessitados pelo corredor, que parecia ter tido um ataque terrorista na cidade. Doutor Germano entrou tentando identificar sua paciente no meio daquela multidão, mas não logrou êxito. Decidiu, então, valer-se de sua figura impoluta e de sua voz tonitruante:

    - POR FAVOR, ESTOU À PROCURA DE MARIA LUÍZA, UMA PACIENTE MINHA QUE ESTÁ COM VONTADE DE VOAR!

    Uma morena parruda, trajando decotado e colante vestido vermelho, levantou-se e, dirigindo ao médico os olhos arregalados que pareciam querer sair das órbitas, apresentou-se:

    - Sou eu doutor...

    - Me acompanhe, por favor...

    Nisso, levantou-se um homenzinho mirrado, atrás de óculos com espessas lentes de grau e falou:

    - Doutor, ela é minha esposa... Será que eu posso ir junto?

    Doutor Germano encarou o casal, esboçou um sorriso maroto e pilheriou:

    - Ah, você é o co-piloto? - E abrindo a porta do consultório, arrematou: "Tá bem, entrem os dois aqui no meu hangar para que a gente prepare o plano de voo". 

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    Aroldo Pinheiro

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    Aroldo Pinheiro

    Miscigenação passarinheira

    Estou ficando velho. Ainda bem que a velhice traz coisas boas. Com o passar dos anos, tenho me voltado um pouco mais para a natureza. Eu, que já matei alguns periquitos, muitas maracanãs, dezenas de papagaios, que engoli corações de beija-flores (só pra ficar ponteiro com a baladeira) e torrei corações de anuns pra fazer simpatia na esperança de traçar meninas, passo a cuidar de passarinhos.

    Nessa minha fase passarinheira, a quantidade de canários-da-terra em Boa Vista atrai minha atenção. Eu que, com visgo de jaca, já cacei bem-te-vis, sanhaçus, tangarás, curiós, chicos-pretos, sabiás, não me lembro nunca de ter caçado um desses canarinhos que vemos em numerosos bandos pela cidade de Boa Vista.

    Durante alguns dias, acompanhei o início da vida de quatro desses bichinhos – do nascimento ao primeiro voo ganhando o mundo. Até andei preparando terreno para que os canarinhos e seus pais se fixassem em meu terreno, mas eles partiram sem ao menos dizer adeus.

    De repente, descubro o motivo de tantos canários-da-terra em Boa Vista. Descubro até que esta raça de passarinhos, com grande capacidade de reprodução, já existia por aqui, só que em menor quantidade. 

    Contaram-me que, nalgum dia do século passado, a Polícia Federal deteve um homem com mais de 4 mil desses passarinhos acondicionados em lugares impróprios. Tráfico de animais silvestres. 

    O criminoso foi preso e os passarinhos foram aprisionados. Das mais de 4 mil, só metade das aves estava viva. Sem lugar apropriado para mantê-las até que a burocracia autorizasse sua devolução para a Venezuela, de onde eles haviam sido capturados, fiscais e burocratas buscavam uma saída.

    Com o passar das horas, passarinhos iam morrendo. No segundo dia, mais de mil sucumbiram à fome, à sede e às condições do cativeiro improvisado em que se encontravam. Eugênio Thomé, que fazia parte do conselho passarinheiro – grupo que decidia sobre o futuro dos canários-da-terra -, propôs soltar a passarinhada e torcer para que eles se adaptassem aos ares roraimenses. Até porque, no Estado, havia incidência desse tipo de aves. 

    Um integrante do conselho combateu a ideia de Thomé. Disse que os canários venezuelanos, apesar de muito parecidos, apresentavam diferenças se comparados com a espécie brasileira: os pássaros estrangeiros, por exemplo, eram dois centímetros mais compridos do que os pássaros brasileiros. 

    Thomé contra argumentou: "Olha, mano. O meu amigo Waldemar Johanson, alemãozão com mais de dois metros de altura, casou-se com uma caboquinha que não mede sequer um metro e sessenta e, dessa união, nasceu um menino bonito e saudável. Vamos soltar os canarinhos venezuelanos". As aves foram soltas e se integraram à natureza.

    Sabendo dessa história, defendo a tese de que esses canarinhos lindos, nascidos da miscigenação entre aves brasileiras e aves venezuelanas, recebam nome científico de Eugenius Thomenandus Canariuns. 

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    Aroldo Pinheiro

    Sem pressa

     No edifício em que minha mãe mora, em Brasília, vivem muitos idosos. Sob os pilotis, é comum encontrar cabecinhas brancas de 60, 70, 80, 90 anos. Minha mãe acaba de completar 95; acho que ela é a decana do bloco. 

    De repente, a notícia: "Dona Maria do 104 morreu". Minha mãe chamou Célia, uma de minhas irmãs, e pediu-lhe companhia para prestar uma última homenagem à vizinha. 

    Com velório marcado para a partir das 15h do dia seguinte, mamãe teria tempo de ir ao cabeleireiro para arrumar as madeixas: "Sou velha, mas não quero que me achem feia", diz sempre a nonagenária.

    Em Brasília, velórios são conduzidos nas muitas capelas destinadas a essa finalidade dentro do cemitério e é normal que pessoas chorem uns três ou quatro mortos errados até chegarem ao defunto querido.

    Antes de chegar à capela em que o corpo de dona Maria se encontrava, Célia e mamãe passaram por seis velórios diferentes. Com tanta confusão, minha mãe, ficando cansada, já começara a reclamar ante a possibilidade de sair do cemitério sem que a finada "tivesse visto" a presença dela naquela derradeira reunião.

    No endereço correto, o som de um violino trouxe paz ao coração de Neusinha e tranquilidade à alma de Auricélia, que já estava preocupada com as preocupações de sua velhinha.

    Tocada pelas finas notas musicais e vendo um violinista tão alinhado, tão circusnpecto, mamãe segredou ao ouvido de Célia.

    - Tá vendo que coisa linda, minha filha? Pegue o contato desse rapaz e guarde o endereço com você. Quero que ele toque no meu velório...

    A música foi interrompida por algumas orações, alguns cânticos, e o corpo de dona Maria foi levado até seu novo endereço. O padre teceu alguns elogios à defunta que, finalmente, como cantava Teixeirinha, foi "tapada com terra fria".

    Dali, Célia acomodou mamãe no carro e, quando chegaram ao portão do Campo da Saudade, minha irnã, contrariada, freou e comunicou:

    - Ih, mamãe... Temos que voltar. - Por que, minha filha?

    - Esqueci-me de pegar o cartão com o endereço do violinista...

    - Volte não, minha filha. Você pode fazer isso depois. Tenha certeza de que eu não tenho nem um pingo de pressa.
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    Ulisses Moroni

    Não coloque a mãe no meio!

    Fortes lembrança de minha infância são as caronas nos primeiros anos escolares. Às vezes ia com a mãe de um colega. Outros colegas iam juntos. Era revezamento: às vezes, ela levava; outras, a minha mãe e as dos demais faziam a função. 

    Não sabíamos o nome da mãe de nosso amiguinho. Pelo seu jeito de ser e a forma como tratava o filho, nos referíamos a ela como A FADA. A maneira de falar com o filho, os olhares, os abraços eram coisas de rainha para um príncipe.

    O pai, ao contrário, era a ignorância total. Não deixava o colega jogar futebol, assistir a desenhos animados, entre outras barbaridades. Escondida do pai, era a mãe quem dava esses prazeres ao menino.

    Mudei-me para nova escola. Aquele meu colega também foi estudar lá. Morando em novo endereço, não havia mais "a fada" com ele! Os pais tinham se separado e ele passou a morar na casa da avó paterna. Sei que o pai ficou com a guarda do menino. Como eu era criança, não entendia muito destes assuntos.

    Aquela situação o afetou bastante. Ele tornou-se excessivamente sensível e sem auto-confiança. Os maldosos o chamavam 'Pateta-chorão'.

    Uma vez, estávamos num campo de futebol de várzea e ele chegou. Ali estavam uns elementos que gostavam de importunar os outros. Juntos, se julgavam os donos do pedaço. Não é que, sem qualquer motivo, disseram que não iam deixar nosso amigo jogar. Ele, chorando, cabeça baixa, virou-se para ir embora. Aqueles idiotas ainda tiveram a maldade de falar que "filho-de-puta não joga aqui nunca mais"!

    Num gesto de surpresa, jamais esqueci, o menino virou-se para o campo e gritou: "Não falem da minha mãe. Vocês nem conhecem ela! Mãe ruim deve ser a de vocês, que não os ensinou a respeitar as pessoas. Vou resolver isto agora!"

    Ato contínuo, pegou um pedaço de bambu que estava por ali e partiu para cima dos agressores, batendo onde e como pôde. Cena digna de filmes de kung-fu. Fez todos correrem.

    Se eu, que somente vi, nunca esqueci, imagine os valentões que sentiram "na pele" a "violenta-emoção" daquele garoto que eles chamavam Pateta-Chorão!

    Com a cena, descobri a força do sentimento materno para uma pessoa e a importância do "NÃO COLOQUE A MÃE NO MEIO".

    A avó dele faleceu e, com o o pai, ele se mudou dali. 

    Gostaria de saber como ele está hoje e o que realmente ocorreu com sua mãe. Tomara que eles, mãe e filho, tenham se reencontrado. 

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    Querido diário - Diva Gina Peralta

    Querido diário 11-05-2019

    Querido Diário,

    Não sei onde estou arranjando coragem para o recomeço. As zamigas têm me dado a maior força.

    Com exceção de dois ou três vestidinhos, doei todas os vestidos do tempo do finado e comprei umas roupinhas mais modernas e ousadas. Cortei os cabelos acima dos ombros e, neles, dei um tom aloirado.

    Afora minha sogra (pois sogra é pra sempre), a moçada se mostra satisfeita com as mudanças.

    Fiquei sabendo que, no trabalho, colegas fizeram uma espécie de bolão tentando acertar quando – e com quem – retomarei atividades sexuais. Já recusei convites para sair, pois sei que não existe jantar de graça.

    No sábado de aleluia fui ao Pit Stop com uma turma de amigas solteiras, divorciadas e viúvas. Não me senti muito bem, pois nossas caras pareciam ter placas dizendo que "as coroas saíram pra caçar".

    Bebemos muito, cantamos, dançamos, nos divertimos. Na volta, ao deixar-me em casa, uma prima do meu finado marido insinuou-se querendo ficar comigo. Disse que não é lésbica militante e que "só estava empenhada em me treinar e deixar-me pronta para as novidades que deixei de conhecer durante os 40 anos de casada".

    Conversa pra embalar elefante. Não caí na lábia da sapata. Vou com calma, pois sei que o que é bom pra mim está guardado.
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    Querido diário - Diva Gina Peralta

    Querido diário - 11 de abril de 2019

    Querido Diário,

    Chegamos ao ano da graça de 2019. Festejo mais ou festejo menos um ano de vida?

    Em abril, colho meu 61º caju. Neste ano, decidi recomeçar minha existência.

    Amei. Amei demais o meu marido. Lá se vão 42 meses desde que o Senhor decidiu levá-lo.

    Chega de viver de recordações.

    Decidi dar um up na na vida, um recomeço de valor, e aproveitar o que ainda está por vir.

    Sou uma mulher graciosa. Muitos não me dão a idade que tenho. Com uma repuxadinha para disfarçar pés de galinha que teimam aparecer, uma clareada com cores da moda nos cabelos que insistem em ficar brancos, alguns meses sofrendo em academia e estarei pronta para ir à luta.

    Vou adotar conselhos de amigas e amigos (alguns deles até quebrando a asa pra cima de mim).

    Não se surpreenda, querido diário: Divinha 2019 será totalmente diferente de tudo o que Diva foi ao longo dos 61 anos vividos até agora.


    "Deixa a vida me levar" ou "quem for podre que se quebre". 

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    Aroldo Pinheiro

    O incompreendido

    Conheço muitos mãos-de-vaca, mas José de Ribamar, maranhense que chegou aqui em terras macuxis na década de 1980, se destaca em qualquer disputa dentro dessa modalidade.

    Ribinha, além de pão duro, é metido: não dá esmola, não fala com preto nem carrega embrulho. Apesar de toda essa empáfia, o codoense frequenta apurado meio social e, mesmo sendo mais grosso do que cano de passar bosta, consegue namorar meninas de boa procedência.

    Ultimamente, Ribinha tava pegando Rosa Maria, loirona monumental, única herdeira de dezenas de imóveis espalhados pela cidade de Boa Vista.

    O namoro empirulitou-se com os primeiros raios solares de 2019. Explico:

    Faz tempo, Rosa Maria dizia ao namorado que sonhava com uma noite especial: motel de primeira, lençóis de cetim e despertar com um lindo café da manhã servido na cama.

    Apaixonado, o maranhense decidiu realizar o sonho da amada na passagem de ano. Às dez e meia da noite do dia 31 de dezembro, ele parou a moto na porta de Rosa, disse-lhe que tinha uma surpresa e pediu que a amada subisse na garupa da Bizz.

    O casal tomou o rumo oeste da cidade. Em bairro periférico, Ribinha parou numa mercearia e, de lá, veio com duas sacolas plásticas que foram acomodadas debaixo do selim da moto. Dali, seguiram até a pousada Vai Quem Quer.

    Ao ver a entrada do local, Rosa Maria ainda pensou em pedir pra voltar. Capitulou. Sabia que o namorado era mão-de-vaca e, cheia de tesão, resolveu arriscar.

    O casal assistiu à queima de fogos transmitida pela TV, queimou muito fogo durante a madrugada e adormeceu. Zé com o peidante voltado para a amada.

    Na manhã do dia 1o, por volta das cinco da matina, Rosa Maria acordou e viu Ribinha abrindo as sacolas que havia trazido sob o selim da Bizz. De lá, o maranhense retirou uma lata de leite Ninho, um pacotinho de Nescafé Tradição, um pacote de cream crackers, uma embalagem de margarina, um saco com um quilo de açúcar, copos e colheres descartáveis.

    O ficante de Maria Rosa botou o rancho sobre a mesa, ligou para a recepção e pediu que mandassem uma chaleira com água morna. URGENTE!

    Ribinha voltou-se para a namorada e, ao vê-la acordada, recomendou:

    - São cinco e dez, meu amor. A gente toma café e vai-se embora, pois a promoção de seis horas por R$ 35 vence daqui a 50 minutos.

    De tarde, no bar Quebra Molas, sem entender nada, Ribinha se lamentava:

    - Eu fiz tudo o que Rosinha queria e ela me deu um pé na bunda...

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    Ulisses Moroni

    Uma crônica com espírito natalino

    Quando eu era criança, antes do Natal, os lixeiros deixavam um envelope nas casas e pediam uma gorjeta natalina. Logo após o dia 25, passavam recolhendo os envelopes.

    Aqui em Boa Vista não me lembro de ter visto esses envelopes.

    Meu filho pediu, de Natal, um presente padrão nestes tempos: um novo celular.

    Fiz contas e foi possível separar o valor para comprar.

    No dia 24, saquei dinheiro e dirigi-me à loja. Já estava fechada.

    Eu teria de comprar o celular após o Natal.

    Coloquei a grana no bolso para comprar o presente depois.

    No dia de Natal, acordei-me e vesti-me com a mesma calça. Ainda era manhã, bem cedo. Fui ajeitar os sacos de lixo amontoados no quintal e, de repente, escuto o caminhão de lixo passando. Corri lá com os sacos. Fiquei observando o caminhão de lixo se aproximar.

    Quatro garis pegavam os sacos e jogavam no veículo coletor. Naquele dia, devido às ceias, havia muito mais lixo. Naquela manhã, os lixeiros faziam algo diferente: batiam nas portas e pediam "caixinha". A tradicional contribuição de natal!

    Em algumas casas ninguém atendeu. Noutras, saía alguém, que balançava a cabeça lateralmente, indicando negar a gorjeta.

    De minha porta, pegaram os cerca de dez sacos de lixo que ali havia. Um dos lixeiros deles veio até mim e pediu a gorjeta, já meio que esperando um não.

    Os garis queriam fazer um almoço diferente em suas casas, no dia de Natal. Tanto que resolveram fazer a coleta bem cedo. O que eu faria?

    Pago a contribuição municipal para custear a coleta de lixo e outros tributos. Além do mais, não existe obrigação de pagar gorjeta. Trata-se de uma liberalidade. Uma das formas de exercermos nosso livre arbítrio. E quanto eu daria de gorjeta? Teria que decidir rápido.

    Com o lixeiro à minha frente, aguardando minha resposta, olhei minha calçada: limpinha... Há alguns minutos havia muitos sacos de lixo ali...

    Manhã de Natal bem cedo, lixeiros trabalhando... Pensei: "Meu filho já tem um celular... E funciona bem. Ele pode esperar mais um tempo por aparelho novo". Meti a mão no bolso e retirei o valor que estava lá para comprar o celular para meu filho - nem sei quanto
    exatamente -, peguei e entreguei ao lixeiro. Ele sorriu um sorriso de orelha a orelha, apertou minha mão e disse-me um sincero muito obrigado.

    Esperei para vê-lo entregando o valor a seus colegas. Um pouco distante, pude ver os sorrisos nas faces dos outros quatro garis. 

    Esse fato foi meu presente de Natal. Como fiquei feliz! Essa alegria em meu coração me servirá de impulso para conquistar muitas vezes a gorjeta dada em 2018. 

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    Aroldo Pinheiro

    Assim caminha a humanidade

    Sebastião Coivara cuidou do meu jardim por muito tempo. Mais do que relacionamento patrão-jardineiro, estabelecemos vínculos de amizade e confiança. 

    Coivara me telefonou. Estava acamado (ou seria arredado?) e precisava de minha ajuda. "Venha rápido, por favor, meu patrãozinho".

    Depois de muito rodar pelo bairro, localizei a cerquinha de madeira. Desci do carro, levantei a tramela do portão e, lá no fundo do quintal, debaixo da copa de frondosa mangueira, Coivara, braço na tipoia, todo pintado com Mertiolate, Iodo ou Mercúrio Cromo, jazia numa rede suja e puída. É, ele estava arredado. Assustei-me.

    - O que foi isso, companheiro?

    Sebastião abriu o olho direito – o esquerdo estava cerrado por enorme hematoma – e balbuciou:

    - Fui atropelado, patrãozinho...

    "Como? Quando? Onde?", perguntei. Meu subconsciente estava preso a princípios de matéria jornalística. Coivara detalhou o acidente.

    - Vamos atrás do fela-da-puta que lhe fez isso. – Propus revoltado.

    - Não precisa, patrãozinho. O cara me socorreu, me levou pro Pronto Socorro e me trouxe pra casa. Todo santo dia, ele vem me visitar...

    Elogiei o comportamento do motora. Sebastião continuou:

    - O problema é que roubaram minha magrela e o rancho que eu trazia. Levaram todas as compras do mês, patrão...

    - Como?

    - Quando fui atropelado, uma porrada de gente cercou o lugar. O motorista me socorreu de pronto. Quando ele me colocava no carro, olhei pra minha bicicleta e o saco com as compras. Ia pedir pro Pedro Bandalha guardar minhas coisas, mas, nisso, um rapazinho de boa aparência gritou: "Pode deixar, seu Coivara. Eu sei onde o senhor mora e entrego a baique e suas compras na sua casa". Tou esperando até hoje...

    E, com tristeza, concluiu:

    - Já faz uma semana que eu tou nessa rede e nada da magrela ou do rancho...

    ....

    Assim caminha a humanidade. Usando título dado a filme estrelado por James Dean, chego à conclusão de que o desrespeito pelo ser humano e apego pelas coisas materiais vêm aumentando. E muito.

    Feliz Natal! 

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    Aroldo Pinheiro

    A vingança

    Desde que fora flagrado beijando uma das funcionárias da escola, o padre diretor passou a perseguir Abigobaldo. Tinha que manter o garoto sob controle. Tinha que mostrar quem era o dono do pedaço. Tinha que manter o menino de boca fechada.

    Usando de seus poderes, padre Genésio aplicou castigos e suspensões sem motivo ao aluno que, por essas coisas do destino, descobrira que, debaixo da batina do sacerdote, rolava tesão por mulher, como rola em qualquer homem normal.

    Abigobaldo que, sejamos sinceros, não era lá flor que se cheirasse, se consumia imaginando uma maneira de vingar-se do padre ditador e safado.

    Certa tarde, ao sair para tomar água, Abigobaldo viu a Vespa(*) do padre, solitária, à frente da cantina da escola. Ao constatar que aquela área estava longe do alcance da janela da diretoria ou de qualquer sala de aula, o menino decidiu que a hora da vingança havia chegado: cuidadosa e rapidamente aproximou-se do veículo sacerdotal, desconectou-lhe o cachimbo da vela de ignição, nele colocou um chumaço de papel e devolveu a peça a seu devido lugar.

    Ao fim das aulas, com alunos ainda no saguão do colégio, o padre ocupou seu lugar na motoneta e, depois de liberar o descanso, acionou o pedal de partida. Nada. Novo pisão no pedal eo motor do veículo não respondia. Mais um e nada.

    Vendo aquilo, o alunado voltou-se para onde estava o padre diretor e, silenciosamente, com sorrisos disfarçados, passou a torcer pela motoneta.

    Mais uma tentativa no pedal. Nada. A partir da quinta tentativa, alguém mais corajoso começou contagem exagerada. Dezessete... Dezoito... Dezenove... Vinte...

    O padre se irritava. Na face genesiana, a pele branca se avermelhara; os olhos estrábicos do sacerdote pareciam distanciar-se entre si cada vez mais.

    Padre Genésio apelou e, sem muito cuidado com a batina, resolveu tentar fazer a Vespa pegar no tranco. Engatou uma segunda, empurrou o veículo, nele montou, desceu a rampa do colégio, liberou o manete de embreagem, mas o motor da motoneta não respondeu. Alunos sentiam prazer assistindo ao insucesso do diretor.

    Carlos Casadio, professor de matemática e mecânico experimentado, veio em socorro do padre. Acionou o pedal de start do veículo duas vezes, abaixou-se, desconectou o cachimbo de vela, dele retirou o chumaço de papel, recolocou a peça em seu lugar e, na primeira nova tentativa, o motor da motoneta funcionou. "Isso foi mão de gente", acusou professor Caracará. O sacerdote, destilando ódio, xispando, tomou o rumo da Prelazia.

    Padre Genésio foi-se embora de Roraima, largou a batina, casou-se com uma mulher e morreu sem saber quem lhe aprontou a pegadinha.

    (*) Vespa - espécie de Scooter, da família das Lambrettas. muito usada nos anos 1960 

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    Aroldo Pinheiro

    Na paz do Senhor, graças a Deus

    Marieta entrou no banco. Trajava bermuda quadriculada, blusa estampada com flores multicoloridas e surradas sandálias de dedo, a gorda, com quartos muito largos, peitos enormes, que fazem inveja a muitas vacas holandesas, cabelos desgrenhados, retirou senha no equipamento eletrônico e, com dificuldade, por causa dos assentos muito estreitos, sentou-se para esperar a sua vez. 

    Gisélia, mirradinha, entrou na agência, retirou senha e, ao ver a conhecida, balançou a cabeça e sentou-se a seu lado.

    - Tudo bem, maninha?

    - Menina, eu agora estou muito bem. – E sem deixar a amiga falar, Marieta acrescentou: "Estou frequentando a Igreja Paliativa de Jesus Cristo e, lá, encontrei a paz. Graças ao pastor Ezequiel, deixei de ser aquela mulher pessimista e intolerante que eu era... Aprendi a aceitar os desígnios do Senhor e dar Graças a Deus pelas coisas boas e coisas ruins que me acontecem..."

    O toc-toc de saltos contra o piso anunciaram uma moça bonita, com brilhantes cabelos negros longos, bem cuidados, dentro de insinuante peça única, branca, colada ao corpo. A morena chamava a atenção de todos que ali se encontravam. Aquela fada de revistas masculinas encostou-se na coluna próxima à bateria de caixas e dedicou-se a ver mensagens e posts no celular de última geração. 

    Marieta cutucou Gisélia com o cotovelo e, baixinho, determinou: "Essa quenga não vai ser atendida na minha frente não". 


    Gisélia fez bico de desdém, sacudiu a cabeça e acrescentou: "Se ela tem alguma deficiência, deve ser falta de vergonha. Como é que ela sai de casa com uma roupa escandalosa como essa? A xana parece que tá querendo pular pra fora" 

    O painel eletrônico anunciou: "Senha 107; caixa 3". A morenaça olhou em volta, retirou o apoio do corpo da perna esquerda para a perna direita, conferiu o celular, sorriu e abandonou-se nas mensagens. Marieta, apreensiva, murmurou um "Rum" desafiador. 

    Ao passar pelo local, o gerente da agência abriu os braços e exclamou: "Martinha!!! Que prazer. Venha à minha mesa para um cafezinho!?" O bancário e aquele pedaço de mau caminho seguiram para o birô da direção do banco.

    Morrendo de ódio, Marieta falou para que todos ouvissem: "Só vai ser atendida antes de mim porque eu não estou vendo". E voltando-se para Gisélia: "Não sou de desejar o mal pra ninguém não, mas essa vaca vai pegar uma doença que vai deixar ela seca e acabada só pra deixar de ser metida a besta". 

    E, não satisfeita, arrematou: "E tenho fé em Deus que esse gerentezinho de merda também vai ter o que o Diabo tem reservado pra ele..."


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    Aroldo Pinheiro

    O ocaso de um homem (e de uma mulher)

    Roraimense, nascido em família humilde, ele enfrentou dificuldades até formar-se engenheiro civil em Belém, num tempo em que, para chegar à faculdade, macuxis tinham que se aventurar em centros maiores. 

    De volta à sua cidade natal, montou firma construtora e, por meio de obras públicas, visão empreendedora e sorte, tornou-se homem rico.

    Vaidade e sonho de fazer algo pelo seu lugar de nascimento levaram-no à política. Ungido por poderoso e querido político, não foi difícil chegar a governador. 

    Usando meios não muito republicanos e abusando de populismo, criou seu grupo de seguidores que o levou a segundo mandato. 

    Dali, picado pela mosca azul, pensando em degrau mais alto, tentou chegar ao Senado Federal. Lá não conseguiu chegar. 

    Passados alguns anos desde a tentativa inglória, sonhou voltar ao comando do Executivo estadual. As garras da Justiça, entretanto, surgiram para atrapalhar seus planos. Depois de chicanas e fugas, recolhido a prisão domiciliar, teve ideia de retomar o poder por meio da esposa. Lançou-a candidata e, depois de acirrada disputa eleitoral, fê-la governadora. 

    Desde o início, sabia-se que a administração da patroa não seria nenhuma brastemp. Cercada por parentes e incompetentes, ela entra para história como o que poderia ter havido de pior para governar Roraima. 

    O poder cega. Sem enxergar a realidade, a despeito de pesquisas, a governadora partiu para tentar reeleger-se e, assim, continuar oferecendo condições para que parentes, agregados e apaniguados continuassem mamando nas, agora, muxibentas tetas do erário.

    Colhe-se o que se planta. As urnas trouxeram votos suficientes para que a governadora amargasse humilhante terceiro lugar, tirando-lhe o sonho de disputar, de acordo com a legislação, um segundo turno. 

    Contam que, no dia da apuração dos votos, quando viu que os números lhe eram contrários e não levariam a chapa à disputa final, a governadora aproximou-se de seu candidato a vice e, depois de sorver lauto gole de vinho, tirando o corpo da reta, humilhou o companheiro derrotado:
    - Doutor, se eu soubesse que você era tão ruim de voto, eu teria escolhido outra pessoa para essa batalha.

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    (Nota do autor: qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas não terá sido coincidência)

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    Tia Lyka

    Eleições: risco sexual

    Oi, gentem,

    O Barão resolveu me dar uma chance. Disse que, se eu me comportar, posso até voltar a escrever para o jornaleco.
    Saudade de vocês. Sem mágoa, acho que a Conceição Brilhante estava certa quando alertou sobre a possibilidade de meus textos caírem em mãos de crianças.

    Resolvi repensar a vida, mas estou sofrendo muito para segurar os pensamentos libidinosos e controlar a vontade de praticar os atos que – Graças a Deus! – nos foram legados por Adão e Eva. Ui!

    Depois de 45 dias em retiro espiritual, volto ao mundo dos vivos. Estou pensando em procurar ajuda psicológica. Acreditam que, no convento em que me internei, eu sonhei algumas vezes transando com Frei Damião e já andava meio desconfiada de que a madre superiora estava a fim de mim? Cruz, credo!

    O mundo está podre. No convento, descobri que umas noviças fazem mais questão da presença noturna de Bianor, o jardineiro, do que receber graças de Nosso Senhor Jesus Cristo. Lá, vi lances e ouvi gritos e sussurros que fariam muitas quengas ruborizar. 

    Aproveito minha estada aqui fora para, no domingo, cumprir com meu dever cívico: votar. Com as opções que temos, está muito difícil fazer uma boa escolha. Fico com bandidos antigos ou escolho futuros novos ladrões?

    Para presidente, eu até pensava em votar no Álvaro Dias. Acho o senador paranaense uma gracinha. Se aquele homem falasse só um pouquinho em meu ouvido com aquele vozeirão, eu daria tudo o que ele me pedisse y otras cositas más. Como a candidatura de Alvinho não decolou, vou com fazer como a maioria do brasileiros: vou de Bolsonaro 17.
    Sei que o Capitão é um tiro no escuro, mas é melhor arriscar do que ter que conviver com essa quadrilha vermelha roubando e atolando a Nação. 

    Seja o que Deus quiser. Vou votar em candidatos que não posso dizer serem os melhores, mas os menos ruins. É votar e manter o corpitcho limpinho, cheiroso e depilado, pois, se vierem nos enrabar, eu não quero que saiam falando mal de mim. 

    Boa sorte. Boa votação.

    Fui!!!

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    Aroldo Pinheiro

    Juiz ladrão

    Quase todo cidadão boa-vistense com mais de 50 anos de idade conheceu Áureo Cruz. Nem que seja de ouvir falar. Elegante, galanteador, Áureo era uma espécie de príncipe no reino da Macuxilândia. 

    Nascido de família abastada, as poucas vezes em que trabalhou foram para tirar algum proveito social ou investir em nova paquera. Áureo, entre outras coisas, foi diretor e locutor da Rádio Difusora Roraima. Apaixonado por esportes, fazia parte da Federação Roraimense de Futebol e do quadro de árbitros local. Ele também era torcedor fanático do Atlético Roraima Clube. 

    Nalguma tarde dos anos 1960, Estádio João Mineiro lotado: bem umas 30 pessoas ocupavam o palanque coberto de zinco; umas 80 se aboletavam no alambrado de madeira que isolava o campo de terra. De terra não: de barro. Naquela época, não existiam gramados em Boa Vista. O povo esperava o início do clássico: Baré X Roraima. Naquela época, só havia dois clássicos no território: Baré X Roraima ou Roraima X Baré.

    O primeiro tempo da partida terminou zero a zero. O segundo seguia modorrento, enquanto os atletas suavam a cachaça ingerida na noite anterior. Estavam mais pra tomar litros de água do que pra correr atrás da bola. O garoto que tomava conta do placar cochilava. Aos 32 minutos, Roberto recebeu um lançamento e, de trivela, chutou contra a meta guardada por Guilherme. Mário Rocha despertou e trocou um dos zeros pelo número 1. 

    Com o Baré ganhando de um a zero, Áureo Cruz, o árbitro, se desesperou. Ameaçou até expulsar o bandeirinha, porque este não tinha marcado o off side¹. Fim do primeiro tempo. 

    Da reposição de bola, depois do gol engolido por Guilherme, até os 45 minutos regulamentares, a equipe alvi-negra prendia a bola e administrava a vitória. A torcida festejava, antecipadamente, a conquista do troféu Governador do Território. 

    Quarenta e seis minutos. O árbitro, sem encarar o público, deixava a bola rolar. Quarenta e sete, quarenta e oito, quarenta e nove, 50 minutos... Abdala Fraxe ameaçava invadir o campo. Aos 57 minutos, Tracajá roubou a pelota do center half² barelista e, morrendo de cansaço, com meio metro de língua para fora da boca, chutou contra a meta de Zé Maria. Chute chocho. O goleiro escorregou, caiu e a bola entrou. O árbitro sorriu, deu um pulo com a mão fechada para cima para, em seguida, recolher a redonda e apitar o fim da partida. Pronto. A final do torneio ficou transferida para o próximo domingo. 

    Protegido pelos guardas territoriais, Maxixe, Duca, Coivara e Cento-e-seis, o juiz cruzava o portão do estádio sob protestos da torcida do Baré, quando Antônia Mariê aproximou-se de Áureo, meteu-lhe o dedo na cara e disparou:

    - Juiz ladrão!!!

    Áureo, com empáfia, antipatia, imponência, prepotência e ironia, respondeu à torcedora: "O juiz pode até ser ladrão, mas é soberano".

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    Ulisses Moroni

    Aprendendo com bananas

    Vou completar 50 anos de idade. Há pouco menos tempo disso, comendo bananas. Desde muito pequeno, sou comedor de bananas. Uma das primeiras compras que fiz foram bananas. Não saio de supermercado sem trazer uma quantidade desse fruto. 

    Já comprei bananas por unidade, por penca, por dúzia. Agora, por quilo. A penca de bananas é um nome há muito conhecido por mim: TUDO IGUAL , COMO NUMA PENCA DE BANANAS! Sinônimo de barato: A PREÇO DE BANANA! 

    Há algum tempo, fui comprar bananas em um comércio perto de casa. Algumas estavam penduradas na porta. O vendedor perguntou quantas palmas eu queria. Mas disse que também vendia o cacho. Não entendi a conversa, por incrível que pareça. Pedi meio quilo. O comerciante disse que não tinha balança: só vendia por palma e por cacho.

    Senti que ele falava algo óbvio, mas eu desconhecia o real significado. Humildade sempre é bom... Pedi-lhe para me explicar o que são exatamente CACHO e PALMA. Sua expressão foi de espanto, tipo eu estar brincando com tal pergunta. Para ele podia ser óbvio; para mim, não. O quitandeiro foi profissional - e paciente – na explicação. 

    A palma é aquilo que eu chamo penca, parte do cacho, ou sub-cacho.. Já o cacho é aquela parte que sai do caule da bananeira. Completo, contém umas cinco palmas. O cacho tinha um preço maior que a palma, claro. Utilizando vários cachos de bananas ali pendurados, ele usou um 'método' audiovisual de ensino. 

    Falou-me ainda que aquelas bananas não eram do sul de Roraima, produzidas para abastecer Manaus. Suas bananas são de Boa Vista mesmo. E, como a procura é grande, há muitos sítios com 80, 100 bananeiras para renda extra. Esclareceu que comprava bananas numa feira que, por sua vez, é abastecida por atravessadores – que negociam com os produtores. Tive meu segundo nascimento!

    Eu já vi muitos pés de banana, mas não imaginava como as frutas saem de lá para venda. Já encostei a mão em cachos, mas sem prestar atenção. Achava que ficava um monte de bananas penduradas. Pedi três palmas, e fui-me embora. Fiquei satisfeito: as bananas estavam ótimas! Descobri nova opção de comprar e conheci uma pessoa legal.

    Mas o animador nestas situações é o choque nas minhas verdades absolutas. Ver que nunca concluímos tudo sobre algo. Sempre surge uma nova imagem, no quadro que julgamos pronto. Vivendo, aprendendo e me desembananando.

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    Aroldo Pinheiro

    O tenente e as medalhas

    Criado em 1943, o Território Federal do Rio Branco recebia governadores escolhidos no Distrito Federal. No início da década de 1960, o novo governador trouxe, em sua equipe, um tenente que, na função de ordenança, fazia tudo o que seu mestre mandava. Insistente e persistente, tenente Palma Lima conseguiu ser nomeado prefeito de Boa Vista. 

    Palma Lima era apaixonado pelo Exército e tinha verdadeira adoração pela farda verde-oliva. Usando sempre impecável uniforme engomado e vincado, sapatos tão brilhantes que refletiam a luz do sol, óculos Rayban – independentemente do local e da hora do dia –, o tenente gostava de desfilar entre sua moradia, na Praça do Centro Cívico, a residência governamental, na avenida Jaime Brasil, e o Palácio do Governo, que ficava na esquina da rua Coronel Pinto com a avenida Getúlio Vargas. Narcisista ao extremo, ele imaginava que a população o admirava da mesma maneira que idolatrava os astros do cinema americano daquele tempo. 

    No peito, Palma Lima carregava muitas medalhas. Até hoje, não sei onde nem como o militar conseguiu tantas comendas. Diziam até que ele comprara alguns daqueles enfeites. 

    Na cidade, a empáfia do militar tornou-se motivo de piada e deu origem a algumas expressões. Se um cidadão comparecia muito elegante a qualquer acontecimento, alguém comentava: "Tu estás mais bonito do que a farda do tenente"; se uma mulher surgia com brincos, exagerados cordões e pulseiras de ouro, ouvia: "Tu estás mais dourada do que o peito do Palma Lima". 

    O tenente sentia tanto orgulho da farda que fazia questão de pendurá-la na janela de seu quarto no Hotel Boa Vista, hoje, Aipana Plaza. Com as medalhas cuidadosamente viradas para a entrada do estabelecimento, claro.
    Exonerado o governador, Palma Lima deixou Boa Vista. 

    Certo dia em Manaus, lanchando na Sorveteria Siroco, olhei para o lado e vi, na janela de quarto térreo do pequeno Hotel Ideal, uma jaqueta verde-oliva bem passada, bem vincada. Dezenas de medalhas naquela peça de roupa chamaram minha atenção. Pedi a conta e assuntei com o garçom:

    - Você sabe o nome do militar que mora naquele apartamento?

    Com sorriso maroto, o rapazola me respondeu:

    - Quem mora aí é o Tenente Medalhinha. – E arrematou: "Toda tarde, ele se fantasia de general e faz plantão na esquina pro povo admirá-lo".


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    Aroldo Pinheiro

    A deseleitora

    João Feitosa, empresário bem sucedido, vaidoso, resolveu entrar para a política e candidatou-se a deputado estadual. A convenção que aprovou o nome do comerciante trouxe também dezenas de pessoas que todos os dias amanheciam à sua porta com pedidos que, talvez, se transformassem em votos. Pede-se de tudo: pagamentos de contas atrasadas, sacos de cimento, botijas de gás, pneu de bicicleta, passagens de avião e de ônibus, dinheiro para medicamentos, roupa para a filha desfilar, equipamento para prática de esportes, dinheiro para festa de quinze anos...

    Sebastião Neto, pidão juramentado, acordava cedo e saía visitando candidatos e, deles, tomando dinheiro que, prometia, pagaria com dezenas de votos que tinha sob seu controle. Com o saldo bancário minguando na mesma proporção em que via suas possibilidades de ser eleito caírem, João Feitosa resolveu tomar tenência: "Se eu não me segurar, termino liso e sem mandato". Às seis da manhã de uma sexta-feira, antevéspera do dia de votação,
    da janela de sua sala, João Feitosa viu que Sebastião, o pidão, o esperava. Dali, naturalmente, viria mais um pedido. DIsposto a dizer não, o candidato foi assediado quando botou o pé na garagem.

    - Pelas minhas andanças, vejo que o senhor vai ser o mais votado da nossa coligação, deputado.

    O candidato sorriu um sorriso amarelo e, antes de entrar na cabine-dupla, ouviu:

    - Deputado, sou muito agradecido pela passagem que o senhor deu para a minha mãe ir fazer tratamento de saúde em Manaus. As coisas não deram certo e mãeinha morreu, deputado. Vim aqui pedir que o senhor nos ajude a trazer o corpo de mãeinha para ela ser enterrada na terra onde nasceu, deputado.

    O candidato contra atacou:

    - Tião, a campanha está saindo bem mais cara do que eu pensava. Eu, na verdade, estou até arrependido de ter entrado na política.

    - Mas...

    - A grana acabou, Tião. Do meu bolso não sai mais nenhum centavo pra a merda dessa campanha.

    - Mas...

    - E tem mais, Tião: pra que que eu vou trazer sua mãe se a porra da velha nem vota mais?

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    Aroldo Pinheiro

    Despedida de parente inconveniente

    Uma prima, que ela nunca vira, telefonou dizendo estar correndo a Região Norte para conhecer familiares. Candidatou-se a passar um fim de semana em Boa Vista e pediu-lhe para organizar almoço de reconhecimento e confraternização.

    Passou o domingo, passou a segunda, a terça, e a prima foi ficando. E incomodando. Só desocupava a rede atada no meio da sala para refeições. Lavar louças não era o forte dela. Varrer, passar um pano? Nem pensar. A presença da parenta mexia com o humor dos ocupantes da pequena residência. Maria Júlia, dona do imóvel e responsável por manter oito dependentes, sentia calafrios quando pensava em chegar à casa e encontrar "aquela coisa" aboletada na rede. Apesar de indiretas, a prima não se tocava.

    Reunidos, outros parentes resolveram acudir. Forjaram notícia de que a mãe da prima estava doente e fizeram vaquinha para comprar a passagem de ônibus que levaria a indesejável de volta para Manaus.

    Na data marcada. Maria Júlia chegou do trabalho às 18h30, estacionou a moto em posição de saída, pois nem queria ver a cara daquela coisa antes de deixá-la na rodoviária. Quando presumiu que a parenta havia ocupado a garupa da Bizz, engatou marcha e xispou rumo ao terminal de ônibus. Percorreu a avenida Carlos Pereira de Melo, parou na luz vermelha do semáforo do Ibama, onde disse diversos nãos a venezuelanos que queriam vender bugigangas; na avenida Venezuela, subiu e desceu o viaduto e, depois de conseguir cruzar a rotatória do Trevo, chegou à rodoviária.

    Parou a moto e viu que a prima não estava na garupa. "Ai, meu Deus". Lembrou-se que, no início do viaduto, uma depressão na pista quase fê-la perder o controle do veículo; concluiu: "A prima deve ter caído da garupa naquele lugar". Voltou prestando muita atenção e nada. Fez, de novo, o percurso até a rodoviária, e nem sinal da parente inconveniente. "Vou voltar pra casa e pedir que o mano me acompanhar até o Pronto Socorro, pois Geiseslany deve estar lá", pensou. Com remorso.

    Ao dobrar a esquina de casa, viu Geiseslany, tranquila, mochila nas costas, conversando com a vizinha. Deu-se conta de que a prima nem tinha sentado no selim da Bizz.

    Àquela hora, o último ônibus para Manaus já tinha partido. Ana Júlia teve que aturar a prima por mais 24 horas e desembolsar por nova passagem, pois aquela, comprada para a noite anterior, perdera validade. 

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    Tia Lyka

    Boquete da salvação

    Olá, meninos e meninas,

    Feliz por ver que esse jornaleco vai se tornando hábito de leitura em nossa cidade. Feliz, também, por ver que meus conselhos são lidos e, muitas vezes, seguidos. Há quem não goste do meu estilo escroto de ser; para esses (e essas): beijinho no ombro.

    Conhecida minha mandou um zap que me deixou preocupada. Depois de muito tempo sem arrumar macho, começou a namorar um oficial de justiça, mas o casal já enfrenta a primeira crise; pode?

    Tia Lyka,

    Estou namorando há seis meses, mas, ultimamente, estamos brigando a toda hora. Ele é muito ciumento. Pior é que gosto dele e já estava até pensando em casamento. Não tenho mais idade pra ficar pulando de galho em galho. Estou beirando os 50 e ainda penso em ser mãe. O que faço pra deixar o crush comendo na minha mão?

    Lana Tobias do Vento Rosa

    Querida, Lana

    Mulher que entra em crise com macho é porque não está sabendo fazer direito o borogodó. Se toda mulher soubesse o poder que tem na boca, não perderia homem nenhum nesta vida.

    Conselho: se o boy já chega em casa brigando, boquete nele. Se anda enciumado, boquete nele. Se enche o saco, boquete nele. É ele começar a falar, você já desce até o chão e enfia o pau na boca. Repete essa lição umas três vezes que você vai ver como ele vai ficar, mansinho, mansinho.

    Mas tem que saber chupar, menina. Estou cansada de dizer que esse negócio de dar beijinho no pau não tá com nada. Tem que enfiar o cacete na boca como se fosse engolir o cara todo. Pra treinar, compra uma banana prata dessas grandes, descasca e enfia na boca; quando a fruta sair sem nenhum arranhão de dentes, significa que você está pronta pra encarar uma rola e satisfazer o dono dela.

    Então, já sabe, né? O boy brigou, chupa a rola dele. Simples assim.

    Fui! 

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    Aroldo Pinheiro

    A morte do pistoleiro

    Paradoxalmente, a modernidade nos aproxima da antiguidade.

    Com as facilidades oferecidas pela internet, usuários de redes sociais de relacionamento estão sempre buscando coisas que os ligue ao passado. Buscam-se amigos dos primeiros anos de escola, buscam-se ex-namorados, buscam-se parentes com quem não se fala há muitos anos. Fotografias, músicas, filmes e livros antigos também ocupam muitos megabites nessa inconsciente volta aos tempos de outrora.

    Há poucos dias, um vídeo com Bob Nelson, famoso cantor de músicas do faroeste americano, que fez sucesso lá pelos anos 1950 e 1960, estava sendo divulgado em um dos grupos que frequento. Ouvindo o tiroleite, tiroleite, tiroleite do falso paladino e lembrei-me de Edmilson Lone.

    Para sobreviver, ele pintava paredes e abria letreiros no incipiente comércio de Boa Vista. Nas noites de quinta-feira, inspirado em Kit Carson, o correio das planícies, ele vestia calça Coringa, camisa quadriculada cheia de bolsos, fricotes e franjas e, no Programa Jaber Xaud, largava o pau a cantar os tiroleites em clara imitação do estilo Bob Nelson.

    Na cidade, ele era conhecido por Baiacu. Não me lembro de seu nome verdadeiro.

    Edmilson Lone, o alter ego, aos poucos foi tomando conta da mente de Baiacu. O pintor, de repente, passou a sair fantasiado de caubói para todos os lugares.

    Mesmo nos degraus de escadas rudimentares, nosso herói empunhava pincéis e broxas como se fossem Smith & Wessons ou Colts. Baiacu acreditava ter a missão de expulsar os malfeitores da pacata cidade boa-vistense.

    Uma noite, nosso xerife entrou na sinuca do Vicentão, levantou a aba do chapéu e, depois de correr a vista por todo o recinto, encarou João-bate-pronto e mandou-o retirar-se do meio dos homens de bem.
    Pessoa de pouca conversa, nervoso, João entornou o copo de pinga numa só talagada e, ato contínuo, desceu a porrada em Edmilson Lone.

    Dias depois, antes de sair do hospital, Baiacu pediu para a mãe atear fogo nos acessórios e vestes de caubói e dar fim a todos os discos de Bob Nelson.

    Naquela data, morreu nosso herói do lavrado. Morreu o nosso pistoleiro

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    Tia Lyka

    Dois é bom; três é demais?

    Alô, torcida brasileira,

    Pena. Não deu. A maior parte do mundo passou a torcer para que os croatas vencessem a Copa do Mundo e levassem o troféu para seu país. Apesar da garra dos branquelos, não deu. Mas quem disse que eles ficaram tristes? O pequeno país deles viu a maior festa jamais ocorrida em solo onde, até pouco tempo atrás, só se ouvia o som de tiros, bombas, morteiros. Parabéns aos croatas pelo vice-campeonato conquistado com muita raça,

    Ainda bem que a Copa do Mundo 2018 chegou ao fim. Eu já não aguentava mais. Durante um mês, entre junho e julho, a macharada trocou os corpos macios e carinhosos de mulheres por pernas fortes e cabeludas que corriam atrás de bola via televisão. Um horror! Nós, que valorizamos uma furunfada ao vivo e em cores, tivemos que dar nosso jeito. Meu Ching-Ling, que ficou no fundo da gaveta do armário por muito tempo, ressurgiu para justificar sua existência e dar prazer a essa balzaquiana. Obrigado, Senhor.

    Mas vamos à singela consulta feita pela enfermeira Mariângela Falcão.

    Tia Lyka,

    Sou casada há três anos e amo o meu marido. Em março, recebemos sobrinha dele para morar conosco enquanto procura emprego. Ela é uma gracinha. Pelos acontecimentos, desconfio que meu companheiro está tendo um caso com ela. Pior é que eu sinto forte atração sexual pela guria. O que que eu faço?

    Ai, meu Deus: que enrascada. Pergunta número 1: como vocês encarariam um relacionamento a três? Pergunta número 2: a hóspede é maior de idade? Saídas: ou vocês devolvem essa menina para o lugar de onde veio, ou vocês abrem o jogo entre os três e desfrutam de um relacionamento moderninho.

    Fui!!!

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    Aroldo Pinheiro

    Dinheiro suspeito

    Roraimense, engenheiro, elegeu-se governador do Estado. No início, as coisas até andavam bem. Ao fim do segundo ano de mandato, porém, a roubalheira comeu no centro e qualquer moleque comentava e fazia troça sobre desmandos do mandatário.

    Botafoguense apaixonado, o chefe do Executivo também arriscava umas pernadas atrás da bola. Aos domingos, ele não dispensava uma pelada, situação em que bajuladores aproveitavam para dar-lhe os melhores passes. Até goleiros se deixavam levar pelo puxa-saquismo e facilitavam frangos para que a autoridade marcasse e festejasse gols.

    Numa dessas peladas de fim de semana, em disputa mais brusca, a autoridade foi ao chão. A pelegada reuniu-se para socorrê-lo e ao ver que o governador não poderia voltar ao campo, a partida foi encerrada por ali mesmo.
    Depois de massagens e fricções com géis, a autoridade foi levada para sua residência.

    Com dores, muitas dores, o governador decidiu mandar buscar médico ortopedista, servidor da Secretaria de Saúde, para avaliar e cuidar do machucado.

    Depois de cuidadosos exames e imobilização de ossos e nervos injuriados, o ortopedista sacou o receituário, escreveu algo que nem ele sabia ler, passou o papelucho para autoridade, fez-lhe algumas recomendações e quando fechava a maletinha, preparando-se para deixar o recinto, ouviu:

    - Muito obrigado, doutor.

    O doutor encarou a autoridade e falou:

    - Governador, hoje é domingo. Sou funcionário da Secretaria de Saúde, mas estou fora de meu plantão. Para atendê-lo, privei-me da companhia de meus filhos e de minha esposa. A visita e o tratamento ficam em R$ 3 mil reais.

    Mostrando-se surpreso, agora com cara de poucos amigos, o governador pediu que sua esposa fosse buscar dinheiro "daquele monte que estava no guarda-roupas". Ao receber os pacotes de oncinhas, repassou-os ao médico com a reclamação:

    - Aqui estão seus R$ 3 mil, mas saiba que isso é um roubo.

    Resposta do médico:

    - Não quero nem saber da procedência, governador. Só quero o que é meu...

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    Ulisses Moroni

    Caquinha do nariz e coceira no saco

    Temos que sempre observar nossas manias e instintos negativos buscando nosso polimento. Nesse contexto, já consigo não atender ao celular dirigindo automóvel, por exemplo. Ficou simples e automático dar seta, parar em local seguro e, ali, atender. Uma quase colisão e uma multa ajudaram nesta minha correção de rumo...

    Já cortei a mania de atender celular e telefone fixo na mesa de trabalho. Também deixei de falar ao celular e usar o computador ao mesmo tempo. Um fato muito me incentivou nesta correção: uma vez, falando ao celular, mandei um e-mail ao destinatário errado e quase me meti numa enorme confusão...

    Outro hábito negativo que, se ainda não 'domestiquei', ao menos estou lidando melhor com ele: tirar caquinha do nariz! Algo que me deixou em pânico. Um cavalheiro como eu jamais poderia fazer essas coisas. Mas, vira e mexe, me pegava na 'limpeza do salão'. Tentava me conter, falava comigo que isso deve ser feito apenas no banheiro. Mas, quando menos esperava, lá ia eu com o hábito pré-histórico.

    Procurei médicos, videntes, macumbeiros, psicólogos, palpiteiros, até um veterinário, e nada de resolver. Colocar o dedo no nariz passou a ser a minha linha divisória entre eu ser um primata ou um homo sapiens. Como eu não consegui me domar, decidi morar numa floresta, junto aos macacos. Concluí que eu não era evoluído.

    Quando eu preparava a viagem só de ida, resolvi fazer uma consulta no 'Google Sabe-Tudo'. E fui procurar no país certo, onde pesquisam sobre tudo: os Estados Unidos. Lá, descobri minha libertação! Eles dizem que o hábito de levar os dedos para limpar o nariz é algo mais instintivo que racional, tal qual respirar, por exemplo. 

    Quer dizer, eu e todo mundo não conseguimos controlar totalmente tal hábito. Com atenção, podemos 'agir' longe do público.

    E vi mais. Nos Estados Unidos eles têm diversas pesquisas sobre caquinha: da costa leste e da oeste, de acordo com a renda do cidadão, pelos esportes que praticam, etc. Eles conhecem as características das caquinhas dos grandes personagens da sua história. Aqui no Brasil, a gente dá risada com uma pesquisa assim, mas lá eles não têm preconceito em estudar. Talvez por isso sejam mais desenvolvidos. Caquinha lá é coisa séria!

    Foi uma revolução em minha vida, voltar a ser um cavalheiro quando eu já me considerava mais primata do que homo-sapiens. Depois disso, já penso em outro aprimoramento radical. Estou vendo a tradução em inglês para "coçar o saco" e ver o que os norte-americanos têm a respeito!

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    Tia Lyka

    Sexo e futebol

    Alô, torcedores croatas!
    Pois é. Grande parte dos brasileiros decidiu torcer pela Croácia. Por que será? O que sei é que aqueles meninos estão jogando um bolão. Os branquelos têm mais determinação do que técnica ou tática. O jogo de quarta-feira foi, talvez, o melhor da Copa na Rússia. A partida de domingo, entre Croácia e França, promete. Eu nem entendo muito de futebol, mas sou torcedora croata desde quando eu ainda tinha cabaço. E faz tempo...
    Apesar de tanta literatura a respeito, ainda há quem tenha lá suas dúvidas. Vamos ao e-mail de Erineia Costa, professora, 43 anos.
    Tia Lyka,
    Não sou virgem e tenho até bastante experiência com sexo. Passei um tempo sem transar e, agora, estou interessado num gaúcho que está me cercando. Já demos uns pegas, mas não sinto nada volumoso entre as pernas dele. Estou com medo de encará-lo e me decepcionar. Qual o tamanho ideal de pênis?

    Erineia,
    Não existe um tamanho ideal para pênis. Existem pintos minúsculos, pintos aceitáveis e pintos não encaráveis. Tudo depende da maneira que o casal utiliza esse pedaço de nervo (ou será de carne?). Minha madrinha, que, por sinal, tem um bucetão, afirma que tamanho de rola é coisa secundária. Diz que mais vale um pequeno brincalhão do que um grande bobalhão. Eu, há pouco tempo me envolvi com um três-pernas colombiano, cujas recordações me fazem brotar lágrimas nos olhos. Não de saudade, mas de sofrimento. Assim, amiga, cada caso é um caso; cada manjuba é uma manjuba. Conselho? Faça um test-drive com o paquera; se não rolar prazer, parta pra outro.
    Divirta-se. E goze bastante.
    Fui!!!
    Desculpe-me, Erneia, conversaremos sobre o assunto na próxima edição. Já são quase dez horas, a Seleção de Tite está entrando em campo e eu, como boa brasileira, também vou tocer pelos nossos meninos.
    Fui!!!


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    Aroldo Pinheiro

    Zé Leitão, comentarista de futebol

    Mister Drops. Conheci-o quando eu ainda era criança. Nosso vizinho de frente, Zé Leitão era uma festa. Inteligente, culto, bem humorado; dava prazer conversar com ele. Não sei a origem do apelido. Lembro-me que ele viajava frequentemente para Georgetown, onde comprava de tudo para abastecer a Boa Vista dos anos 1960. O cognome certamente veio da então Guiana Inglesa.

    Meu primeiro contato com Ray Charles deu-se por meio de Zé Leitão. Numa dessas viagens ao exterior, ele trouxe um compacto 45rpm, daqueles com buracão no centro; o sucesso: I can't stop loving you.

    Cresci, tornei-me adulto e desfrutei do prazer de ter Mister Drops como amigo. Fomos parceiros de canastra durante muitos anos. Sortudo, bom jogador, Zé Leitão era obcecado por canastras de ases. Posso dizer que ele tinha orgasmos ao fazer uma dessas completinhas de sete cartas.

    Hoje, assistindo a jogos da Copa do Mundo, lembrei-me de meu amigo e de fato interessante.

    Lá pelos anos 1980. Durante um campeonato mundial de futebol, dirigi-me à serraria de seu Zé para comprar madeiras. Solzão de três da tarde. Ao ser atendido por Oziel, pedi-lhe água para matar a sede.Conduzido à residência dos Leitões – uma edícula atrás do escritório da empresa –, entrei ouvindo mais uma fantasiosa mentira do vendedor. O dono do estabelecimento, sentado à frente do televisor reclamou:

    - Por favor, façam silêncio: quero prestar atenção no jogo...

    Para assuntar e passar por cima de nossa falta de respeito, perguntei:

    - Quanto está o jogo, seu Zé?

    O empresário tirou os óculos e, dirigindo a voz para porta aberta em outro cômododa casa, gritou:

    -Silvan: quanto está o jogo, meu filho?

    De lá, uma voz:

    - Dois a um!

    Seu Zé me retransmite a mensagem:

    - Tá dois a um.

    Curioso, resolvi me inteirar:

    - Dois a um pra quem, seu Zé?

    Ele, sem desviar os olhos da telinha, recolocou os óculos e, novamente, gritou:

    - Meu filho: quem está jogando? 

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    Aroldo Pinheiro

    Saudade de quem não conheço

    Não gosto de conversar com estranhos. Quando viajo, levo comigo algumas revistinhas de palavras cruzadas e, para evitar papos chatos, me entrego aos quebra-cabeças.

    No saguão do aeroporto de Brasília, esperando chamada para embarque, eu estava atracado com minha "Recreativa". "Cidade paulista, 15 letras". "Itaquaquecetuba? É, pode ser". Levantei a vista e meus olhos se encontraram com os olhos de um cara sentado à minha frente. Ele acenou. Eu respondi ao cumprimento. Abaixei a vista. "Conheço esse cara de onde?" Rei do furo, péssimo fisionomista, decidi ignorá-lo. Senti que a peça continuava me olhando. "Não vou levantar a vista. Acho que não conheço esse sujeito".

    Esqueci-me de Itaquequecetuba. Já estava incomodado com o fato de não poder levantar a vista. Sentia-me preso. Preso, mas não queria dar chance ao mico.

    Sede. O cara levantou-se e encaminhou-se ao banheiro. Aproveitei para enfrentar a fila da lanchonete em busca de água. Uma mão toca meu ombro. Olho. "Socorro, é ele!".

    - Tudo bem? Mundo pequeno, né? – Começou o intruso.

    - É isso aí, cara. – Respondi laconicamente. Minha vontade era voltar para minhas palavras cruzadas.

    - Tem uns vinte anos que a gente não se vê, né? A última vez foi aqui mesmo neste aeroporto.

    "Pronto. Quem é esse cara?" A mente começou a dar voltas pelo passado. Nada. Ele acrescentou:

    - Encontrei-me com Narinha na semana passada. Ela ainda é apaixonada por você. Não sei porque não deu certo. Todo mundo achava que vocês iam se casar...

    - Como ela está? – Arrisquei, mesmo sem me ter caído a ficha. Eu continuava sem saber quem era aquele sujeito. Também não sabia quem era essa menina apaixonada por mim

    De repente, chamada para embarque no portão 9. Ele diz que é o voo dele, me dá um abraço e, antes de cruzar porta, grita:

    - Tou no Face. Procura... A turma toda tá lá.

    - Ok, cara, boa viagem!

    Não consegui mais me concentrar em meu quebra-cabeça. Não sei mesmo quem era aquele sujeito, mas embarquei com uma vontade danada de conhecer a Narinha. 

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    Ulisses Moroni

    Mocinho ou bandido?

    Há vinte anos, fui a Brasília em férias com uns amigos. Primeira vez ali. Fomos de ônibus, desembarcando na rodoviária do Plano Piloto. Logo, vimos a Esplanada dos Ministérios e o Congresso. Foi amor à primeira vista, registro para sempre na memória. Dali em diante, fomos a todos os locais indicados nos guias turísticos.

    Foi a primeira que aluguei um automóvel. Para nossa surpresa, nem saiu caro. Na época, usava-se muito as travas de segurança, que prendiam a direção na embreagem ou freio e, depois, eram trancadas. E neste caso da minha primeira locação, o carro tinha uma destas travas.

    A locadora do veículo nem falou sobre seguro, não se usava isso. O seguro dela foi me atemorizar, dizendo que lá furtavam-se muitos carros. Então, onde eu parava, colocava a trava.

    Fomos a uma casa noturna, próxima do Banco Central. Muito cheio o lugar, tive que estacionar bem distante. Ao final, lá pelas quatro da manhã, fui sozinho buscar o carro para voltar e pegar o pessoal.

    Entrei no veículo e fui soltar a trava de segurança. A Lei de Murphy entrou em ação: mexi a chave de todo jeito e nada de abrir. Naquele tempo não havia celular para chamar por ajuda nestas horas.

    Não é que o pior acontece? Uma pessoa se aproxima! Um homem, de uns vinte anos, nos meus estereótipos aparentava ser um ladrão. Chegou até a porta e perguntou o que aconteceu, eu disse que a trava "travou"! Com um linguajar inconfundível das páginas policiais, disse-me: "Você me ajuda que eu te ajudo".

    Imediatamente aceitei. Levantei-me e saí do carro. Ele sentou e movimentou as mãos na direção da fechadura da trava. Quando fui perguntar o que ele faria, a trava já estava solta nas mãos dele! Ele gastou menos que dez segundos para abrir a geringonça. E sem qualquer ferramenta! Levantou-se e me entregou a trava aberta, sob meu olhar de espanto e satisfação. Dei a ele um trocado, acho que foi justo o valor, ele saiu feliz.

    Fui-me embora pegar o restante do povo. Preocupados e morrendo de raiva de tanto esperar, a turma já pensava em chamar a polícia! Quanto contei o ocorrido, senti que não botaram muita fé na minha história.

    Efetivamente fui-me embora feliz, pois saí ileso de corpo e bolso daquela situação potencialmente problemática. E qual seria a "moral desta história"? Facilmente selecionei três frases, mas até hoje não defini qual especificamente é a ideal: "Deus realmente é onipresente"; ou "A solidariedade aparece de onde menos esperamos"; ou, ainda, "Ninguém melhor que o rato para conhecer os segredos de segurança do gato"! 

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    Érico Veríssimo

    O lixo aparente e a ‘sujeira’ sob o tapete

    O secretário estadual de Saúde, Ricardo de Queiroz Lopes, embora esteja há pouco mais de um mês à frente da pasta, demonstra que aprendeu bem a lição de como se livrar de problemas atribuindo-os a terceiros. Convocado para prestar esclarecimentos na Assembleia Legislativa de Roraima sobre as (in) ações de sua secretaria, ele deixou a desejar e não agradou os deputados com suas respostas genéricas sobre assuntos específicos. E chegou à desfaçatez de afirmar que a sujeira nos corredores do HGR se deve à falta de educação de pacientes e seus acompanhantes, que, em vez de usar lixeiras, jogam o lixo no chão.

    Sobre o calote do governo nas prestadoras de serviço nas unidades de saúde, ele tergiversou, e afirmou aquilo que todos já estão carecas de saber: a falta de profissionais da limpeza se deve ao encerramento de contratos com as terceirizadas e uma nova licitação para contratação já está em andamento. Ele só não explicou quando as empresas que estão sem receber do Estado e, consequentemente, seus empregados, terão o prazer de ter a grana em mãos.

    Tentando explicar o inexplicável, Lopes informou aos parlamentares que a recente interrupção dos serviços no recém-inaugurado Hospital das Clínicas (que levou sete anos para ficar pronto e custou mais de R$ 32 milhões), se deveu a uma pane na rede elétrica. A consequência é que pacientes tiveram de ser removidos para o Lotty Íris e HGR. Mas, sejamos justos: não se deve atribuir a culpa por esse problema específico ao atual secretário, tendo em vista que ele está há pouco tempo no cargo.

    Também seria injusto culpar única e exclusivamente o atual governo, pois se trata de uma obra iniciada na gestão anterior, ainda que esta que aí está tivesse tido tempo suficiente para entregar o prédio funcionando em perfeito estado, o que, percebemos agora, não ocorreu.

    Outro ponto levantado pelos parlamentares e questionado ao secretário diz respeito à frequente falta de medicamentos e material básico nas unidades de saúde, reclamação recorrente, não apenas de pacientes e acompanhantes, mas dos próprios profissionais da área que se veem sem condições de prestar um serviço decente a quem precisa. Lopes garantiu que o estoque de remédios e de outros itens essenciais ao bom funcionamento de um hospital será "normalizado" nos próximos dias e, como não poderia deixar de ser, ainda que tudo isso esteja ocorrendo há muito tempo, jogou a culpa no colo dos caminhoneiros que, com sua greve de dez dias, impossibilitou que os produtos chegassem ao Estado na data esperada.

    Se os pacientes e acompanhantes são os verdadeiros causadores da sujeira nos corredores do HGR, como nos tenta fazer crer o secretário, há de se dar um desconto, pois o lixo aparente é bem menos grave do que aquele escondido embaixo dos tapetes.

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    Tia Lyka

    Falta de rola

    Oi, gentem 

    Não recebi nenhuma carta na semana passada. Acho que, com esse friozinho gostoso, a moçada está aproveitando pra furunfar debaixo das colchas de chenile. Mas, de repente, abro minha caixa de entrada e encontro e-mail de Annalucya Bezerra, 34 anos, terceirizada na limpeza do HGR.

    Tia Lyka,

    Parece que eu vim ao mundo pra sofrer. No último Natal, arrumei um caboco ajeitadinho. O macuá é acadêmico de Comunicação, tem 23 anos e, até pouco tempo, era puro amor e tesão. De janeiro pra cá, ele tem inventado umas desculpas meio esquisitas na hora em que eu quero transar. Até dor de cabeça, que é coisa de mulher fujona, ele tem arranjado. O que eu faço para trazer meu caboquinho de volta pro bem bom?

    Annalucya,

    Tua situação é complicada. Primeiro, eu diria que esse negócio de muita letra dobrada e inclusão de psilone no nome dá azar, mas não quero arranjar problema entre você e seus pais, que lhe batizaram com essa aberração. Segundo, eu pensaria na porra desse emprego que você arrumou: será que os constantes atrasos de repasses do Governo do Estado e consequente atraso de salários não estão afugentando teu picante? Existe, ainda, a possibilidade do caboquinho estar caçando periquita em poleiro alheio.

    Se a terceira opção for a mais apropriada, meu conselho é que você vá à luta, se arrume bem arrumada e dê um rolê pela cidade em busca de outra pica operante. Não esquente a cabeça. Apesar de homem (com agá maiúsculo e que goste de mulher) estar meio em falta, pode ser que você encontre sua metade da laranja pelos points da city. Nada de procurar a Terapia do Amor da igreja desses crentes, pois você corre sério risco de ficar mais lisa do que já é.

    Boa sorte,

    Fui!!! 

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    Aroldo Pinheiro

    A descura

    Com a morte de Venceslau, dona Merandolina entrou em depressão. Aos 71 anos de idade, perdeu tesão pela vida. A respeitável senhora, que noutros tempos participava ativamente de tudo, passou a viver trancada no quarto. Não saía da cama. Até cuidados com a higiene foram para as cucuias. O único filho de Lina, Austregésio, sofria com a apatia da mãe. 

    Aconselhado, resolveu procurar ajuda com doutor Jack Areh, renomado psiquiatra.

    Com muito custo, dona Merandolina foi convencida a acompanhá-lo à clínica.

    No consultório, depois de conversar com a paciente, o médico prescreveu-lhe alguns antidepressivos e garantiu para o filho que logo, logo, a viúva voltaria à vida normal.

    Passados alguns dias, o telefone do psiquiatra tocou:

    - Alô...

    - Bom dia, doutor... Aqui fala o Austregésio...

    - Bom dia, Gésio... Como está sua mãe? Melhorou?

    - Muito doutor. Bem mais do que esperávamos.

    - E em que eu posso ajudar?

    - Doutor, o tratamento que o senhor passou pra mãeinha fez efeito. Mas fez efeito exagerado, muito além do que a gente esperava. De uns quinze dias pra cá, um boyzinho, em carro rebaixado, para em nosso portão todas as noites e mãeinha sai de casa exageradamente maquiada, usando roupas que não condizem com a idade dela. No sábado, doutor, resolvi segui-la e dei com ela num inferninho... Mãeinha estava com os peitos de fora, dançando em cima da mesa e rodando o top acima da cabeça. Assim não dá, doutor. Quero que o senhor descure mãeinha...

    Antes que o médico falasse alguma coisa, Austregésio acrescentou:

    - É urgente, viu doutor!

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    Tia Lyka

    Impingem de bunda

    Oi, gentem,

    Não sei onde minha cabeça estava no dia em que me envolvi com o colombiano. Foram três meses de vida perdidos. Graças a Deus e à ajuda de alguns novos amigos, consegui fugir do inferno em que me encontrava e voltar para minha Boa Vista querida. 

    Quando eu penso que meu sofrimento se acabou e que os caminhos para a paz estão abertos, acordo às três da manhã e dou com o peste à minha porta. Bêbado, o animal misturava promessas de amor com ameaças. Tive que chamar a polícia, mas os PMs, sem nem querer saber direito do que se tratava, disseram que não podiam fazer nada contra refugiados venezuelanos, "a não ser que estejam em flagrante delito". 

    Me encaralhei. Ali, na frente dos homens da lei, esperneei, gritei, acordei a vizinhança e só voltei à minha tranquilidade depois que o Três-pernas sumiu prum boteco. 

    Juro que estou com medo e vou me mudar para a casa de amiga no bairro Nova Cidade. 

    Para mostrar a Ramón que não tenho mais nenhum interesse nele, abri o jogo e menti. Disse-lhe sobre as preferências sexuais da mãe dele e, para provocá-lo, disse-lhe que só voltaria para a Venezuela se fosse para viver com Mercedes – minha ex-quase-sogra. 

    O cara saiu daqui fumaçando e bufando. Tomara que minha atitude tenha afastado de vez esse impingem de bunda. 

    Queridas e queridos, desculpem-me por usar esse espaço para desabafar sobre assunto que não lhes diz respeito. Quero dizer aos meus leitores que estou de volta ao baronato, pronta para tirar dúvidas e aconselhar sobre coisas do sexo. Entrem em contato.

    Beijos,

    Fui!

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    Aroldo Pinheiro

    E Deus levou Malu

    Muita gente pensa que ela era roraimense. Não era. Maria Luíza Vieira chegou ao então território federal em 1942, com um ano de idade. Posso garantir, entretanto, que Malu tinha mais amor por essa terra do que muitos roraimenses natos.
    Fui parido em 1954, na rua Antônio Bittencourt. Malu, então com 13 anos, me viu nascer, pois nossa casa ficava bem pertinho da residência dela, ali pelas adjacências da Praça Barreto Leite.
    Na pequena cidade, com poucas almas, Malu, desde a adolescência, agitava o meio cultural. Cirandas, quadrilhas e folguedos juninos eram com ela. Com apoio das madres do Colégio Sâo José, Malu formava grupos de jovens e fazia acontecer.
    Tornei-me amigo de Malu Campos há algum tempo. Nela, descobri pessoa inteligente, bem humorada, determinada. Artes faziam parte da vida da paraense. Lembro-me de termos passado uma tarde juntos, vendo seus escritos, recortes de jornais e peças artesanais. Disse-me, naquele dia, que planejava escrever um livro com causos interessantes sobre Roraima e sua gente. Não teve tempo para isso; a ceifadora de vidas levou-a antes.
    Há poucos anos, a diabetes forçou a amputação de uma das pernas de Malu. A ânsia de viver não deixou-a abater-se. Nem levou o seu bom humor. Disse-me, depois disso, que planejava ser enterrada inteirinha, "mas, se Deus quer assim, vou por partes".
    Redes sociais que, em tese, deveriam aproximar as pessoas, provocam distanciamento. Acompanhando notícias sobre Malu Campos via Facebook, acomodei-me e não lhe fiz nenhuma visita nos últimos anos. Perdi muito, pois conversar com ela era, além de divertido, um verdadeiro aprendizado.
    E Malu se foi. Com ela, foi-se parte boa da história de nossa terra.
    Que Deus tenha um bom lugar pra ti, Malu.

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    Tia Lyka

    Com cuspe e jeito...

    Aquela senhora simpática que vende empadas deliciosas pelas ruas da cidade interpelou o Barão na Ville Roy e disse: "Tenho uma consulta para o Roraima Agora. É o seguinte: amiga minha gosta de coroas. Essa garotada só quer saber de montar e ela não se satisfaz só com um cavaleiro: ela quer um cavalgador que seja cavalheiro. O problema é que homens acima de 70 têm problema para levantar o rebenque; o que ela pode fazer para se satisfazer?"

    Complicado, amiga. Mas vamos tentar ajudar. Aprendemos que tudo o que sobe desce. Ninguém consegue ir contra as leis da natureza. Pense positivo. Pense em qualidade, não em quantidade. Ao conseguir um cavalheiro dentro da faixa etária que lhe dá tesão, descubra, devagar, com calma, elegância e disciplina, a maneira de despertar o gigante que o velhinho tem adormecido entre as pernas. Você vai descobrir que o que demora pra subir leva algum tempo pra cair. 

    Depois de deixar a espada de seu salvador no ponto, percam-se em carinhos antes de partir para as vias de fato. Vale tudo. Lambidas são imprescindíveis: todo homem gosta de ser feito de picolé. Invente sem deixar que seu idoso pense que você é avançadinha "e só falta começar a fumar". 

    Tratando seu velhinho com jeito, você vai descobrir que eles sabem fazer coisas que essa garotada só vai aprender quando chegar à idade deles. 

    Ah! Quando arranjar um velhinho pra você, veja se ele tem um amigo, na mesma faixa etária, disponível: eu também me amarro em coroas (e, se vier com a carteira recheada de garoupas, melhor).

    Fui!!!

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    Aroldo Pinheiro

    Festa surpresa

    Aniversário de meu compadre, 50 anos. Reuni-me com alguns amigos e decidimos fazer-lhe festa surpresa. Depois de muitas conjecturas, escolhemos a casa do aniversariante para o regabofe. 

    Como afastá-lo de casa para organizar a furupa? Fiquei com a tarefa de fazê-lo. Eu me encarregaria de prendê-lo na rua entre 18h e 20h.
    No final da tarde do dia programado, uma quarta-feira, dirigi-me ao escritório do aniversariante e convidei-o para tomar uma cerveja. Claro que ele estranhou, pois não sou de beber durante a semana nem sou de sentar em bar para tomar cerveja. Mesmo ressabiado, meu compadre aceitou.

    Sentamo-nos no Pit Stop e, ali em volta, enquanto pessoas faziam caminhada para manter a forma, nós largamos o pau a tomar cervejas para aumentar a barriga e jogar conversa fora. Meu compadre, inquieto, dava tratos à bola imaginando o motivo do convite e o fato de estarmos no barzinho por tanto tempo. 

    Pelo celular, me avisam que estava tudo no jeito, que havia chegado a hora de levar o aniversariante para sua festa. Pagamos a conta e, com meu compadre no carro, segui lentamente para a residência dele. Durante o trajeto, eu falava o tempo todo. Não podia deixa-lo raciocinar.

    Tomei a avenida Ville Roy, dobrei à esquerda na Severino Soares de Freitas e, depois de alguns quilômetros rodados, quando dobrei à direita e entrei na quadra da festa, o aniversariante, vendo a fumaça que saía de sua residência, comentou com sorriso maroto:

    - Compadre, se minha casa não estiver pegando fogo, estão fazendo churrasco por lá.


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    Aroldo Pinheiro

    O santo das causas impossíveis e a velhinha pidona

    Minha mãe sempre foi carola. Ao mudar-se para Brasília, na década de 1980, conheceu Santo Expedito e apaixonou-se pelo encarregado das causas impossíveis.

    A igreja de Expedito fica a poucos metros do apê de Neuzinha e ela, agora íntima, quando vai ao templo para suas orações, avisa: "Vou ali na casa do vizinho".

    Família grande sempre tem problemas. Saúde física, saúde financeira, amor, desamor, mamãe está sempre apelando para Santo Expedito pelos seus. Pior – ou melhor? – é que a maioria das preces dela, parece, são sempre ouvidas.

    Daniel, meu filho, foi aprovado em concurso para a Polícia Civil do Distrito Federal. O roubo de Agnelo, quando governador do DF, deixou a Segurança sem orçamento e Daniel, mesmo com os pedidos feitos a Santo Expedito, nunca foi chamado.

    Há algum tempo, sendo meu filho aprovado em concurso para o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, Neuzinha carregou nos pedidos para que Expedito intercedesse junto ao chefe supremo: Deus.

    Deu certo. Daniel assumiu vaga no TJDFT. A família reuniu-se em almoço para comemorar a vitória do meu menino. Mamãe preferiu não ir.

    Terminada a farra, quando cheguei ao apê, encontrei Neuzinha aos pés da imagem de Santo Expedito. Antes que mamãe desse por minha presença, ainda ouvi-a dizer: "Meu Santo, você deve estar de saco cheio de meus pedidos... Descanse e retome suas atividades, pois, por aí, deve ter muita gente precisando de sua ajuda. Eu, com essa vitória conseguida por meu neto, prometo que vou dar um tempo e passar pelo menos um ano sem lhe pedir nada..." 

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    Ulisses Moroni

    Bons enganos

    Era mais uma de muitas viagens de avião, tendo eu criado muitas e variadas referências sobre as aeronaves e sua tripulação. Uma característica que se mantém desde que voei pela primeira vez, para mim, é a idade média do jovem pessoal de apoio. Talvez porque este trabalho exige muitas horas fora de casa, além do desgaste físico natural da atividade. Isto não se aplica aos pilotos, que devem ser experientes!

    Pois, naquele voo, fui recebido por uma aeromoça que aparentava mais de 60 anos. Uma 'aerovovó'! Achei-a com olhos cansados. Esticou os braços para ler meu bilhete. Mas não usava óculos.

    Decolamos e ela acabou ficando na minha frente. Involuntariamente passei a observá-la. Em solo, ela usou o telefone celular. Falou com algum telefonema. Foi mais enfática, dizendo que precisava estar junto ao interlocutor, mas não podia, pois tinha que trabalhar ali.

    Passou com o 'carrinho' oferecendo produtos pagos com cartão. Pediu para um colega passar o cartão na maquineta, dizendo que 'não conseguia aprender a usar aquilo!'

    Muitas pessoas na idade dela já estão aposentadas, ou têm um trabalho mais suave. E ela ali 'dando duro', igualmente a outros mais jovens. Fiquei sensibilizado.

    Fui ao banheiro e aproveitei para beber água na sala de apoio. Ali estava aquela senhora. Perguntei qual era o destino final do voo. Disse-me que era Recife, para onde ela já voava há mais de 20 anos!

    Falou que já tinha tempo para se aposentar como tripulante, mas aquele trabalho era 'sua cachaça'. Completou dizendo que tinha uma empresa com os filhos, de fornecimento de alimentos para aeronaves. Mas os filhos não faziam nada sem a opinião dela. Então, quando ela voava como aeromoça, se desligava dos problemas da empresa.

    Sem que eu perguntasse, foi dizendo que não iria usar óculos enquanto enxergasse 'as letrinhas', ainda que esticando os braços. E que detestava mexer com maquinetas de cartão de crédito. Tinha bons funcionários para isso. Ela apenas gostava de ver seu saldo bancário sempre aumentando! Já fazia anos que era tratada como investidora especial, completou.

    Fui conversar com aquela senhora com um tom pedioso, mas retornei um pouco, digamos, humilhado. Será que um dia eu seria um investidor bancário especial, pensei...

    No saldo final, fiquei feliz. Que meus enganos sobre as aparências das pessoas sempre sejam assim. Eu acho que uma pessoa é carente, e ela na verdade se mostra mais que suficiente! 

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    Aroldo Pinheiro

    Visitas íntimas

    Segunda-feira, cedinho, os policiais invadiam as alas, acordavam os presos e os encaminhavam para o pátio. Ali, eram obrigados a tirar a roupa e, de cócoras, esperar pela meticulosa revista que estava sendo feita nas celas.

    Aos poucos, sobre longo balcão de madeira, as mais inusitadas peças apreendidas eram amontoadas: tesouras, terçados, estiletes, cutelos, telefones celulares de última geração, garrafas de pinga, papelotes contendo drogas ilícitas... Até duas foices e um machado foram encontrados debaixo de uma cama.

    De repente, cabo Atanásio surgiu conduzindo, dois galos que tentavam escapar do forte cheiro exalado pelos sovacos do policial. Galos mesmo. Galos de verdade. Desses que dizem cu-cu-ru-cu. Duas aves fortes bonitas, esbeltas, multicoloridas. Pelo porte, pescoços pelados e esporões afiados, qualquer um, mesmo que nunca tivesse pisado numa rinha, sabia que ali estavam dois galos de briga.

    Popó e Éder Jofre, estes eram os nomes daqueles dois lutadores que preenchiam o tempo e valorizavam as apostas dos presidiários em seus poucos momentos de lazer.

    Carinhoso, condenado a 28 anos por ter matado a mulher com 59 facadas, apelou:

    - Doutor, por favor, não leve esses galos... Eles são de estimação.

    O representante do Ministério Público interpelou-o:

    - Por que não? O que esses galos fazem aqui dentro?

    - Eles são pra reprodução, doutor... – respondeu o presidiário.

    - Reprodução, né? E cadê as galinhas?

    - Elas só vêm às quartas e aos domingos, doutor... Dias de visita... As frangotas só vêm para visitas íntimas...

    Claro que Popó e Éder Jofre, agora, estão atrás das telas de outro galinheiro.

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    Tia Lyka

    Brigar com o destino pra quê?

    Oi, gentem,

    Olha eu aqui outra vez. Notícias da Terra de Maduro.

    Outro dia, acordei assustada. A meu lado, a megera, mãe de Ramon, se masturbava olhando para meu corpo nu, descoberto. A velha também se assustou. Disse que está apaixonada por mim. Disse que se senti u atraída desde que me viu pela primeira vez. Sente vergonha de mim e medo do fi lho. Pediu-me para ajudá-la a ficar atraente como eu.

    Ok. Cortei e pintei os cabelos da velha, raspei-lhe os pelos do sovaco, derrubei a floresta atlântica que ela cultivava no baixo-leblon e tosei os pelos que cobriam as varizes das pernas secas. A velha tá até apresentável.

    Agora, tenho que me dividir entre os afazeres da casa, as esfurubicadas de Ramon, as rapidinhas do japonês e o assédio da bruxa, que sempre passa roçando em meu corpo. De vez em quando, a gente dá uns amassos.

    Não me sinto ruim com esta situação, pois, tendo a megera como aliada, será mais fácil arranjar uma maneira de fugir desse inferno.
    Na semana passada, de Tumeremo, trouxe umas canelas de boi e fiz um cozidão. Garimpeiros de outras grotas experimentaram e pagaram pela comida. É mais um trocadinho para a minha fuga. Já agendaram: aos sábados, vou servir cozido para uns 20 homens.

    Mariano, um cearense, ficou de me arranjar duas meninas para me ajudarem com a cozinha. Sei que, com isso, ele tá querendo arranjar um trocado vendendo os corpos dessas mulheres para miseráveis como ele. Num tou nem aí. Acertei que, se der certo, quero um percentual do que elas faturarem.

    É isso. Enquanto me capitalizo para ir embora, exploro restaurante safado e, logo, um puteirinho improvisado no meio da mata. Fazer o quê? Seguir os desígnios de Deus. Ou do Diabo.

    Fui!

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    Aroldo Pinheiro

    Jipe velho (mas tinindo)

    E eis que aquela "linda criança que, na pia batismal", segundo Laucides Oliveira, em edição de março de 1954 do jornal O Átomo, "receberá o nome de Aroldo", chega aos 64 anos. Não doeu. Nem deu pra sentir. Como diria o papagaio: "Num tô tintindo nada".

    Olhando pra trás, vejo que cometi alguns erros. Mas quem não errou? Cristo, filho de Deus, nascido em Belém, cometeu seus deslizes; por que não eu, filho de migrantes cearenses que vieram para estas plagas em busca de dias melhores, aparado por mãos de parteira, passaria em branco? Na contabilidade da vida, vejo mais acertos do que erros. Passando a régua, estou no saldo. Minha norma é usar erros como base para acertos. 

    Espiritualmente, sou mais completo do que muita gente. Calma, Santa, eu explico. Criado sob orientação católica apostólica romana, recebi todos os sete sacramentos preconizados pelo Vaticano: batismo, confissão, arrependimento, comunhão, crisma, casamento e extrema unção. É, sou extremo ungido. Aos treze anos de idade, quando à beira da morte por causa de acidente, minha alma foi encomendada a Deus por padre Mauro Francello.

    Não sei se ainda vale, mas, se valer, tenho mais chances de aproximar-me Dele do que muita gente. Como diria Ibrahim Sued: "Sorry, periferia".

    Se escolhesse um carro para comparação, acho que eu seria um jipe. Não desses jipinhos furrecas fabricados por japoneses, chineses e coreanos; seria um daqueles robustos, com farol alto e para-choque duro.

    As peculiaridades de um motor quatro tempos estão tinindo: alimentação, ignição, explosão e escape. O sistema digestivo vai bem, obrigado: comendo de tudo. A vela lança centelhas de fazer inveja a muitos desses motores modernos. A explosão nunca falhou e sempre responde nas horas certas. O escapamento é zerado, do jeitinho que veio do fabricante. Salvo algumas incursões para revisões periódicas, o Kadron nunca recebeu corpos estranhos. 

    Lataria. Ah, a lataria. Esta, que nunca passou por lanternagem, tem alguns pequenos amassados no ferro e trincas na pintura. Em nome da originalidade, melhor não mexer. Pode ser que o resultado seja desastroso.
    Quase me esqueço da capota. Como diz Cearazinho, meu filósofo de boteco, a capota "tá um pouco 'distiorada'". A cor negra vinílica, de fábrica, vem cedendo lugar para manchas brancas. Aqui, acolá, uma falha. Mas, tudo bem; quem precisa de capota no calor miserável desta nossa terra querida?

    No dia de meu sexagésimo quarto aniversário, acordei pensando em me desfazer dessa máquina. Depois, raciocinando com calma, lembrei-me que não se troca o certo pelo duvidoso.

    Para alegria de uns e tristeza de outros, esse jipão, modelo 1954, ainda há de colher alguns cajus.

    Parabéns à Willys Overland do Brasil por ter colocado no mundo uma máquina assim.

    Obrigado a papai e mamãe por terem me feito, como dizem mineiros, "desjeitim".

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    Aroldo Pinheiro

    Sequestrador ciumento

    Poucos minutos depois de ter encerrado conversa pelo WhatsApp com meu filho, o telefone tocou. O nome da pessoa não apareceu no display. O número começava com 085. Pensei não atender, pois não tenho ninguém no Nordeste. "Tudo bem, vamos ver o que querem me vender", pensei.

    - Oi...

    Voz forte, com eco, ameaçou:

    - Estou com seu filho. Se quiser ter seu menino de volta inteirinho, faça o que lhe digo.

    - ????

    - Antes de mais nada: não desligue o celular nem fale com ninguém até a gente terminar a transação...

    Lá no fundo, uma voz gritava: "Pai, faça o que eles mandarem. Eles estão me torturando". Se eu não tivesse acabado de falar com Daniel, poderia pensar que, de fato, ele estava em poder de sequestradores. Mantive a calma e entrei no jogo.

    - Olha, você não sabe o trabalho que esse menino me dá. Se quiser, pode ficar com ele...

    - O senhor pensa que isso é brincadeira? Eu não tenho nada a perder. Se o senhor não seguir minhas instruções, pode chamar a família pro enterro do seu garoto.

    Balancei. É verdade ou trata-se de golpe do sequestro? Meu filho vive em Brasília e, com 36 anos, já não é nenhum garoto. Convenci-me de que era aplicação e resolvi sacanear com o vigarista.

    - Olhe moço, como já lhe disse, pode ficar com o menino. Na verdade, acho que estou fazendo um bom negócio... Sua mãe está aqui em casa e tem me dado muito prazer. Pense numa velhinha danada...

    - O quê?!!!

    - Estou dizendo que sua mãe está aqui comigo. E, com meu filho, eu nunca faria o que eu faço com ela. Rapaz, tu sabias que tua velha gosta de trepar?

    O cara me xingou de viado, me mandou tomar naquele lugar que eu nunca irei e desligou ou telefone.

    Enquanto me servia de uma dose de uísque, fiquei dando feições à velha que eu acabara de inventar.

     

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    Tia Lyka

    Carta do Exílio

    Tia Lyka, que foi colunista deste jornaleco,dando conselhos a quem buscava aconselhamento, fala sobre sua vida na Venezuela

    Barão, querido,

    Acostumada a ler e responder sobre dúvidas e sofrimentos de leitores do Roraima Agora, faço o caminho inverso para relatar sobre a fria em que me meti. Tomara que minha experiência sirva de exemplo para balzaquianas como eu e faça que mulheres evitem dar passos errados como eu dei.

    Conheci Ramon em festa de confraternização no final de dezembro. Encantada com o charme e com a trolha que ele traz entre as pernas, larguei tudo para tentar vida nova aqui na Venezuela. O sonho acabou; hoje, junto um dinheirinho escondido, roubado desse colombiano bandido, para, na primeira oportunidade, voltar para minha terra.

    Fui enganada. Eu, puta velha, fui passada pra trás e hoje estou comendo do pão que o diabo amassou. A casa que esse bandido me descreveu não existe. Moro em barraco de madeira coberto com palhas de inajá no meio do mato, longe de tudo e de todos. Água só de poço - que eu tiro - e fogão de lenha - que eu busco no mato. Para conversar, só a bruxa velha, mãe do homem que me trouxe pra esse inferno. Acho que dona Dolores se encarrega de me vigiar, pois a monga está sempre conferindo o que estou fazendo. Até pra cagar a megera me controla.

    Durmo tarde e acordo cedo. Minha rotina é trabalho. Lavo, passo, cozinho, tomo conta de dois meninos catarrentos que Ramon tem de outros relacionamentos. E costuro. Não costuro pra fora como gostaria, estou costurando numa velha máquina Singer de pedal, produzindo calções e camisas que Ramon vende para uns miseráveis que vieram procurar riqueza nessa terra nojenta.

    Pra comer, sardinha todo santo dia. Sardinha com massa de milho. Meu Deus, como tenho saudade de farinha! Às vezes, sonho comendo um feijão suculento com farinha d'água. Daquelas bem grossonas, tipo piçarra.

    Outro sofrimento: eu, que gosto tanto de transar, estou sendo comida só quando Ramon tem vontade. Pior é que ele dispensa a carne dianteira e só se interessa pelo meu rabo. Com uma rola daquele tamanho, tem dias que eu não posso nem me sentar. Gozar? Faz tempo que eu não sei o que é isso.

    Nesses dois meses em que estou aqui, nunca vi um xampu; fazer unhas, nem pensar. Sem me depilar, tenho vergonha de levantar os braços e ver os sovacos cabeludos. De tão grandes, dá pra fazer trança com os pentelhos da minha pequeca.

    Chega de falar de sofrimentos. Quero dizer que, a qualquer hora, sem avisar, hei de voltar para nosso querido Brasil e perguntar se, quando voltar, ainda posso contar com minha vaga como consultora do Roraima Agora.

    Amo vocês. Beijos no Neguinho e na Abelhinha de Cheetos.

    Lyka 

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    Aroldo Pinheiro

    OVNI de água doce

    No sábado de carnaval, acordo com telefonema. Não vou citar o nome de quem me ligou para não ter problema com a Justiça. O que esse arquiteto, nascido no Piauí, formado em João Pessoa, morador em Roraima há muitos anos queria falar comigo? Sei que ele está comemorando um ano de sobrevida com coração novo e turbinado. Resolvo atender:

    - Bom dia, cara...

    - Aroldo, tu gostas de disco voador?

    Que diabo é isso? Pegadinha? Convite para sair fantasiado em algum bloco carnavalesco? Alguma notícia sobre OVNI (Objeto voador não identificado) para meu jornaleco? Arrisquei:

    - Não tenho nada contra. Sobre o assunto,muita curiosidade...

    - É que vai ter um aqui em casa ao meio-dia e meia. Convidei só os amigos queridos e mais chegados...

    Agora deu. Aterrissagem de disco voador com hora marcada? Com comissão de recepção? Não sabia que meu amigo era chegado a essas coisas meio sobrenaturais. Aquiesci:

    - Tá bom. Posso levar meu fotógrafo junto?

    - Não. Sem câmeras. Sem registro.

    Pensei: "Puxa, tenho um furo à mão e não posso registrar?" Antes que eu me fizesse mais alguma pergunta, meu interlocutor acrescentou:

    - E não precisa trazer cerveja. O congelador está atopetado de garrafas vestidas de noiva.

    Pirei. Vão receber ETs com bebida? Que conceito os extra terrenos vão levar sobre terráqueos? Para ter certeza do que estávamos falando, resolvi mostrar minha ignorância sobre o assunto.

    - Cara, num tou intendeindo nada...

    Ele riu e disparou:

    - Porra, falar cifrado com quem não entende de cifras é foda. Tou falando de tartaruga, cara. Quelônio!!! Tartarugada com sarapatel, batidinho, farofa de casco com farinha do Uarini e molho com pimenta olho de peixe... – Acrescentou: "E se algum homem da lei estiver gravando esse telefonema, vai todo mundo preso".

    Rimos muito. O almoço estava delicioso. Bom reencontrar amigos em torno de um crime tão revigorante.

    Em tempo: Esta é uma história de pura ficção. Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas é mera coincidência. E ocorreu em Lethem, na Guiana – onde pode-se comer tartarugas à vontade.

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    Érico Veríssimo

    Uma Quarta-feira de Cinzas ad infinitum

    Suely Campos (PP) bem que tentou começar 2018 com o pé direito, mas foi pega por alguns infortúnios que jogaram ainda mais o seu governo na lama. Desde a nomeação de parentes e protegidos para o primeiro escalão de seu governo, seu mandato teve de tudo um pouco daquilo que não se deve ter para o bem da moralidade da coisa pública e bem-estar da população.

    O tempo passou e ficou cada vez mais difícil imputar a outros governos as consequências de erros que todos agora sabem muito bem por quem foram provocados. Em entrevista no fim de 2017, ao fazer uma espécie de balanço, Suely admitiu ter sido eleita no rastro daquilo que seu marido, o ex-governador Neudo Campos, havia feito. Mas, ao tentar a reeleição neste ano, ela afirmou esperar ser levada ao Palácio Hélio Campos em 2019 por aquilo que fez durante sua administração. Como diriam, só faltou combinar isso com os russos! Ou, melhor, com os eleitores, vítimas de um estelionato escancarado.

    A renúncia do vice-governador Paulo César Quartiero, um dos reveses sofridos por Suely neste começo de ano, ainda é um mistério. Ao se despedir do governo, ele fez questão de reforçar a necessidade de que Suely seja apeada do cargo por diversos motivos, entre eles, incompetência e "traição" ao Estado. O homem afirmou ainda que, ao renunciar, tinha a intenção de que a Assembleia Legislativa tomasse as rédeas da situação e levasse adiante um processo de impeachment da governadora.

    No mesmo dia da renúncia, o governo, por meio de um espalhafato promovido pela Secretaria de Segurança, afirmou ter encontrado na vice-governadoria um cheque de R$ 500 mil , além de farto material, que comprovaria que Quartiero vendeu o cargo e tudo se tratava de um complô para tirar Suely da jogada. 

    O governo de Suely, que sempre foi um verdadeiro Carnaval, com destaque para as comissões de frente familiares, alegorias de tremendo mau gosto e um enredo representando bem toda a bagunça institucionalizada que aí está, vai seguir num clima de Quarta-feira de Cinzas ad infinitum, com aquela estranha sensação do sujeito que passou dos limites, tomou todas, está com uma baita ressaca e, no fim das contas, se pergunta se valeu mesmo a pena tanta farra.


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    Aroldo Pinheiro

    O desconvidado

    Era como uma confraria. Todos se conheciam há muito tempo e tinham muito em comum. Oito casais de classe média que conservavam ótima convivência. Fins de semana, piqueniques, acampamentos, festas, barzinhos, boates, algumas viagens... Tudo eles faziam em conjunto.

    Na cidade, invejosos teciam mil histórias a respeito do grupo. Normal que fosse assim, como assim era na fábula da raposa e as uvas. Os comentários inventados com muita maldade não abalavam aquele relacionamento. Às vezes, até se divertiam sabendo que o grupo ocupava a crista da fofocagem cultivada pelos maliciosos.

    Surgiam histórias do tipo: "Ali rola cocaína!"; "Eles sempre se reúnem para um troca-troca"; "Ali, ninguém é de ninguém" "O caseiro do Alberto disse que a sala está sempre suja de pó branco depois das reuniões." Eles não estavam nem aí. Levavam suas vidas saudável e prazerosamente, aproveitando, comendo e bebendo do bom e do melhor... E se divertindo muuuuiiito.

    No carnaval, como sempre, reservaram duas mesas para as três noites de folia no melhor e mais tradicional clube da cidade. Escolheram fantasias, programaram onde seriam os "esquentas" e os "caldões da ressaca", estocaram uísque, cerveja, Engov, Sonrisal e Epocler para o período momesco e caíram na farra.

    Na última noite, terça-feira, lá estavam eles ora brincando nas mesas, ora dando voltas no salão, ora visitando mesas de amigos, ora dançando no meio da banda... Normal. A festa era só animação. Já tinha tocado o Zé Pereira, Mulata Bossa-nova, A Jardineira, Lambretinha, Máscara Negra, Bandeira Branca, Bibelô Chinês, Mamãe Eu Quero, alguns sambas-enredo...

    O dia amanhecendo e o carnaval comendo no centro. João Fernando, inconveniente, mau caráter, invejoso, fofoqueiro, casado com Marília, mulher, feia e mal enjambrada, encontrava-se no clube e, desde o início da festa, forçava uma situação para aproximar-se daquele animado grupo de amigos. Eles, conhecedores da fama e inconveniências do casal despeitado, não davam abertura.

    Lá pelas seis da manhã, já ao som de Cidade Maravilhosa - tradicionalmente última música do carnaval, João chegou-se a um dos integrantes daquela turma e, alto, ao seu ouvido, perguntou:

    - Escuta, a que horas vocês vão começar o troca-troca?

    Pedro, muito espirituoso, só pra sacaneá-lo, respondeu num tom que poderia ser ouvido por todos os presentes:

    - O nosso troca-troca vai começar daqui a pouco, logo que acabar a festa... Mas tem uma coisa, João, tu não podes ir conosco não. A tua mulher é feia pra caralho e quem ficar com ela leva desvantagem!!!

    Dada a resposta, Pedro José abriu largo sorriso de satisfação, sorveu reforçado trago de uísque e caiu, dedos levantados, no meio da folia:

    – ...cheia de encantos mil/Cidade Maravilhosa, coração do meu Brasil... 

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    Érico Veríssimo

    Os novos bodes expiatórios de um sistema falido

    O governo estadual há muito tempo já está no buraco. A situação da Pê-á é a representação máxima de uma administração que se perde em números e nas mais comezinhas informações. Ilustra, de forma inconteste, a falta de clareza e transparência que permearam os quase quatro anos de Suely no comando do Estado.

    A fuga anunciada de quase uma centena de presos poderia ser mais um duro golpe no governo da pepista, não fosse ela alvo constante das mais diversas críticas aos mais variados erros de sua administração, portanto, acostumada a levar porrada de todos os lados. Vale lembrar que eles fugiram por um túnel descoberto uma semana antes da ousada empreitada. Ele deveria ter sido fechado, mas, na mais absoluta imprevidência, não o foi.

    O sistema penitenciário é uma incógnita, assim como o é o governo de Suely. Não se sabe ao certo quantos presos há na Pê-á, quantos fugiram no dia 19 de janeiro, nem quantos, que deveriam estar encarcerados, estão por aí perambulando pelas ruas. O desencontro de informações pôde ser constatado nas declarações da Secretaria de Justiça que, no dia da fuga, em três ocasiões diferentes, informou números de fugitivos que variavam de 6 a 95, mesmo que policiais e agentes, sob sigilo, afirmem que eles, os fujões, ultrapassem os 200.

    Outro fato emblemático envolve a morte de um detento três dias após a fuga em massa e uma hora após ele dar entrada no presídio, logo depois de ter passado por uma audiência de custódia. A primeira informação da Sejuc foi a de que ele estava em uma sala de contenção com 11 presos que seriam investigados como suspeitos de tê-lo assassinado, ressaltando que essa execução nada tinha a ver com a debandada de sexta-feira.

    No dia seguinte, a própria secretaria informou que na tal sala havia 25 presidiários que estavam lá para prestar esclarecimentos sobre a fuga e deveriam depor, também, sobre a morte de Kayke Braga da Rocha. E tudo isso em meio à tentativa de atribuir aos agentes da Força Nacional a culpa pela fuga em massa. Se o mesmo acontecer com os homens da Força-Tarefa de Intervenção Penitenciária que deverão vir para o Estado, não será surpresa. Eles serão apenas os novos bodes expiatórios de um sistema falido. 

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    Aroldo Pinheiro

    Morto é morto

    Em Rurópolis, sul do Pará, aproveitando derrubadas de enormes árvores – suas e à sua volta – seu Manel adquiriu equipamentos e montou funerária que seria explorada pelo filho, Tuísca.

    De repente, uma tragédia! Na saída da cidadezinha, uma caçamba capotou. 14 mortos. O prefeito determinou que seu Manel fabricasse caixões para os desgraçados que tiveram o azar de morrer naquele fim de mundo.

    Seu Manel e Tuísca festejaram. Em um só dia, venderiam mais caixões do que venderam nos últimos cinco anos. Com pagamento antecipado, largaram o pau a construir ataúdes.

    Com os caixões acomodados no Mercedes 1111, o pessoal chegou ao galpão onde estavam os cadáveres. Combinados sobre o sistema a ser usado no reconhecimento e acomodação, seu Manel gritava: "Aroldo Pinheiro de Souza!" Tuísca, entre os corpos, localizava o nominado e respondia: "Presente!" O corpo era encaixotado e recebia papel de identificação.

    Um, dois, três, oito defuntos reconhecidos, prontos e acomodados em seus respectivos paletós de madeira; seu Manel seguia na chamada: "Moisés Brasilino Filho!"

    Tuísca se aproximou de defunto vestindo calça rosa de lycra, camisa azul degradê, com lenço de seda ao pescoço, e respondeu: "Presente!"

    Ao tentar arrastar o corpo, ouviu um sussurro efeminado:

    – Moço, eu não tou morto...

    – Papai, venha cá: esse cara diz que tá vivo! – Apavorou-se Tuísca.

    Seu Manel, papéis à mão, aproximou-se e ouviu o caboclo bodejar: – Eu tou vivo.

    – Vivo? Tu tá doido? – Questionou seu Manel, com medo de ter que devolver dinheiro por caixão não utilizado e, vendo o jeito estranho daquela aberração, acrescentou: "Olha, mana, tu pelo menos sabe escrever?" O empresário suspirou, puxou o moribundo pelos braços, acomodou-o no ataúde e encerrou: "Moisés, o doutor estudou muito pra se formar e disse que tu tá morto; o papel que o doutor assinou diz que tu tá morto... Agora, tu quer discutir com o doutor e com o atestado de óbito? Tu tá morto e vai ser enterrado, pronto!"

    Fez força, acomodou o gordo no caixão, jogou-lhe a tampa em cima e determinou:

    – Tuisca, aparafusa aí bem apertado, pois esse qualira é meio teimosinho!

    �Lw�@�_,. 

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    Aroldo Pinheiro

    Cabaré familiar

    Baiano, de Feira de Santana, Barroncas veio para Boa Vista em busca de dias melhores. Aqui ficou rico e empolgou-se. Ele, que era um exemplo de homem, entregou-se à farra, trocando Rotary, Maçonaria, patroa e filhos pela vida mundana. Dona Marieta não aguentou.

    Depois do divórcio, para tirar o peso da consciência, Barroncas jogava a culpa de seus desatinos em cima da sociedade que o acolhera. Fazia pouco caso e criticava as festas provincianas de que, outrora, fizera questão de participar.

    Por ocasião do carnaval, o empresário resolveu que tinha chegado a hora de dar o troco à sociedade hipócrita. Na terça-feira gorda, começou tomando cerveja e uísque no Cauamé e, de tardezinha, estava rodeado de mulheres em famosa casa de tolerância da, ainda, pequena cidade. No cabaré, convidou três quengas para acompanhá-lo ao baile no clube mais badalado de Boa Vista.

    Lá pela meia-noite, de braços dados com as três meninas graciosas, bem maquiadas, vestindo roupinhas que dariam tesão até no mais sério dos sacerdotes, Barroncas chegou à portaria do Iate.

    Ao ver a trupe, o porteiro não quis chamar pra si a responsabilidade de barrar ou a irresponsabilidade de deixar entrar o quarteto. Apelou para seu Alemão, um dos diretores do clube, para resolver o problema. Jeitoso, buscando evitar escândalo ou confusão, a autoridade iatiana conduziu o baiano para um canto e abriu-lhe o jogo:

    - Barroncas, você é gente boa e muito querido por todos nós. Nesse momento, queremos que você use o bom senso e, se quiser entrar no clube, devolva essas meninas para o lugar a que elas pertencem...

    - Mas por quê? – Desafiou o bebum.

    Seu Alemão resolveu ser direto:

    - É que aqui nesse clube, você sabe, só entram moças de família...

    Barrroncas contra atacou:

    - Companheiro, esse clube tá cheio de quengas. Olha, Alemão, ali naquela mesa da frente estão sentados seu Joaquim e as quatro putas que ele chama de filhas...

    Pra não perder a parada e não discutir com o bebum, o diretor sentenciou:

    - Tá bom, Barroncas: elas são putas conhecidas e putas conhecidas podem entrar ace =��_GՂ) 

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    Érico Veríssimo

    Entre os salários atrasados mais bem pagos do País

    Suely Campos (PP) começou o ano sacaneando o funcionalismo público de uma maneira especial. Sem pagar os servidores na data anunciada - 29 de dezembro -, ela reagendou o pagamento para 10 de janeiro, mas sem afiançar em público que isso de fato ocorreria.

    Sem dar as caras para falar a verdade a quem depende de salário para viver, a mandatária se esconde atrás de assessores e redes sociais para criar a sua ilha da fantasia, uma espécie de bolha própria em que o Estado teve "três anos de mudanças" e os professores, essa categoria tão desprestigiada, é uma das mais bem pagas do País - mesmo que não tenha seus recebimentos em dia.

    Nesse intervalo de incertezas, o que se tem em excesso são as especulações que pipocam nas redes sociais e angustiam cada vez mais o servidor público do Estado. Chegada a segunda data prometida, apenas os funcionários da Educação e Saúde receberam seus salários, aos 45 minutos do segundo tempo. E a justificativa para o atraso? Não há! E ainda mais quando se sabe que os recursos para a primeira categoria vêm do Fundeb, repassado mensalmente nos dias 10, 20 e 30. O mesmo ocorre com os da segunda, socorrida pelos repasses do SUS. Quanto às outras, sabe-se lá quando terão a mesma sorte!

    Enquanto Suely corre da sala pra cozinha para tentar pagar os servidores e fornecedores, numa aparente demonstração de esforço de que está querendo colocar o Estado (falido!) no rumo certo, dificuldades não há para pagar R$ 8.400 de diárias a Danielle Campos, sua filha, que ocupa o cargo de secretária da Representação do Governo de Roraima em Brasília.

    Daniella, segundo as más línguas, passa mais tempo em terras macuxis do que em solo candango, mas, mesmo assim, consegue levar dos cofres públicos essa dinheirama por permanecer 17 dias fora de sua "sede de trabalho". Enquanto isso, quem tem o seu local

    de labuta conhecido pelos credores, fica a ver navios toda vez que chega o fim do mês. Mas, o que importa, se os professores de Roraima estão entre os mais bem pagos do País? Como dizem, Educação é a base de tudo!

    :

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    Aroldo Pinheiro

    O milagre dos pães

    E o novo governador chegou ao, ainda, Território Federal de Roraima. Como de praxe, prefeito e boa parte de auxiliares vieram na bagagem do chefe do Executivo. Homem de visão, vendo a possibilidade de fazer-se politicamente em terras macuxis, o coronel determinou que o novo administrador da capital contratasse valores locais para auxiliá-lo.

    Depois de sondagens, o prefeito contratou, entre outros nativos, Romualdo Pereira para a Comissão Permanente de Licitação e a esposa deste para a Tesouraria. O casal viu ali a chance de ganhar dinheiro fácil e fazer o pé de meia. Ansiosos por especializar-se na arte de roubar, como ratos, viam, na verdade, a possibilidade de encher muitos meiões com dinheiro tomado de fornecedores da prefeitura.

    Na maior cara de pau, Romualdo cobrava comissão de quem fornecia para a prefeiturae Edinete achacava esses mesmos fornecedores na hora de fazer pagamentos.

    Ao final do primeiro ano em cargos chave da administração, Romualdo e Edinete compraram enorme terreno em área nobre e deram início à construção de mansão com qualidade e toques de luxo que só os mais abastados possuíam na cidade.

    No segundo ano, em dezembro, o casal resolveu, aproveitando o aniversário de Romualdo,inaugurar a bela e luxuosa mansão. A alta sociedade local foi convidada para o regabofe. Governado, prefeito e todos os seus secretários também.

    Com música ao vivo, impecável serviço de bufê, bebidas importadas rolando solta, os convivas se divertiam como nunca. O prefeito, ´serio, encafifado, prestava atenção naquilo tudo; em determinado momento, segurou no braço de Romualdo, puxou-o para um cantinho, e assuntou:

    - Meu filho, nós tomamos posse juntos, meu salário é duas vezes o que você ganha, tenho mordomias que você não tem: que tipo de aplicação ou que mágica você faz para seu dinheiro render tanto? Enquanto você construiu essa mansão, tudo que eu consegui foi dar entrada num apartamentozinho de três quartos em Niterói. 

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    Tia Lyka

    Peido brochante

    Olá, ticos e ticas!

    Um abraço nos hermanos, especialmente àqueles que ficam limpando vidros de carros nos semáforos. Todos queridos e eu sei que estou devendo um monte de moedinhas pra vocês, mas não tenho culpa se recebo on-line e não tenho cofrinho pras moedas. Qualquer hora dessas pego vocês para gente tomar um caldo de bodó, tá?!

    Mas o papo aqui é de sacanagem, não de caridagem, portanto, gatinhos, vamos amolando a pica que tem papo na cuia. E hoje vamos falar de peido. Vixe, fedeu!

    Tia Lyka,

    Saí com um boymagia que conheci no Forró dos Velhos. O cinquentão era bem fogoso, trepamos a noite toda. Em dado momento, ele me pediu o 'anel de couro' e eu, chapada que estava, não neguei o roscofe. Só que o inesperado aconteceu. Quando o negão estava metendo a primeira, eu não aguentei a pressão e soltei um peido tão alto e forte que não teve tosse que disfarçasse o barulho. Resultado: o cara brochou na hora. Pior foi a catinga que ficou no quarto. Haja riscar fósforo pra acabar o fedor. E o bofe? Pense num homem que foi triste pra casa.

    Conversando com uma amiga, ela me disse que, se você peidar no pau de um macho ele brocha e nunca mais levanta. Fiquei apavorada com essa informação. É verdade?

    Josimária Antero S. Neto, 46 anos, balconista.

    Querida Josi,

    Tou aqui pensando na força desse peido pra derrubar um cacete. Deus me livre! Imagino você cagando. Seguinte, fofa: na literatura médica da tia Lyka não tem nenhum relato ou comprovação de que um peido no pau tenha causado brochamento irreversível. Como o seu caso é inédito aqui, sugiro que você mantenha contato com o boymagia, adiante que já tratou das tripas e nada de pôr cu no meio. Vá observando se a manjuba dele amolece durante a transa. Talvez, ele tenha brochado só pelo susto do trovão mesmo. De todo modo, você fica proibida de dar esse rabinho peidão pelos próximos 20 anos, tá?

    Fui!

    ble_zg`��, 

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    Érico Veríssimo

    Pior do que está, não fica! Boa viagem, Tiririca!

    No dia em que o Datafolha divulgou pesquisa mostrando que 60% da população reprova o Congresso Nacional, Tiririca resolveu, pela primeira e última vez, segundo ele, subir à tribuna para informar que vai abandonar a política tão logo termine seu mandato, afirmando, ainda, estar decepcionado com o que viu na Câmara nesses quase oito anos.

    Um dos deputados mais votados na história recente do País, o palhaço ressaltou seu desapontamento com os colegas, mas não relatou o que viu nesse período. Seria bom compartilhar com o público que tanto estima as sujeiras vistas no parlamento. Quem sabe, ao se afastar da vida política, Tiririca conte sua trajetória parlamentar em um livro?

    Apesar de ter feito muito barulho durante a campanha com o slogan "pior do que está não fica, vote em Tiririca", ele nunca se destacou no Congresso, exceto pelo fato de ser um dos parlamentares mais assíduos da Casa e não faltar às sessões. Mas, em dois mandatos, conseguiu aprovar apenas um projeto, que beneficiou sua categoria ao incluir espetáculos circenses na Lei Rouanet. Fora isso, a atitude de maior repercussão do deputado foi a de agora, quando fez seu "primeiro e último discurso".

    E, apesar de todo o caráter moralista, com um forte viés populista e demagógico na despedida, o palhaço assumido não fugiu das facilidades do cargo. Segundo a revista Veja, ele soube fazer bem feito o que seus colegas fazem rotineiramente: usar verba da Câmara para fins particulares. De acordo com a publicação, Tiririca viajou e fez show no interior de Minas Gerais com os recursos.

    Se os que estão nessa estrada da vida política há muitos anos dificilmente conseguem nos representar, alguém inexpressivo no papel que lhe cabe, certamente não o fará. Com a licença da rima, realmente, pior do que está, não fica! Boa viagem, Tiririca!

    RdK��5

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    Aroldo Pinheiro

    Velho escroto

    Fim de expediente, cinco e quarenta da tarde; apesar da hora, o calor roraimense está de espantar o capeta. Na lotérica, parece que resolveram desligar aparelhos de ar condicionado para economizar energia. Ninguém está aguentando o roubo praticado pela Eletrobras.

    Ali dentro, cerca de dez pessoas suam, se abanam e suspiram em fila que, para eles, é interminável. No segundo caixa, reservado para pessoas com deficiências físicas, uma velhinha se atrapalha com dinheiro trocado e todas as contas do mês.

    De repente, sujeito alto, barriga proeminente, vestindo calças jeans bem surradas que combinam com a camiseta desbotada, chapéu de pescador na cabeça, cruza a porta de entrada. Pés grandes, descalços, chamam a atenção dos presentes. Com papéis e dinheiro na mão, o novo cliente posta-se atrás da velhinha que tem dificuldade para fechar a conta.

    Caboclo alto, gordo, mal encarado, que ocupa a terceira posição na fila ao lado, olha agressivamente para o recém chegado e, ameaçadora e nervosamente, começa a sacudir-se sobre as pernas.

    Assim que a velhota acomoda papéis e troco na bolsa de pano e se afasta do guichê, o recém-chegado ocupa o espaço deixado, passa contas e dinheiro para a atendente e determina: "Faça também três Mega-Senas, por favor".

    O homão da fila ao lado, agora à véspera de ser atendido, brada:

    - Se eu não fosse o próximo da minha fila, eu ia tirar você desse caixa!

    O homem de chapéu olha para o ameaçador e pergunta: "É comigo?"

    - Sim. Quem você pensa que é pra chegar aqui assim e ser atendido na frente de todo mundo?

    - Sou só um cidadão que procura beneficiar-se de seus direitos.

    - Que direitos? Você é aleijado? É cego? Está grávido?

    - Não, meu amigo. Tenho 63 anos e, com essa idade, as leis me dão preferência.

    - Sessenta e três anos? Me engana que eu gosto...

    - É meu amigo: sessenta e três. Você acha que pra ter essa idade a gente tem que ficar feio e decrépito? Tenho 63 anos. Não vou lhe mostrar documento porque o senhor não é fiscal de idades nem merece minha atenção. Tenho prioridade e vou fazer uso dela.

    Chegou a vez de o agressor ser atendido e ele deixou o assunto de lado. Nisso, um velhote careca e encurvado que tinha entrado na lotérica quase sem ser notado aproxima-se do agredido e fala:

    - Ei, Abigobaldo! Vi tudo, cara. Bom saber que tu estás velho, mas continuas bonito e escroto. 

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    Tia Lyka

    Sexo e dor de cabeça

    Olá, minha gente!

    Ando recebendo muitas queixas dos homens sobre suas mulheres. Dizem que ultimamente a mulherada anda com muita dor de cabeça, isso quando não estão menstruadas a semana toda. Um deles me mandou mensagem pelo zap-zap em tom de desespero. Vejam aí:

    Tia Lyka,

    Sei que o assunto aqui é só sacanagem, mas o que tenho a dizer não deixa de ser uma puta sacanagem. Acho que minha mulher está dando pra outro. É que nos últimos três meses ela cortou o sexo, o máximo que eu consegui foi uma punheta de 45 segundos, isso porque era o dia do meu aniversário. A desculpa dela é a tal de "cefaléia". Basta eu pôr o pau pra fora, que ela já diz: "Tô com enxaqueca!" O que eu faço pra acabar com essa dor?

    Alfredo M. P. Macedo, 48 anos, farmacêutico

    Querido, Alfredo!

    Se você que é farmacêutico não sabe, imagine eu que só sei mexer com piroca. Mas vamos lá, entendo seu desespero. E essa desculpa da dor de cabeça pra não fuder é antiga, é do tempo da minha avó.

    O que você tem que avaliar é: ou tua mulher está com problema sério de saúde ou então tu fodes ruim pra caralho. Vamos pensar na primeira hipótese e, para ela, tem uma técnica boba, mas infalível. Prepara uma farmacinha em casa: dipirona, novalgina, dorflex, anador e todas as fórmulas existentes pra combater a tal da 'Lea'. Guarda tudo debaixo da cama, faz teu asseio normal, passa perfume no saco, se prepara pra dormir e nem fala em fuder. Quando ela tiver pegando no sono, você começa a encostar o bilau na zona de perigo. Ela, decerto, vai disparar com desculpa da dor de cabeça. Nessa hora, você já saca a cesta de remédios, manda ela escolher um e diz que em 10 minutos a dor vai embora. Se ela der um pulo, aí pode levar pro hospital que o caso é grave. Leva num postinho, pois se levar pro HGR ninguém garante que ela volte.

    Se teu tesão estiver mesmo grande, incontrolável, dá uma fugidinha, passa no Caimbé e pega uma otchenta. Usa camisinha, pois se a rola não tiver contato com piriquita alheia, não caracteriza traição.

    Fui!

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    Érico Veríssimo

    É preciso jogar no buraco quem o cavou primeiro

    Para tentar tapar o rombo nas contas do Estado, Suely Campos (PP) lança mão de mais uma estratégia para danar o lado mais fraco, o trabalhador. Dessa vez, alegando as mesmas dificuldades financeiras de sempre, a mandatária escolheu vitimar servidores efetivos que têm cargo comissionado, privando-os das gratificações. É mais uma das medidas "ousadas" para tentar tapar o buraco cavado por ela mesma, que afunda Roraima a cada dia.

    Depois de meter os pés pelas mãos, essa administração se perdeu na gestão de recursos públicos, com má aplicação de dinheiro, suspeitas de desvio de verbas, vícios em licitações e falta de transparência em decisões como as de agora, nunca explicadas a quem mais interessa.

    Sem previsão nenhuma de gastos, o governo dá gratificações a esses servidores efetivos e quando o calo dói, eles é que vão pagar a conta. Não demora muito, aqueles que não são efetivos e ocupam apenas cargos comissionados, serão exonerados. Mas, certamente, muitos deles serão renomeados e outros tantos nomeados para servir às eleições de 2018, e tudo isso para que sirvam de cabo eleitoral e tentem alavancar uma candidatura perdida.

    A situação do governo de Suely se complica cada vez mais e é bem provável que ela, no desespero de tentar se reeleger, afunde ainda mais o Estado. Se não está conseguindo arcar com as responsabilidades financeiras agora, certamente não o fará em ano eleitoral, quando terá de abrir a torneira dos cofres públicos para agradar gregos e troianos em troca de votos. Com certeza, a Justiça e os órgãos de fiscalização terão muito trabalho nos próximos meses. E é bom que o povo acorde logo. Na hora de votar, seria interessante se lembrar da situação da Saúde estadual, da Segurança Pública e de tantos outros males que nos afligem.Já seria um bom começo para evitar que se cometa o mesmo erro que pode durar mais quatro anos.

    Para evitar que sejamos levados de uma vez para o buraco, é preciso que aqueles que o cavaram sejam emburacados primeiro (e sozinhos) para a nossa própria sorte.

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    Ulisses Moroni

    O problema estava na cabeça

    Anunciaram-me uma pessoa que desejava reclamar. Tudo normal até aí, a regra era essa. Já o motivo era algo bem diferente: o sujeito queria reclamar de uma loja de motos que, segundo ele, o teria ofendido. Como? Ele foi comprar um capacete, mas disseram que não tinham do tamanho da sua cabeça, sendo recomendado que fizesse um sob encomenda.

    Qualquer pessoa no meu lugar ficaria curioso para ver a pessoa, especificamente sua cabeça. Ao vê-lo, fiz uma análise minuciosa e confesso que senti uma mistura de surpresa e decepção. Sua cabeça era do tamanho da minha! Aliás, sua altura e peso eram bastante similares aos meus. Indaguei-me sobre o que estava acontecendo. Somente ouvindo o reclamante para saber os reais motivos...

    Disse-me que tinha comprado uma moto há uns meses, que foi-lhe entregue com um capacete usado. Numa blitz policial entenderam que o talcapacete tinha defeitos e o apreenderam. Ao comprar um novo, os modelos que encontrava ficavam apertados. Na maior loja da cidade, todos osmodelos que experimentou lhe incomodaram. O gerente sugeriu que ele comprasse um por encomenda na fábrica e, daí, ele se ofendeu e veio fazer a reclamação.

    Como eu já tive moto, senti algo mal-explicado no contexto. Telefonei para a loja e o gerente esclareceu o fato. O capacete que ele usava era danificado, não tinha a espuma protetora interna, apenas a "casca". Ficava mais folgado que um novo, mas não cumpria a função de segurança, tanto que foi apreendido. Mas o consumidor, irritado, não se deixou ouvir.

    Ali comigo ele estava receptivo. Consegui explicar que, no início, um capacete novo dá impressão de apertar a cabeça. Isto justamente por nos proteger. Com o tempo, o equipamento se ajusta ao nosso perfil, da mesma que nos acostumamos ao acessório. Uma questão de insistir. Senti que ele acreditou no que eu disse e retornou àquela mesma loja para negociar. Minutos depois, o gerente me telefonou, dizendo que ele foi lá e comprou um capacete.

    Meses depois, saio de um supermercado e, na rua, indo para o meu carro, uma moto se aproxima. O piloto dá uma acelerada e para. Usava capacete.Achei que fosse um pistoleiro ou assaltante. Ele tira o capacete e coloca novamente na cabeça, várias vezes, e se faz recordar. Disse-me: "Sou aquele cabeção! O senhor tinha razão, era apenas questão de acostumar. Agora uso na cabeça e nem sinto nada." E partiu. Eu nem me lembrava do caso, então recordei. Segui sorrindo, com a grata sensação do dever cumprido, ainda que distante do convencional!

    iAnunciaram-me uma pessoa que desejava reclamar. Tudo normal até aí, a regra era essa. Já o motivo era algo bem diferente: o sujeito queria reclamar de uma loja de motos que, segundo ele, o teria ofendido. Como? Ele foi comprar um capacete, mas disseram que não tinham do tamanho da sua cabeça, sendo recomendado que fizesse um sob encomenda.

    Qualquer pessoa no meu lugar ficaria curioso para ver a pessoa, especificamente sua cabeça. Ao vê-lo, fiz uma análise minuciosa e confesso que senti uma mistura de surpresa e decepção. Sua cabeça era do tamanho da minha! Aliás, sua altura e peso eram bastante similares aos meus. Indaguei-me sobre o que estava acontecendo. Somente ouvindo o reclamante para saber os reais motivos...

    Disse-me que tinha comprado uma moto há uns meses, que foi-lhe entregue com um capacete usado. Numa blitz policial entenderam que o talcapacete tinha defeitos e o apreenderam. Ao comprar um novo, os modelos que encontrava ficavam apertados. Na maior loja da cidade, todos osmodelos que experimentou lhe incomodaram. O gerente sugeriu que ele comprasse um por encomenda na fábrica e, daí, ele se ofendeu e veio fazer a reclamação.

    Como eu já tive moto, senti algo mal-explicado no contexto. Telefonei para a loja e o gerente esclareceu o fato. O capacete que ele usava era danificado, não tinha a espuma protetora interna, apenas a "casca". Ficava mais folgado que um novo, mas não cumpria a função de segurança, tanto que foi apreendido. Mas o consumidor, irritado, não se deixou ouvir.

    Ali comigo ele estava receptivo. Consegui explicar que, no início, um capacete novo dá impressão de apertar a cabeça. Isto justamente por nos proteger. Com o tempo, o equipamento se ajusta ao nosso perfil, da mesma que nos acostumamos ao acessório. Uma questão de insistir. Senti que ele acreditou no que eu disse e retornou àquela mesma loja para negociar. Minutos depois, o gerente me telefonou, dizendo que ele foi lá e comprou um capacete.

    Meses depois, saio de um supermercado e, na rua, indo para o meu carro, uma moto se aproxima. O piloto dá uma acelerada e para. Usava capacete.Achei que fosse um pistoleiro ou assaltante. Ele tira o capacete e coloca novamente na cabeça, várias vezes, e se faz recordar. Disse-me: "Sou aquele cabeção! O senhor tinha razão, era apenas questão de acostumar. Agora uso na cabeça e nem sinto nada." E partiu. Eu nem me lembrava do caso, então recordei. Segui sorrindo, com a grata sensação do dever cumprido, ainda que distante do convencional!

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    Aroldo Pinheiro

    Briga no zoológico

    Ali pelo terceiro quarto do século passado, quando Roraima ainda era território federal, o novo governador chegou trazendo seu prefeito a reboque. É, naquele tempo, nossos prefeitos eram nomeados pelos governadores. Para familiarizar-se com o modus vivendi da terra de Makunaima, homem esperto, o novo chefe do Executivo do município, nomeou um nativo para chefiar a Divisão de Pessoal. 

    Competente, o novo chefe de divisão tinha hábitos sexuais pouco heterodoxos: quando tomava umas cervejas, "ele deixava escapar a quarta", como diz meu amigo Tonhão. Na cidade, todo mundo sabia que aquele servidor municipal rabeava. Até a mulher dele sabia e estava sempre policiando as saídas do marido.

    O novo chefe da Divisão de Pessoal, querendo impor austeridade e mostrar serviço como todo novo chefe atraiu a antipatia dos outros barnabés do município. Mas, como se dizia naquele tempo, "ele não dava nem cartaz". Desde muito tempo, a prefeitura mantinha seu Leãozinho, um alcoólico, em sua folha de pagamento. Trabalhasse ou não, o bebum recebia sua graninha todo fim de mês.

    Numa manhã de segunda-feira, ao visitar o almoxarifado da repartição, o novo chefe da Divisão de Pessoal viu uma rede atada. Aproximou-se e, dentro da fianga, deu com Leãozinho todo vomitado, exalando forte cheiro da cachaça consumida no fim de semana. Incomodado, ele sacudiu a "Filomena" e, quando, o bebum acordou, bradou:

    - Que que é isso? Dormindo durante o expediente em plena manhã de segunda--feira?

    - Durmo. A rede é minha, o sono é meu, a ressaca é minha... Durmo mesmo.

    - Pois se o senhor não se levantar agora e tomar conta de seus afazeres, vai ser demitido.

    - Duvido, seu moço. Olhe, cabra safado, eu vou lhe dizer: sou Leãozinho... Leão! E desde quando um simples "viado" vai querer mandar no rei dos animais?

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    Tia Lyka

    Liberando o roscofe

    Olá, queridinhos (as)!

    Hoje, volta à pauta um assunto que "os pessoal" pedem pra eu falar aqui direto: o tal do sexo

    anal, na bundinha, nos zoinho ou como queiram. Muitas já querem liberar o traseiro, mas reclamam que dói, que não podem comer feijão no dia, tem que fazer lavagem.

    É, meninas! Tem que estar com o orifício limpinho; caso ocorra algum acidente, vocês não vão

    querer passar vergonha, né? Mas não é tão dramático assim. Não existe essa de que, no dia

    que for dar o anel de couro, tem que tomar só chá. Capaz! E para abordar o tema, trago a

    história do pedreiro Antônio Magalhães P. Araújo, 28 anos:

    Tia Lyka,

    Há três anos venho pedindo o cuzinho da minha namorada. Ela sempre nega, diz que vai doer. Eu já disse que não, mas ela conta que todas as amigas delas disseram que dói muito, que dá hemorróida. Preciso da sua ajuda pra convencê-la de que não vai doer. O que faço?

    Querido, Antônio!

    Dizer que não dói é sacanagem. É quase como nascer com piroca e parir uma criança:Impossível! Não sei menti r. Inclusive já abordei esse assunto por aqui dando dicas de como

    amenizar a dor. Como você está determinado, acho que o incômodo "dor" não vai serproblema. Conheço mulheres que choravam semanas quando tinham que sentar de bunda numa piroca, hoje elas não sabem fazer outra coisa. Tomara que a sua seja desse jeito.

    O segredo pra não doer é comer um cu com sacanagem. Como? Deixar a mulher relaxada. Se é com cachaça, maconha ou narguilé, não importa. O cabra bom de cu nunca assusta a caça,entre um beijinho e outro vai aguando o rego, deixando tudo bem adubado e quando ela

    estiver a ponto de gozar é só sussurrar no ouvidinho dela: - Deixa eu comer teu cu! Se levar coice, pelo menos vai saber que ela nunca gozou pra você.

    Fui!

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    Tia Lyka

    Sexo casual na medida certa

    Oi, pessoal!

    Hoje quero falar de sexo sem compromisso. Tipo esse que eu faço, só que o meu é remunerado, tá, queridinhos?! A Teresa Oliveira, 43 anos, relações públicas, quer saber:

    Tia Lyka,

    Depois que levei chifre do marido, resolvi liberar geral. Tenho vários parceiros, sexo pelo menos cinco vezes por semana, gozo garantido. Minha dúvida é: será que usar muito a ppk causa desgaste?

    Querida, TT

    Ppk é que nem carro novo: tem que usar pra amaciar. A máxima de "lavou tá nova, cabe perfeitamente às 'broinhas'". Claro que você precisa dar manutenção. Lavar com sabonete íntimo, fazer depilação, exercício todas as manhãs, exame preventivo, asseio... Tem que tratá-la como se fosse um bebê. Também há que ter cuidado com as pirocas que visitam essa caverna. Proteção é fundamental.

    Outra questão é o tamanho. Apesar de mentirosos dizerem que têm 23cm de rola, a média

    verdadeira é de 13cm. Convenhamos, 13cm não é grande coisa, mas como a cidade é de

    imigrantes, tem uns pirocudos vindos de outras regiões e uns venecas que, dizem, são superdotados. Eu, por experiência, prefiro um pequeno brincalhão a um grande bobalhão.

    Sugiro que você faça um lista de seus "ficantes" e enumere pelo tamanho, tipo: vou dar prum

    roraimense hoje, ppk arrochadinha: asseio com pedra-ume, pompoarismo e, se for o caso,

    ponha um enchimento pra ficar bem apertadinha; prum nordestino, pode relaxar, deixa a bicha de folga; se for um negão, melhor ainda.

    Fique atenta. Tem roraimenses picudos e nordestinos anões. Não existe regra pra tamanho de

    cacete.

    No mais, é só gozar à vontade e usar a ppk quantas vezes quiser. Também pode variar e usar

    a retaguarda, mas lá não tem medidor pra tamanho e grossura: a coragem e as pregas que

    mandam.

    Fui 

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    Aroldo Pinheiro

    Oficial da reserva

    Um amigo me contou essa história que, diz ele, se passou em cidadezinha do exterior. Não sei se na Bolívia ou na Croácia.

    Filho de barão fabricado no fim do último reinado, após a morte do pai, vaqueiro assumiu o comando das terras e dos capangas. Com algumas dezenas de homens prontos para cumprir ordens, Ophélio – assim mesmo, com pê e agá – concedeu-se o título de coronel, a exemplo de oficiais de barranco que ele conhecera durante a infância.

    O nascimento do primeiro herdeiro do coronel rendeu festa de três dias. Para garantir hierarquia na família, o oficial, que nunca serviu às armas oficiais de lugar nenhum, deu ao primogênito o pomposo título de major. Major Othávio. Seguindo a tradição, um dígrafo: tê e agá.

    O surgimento do segundo menino não mereceu menos festas. Apesar de protestos da esposa – que argumentava contra a aplicação de coisas de armas no seio familiar, coronel Ophélio registrou-o também com um tê agá e deu-lhe patente de capitão. Capitão Osthógio.,

    Osthógio já atingira maioridade, quando a mãe engravidou novamente. Coronel Ophélio, do alto de seus 76 anos, mostrava a barriga da patroa como se um troféu fosse: prova de que era macho e continuava dando no couro.

    Na casa, torcia-se para que este terceiro e último bebê a ser parido fosse uma menininha. Vendo a enorme barriga pontiaguda de Othília, as comadres previam que o sonho da mulher do coronel se realizaria. O quarto que abrigaria o novo rebento foi pintado de cor-de-rosa; presentinhos e coisinhas do enxoval seguiam o mesmo matiz.

    Contrariando previsões e desejos, nasceu um menino. Alegria do coronel e tristeza da patroa. Para essa criança, o velho fazendeiro fez mais festas do que nos surgimentos dos dois primeiros filhos e, ao caçula, em homenagem a si mesmo, deu nome de Ophélio Júnior. No tratamento do dia a dia, o título de tenente.

    O menino crescia com comportamento meio estranho. Não sei se carinhos em demasia, não sei se influenciado pelo excesso de cores-de-rosa em seus aposentos, não sei se paparicos das amas de leite, fato é que, com o passar do tempo, tenente Ophélio Júnior mostrava delicadeza e trejeitos que não condiziam com a virilidade requerida por sua patente. Aquilo mexia com o orgulho e a vaidade do velho coronel.

    Na festa de dez anos do tenente, Othília, atendendo súplicas da criança, decorou o salão da residência com muitas plumas e paetês. Depois do "Parabéns a você", Ophelinho desapareceu. Convidados estranharam a longa ausência do menino.

    E, de repente, as luzes da casa se apagaram, "I am what I am", de Gloria Gaynor, ecoou das caixas de som e, quando a iluminação retornou, na porta do quarto, vestindo colada malha azul turquesa, sapatilhas da mesma cor, cílios postiços com pesada maquiagem, desenvolvendo passos de dança nunca vistos na vizinhança, surgiu o oficial mais jovem do exército daquela residência.

    Desgostoso, coronel Ophélio saiu de cena. Depois que os convidados deixaram a festa, o fazendeiro reuniu familiares, criadagem, capangas e determinou:

    - Já vimos que Ophelinho não nasceu para as armas; para não ficar feio e calar essas línguas maledicentes, decidi passá-lo para a reserva.

    Na cidade, Ophélio Júnior passou a ser conhecido pelo simples apelido de "Juninho R2". Hoje, a casa erguida pelo coronel recebe clientela GLBT, WHS e YS2 para assistir shows de gosto duvidoso protagonizados pelo ex-militar.

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    Tia Lyka

    Pimenta no sexo

    Oi, gentêee!

    Vieram me perguntar aqui no meu zap-zap uns truques pra apimentar a relação e deixar o homem com a piroca louca. Logo pra mim que adoro deixar os homens ba-ban-do. Pois bem! Achei o assunto ótimo e aproveito para trazer novidades do mundo erótico dando dicas de alguns "brinquedinhos" que a mulher (ou o homem) podem comprar e usar na hora do mete-mete.

    Vou passar nomes de alguns instrumentos pra vocês comprarem (não vale pedir emprestado das "zamigas") e deixar a relação mais gostosa. Garanto que seu boy magia vai ficar sem vontade de sair de casa pra comer tartaruga. Anotem aí, suas malacabadas:

    1. BULLET – o nome é sugestivo e é pra colocar onde vocês estão pensando mesmo. Trata-se de um vibrador pra mulher passar no grelo durante o sexo. Parece uma mini piquinha por isso, bom explicar pro boy senão ele vai pensar que você vai enfiar nele ou então vai querer usar onde não deve.
    2. ENGA EGG – esse de nome esquisito é um masturbador de silicone em formato de ovo. Como funciona? Ajuda as mocinhas que não sabem bater punheta.
    3. ANEL PENIANO – é uma delícia e eu tenho vários. Você coloca no pau do seu bofe, ele ajuda a estimular o grelo. Ajuda muito, principalmente a homens que não sabem nem onde fica nosso botãozinho de gozar.
    4. ADSTRINGENTE – pensam que adstringente é só pra pele? Nada disso. É só espalhar esse gel na ppk que em segundos as paredes da caverna se dilatam e ela fica bem apertadinha. Os homens adoram, vai por mim.
    5. GEL RETARDANTE - Ajuda naqueles dias em que você quer prolongar mais a foda e o jamelão tá meio com preguiça. E é ótimo pra homens com ejaculação precoce. Foda à vontade.

    Depois dessas dicas, garanto a vocês que o sexo vai receber um up e vocês podem comprar e pedirem o que quiserem pro boy que ele vai ficar que nem um cachorrinho: só abanando o rabo.

    Fui! 

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    Ulisses Moroni

    Brinquedo assassino do amor

    Um consumidor veio a mim fazer uma reclamação. Disseram-me que pediu para não fornecer o nome. Apesar do anonimato, fugi à regra e aceitei ouvi-lo.

    Adentrou em meu gabinete com um objeto em mãos, a razão de estar ali. Na primeira impressão, achei que lembrava um órgão sexual masculino, mas também parecia um robô. O que seria aquilo? Fiquei intrigado.

    Realmente era um objeto erótico. O reclamante comprou num sex-shop. A embalagem dizia ser uma mistura de vibrador com prótese.Constava escrito "sucesso garantido"! Mas, pelo fato de o comprador estar num órgão de defesa do consumidor, algo deveria ter dado errado...

    Ele me disse a motivação da visita, uma cena inusitada! Era uma segunda-feira. E nosso reclamante tentou usar com sua namorada na última sexta-feira. Aí o problema: segundo ele, não houve nenhum 'uso' como deveria ser. A namorada estava há três dias rindo sem parar, nem conseguia falar com ele mais. Estavam a ponto de terminar o relacionamento!

    Achei engraçado, mas me contive. Cometi o erro de pedir a ele para ligar o objeto: que coisa mais ridícula! PARECIA AGORA REALMENTE UM ROBÔ. FICAVA GIRANDO, COM UMAS LÂMPADAS PISCANDO, UMAS HASTES TIPO BRAÇOS SE MEXIAM, ATÉ UMA SIRENE FICAVA TOCANDO!

    Senti intensa vontade de dar risada! Mas não podia, estava ali trabalhando. Reduzi minha respiração ao máximo, parecia ioga. Se respirasse um pouco para forte, eu cairia no chão em gargalhadas.

    O reclamante queria o dinheiro de volta e uma indenização. Esteveantes na loja, porém não lhe deram ouvidos. Tecnicamente, o que eu faria? Aquilo seria uma 'falha do produto', que não atinge sua finalidade? Talvez até atingiu: não garantiu o prazer sexual, mas garantiu à namorada do reclamante um prazer de boas risadas! O caso estava mais para estelionato...

    Como seria a prova técnica? Quem faria uma perícia para indicar se aquilo funciona ou não como era anunciado? A namorada teria que ser ouvida para dar a opinião dela? Minha vontade de rir aumentava, eu já me sentia com a pele roxa por segurar minha respiração. Eu iria entrar no estado zen, quase flutuava!

    Daí a luz: disse a ele que seria preciso assinar uma reclamação. Pedi sua identidade. Ele abriu a carteira, tirou o documento, mas parou e pensou. Disse-me que deveria ir até o carro, pegar algo que esquecera. ATÉ HOJE NÃO RETORNOU PARA ASSINAR A RECLAMAÇÃO!

    Evito recordar este episódio. Quando me lembro, eu começo a rir sozinho. E quem está próximo deve achar que estou meio doido!

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    Aroldo Pinheiro

    Brinquedo assassino do amor

     Um consumidor veio a mim fazer uma reclamação. Disseram-me que pediu para não fornecer o nome. Apesar do anonimato, fugi à regra e aceitei ouvi-lo.

    Adentrou em meu gabinete com um objeto em mãos, a razão de estar ali. Na primeira impressão, achei que lembrava um órgão sexual masculino, mas também parecia um robô. O que seria aquilo? Fiquei intrigado.

    Realmente era um objeto erótico. O reclamante comprou num sex-shop. A embalagem dizia ser uma mistura de vibrador com prótese.Constava escrito "sucesso garantido"! Mas, pelo fato de o comprador estar num órgão de defesa do consumidor, algo deveria ter dado errado...

    Ele me disse a motivação da visita, uma cena inusitada! Era uma segunda-feira. E nosso reclamante tentou usar com sua namorada na última sexta-feira. Aí o problema: segundo ele, não houve nenhum 'uso' como deveria ser. A namorada estava há três dias rindo sem parar, nem conseguia falar com ele mais. Estavam a ponto de terminar o relacionamento!

    Achei engraçado, mas me contive. Cometi o erro de pedir a ele para ligar o objeto: que coisa mais ridícula! PARECIA AGORA REALMENTE UM ROBÔ. FICAVA GIRANDO, COM UMAS LÂMPADAS PISCANDO, UMAS HASTES TIPO BRAÇOS SE MEXIAM, ATÉ UMA SIRENE FICAVA TOCANDO!

    Senti intensa vontade de dar risada! Mas não podia, estava ali trabalhando. Reduzi minha respiração ao máximo, parecia ioga. Se respirasse um pouco para forte, eu cairia no chão em gargalhadas.

    O reclamante queria o dinheiro de volta e uma indenização. Esteveantes na loja, porém não lhe deram ouvidos. Tecnicamente, o que eu faria? Aquilo seria uma 'falha do produto', que não atinge sua finalidade? Talvez até atingiu: não garantiu o prazer sexual, mas garantiu à namorada do reclamante um prazer de boas risadas! O caso estava mais para estelionato...

    Como seria a prova técnica? Quem faria uma perícia para indicar se aquilo funciona ou não como era anunciado? A namorada teria que ser ouvida para dar a opinião dela? Minha vontade de rir aumentava, eu já me sentia com a pele roxa por segurar minha respiração. Eu iria entrar no estado zen, quase flutuava!

    Daí a luz: disse a ele que seria preciso assinar uma reclamação. Pedi sua identidade. Ele abriu a carteira, tirou o documento, mas parou e pensou. Disse-me que deveria ir até o carro, pegar algo que esquecera. ATÉ HOJE NÃO RETORNOU PARA ASSINAR A RECLAMAÇÃO!

    Evito recordar este episódio. Quando me lembro, eu começo a rir sozinho. E quem está próximo deve achar que estou meio doido!

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    Aroldo Pinheiro

    O milagreiro

    Não me orgulho do feito, mas vou contar.

    O ano era 1969, finalista no Ginásio Euclides da Cunha, numa tarde em que faltei à aula, colegas meus tocaram o terror e vandalizaram a escola – coisa de meninos maluvidos. Enciumado por não ter participado do quebra-quebra, fui à escola e roubei, do hall de entrada, a imagem de uma santa que Padre Calleri havia doado para o GEC pouco antes de morrer. Joguei a santinha na carroceria de um caminhão toreiro que por ali passava naquela hora.

    Foi o maior Furdunço. Padre Mauro Francello, diretor do GEC, chegou à loucura e suspendeu aulas de toda a quarta série até que o herege, autor do roubo, aparecesse. Dois dias se passaram e tenente Carmélio Maia, nosso professor de Educação Física, fora designado para mediar o impasse e apontar o autor do pecado mortal.

    Para não prejudicar toda a turma, confessei o mal feito. Como pena, fui transferido para o turno da noite – em que só estudavam adultos –, tiraram-me o direito de recuperação se eu me saísse mal em alguma matéria e me obrigaram a assisti r missas diárias, às seis horas da manhã, durante um mês. Confessando e comungando. Ah, devolução da santa estava no pacote.

    Por meio de Cícero Cipó-de-fogo, caminhoneiro que conduziu a santinha para sua última viagem, fiquei sabendo que a imagem tinha sido jogada nalgum lugar, dentro da mata, na região de Mucajaí. Logo, o resgate seria impossível. Padre Mauro relutou, mas aceitou a justificativa para a não devolução.

    Imagino que nestes anos, a imagem da santinha tenha sido carregada por enxurradas para algum igarapé e, por correnteza haja chegado ao rio que banha o município de Mucajaí.

    Como minha mente é fértil, penso que, talvez, algum dia, pescadores lancem tarrafa no rio Mucajaí e, em vez de peixes, pesquem a imagem de polietileno da santinha que joguei na carroceria do Cipó-de-fogo. Dadas as facilidades que nossos homens têm de atribuir natureza sobrenatural a fatos comuns, imagino que, depois de resgatada por pescadores, padres construam um santuário para Nossa Senhora Aparecida de Mucajaí e deem início a um polo turístico de romaria em nosso Estado.

    Pronto, minha mãe: não me tornei padre como a senhora queria, mas, dependendo de acontecimentos, posso me tornar um milagreiro.

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    Tia Lyka

    Truco do redondo

    Oi, gente!

    Tô passada! Saio pra dar um peido e, quando volto, tá essa confusão toda de "aluguel solidário". Ainda bem o pau quebrou num restaurante aqui da cidade, com penas pra todo lado, e pararam um pouco de falar sobre os venecas. Mas eu gosto mesmo é de falar de rola. Por isso, vamos à consulta do dia:

    Tia Lyka,

    Prometi pro mozão que daria o traseiro se ele parasse de beber. E não é que o danado deixou?! Pior que o pau do cabra tem 17cm e é da grossura de uma calabresa. Tentei dar na quarta-feira, depois do jogo, mas quase me caguei. Ele avisou que, na próxima quarta, eu não escapo. Ele sente tesão depois que vê jogos de futebol. O que uso pra não doer?

    Maria Alice M. Florêncio, 40 anos, professora.

    Querida, Maria.

    Você não tem vergonha de, com essa idade, ainda não ter dado esse cu véio? Não sei como esse teu marido ainda não te largou. De cada 10 homens, 11 gostam de cu, sabia? Gostam tanto que, tem uns, até começam a dar. Tomara que não seja o caso do seu. Mas vamos lá:

    Primeiro de tudo, fazer um enxague de cu: evita aquela casquinha de feijão na cabeça do pau alheio. Ter umlubrificante (nada de vaselina. Pufavor!). Na Farmavita tem uns bons. Diz que eu indiquei. Eles não vão dar desconto mesmo assim (brincadeirinha).

    Compre um anestésico de cu. Ginecologistas não recomendam, dizem que tira a sensibilidade. E daí? O roscofe é seu, não é do médico. Esse você compra em qualquer sex shop. Não vou falar nome porque nenhum anuncia com o Barão.

    Depois, fofa, é correr pros pênaltis. Fique numa posição confortável - a de ladinho é a mais recomendada. Nem preciso dizer que, antes disso, vocês vão beijar na boca, ele vai beijar o seu cuzinho etc. e tal, né?

    Ouvir sacanagem também é bom, aumenta o tesão. Daí, é só respirar e escutar um "truco" e já era um cuzinho.

    Fui! 

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    Tia Lyka

    Gozando em três tempos

    Olá, queridos (e queridas)!

    Por incrível que pareça, estudos afirma que só 37% das mulheres já tiveram pelo menos um orgasmo na vida. Tadinhas. Toda mulher sonha ter uma gozada plena num amor louco, sem que o carinha fique enfiando a língua na xereca como se estivesse desentupindo uma pia, né, meninas?

    Luciana Q. K. Grande, 35 anos, passa por dificuldades nessa área e eu, que tenho mais hora de rola do que urubu tem de voo, vou ensinar como chegar lá rapidinho. Aprendam:

    Tia Lyka,

    Meu namorado não consegue me fazer gozar. Eu gosto dele e queria ensiná-lo como me satisfazer sem ficar enfiando a língua no meu grelo, como se isso fosse a melhor coisa do mundo. No lugar de gozar, essa penetração de língua me deixa mais ansiada do que anão em comício. Me ajude, por favor.

    Querida, Luciana Q. K. Grande (fiquei curiosa pra te conhecer)

    A coisa não é tão simples. O problema pode não estar em você. Homem que não aprendeu a chupar uma buceta nem nascendo de novo vai conseguir fazer uma mulher gozar, viu?! Mas vamos ao desafio. Anota aí:

    1º) Preliminares. Essa palavrinha é tudo. Portanto, beijo na boca (chupe a língua dele e dê a sua de volta). Isso dá um efeito da poha se fizer sem pressa.

    2º) Desça a boca do boy pra ele passar a língua por cima da calcinha (adoro), mordiscar a xereca, beijar a virilha. Depois, virar você de costas, beijar sua bunda – se o cu estiver limpinho, implore o beijo grego.

    3º) Depois, é só deixar o bofe cair de boca na xereca ou então cair "pádentro".

    Ah! Não custa nada pensar no negão da picona. Sensação três vezes maior.

    Fui!

     

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    Tia Lyka

    Rapidinha pra driblar a crise

    Salve, salve, guerreiros!

    Eu sei que não tá fácil pra ninguém, imagina pra gente que se sustenta de pau. Pra driblar a crise, até parcelado em 12 vezes no cartão estou aceitando. Sem juros. Importante é não perder o cliente. A Sarah P. Araújo, 41 anos, disse que em casa a crise chegou geral:

    Tia Lyka,

    Meu casamento está em ruínas. Meu marido só vive reclamando de dívidas. Quando o procuro, mesmo que seja pra uma rapidinha, ele diz que está cansado e que sexo demanda tempo. Antigamente, namorávamos, fazíamos até sexo tantra. Eu também tenho lá meus compromissos atrasados, mas não perdi a vontade de foder; o que faço pro meu caboco se interessar por mim de novo?

    Querida, Sarah

    Em tempos de crise, os homens são os primeiros a brochar, portanto não fique achando que é só o seu. Já que você gosta tanto de fornicar, não vá se importar com o tempo que dura uma trepada, mas aproveite os segundos pra buscar satisfação. Gozar, até quando é ruim, é bom. Estou certa?

    Pensando assim, recorra às rapidinhas com o boy magia. Nada melhor do que umas mensagens pelo Whats quando ele estiver voltando no final do dia pra casa. A foto de uma calcinha com aviso "te esperando" pode ser um bom início. Pode, também, mandar fotos da queca bem depiladinha e limpinha.

    Esses machos também não resistem a uma chupada bem gulosa. Essa é a melhor tática pra ver o pau do boy crescer e empurrar 'pa dentro'. O resto é com você. Duas ou três reboladinhas com jeito é gozo na certa. Depois, é cair pra trás, fumar um cigarro (ou maconha) ou dar uma espiadinha no Faceebook e ver quem tá chorando miséria.

    Fui! 

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    Tia Lyka

    Viúva fogosa

    Olá, capetinhas!

    Agosto chegou com tudo. Se preparem que o mês é longo e muita coisa há de acontecer. Pode surgir aquela chance de tirar o atraso, dar aquela fodinha esquecida, chupar aquela rolinha só pra fazer caridade. Há muitas opções: é só aproveitar. E por falar nisso, quem está aproveitando como pode é a Goretti A. Lima, 58 anos. Espiem só a história da maranhense:

    Tia Lyka,

    Fui uma mulher muito reprimida na juventude, casei cedo e meu finado marido nunca foi capaz de me dar prazer. Depois dos 50 é que fui sentir o grelo tremer. Fico que nem galinha golpeada no pescoço: rodo até cair. Estou num fogo tão grande que ando pensando em pegar um desses 'venecas' novinhos que ficam com papelão pedindo emprego nos sinais. O que acha?

    Querida, Gogó.

    Vixe! Fogo assim, o cabra tem até medo de queimar a rola. Mas, ó, deixa eu te falar: os 'venecas', pelo que sei, estão atrás de emprego não de buceta. Se eu fosse você, dava uma voltinha no "Forró dos Velhos". Lá está cheio de coroa com vontade de trepar também. E outra: procure um homem da sua idade. Pegar novinho pode te trazer prejuízo, esses menininhos adoram blusa de marca. E pau duro nem sempre é garantia de prazer, boneca. Melhor um bambo pra brincar do que um duro pra maltratar.

    Fui!

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    Tia Lyka

    Boquete da salvação

    Oi, gente!

    Recebi um zap de uma amiga que me deixou preocupada. Depois de anos sem arrumar macho, começou a namorar um oficial de Justiça. Mas o casal já enfrenta a primeira crise, pode?

    Tia Lyka,

    Estou namorando há seis meses, mas ultimamente estamos brigando a toda hora. Ele é muito ciumento. Pior é que gosto dele e até já estava pensando em casar. Beirando os 50, não tenho mais idade pra ficar pulando de galho em galhoe ainda penso em ser mãe. O que faço pra deixar ele comendo na minha mão?

    Lana Tobias do Vento Rosa, 47 anos.

    Querida, Lana

    Mulher que entra em crise com o macho é porque não está sabendo fazer boquete direito. Se toda mulher soubesse o poder que tem na boca, não perderia homem nenhum nesta vida.

    Conselho: se o boy já chega em casa brigando, boquete nele. Se anda enciumado, boquete nele. É ele começar a falar, você já desce até o chão e enfia o pau dele na boca. Repete essa lição umas três vezes que você vai ver como ele vai ficar mansinho, mansinho.

    Mas tem que saber chupar, estou cansada de ensinar. Esse negócio de dar beijinho no pau não tá com nada. Tem que enfiar o cacete na boca como se fosse engolir o cara todo.

    Treina com banana pacovan meio verde. Enfia na boca e, ao retirar, vê se tem marca de dentes. Se tiver marcas, não serve: vai ferir a trolha do chupado.

    Então, já sabe, né? O boy brigou, chupa a rola dele. Simples assim.

    Fui!

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    Tia Lyka

    Amor de pica bate e fica

    Olá, crionças!

    Com esse friozinho gostoso nem sei se eu ainda quero ficar dando conselho pra vocês. Tá na cara que andam aproveitando muito debaixo dos cobertores comprados em Lethem (ou foi no Barracão da Gente?), não é mesmo?

    Claro que vai depender se tem ou não goteira em casa. Aqui no meu muquifo, por exemplo, tem muitas, mas eu tenho baldes de sobra. Importante é que o barulho dos pingos ajuda a disfarçar a gemedeira dos clientes. É cada um que vou contar, viu? Dia desses, apareceu um que que chorava que nem criança, pensei que tinha arrancado a rola do cara com minha bezerrinha. Mas que nada, o caboco só goza chorando. Credo!

    Mas vamos ao conselho do dia. Quem me escreve é Gabryella M. Ataíde de 33 anos, professora no Anzol:

    Tia Lyka,

    Estou na fossa. Levei um fora do meu macuá e agora não consigo arrumar outro. Quando estou lá, sabe?, eu só penso na pimba do moleque. Ô, caboco gostoso da peste. Não consigo mais nem dar aula pensando naquele pé grosso. O que faço pra esquecer esse homem?

    Querida, Gaby

    Pelo visto, isso é amor de pica: onde bate fica! Olha, amor de caboco não acaba nem fica pouco. Pensa nuns cabras que, pra sair da vida da gente, nem cachaça braba resolve. O único conselho que dou para esses casos - e tem surtido efeito - é o seguinte: pra esquecer, o negócio é fuder. Então, querida, fode que passa!

    Fui!

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    Tia Lyka

    Pica não tem ombro

    Originalmente, a expressão "feito nas coxas" significa algo mal feito, algo meio disforme. Nasceu nos primeiros tempos do Brasil Colônia, quando escravos, homens e mulheres, moldavam em suas próprias coxas as telhas de barro que cobririam as casas dos senhores patrões. Como essas peças de cerâmica eram fabricadas por diversas pessoas, com as variadas compleições físicas e formas de membros inferiores, larguras e dimensões dos produtos finalizados variavam bastante, dando trabalho a quem fosse dar acabamento nos telhados.

    A consulta de hoje, não tem nada a ver com arquitetura, mas com a gostosa sacanagem.

    Vejam a carta da bioquímica Sandra Mellek.

    Tia Lyka,

    Tenho 23 anos, sou virgem e quero me casar virgem. Estou noiva e nosso casamento está marcado para dezembro. Meu noivo sabe que desejo me casar pura, com véu, vestido branco e flor de laranjeira. Nos últimos tempos, temos brincado muito e temos gozado com ele botando em minhas coxas. Pergunto: há perigo de engravidar assim?

    Sandrinha,

    Vocês estão caminhando em terreno perigoso. Há milhões de meninos que vieram ao mundo "feitos nas coxas". Nessa brincadeira, se a gala escorre para sua periquita em período fértil, a possibilidade de vir mais um menino gozado fora é grande. Conselho? Independentemente de qualquer coisa, faça seu noivo usar camisinha quando vocês partirem para a sacanagem. Lembre-se que pica não tem ombro e que, se entrar a cabecinha, o resto da cobra pode acompanhar.

    Desejo que você siga em suas convicções e que aproveite bastante a noite de núpcias. Com uma ressalva: você não sabe o que está perdendo com esse adiamento de sexo pleno.

    Fui!

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    Ulisses Moroni

    Espelhos da humildade

    Fui a um restaurante que muito frequento. Lá há espelhos e televisores em vários locais. Na mesa onde sentei, havia um televisor em frente e, bem à esquerda, outro. Éramos um grupo de três. Sentamos e passamos a observar as TVs. Nos dois televisores passava o mesmo programa. As mesas da frente a as duas dos lados também estavam ocupadas.

    Assistindo, parecia que a TV à minha frente estava um pouco 'atrasada' no tempo em relação à outra. Quer dizer, na TV ao lado uma pessoa chutava a bola de futebol.

    Quando eu virava para a TV da frente, o mesmo jogador ainda estava iniciando o mesmo chute. Se eu já tivesse bebido as cervejas que iria beber lá, tudo estaria explicado! Mas, sóbrio, fiquei intrigado. Os companheiros da mesa também notaram a diferença de tempo entre as imagens. O que estava acontecendo?

    Na mesa do lado direito ouviram nossa conversa e notaram o fato. Um garçom, próximo, também ouviu. Senti que ele iria falar algo. Mas, o pessoal daquela mesa grosseiramente 'cortou' o garçom. Nos disseram que aquele fenômeno se devia ao movimento rápido de nossos olhos e cabeça, uns noventa graus, entre uma TV e outra. Isto movimentava o cérebro, e dava aquela impressão...

    O garçom tentou falar novamente... A mesa à minha frente entrou na conversa e também o interrompeu. Disseram que o fato, em verdade, se devia às TVs serem de marcas diferentes.

    E o persistente garçom tentou falar de novo! Agora interrompido pela mesa da esquerda. Até comentaram que ele era audacioso, querendo saber demais! Deram seu veredito: as imagens dos mesmos programas, em tempos diversos, eram efeito dos espelhos nas paredes.

    Nenhuma destas explicações me convenceu. Notei que o garçom olhou para mim, mas desta vez nem insistiu, diante de tanta rejeição. Logo, se virou e partiu para a cozinha. Eu queria saber a opinião dele pois, tralhando ali, talvez já tivesse visto outras discussões sobre a TV. Dito e feito! Ele me falou que as imagens realmente tinham tempos diversos. Isto se devia a um fato técnico: UMA TV ERA SINTONIZADA NO SISTEMA ANTIGO, ANALÓGICO; A OUTRA, MAIS NOVA, JÁ ESTAVA SINTONIZADA NO SISTEMA DIGITAL DE TRANSMISSÃO DE IMAGENS.

    Fiz uma rápida pesquisa no Google sobre o fato, e nosso amigo garçom tinha razão. Os arrogantes vizinhos de mesas, se tivessem ao menos ouvido o atendente, talvez não perderiam seu tempo levantando hipóteses infundadas. Agora, quando vou até lá, chamo aqueles espelhos de "espelhos da humildade", em analogia às "sandálias da humildade".

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    Aroldo Pinheiro

    Simpatia pra curar viadagem

    Na página 21 da décima-sexta edição deste jornaleco, anúncio dizia: "Simpatia pra curar viadagem - De manhã cedo, dê ao sofrente uma xícara de chá de mari-mari quente e forte, uma colher de sopa de pó de jatobá e duas xícaras de polpa de jenipapo. Ingeridos o chá, o jatobá e o jenipapo, o sofrente não pode tomar água nas duas horas posteriores. Antes do almoço, dê-lhe banho em mistura de água com folhas de cuia mansa. Na hora de deitar, o sofrente deve levar uma surra com cipó de fogo (doze cipoadas em cada uma das nádegas). Repetir o procedimento durante sete dias. Se no oitavo dia não sentir melhora, deixe o menino ser feliz do jeitinho que ele quer".

    O anúncio causou rebuliço e até gerou processo contra o Roraima Agora e seu editor. Graças ao bom senso de homens e mulheres que conduzem a Justiça roraimense, a ação judicial não prosperou.
    Há poucos dias, em casa lotérica, um rapaz simpático – em companhia de sua namorada – aproximou-se de mim, me cumprimentou e, dirigindo-se,à bela mulher que o acompanhava, disse: 

    - Meu amor, esse é o dono do jornal que me ajudou a deixar a viadagem de lado. - E, voltando-se para mim: "Seu Aroldo, minha mãe seguiu a receita publicada no Roraima Agora e, em uma semana, eu mudei meus hábitos e passei a gostar de mulher".

    O desconhecido encerrou:

    - Por sua causa, do seu jornal e da fé de minha mãe, eu passei a ver o mundo com outros olhos e conheci essa loira que vem me fazendo muito feliz. 

    Rimos. Ao interlocutor, não perguntei o nome. Sorridente, entrei no carro. Saí dirigindo feliz por ver que ainda existe bom humor na humanidade e que, com o anúncio, consegui o que queria: FAZER PESSOAS SORRIREM.

    Jujubes lemon drops tart lollipop brownie

    Cupcake Ipsum, 2015

    Gummi bears caramels donut carrot cake carrot cake chupa chups bonbon tootsie roll.

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    Aroldo Pinheiro

    Pai herói

    Nas quentes noites dos anos 1980, eu me deitava em rede com minha filhota Mariana, então por volta dos cinco anos de idade, para cantar, brincar, contar-lhe histórias e fazê-la dormir.
    Eu gostava de inventar histórias de aventuras nas quais eu era sempre o mais corajoso, o mais forte, o herói. Mariana adorava. 

    Matei ursos, hipopótamos, tigres, onças – pardas e pintadas -, jacarés - tinga e açu -, cobras. Para Mariana, Jim das Selvas e Indiana Jones eram fichinhas perto de seu pai-herói.

    Um dia, contei-lhe que, em Brasília, eu estava no Circo Orlando Orfei quando, durante a ato, o domador, na jaula, com três leões, sofreu um infarto. A plateia se apavorou. Da primeira fila, vendo que ninguém fazia nada para conter as feras, antes que elas fugissem e comessem uns dois ou três espectadores, eu pulei a mureta que separava o picadeiro do público, peguei o tamborete que estava caído no chão, recolhi chicote caído e, com gritos, gestos e estalos do rebenque conduzi os gatões de volta para a jaula e, assim, evitei uma grande tragédia.

    Empolgado com o brilho dos olhinhos orgulhosos de Mariana, disse-lhe que, antes do fim do espetáculo daquela noite, "seu" Orlando me agradeceu publicamente e que fui aplaudido de pé pelas mais de mil pessoas que tinham vindo ao circo naquele dia.
    ----
    Meses depois, inesperadamente, o Circo Orlando Orfei chegou a Boa Vista e eu prometi levar minha filhota a um espetáculo. De supetão, Mariana perguntou: "Não é aquele circo em que você salvou o domador?". Suspirei: "Meu Deus, ela se lembra de minha mentira".

    No domingo, quando cheguei ao circo para comprar ingressos, vi Orlando Orfei dando boas vindas ao público. Rapidamente, deixei Mariana com a moça que nos acompanhava, e me dirigi ao dono das lonas. Cumprimentei-o rapidamente e falei: "Seu Orlando, preciso de sua ajuda". E, sem dar-lhe tempo para responder, acrescentei: "Vou trazer minha filhota até aqui: tudo que eu perguntar, o senhor confirma?" Sem entender o que se passava, o italiano disse que sim. 

    Logo, com Mariana nos braços, eu perguntava para aquele homão vestindo elegante terno branco e alinhado chapéu panamá: 

    - O senhor se lembra de quando o domador teve um enfarte e eu salvei o pessoal do circo?

    - Lembro-me sim -, respondeu Orlando Orfei. 

    E era tudo o que eu queria: minha filha confirmara que seu pai era mesmo um herói.

    Não me sei quando Mariana descobriu que eu mentira muito na infância dela. Sei que gostava, pois, algumas vezes, ela pediu-me para contar minhas aventuras para Guilherme, meu neto.

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    Aroldo Pinheiro

    Vai sem medo, amigo

    "Mais um que se foi ou menos um pra contar a história?" Se ele pudesse comentar a própria morte, era assim que ele falaria. Irreverente, inteligente, língua afiada, Nelson da Costa morreu e há de fazer falta.

    Integrado à vida boa-vistense, entre uma e outra cachimbadas, o filósofo gostava de dizer: "Metade dos advogados não gosta de mim; a outra metade me odeia". Claro que era puro exercício de bom humor. Nelson da Costa era querido até por quem não gostava dele.

    De manhã, ao receber um bom-dia, o gaúcho de Santa Maria respondia: "Mal dia". Hoje, alguns de seus pares contavam essa e outras tiradas do Cachimbão.

    Hóspede mais antigo do Hotel Lobo D'Almada, na avenida Benjamin Constant, Nelson da Costa dizia que vivia sozinho, mas não era solitário. E justificava: "Não posso me sentir solitário num lugar onde conheço todo mundo e todo mundo me conhece".

    Ele não refrescava. Se inspirado, soltava o verbo. Lembro-me que, numa manhã ensolarada dos anos 1980, embusca de algo para incrementar o almoço de domingo, dirigi-me ao bar do Neir, onde Nelson da Costa fazia ponto. Desci de mãos dadas com meu filho, enquanto Maura, minha mulher permanecera no carro.

    Daniel, magrinho, sambudo, catarrento, não era nenhum ícone de beleza infantil. Agravante: naquele dia, eu havia raspado os cabelos de meu garoto e lhe aplicado permanganato de potássio para combater umas piras que haviam surgido em seu couro cabeludo.

    Ao ver-me com "aquela coisa" que eu chamava de filho, Nelson da Costa puxou uma cachimbada e gritou:

    - Aroldo, leva esse menino na LBA pra pegar umas latinhas de leite!

    Ouvindo aquele comentário, Maura, soltando fogo e fumaça, saiu em defesa da cria:

    - Quem é esse filho da puta que está falando mal de meu filho?

    Apressado, antes que a coisa virasse confusão, intercedi:

    - Calma, mulher... Esse é simplesmente o meu amigo Nelson da Costa.

    Em alguns de nossos encontros, essa história foi lembrada com gargalhadas.

    Alguns meses atrás, na última vez que me encontrei com Nelson da Costa – leitor assíduo do Roraima Agora – convidei-o para escrever crônicas mensais para este jornaleco. Nelson morreu sem me dar resposta.

    Sem choro, sem vela, como acho que ele gostaria que fosse, dou adeus a Nelson da Costa: "Tá com medo de morrer? Vai sem medo, amigo". 

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    Aroldo Pinheiro

    Deixar como encontrou

    Josinaldo entrou no serviço público logo depois de completar 18 anos. Aos 30, funcionário de carreira, bom partido, deu mole, apaixonou-se por amazonense faceira e, quando deu fé, estava dizendo sim à pergunta feita por padre Luizinho, na igreja de São Francisco das Chagas. 

    Com os quatro filhos já encaminhados, Josinaldo e Patrícia resolveram pôr fim ao casamento. Nada de problema. Puro desgaste. Agora, perto de aposentar-se, Josinaldo vivia muito bem vivida a vida de solteiro e dizia que "nunca mais juntaria panos de bunda com mulher nenhuma". 

    Certa noite, numa dessas arapucas do destino, Josinaldo encontrou-se com Hildete – morena jeitosa que sempre lhe despertara tesão. O casamento de Detinha não ia lá muito bem e os encontros com Josinaldo passaram a ser cada vez mais frequentes. 

    Uns dois meses depois de iniciado o affair entre o casal de sexagenários, o divórcio de Hildete com Irineu foi homologado. Na mesma semana, sem nem virar o colchão desocupado, Josivaldo mudou-se para os aposentos da namorada. 

    Tudo ia bem até quando Detinha começou a ter crises de ciúmes e perturbar o juízo de Josinaldo sempre que ele saía para encontrar-se com amigos. A marcação era cerrada, as brigas se tornaram caa vez mais constantes e nosso funcionário público decidiu dar um basta à situação. 

    Numa sexta-feira, depois do almoço, Josinaldo explicou seus motivos e comunicou à parceira que voltaria para o seu muquifo e sua paz. Hildete não botou dificuldades, mas fez uma única exigência. 

    - Olha, Naldo, quando nós começamos a sair, eu tinha um homem nesta casa. Irineu só foi-se embora daqui depois que você surgiu em minha vida... 

    E propôs: "Você pode até ir-se embora de vez, mas só depois que eu arranjar um homem pra ocupar o seu lugar". 

    Não tenho certeza, pois o povo fala muito. Em mesa de bar, ouvi que Josinaldo anda doido pra encontrar um namorado para a sua ex-namorada. 

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    Aroldo Pinheiro

    Tá chegando mais

    No embalo desses forrós safados e de muito mau gosto, empresário de visão resolveu adaptar imensa área urbana para que aficionados se entregassem aos bate-coxas e rela-buchos. Contratou um arremedo de banda forrozeira, quatro periguetes que se diziam dançarinas, espalhou algumas dezenas de mesas e cadeiras de plástico pelo terreiro, deu o nome de Fazendinha ao mais novo point da cidade e deixou o fuzuê comer no centro. 

    Lá, dava gente de todo tipo. Em visita ao point, Tonhão, um amigo meu, sentenciou: "Meu irmão, eu nunca tinha visto tanta gente feia por metro quadrado". 

    Daniela, acadêmica de Comunicação Social na Universidade Federal de Roraima, 20 anos, mocinha de muito bom gosto, gostava da balada, mas oferecia resistência a lugares que considerava suspeitos. Lugares que pudessem "queimar o filme", como ela dizia. 

    Certa noite de sábado, depois de a turma zanzar sem rumo, alguém deu ideia de encerrar a farra no Fazendinha. Dani pulou fora. 

    - Não, não, não. Faço questão de não ir a esse lugar. Além de muito arriscado, lá só tem gente feia... 

    Os amigos rebateram: 

    - Ei, menina, nós vamos em grupo. Ninguém vai nos incomodar... Lá tem tanta gente, que tu nem vais ser notada. 

    Para não se tornar desmancha prazeres, Dani capitulou. Retocou a maquiagem, ajeitou a roupa e, de braços dados com dois amigos, misturou-se ao resto da galera. Ao cruzar o portão do point, a moçoila ouviu o refrão da música de boas vindas: "O Fazendinha tá cheio de quenga/ E cada hora tá chegando mais.../ O Fazendinha tá cheio de quenga/ E toda hora tá chegando mais..." 

    Fazer o quê? A acadêmica se entregou ao ritmo apelativo e dançou entre as "outras" quengas até o dia amanhecer. 

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    Tia Lyka

    Dica para dar bem o redondo

    Olá, pessoal! 

    Animadinhos para mais uma dica de tia Lyka? Então, tirem os meninos da sala que vamos falar de cu alheio. 

    E quem traz o assunto à tona, é a professora Talita C. A. Berta, 23 anos: 

    Tia Lyka, 

    Amiga minha disse que sexo anal é só uma questão de costume e que com o tempo fica gostoso. Já tentei seis vezes e foi horrível, mesmo estando toda limpa e cheirosa, usando lubrificante. Me ajude! 

    Talitinha, 

    Antes de mais nada, cuidado com a abreviatura desse sobrenomes. Dessa maneira, a macharada pode pensar que você está aberta pra tudo. 

    Seguinte: Não vou te esconder a verdade. Dói, querida! É a mesma sensação de estar cagando pra dentro. Mas hoje em dia, está bem melhor do que no meu tempo, quando a única opção era passar cuspe. Agora, tem lubrificante à base d'água, e até anestesia; pode?! Mas fique atenta: as pomadas anestésicas não são indicadas pelos médicos porque tiram a sensibilidade do ânus e, com a penetração, pode romper pregas. Depois, ao sentir falta do pregueado, pode ser tarde demais. Você não sabe a falta que elas fazem quando dá vontade de peidar numa daquelas intermináveis filas do Banco do Brasil. Só de pensar nisso, valorizo meu cuzinho usado, mas ainda trancado. 

    Para iniciar, peça para o parceiro começar com o dedo - o mindinho, se você tiver o cu infantil. Encorajada com a penetração digital do boy magia, é hora de trocá-lo pela marreta de fogo. A melhor posição para iniciante é de "ladinho". A vontade é de correr pro banheiro pensando que vai cagar um cupuaçu. Relaxa, o pior está por vir! Nunca ouviu dizer que "pica não tem ombro"? 

    Fui! 

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    Tia Lyka

    Mamãe, eu quero gozar

    Meninos e meninas,

    Pelamordideus! Essa surubada que a gente vê em Brasília faz medo. Fico em dúvida se a louca sou eu ou esse bando de políticos corruptos.

    O dinheiro saiu de cofres públicos e das contas de empresários, mas, parece, ninguém recebeu. Em declarações à imprensa, parece que a bandidagem tem nojo de dinheiro. Ninguém recebeu nada.

    O presidente da República abandona seu homem de confiança à própria sorte com uma mala contendo 500 mil reais. Loures, o leso, parece que vai se fuder sozinho. Será que tem grana perdida pelo Planalto Central? Sinto até uma vontadezinha de dar um tempo com meus bofes e partir pruma garimpada nos cerrados do Distrito Federal. Quem sabe?

    Independentemente de qualquer coisa, alguém vai se foder. Resta saber se o povo brasileiro ou o Michel Temer com o PMDB. Ou, quem sabe?, todos. Mas, por falar em foder, recebi cartinha da professora Juliana Morais, 44, que, apesar de vida sexual ativa desde os 17, afirma não conhecer o gosto – gostooooooso – de um orgasmo.

    Tia Lyka,

    Comecei a transar aos 17. Casei-me aos 21. Tive somente dois parceiros sexuais em toda a minha existência. Até hoje, não sei o que são esses orgasmos que minhas amigas falam. A falha é minha ou é incompetência dos homens?

    Juju,

    Dados científicos confirmam que mais de 30% das mulheres não conseguem atingir o orgasmo. Os fatores são os mais diversos. Hoje, há farta literatura e profissionais dedicados ao problema. Procure ler, se informar, abra o jogo com o(s) parceiro(s) e saia em busca do gozo. Tenho certeza de que, se libertando psicologicamente e partindo em busca de resolver essa situação, você, na idade da loba, ainda vai gozar como merece.

    Boa sorte. Divirta-se.

    Fui!

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    Tia Lyka

    Água pra que te quero

    Olá, meninos e meninas,

    É muita água. O nível do rio Branco vem subindo rapidamente. Ainda bem que estamos no fim do mês de junho, quando a frequência de chuvas cai. O perigo de grandes alagamentos e hordas de desabrigados fica distante.

    Mas quem disse que eu entendo de meteorologia ou tenho algo a ver com a Defesa Civil? Meu negócio é sexo, e nisso eu sou boa.

    E já que estamos falando em água, responderei à cartinha que a Deusalina Oliveira mandou:

    Tia Lyka,

    Fui casada durante oito anos. Meu marido, o único homem de minha vida até então, morreu em agosto do ano passado. Na semana passada, aceitei convite de um antigo paquera e terminamos a noite na cama dele. Gozei como nunca tinha gozado. Na primeira sequência de orgasmos, minha queca expeliu grande quantidade de líquido. Não era urina, pois não tinha cheiro de nada. Estou com medo e com vergonha. Isso é normal? Devo procurar um médico?

    Deusalina, isso de mulher esporrar existe desde que o King Kong era macaco prego. Aristóteles, que não era leso e também estudava periquitas, já se referia a essa ejaculação feminina. Esse fenômeno varia de mulher para mulher e nem todas mulheres o têm. Não se preocupe: o fato de você ter ocorrido com você não quer dizer que vá ocorrer sempre. Mesmo que esse "esporro" tenha ocorrido com você, não quer dizer que sempre vá ocorrer. Nada de procurar médico. Mantenha uma boa higiene corporal e transe à vontade: faz bem.

    Não se esqueçam de usar camisinha: o risco de gravidez ou de contrair uma doença sexualmente transmissível existe sempre.

    Fui!

    o 

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    Tia Lyka

    70? Troca por dois de 35

    Tudo belê!? 

    A crise está tão braba que tô diminuindo até as palavras. Daqui a uns dias, num vou tá nem mais gemendo. Jesus! Mas não quero falar de liseira com vocês, não. Vamos falar de sacanagem que é de graça e todo mundo pode fazer, basta ter tesão. 

    E por falar nisso, trago uma queixa da Maria das Graças R. do C. Grande, 39 anos, pernambucana. Vejam as história da quenga: 

    Tia Lyka, 

    Arrumei um coroa pra namorar. Gente boa, me dá tudo que quero – roupa, calcinha, creme para desembaraçar os cabelos, esmalte, etc. –, mas não me dá o que eu mais gosto: piroca. Quando o conheci, no Forró dos velhos, ele estava todo fogoso, quase que me comia no salão. Agora, pra fuder é um suplício. Faço de tudo, chupo, esfrego a perseguida na cara dele e nada. O velho só quer ver o Ratinho. E o cara só tem 69 anos. 

    Querida, Graça do C. Grande,

    Namorar com velho requer paciência. Eles já estão preguiçosos, o pau só levanta tomando a azulzinha, sem contar que peidam dormindo. Portanto, se queres continuar com o coroa - vi que ele é bonzinho, te dá de um tudo e isso é muito importante: ter um pai pra nos sustentar. Então, seja compreensiva com o véio, arrume um pé de pano pra dar uma trepada de vez em quando e mantém o sexagenário só no cheirinho. Véio adora um cheiro de priquito. 

    Fui! 

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    Tia Lyka

    Sexo na hora errada

    Olá, povo do grelo grande! 

    Com essa muvuca que tá em Brasília já cancelei viagem pra cidade candanga. Político que quiser comer tia Lyka vai ter que pegar avião pra a Macuxilândia. E o medo de morrer queimada num daqueles prédios dos três poderes? Deus me livre! 

    A grana que eu ganho tem que ser quinenquieu: limpinho. Falando em limpinho, vejam a saia justa que minha costureira, Dorinha, está passando. Ela que faz os bolsos das minhas calcinhas. 

    Tia Lyka, 

    Estava tudo indo bem com meu coroa, até que resolvi fazer-lhe surpresinha uma noite dessas. Após o jantar, pus uma lingerie que comprei nas Lojas Marisa e, com cara de safada – dedinho na boca e outro na xereca – rumei pro quarto. Fui repreendida pelo polaco. Disse que não era hora de trepar - eram só 11 da noite – que ele só fode até as 6 da tarde pra não dar congestão. Ai, eu pergunto: desde quando existe hora pra furunfar? 

    Querida Dorinha 

    Trepar é que nem vontade de urinar. Quando vem, tem de fazer senão mija nas calças. Mas, segundo pesquisas, a melhor hora é às 5h48. Da manhã. Diz que homens e mulheres possuem picos de excitação diferentes durante o dia e que, a essa hora, a libido está em alta pros dois. 

    Agora, a regra não deve valer pro teu véio. Capaz de, a essa hora, ele estar roncando e babando. 

    Ui! 

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    Tia Lyka

    Buraco pequeno pra pau grande

    Meninos e meninas, 

    Quando será que esses bandidos vão parar de fuder o Brasil? Com tanta rola entrando, o buraco dessa Nação não para de aumentar. Mas, por falar em buraco aumentando, vamos tentar resolver o problema enfrentado por Keyla. 

    Tia Lyka, 

    Casei-me e cedo desenganei-me com o companheiro. Além de ter uma merreca de pinto, meu marido não gostava de usá-lo. Não deu: nos separamos. Casei-me de novo. Desta vez, além de ter uma rola enooooorme, meu marido quer sexo de manhã, de tarde e à noite. Às vezes, mais de uma vez num desses turnos. Confesso que, em vez de prazer, tenho sofrimento, pois aquela picona me machuca muito. Quando dá, eu invento desculpa e fujo. O que faço para que ele me entenda e não se ofenda ao saber a verdade? 

    Keyla, 

    O seu problema seria a felicidade de muitas mulheres. Mas... Minha madrinha enfrentava situação parecida com a sua. Mirrada, ela tinha bucetinha pequena e sofria quando meu padrinho ia comê-la.

    Depois da segunda gravidez, Dindinha propôs ao marido que ele procurasse se satisfizer na rua. Com qualquer uma. Havia uma condição: aquele cacete nunca deveria ser usado com nenhuma das amigas dela nem com nenhuma das mulheres da família. 

    Eles respeitaram esse acordo até o dia em que ele morreu. Ah, quando queria gozar, Dindinha o convidava para fazerem sexo – desde que ele não viesse com história de enfiar o pirocãozão na boca da coitada. Ela contava, rindo, que tinha medo de morrer com falta de ar. 

    Taí, que tal essa solução? Se achar muito radical, converse com o maridão e cheguem a um acordo. 

    Fui! 

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    Jaider Esbell

    Custo X Benefício provado, saiam

    Aos parentes, os indígenas brasileiros, a minha solidariedade como Makuxi. 

    Soubemos esses dias, por outras palavras, o que sempre teve dito e desejado. O olho grande do "desenvolvimento" sobre os territórios indígenas demarcados e homologados agora mareja de um desejo ainda mais descontrolado: acabar de vez com o que eles, o poder do capital, chamam de "palhaçada". 

    Tanta terra para poucos índios, que já não são índios e ainda atrapalham o avanço econômico do país, pois são preguiçosos, sujos e baderneiros. Essa ladainha é desde sempre e encontra eco em todo o país, pois somos uma massa quase homogênea de gente ignorante, portanto, preconceituosa e ativa em discriminar com violência. 

    Sim, esses somos nós, os brasileiros. Sempre achamos que somos uma fábrica de jogadores de futebol e que o verde de nossas matas pode virar pasto pra ter carne para o churrasco, o milho pra cerveja ruim e grama para o campo de futebol. Mas que leseira, se a melhor picanha ia para fora, o melhor milho para os porcos em outros cantos e os craques se vendem por milhões no exterior para não fazer gol. 

    Esses dias, o homem maior da justiça orquestrada fez o papel bem feito esperado ao patriota. O senhor ministro disse que nós, indígenas brasileiros, deveríamos provar pela equação capitalista descontextualizada do custo x benefício o porquê de continuarmos com o direito ancestral e internacional de nos mantermos nas terras virgens ou em regeneração no Brasil. 

    Pobre é o país que já nasce morto e que não deixa nem sua podre matéria alimentar a floresta, que alimenta a todos com ar puro e de vida plena os muitos que ainda vivem lá. 

    Uma fotografia gigantesca comparando áreas verdes com cinzas e outra mostrando os efeitos dos desequilíbrios ambientais ao redor do mundo talvez sirva para mais uma vez dizer: onde tem índio tem natureza e onde não tem nada há. E isso, meus caros karaiwas, não é questão de opinião, é mais mecânica e matemática que filosofia ou putaria. Respeitem!" 

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    Aroldo Pinheiro

    Chama que arderá para sempre

    "​Eu sou é madeira/ Em samba de roda já dei muito nó.../ Em roda de samba sou considerado,/ De chinelo novo brinquei Carnaval, Carnaval. Eu sou é madeira/ Meu peito é do povo do samba e da gente,/ E dou meu recado de coração quente/ Não ligo a tristeza, não furo eu sou gente. Sou é a madeira/ Trabalho é besteira, o negócio é sambar/ Que samba é ciência e com consciência/ Só ter paciência que eu chego até lá... Sou nó na madeira/ Lenha na fogueira que já vai pegar/ Se é fogo que fica ninguém mais apaga/ É a paga da praga que eu vou te rogar" (João Nogueira)

    Com letra e embalo da música de João Nogueira homenageio com saudade o Gilson, caboco querido, sangue bom, animado, espirituoso, brincalhão, bom de farra, amigo prestativo. 

    O peito de Gilson explodia com música de qualidade, com samba da gente. Carnaval era com ele. 

    Gilson era assim, não ligava pra tristeza, não furava: Gilson era gente. A notícia da morte do "Nó-na-madeira" – era assim que eu o cumprimentava, pois, para mim, essa música o identificava como bom intérprete de sambas bem humorados – pegou-me de surpresa. 

    Há algum tempo eu não me encontrava com Gilson. Não sabia que uma broca, em forma de câncer, estava corroendo essa madeira de lei roraimense. 

    Como boa madeira, Gilson se consumiu estalando, lutando contra essa doença que, covarde, invade organismos silenciosamente. 

    Gilson Leitão era nó na madeira, lenha na fogueira que já vai pegar e, se é fogo que fica ninguém mais apaga. 

    A chama de dor e saudade deixada por Gilson Leitão no coração de inúmeros fãs e amigos há de ficar acesa por meio das muitas horas de prazer e alegria que a companhia desse caboco nos proporcionou. 

    As noites roraimenses ficaram menos alegres. 

    Deus te guarde, Nó-na-madeira. 

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    Jornal Roraima Agora

    Santana rasga a fantasia dos estadistas de galinheiro

    Em novembro de 2010, numa entrevista ao jornalista Fernando Rodrigues, o marqueteiro João Santana, deslumbrado com a vitória da dupla formada por Dilma Rousseff e Michel Temer, garantiu que a seita lulopetista havia chegado ao reino dos céus pela rota do Planalto. Acabara de eleger uma mulher que tinha tudo para ocupar no imaginário brasileiro o trono à espera de uma rainha. E no banco de reservas, além do príncipe consorte Michel Temer, sentava-se ninguém menos que Lula, o Pelé da política.

    Neste outono, nos depoimentos à Lava Jato, o delator premiado demonstrou que até Maria I, a Louca, era muito mais confiável e mentalmente equilibrada que a monarca provida de um neurônio só, transferiu o Pelé de araque para o banco dos réus e provou que Michel Temer fez bonito enquanto esteve alojado na corte infestada de vigaristas. O que nem Santana consegue entender é por que tanta gente acreditou por tanto tempo nas fantasias que criou para apresentar como salvadores da pátria três estadistas de galinheiro.

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    Érico Veríssimo

    Incompetência não precisa de atestado

    O Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, do Ministério da Justiça, constatou o óbvio nesta semana ao apresentar na Assembleia Legislativa um relatório sobre o sistema penitenciário de Roraima, classificado como “caótico e assustador”. “Há um descontrole por parte do Estado, que não sabe qual o perfil de cada preso”, diz o documento.

    Onde estavam essas pessoas quando mais de 30 presos foram executados na Penitenciária Agrícola? Faziam relatórios sobre os presídios do Amazonas ou do Rio Grande do Norte?
    Como já estamos fartos de saber, a incompetência do governo local não precisa de atestadoalheio, pois já foi comprovada há muito tempo, principalmente quanto ao (des)controle do
    sistema prisional. Não é necessário que comitivas de fora identifiquem as nossas deficiências.

    Mas, esse problema não é “exclusividade” nossa. “Falta de acesso à saúde, à educação, a trabalho e de informações sobre pessoas privadas de liberdade”. Esse é outro trecho do relatório. Os “peritos” constataram ainda “violência e tortura generalizada” no Centro Socioeducativo, que deveria abrigar 69 adolescentes, mas está com 90.

    Qual é a alma ingênua que não sabe o que acontece nas unidades prisionais? Isso há muito já foi relatado, inclusive pelo Ministério Público estadual. E por que a surpresa do deputado petista Evangelista Siqueira, presidente da Comissão de Direitos Humanos, ao ter acesso ao relatório? Ele demonstrou “preocupação” ao saber como o sistema foi encontrado. Deputado, onde o senhor esteve nos últimos anos?

    Suely Campos não tem força para, sozinha, resolver os problemas de um sistema há muito deteriorado, por isso a necessidade de recursos e outras ajudas federais. Mas também não
    é preciso que uma dezena de inspeções e relatórios sejam feitos para se mostrar como estão as unidades carcerárias do Estado.Ou será que ela nunca soube e, assim como Siqueira, está surpresa? É um desperdício de tempo, dinheiro e “palavras”.

    Desde janeiro, quando foram mortos 33 presos na Pê-Á, medidas enérgicas deveriam ter sido tomadas, sem necessidade de vistorias aprofundadas. Aliás, muito antes do massacre, mortes pontuais ocorreram, além das recorrentes fugas de presos. 

    Enquanto as “autoridades” tentam se organizar, a bandidagem já está organizada e demonstra não estar nem aí para OAB, MJ, CNJ e outras tantas siglas, que, para eles, nada querem dizer, muito menos para seus relatórios de obviedades.

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    Tia Lyka

    Sonambulismo ou safadeza?

    Olá, meninos e meninas,

    A coisa tá mais feia do que a gente pensa. Quem assumiu a presidência dizendo querer acabar a corrupção parece ser mais corrupto do que os apeados do poder. Descuidados, “os pessoal” do novo Brasil se deixa gravar, filmar, fotografar. Só faltam passar recibo do dinheiro ilícito recebido. Não é atoa que a cafetina Maria Cuscuz se candidata a assumir a presidência desta Nação; ela justifica: “De puteiro, eu entendo”. 

    Mas vamos ao problema que a professora Maria da Piedade, 38 anos, solteira, enfrenta.

    Tia Lyka,

    Minha irmã viajou e deixou meu sobrinho de 13 anos aos meus cuidados. Apartamento pequeno, ele dorme comigo em minha cama. De uns dias pra cá, de madrugada, ele me abraça e me atraca com as pernas. Sinto que, nessas horas, ele fica de pinto duro. Fico em dúvida se isso é sonambulismo ou safadeza. O que que eu faço?

    Maria,

    Nada de piedade. Pela idade do menino, tudo leva a crer em safadeza. Tem mais, você, balzaquiana, no auge da sexualidade, corre risco de fraquejar e entrar na putaria com o menino. Lembre-se que crime de pedofilia dá cadeia braba. Pelo rumo das coisas, é melhor mandar esse menino ir cantar noutra freguesia. Mas faça isso urgentemente.

    Fui!

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    Aroldo Pinheiro

    O companheiro de viagem

    Não gosto de conversar com estranhos. Quando viajo, levo comigo algumas revistinhas de palavras cruzadas e, para evitar papos desinteressantes, me entrego aos quebra-cabeças.

    Um belo dia, ali pelos anos 1980, de viagem para Brasília, com conexão em Manaus, entrei em Boeing 737 da Varig e, avião praticamente vazio, sentei-me em lugar marcado  numa das primeiras fileiras de poltronas.

    Abri minha revista e abandonei-me nas horizontais e verticais. Ou melhor: quase me abandonei na “Recreativa”, pois, logo, um homem diminuto, vermelho como tomate, trajando camisa oficial do Clube de Regatas do Flamengo, cumprimentou-me e se dizendo “feliz por ter com quem conversar durante a viagem”, aboletou-se na cadeira ao lado, apertou o cinto e abriu a boca em interminável monólogo. 

    Joãozinho Melo, figura carimbada entre roraimenses mais antigos, como bom descendente de paraibanos, não deu sossego a meus ouvidos durante os 60 minutos de voo que separavam Boa Vista de Manaus.

    Eu não conseguiria ser desatencioso com pessoa tão querida e inocente. Depois de fechar minha revistinha, passei a ouvi-lo – e concordar com tudo o que ele falava. Disse-me que estava indo a São Paulo para convenção do PMDB, partido sob cuja sigla ele se elegeu vereador de Boa Vista, “e, aproveitando a oportunidade, vou ao Rio de Janeiro pra ver o Mengão dar uma peia no Fluminense”, sentenciou empolgado com sua agremiação política e seu time de futebol.

    Ao descer no aeroporto de Manaus, a pretexto de fazer compras em lojinhas ali mesmo no terminal de passageiros, dei um perdido em João Melo e rezei para que pudesse viajar tranquilo, sem ouvir conversa alguma, durante as duas horas e trinta minutos que enfrentaríamos entre Manaus e Brasília.

    Entrei no Airbus 210 e, sabendo-a quase vazia, corri a isolar-me na última fileira de poltronas. Antes que eu conseguisse abrir meu livrinho de palavras cruzadas, ouvi a voz alta e em falsete de João Melo: “Eita, parente, esse avião é tão grande que eu quase não consigo te encontrar”. Lasquei-me.  

    Obrigado a dividir a atenção entre jogadas de mestre feitas por jogadores do Rubro-negro e lances dos bastidores da política roraimense. Depois da aterrissagem e despedidas no Aeroporto Internacional de Brasília, Joãozinho sentenciou: “Parente, pra mim só existem dois homens no mundo: Ulisses Guimarães na presidência do PMDB e Márcio Braga na presidência do Flamengo”. 

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    Érico Veríssimo

    Com duas patas ao volante e duas nos pedais

    Na semana passada, a Prefeitura de Vitória da Conquista, na Bahia, determinou que carroceiros da cidade tenham habilitação e seus respectivos cavalos usem fraldões, a partir da segunda quinzena deste mês, para não sujar as ruas da cidade.

    Além da carteira, a carroça deverá estar emplacada e licenciada. Menores de 18 anos não poderão “pilotar”. A punição para quem não cumprir a lei é a apreensão do animal. Outra cidade baiana e duas fluminenses já haviam adotado tal medida.

    A população, claro, chiou, ressaltando que problemas de segurança e ruas esburacadas são mais importantes do que a preocupação da administração local em evitar “cacas” de cavalo pelas ruas.

    A ideia, embora não seja original, tendo em vista que outros municípios já a haviam adotado, poderia ser abraçada pela Prefeitura de Boa Vista, “incrementada” e estendida a condutores de veículos motorizados da cidade, principalmente àqueles que costumeiramente fazem “cacas” mais fedorentas (e de fato arriscadas) do que as dos animais da cidade baiana.

    Mas creio que o uso obrigatório de fraldões os faria pensar bem antes de cometer qualquer porcaria no trânsito, principalmente quando envolve terceiros.

    Ou será que não podemos dizer que tão irracionais quanto os equinos são os condutores que insistem em trafegar alcoolizados, não costumam dar seta, invadem sinal vermelho, param em faixas de pedestre e fazem tantas outras barbaridades quando estão atrás de um volante ou guidão de uma moto?

    Como num velho dito popular lá das bandas da Bahia, há gente que para ser cavalo só precisa das patas.

    Enquanto os equinos puxam carroças, há os motoristas que, se comportando como aqueles animais, invertem os papéis e com duas patas ao volante e as outras duas nos pedais dos veículos, os conduzem como se carroças fossem. 

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    Tia Lyka

    Meu primeiro amor

    Meninos e meninas,

    Há males que vêm para o bem e coisas boas que vêm para o mal. Explico: venezuelanas que vendem o corpo no bairro Caimbé festejam a recente ação da Polícia Federal e, como o número de quengas diminuiu, os preços de qualquer programa aumentaram; por outro lado, clientes das putas importadas reclamam que essa mesma ação da PF provocou inflação no mercado e quem cobrava R$ 80 está cobrando até R$ 150 por uma saida básica.

    Mas deixemos quengas e economia de lado e vejamos a situação vivia pela secretária Maria do Rosário. 

    Tia Lyka,

    Tenho 23 anos e sou virgem. Sabendo disso, minhas colegas, de brincadeira, me deram um pênis com vibrador pelo meu aniversário. Resolvi experimentá-lo e gostei da brincadeira. Tenho sentido sensações ma-ra-vi-lho-sas. Hoje, sinto vergonha dessas sessões de masturbação e, na igreja, fico com medo que o pastor veja as mudanças que vêm ocorrendo comigo. O que faço é pecado?

    Querida Maria,

    Masturbação existe entre todos os animais. Com o ser humano é muito mais gostosa pois somos os únicos seres que praticam sexo por prazer. Quem garante que pastores, padres, freiras, monges e rabinos não se masturbem e procurem os prazeres do sexo? Se você se dá bem com o brinquedinho, continue com suas brincadeiras. Tenha certeza de que você não está fazendo mal pra ninguém; pelo contrário, está fazendo um bem para si mesma. Lembre-se de trocar as pilhas, pois, se vazarem, o ácido delas pode machucar sua queca.

    Fui!

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    Ulisses Moroni

    Redação, uma dívida eterna

    Observo pessoas repetindo histórias de sua vida. Cheguei a achar isto  falta de inovação. Hoje, entendo. Se vivêssemos eternamente, talvez nem teríamos passado. Como não é assim, nossa passagem por este mundo se torna um somatório de momentos. Daí os momentos marcante são contados repetidamente.

    Tenho algumas histórias de vida que sempre contarei. Uma destacada  certamente é sobre um detalhe no concurso de ingresso no Ministério Público de  Roraima. Um desvio intenso e ao mesmo tempo definidor da minha trajetória.              

    Devo a aprovação a isto que faço agora: ESCREVER. Claro que devo a meus pais, ao meu esforço, aos estudos, livros e professores e, evidentemente, à sorte. Mas, o diferencial foi a redação. Explico.

    Em 1997 eu fazia todos os concursos que apareciam. Queria um cargo de operador do Direito, e especificamente promotor de justiça. Saiu o edital,  e fiz inscrição para o concurso de promotor em Roraima. Tudo era difícil e concorrido. 

    Voltando mais no tempo, tive o privilégio de ter um curso específico de redação onde eu morava. Era semestral. Gostei tanto que cursei três vezes. Recomendavam aos alunos fazer duas redações por semana. Eu fazia uma ou mais por dia! Um amor eterno ali surgiu com o manuseio das palavras.

    Retornando ao concurso, faria num sábado prova de múltipla escolha. No domingo haveria uma dissertação, que deveria ocupar todo o espaço disponível. Seria corrigida pelo conteúdo jurídico e qualidade do texto.

    Eu até que era preparado, mas o conteúdo das matérias era extenso. Na quinta-feira anterior, li um texto de apenas uma página sobre HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL. São critérios para interpretar uma constituição. Literalmente,  apenas analisando o texto. Sistematicamente, analisando-a como um todo. Históricamente, conforme o momento em que foi elaborada. Teleologicamente, conforme o objetivo de cada dispositivo. Entre outros critérios. Algo amplo e complexo. 

    O tema da dissertação foi justamente Hermenêutica Constitucional! Um tema que conhecia pouco, mas tinha aquela pequeno texto na cabeça. Graças à prática de escrever, preenchi todo o espaço. E, do pouco que li, pude desenvolver extensos e lógicos raciocínios. Com pouca tinta, pintei uma área extensa!

    Resultado: obtive a nota mínima necessária na dissertação. Foi o suficiente para seguir e desenvolver as outras fases. No fim,  aprovação e rápida nomeação. É assim, então, que devo à redação, uma arte ou técnica, a um dos principais momentos de minha vida. Isso há 19 anos!

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    Tia Lyka

    Chifre trocado e advertência

    Meninos e meninas,

    Ainda bem que nossa liberdade chegou. Apesar de tímida em alguns assuntos, hoje podemos fazer quase tudo o que nossos parceiros fazem. Sem remorsos. Eu, graças a Deus, depois de passar nove anos no mesmo quarto com um só homem, me libertei. Hoje, dou pra quem quero, na hora que quero. Só não dou se o boymagia não quiser.

    Diante dessas mudanças comportamentais, motorista de táxi, que pede anonimato, sofre com o chifre que a patroa está lhe pondo por vingança e consulta:

    Tia Lyka, Depois de 14 anos de casado, descobri que minha esposa está caçando rola noutros poleiros. Temos falado em separação e, pelo jeito, será litigiosa. Pergunto, se eu provar que ela está me traindo, ela perde direito aos bens e à guarda das crianças?

    Meu caro motora, já foi o tempo em que chifre colocado por mulher trazia prejuízo na hora da separação. E você está sendo egoísta, pois, pelo Whats, você me disse que a patroa descobriu há algum tempo você tem uma teúda e manteúda no Raiar do Sol.

    Vou lhe dar conselho que ouvi há muito tempo, quando de minhas andanças pelo Ceará. Como se trata de chifre trocado, vocês podiam passar a régua e se comprometerem a mudar de vida. Lute para não chegar ao divórcio, pois seu prejuízo pode ser grande. Veja: se houver separação, você vai perder metade de seus bens e a totalidade da periquita da patroa; se levaram o casamento adiante, numa boa, você
    garante 100% do patrimônio e, pelo menos, 50% da periquita da companheira.

    Como diz mestre Afonso Rodrigues de Oliveira: pense nisso.

    Fui!

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    Aroldo Pinheiro

    Juiz ladrão

    Depois do fiasco contra a Alemanha na última copa e do fraco desempenho sob a batuta de Dunga, a Seleção Brasileira de Futebol parece estar achando seu caminho.  Assim sendo, o verde-amarelo da camisa de nossos jogadores volta a empolgar torcedores.

    Expectativas, críticas às convocações, a eterna disputa com a Argentina, o medo de que equipes menores possam surpreender, o receio de enfrentar seleções famosas e maceteadas, tudo isso faz parte do dia a dia dos papos em esquinas e mesas de bar. O esporte trazido por Charles Miller par o Brasil, enfim é papo recorrente.

    Causos também. Há muita coisa interessante no anedotário do futebol Brasileiro.

    Quase todo cidadão boa-vistense com mais de quarenta anos conheceu Áureo Cruz. Nem que seja de ouvir falar. Elegante, galanteador, ele era uma espécie de príncipe no reino da Macuxilândia.

    Nascido de família abastada, as poucas vezes em que trabalhou foram para tirar algum proveito social ou investir em nova paquera. Áureo, entre outras coisas, foi diretor e locutor da Rádio Difusora Roraima. Apaixonado por esportes, fazia parte da Federação Roraimense de Futebol e do quadro de árbitros local; Áureo, também, era torcedor fanático do Atlético Roraima Clube.

    Estádio João Minieor, alguma tarde dos anos 1960. Lotado. Mais de 30 pessoas ocupavam o palanque coberto de zinco; umas 80 se aboletavam no alambrado de madeira que isolava o campo de terra. De terra não: de barro. Naquele tempo, não existiam gramados em Boa Vista. O povo esperava o início do clássico: Baré X Roraima. Só havia dois clássicos no território: Baré X Roraima ou Roraima X Baré.

    O primeiro tempo da partida terminou zero a zero. O segundo seguia modorrento. Os atletas suavam a cachaça ingerida no sábado; estavam amis pra tomar água do que pra correr atrás da bola. Aos 32 minutos, Roberto recebeu um lançamento e, de trivela, chutou contra a meta guardada por Guilherme. Mário Rocha acordou para mexer no placar.

    Áureo Cruz, o árbitro, se desesperou. Ameaçou até expulsar o bandeirinha que não tinha marcado o off side¹. Do reinício do jogo até o fim dos 45 minutos regulamentares, o Baré prendia a bola e administrava a vitória. A torcida alvi-rubra festejava a conquista do troféu Governador do Território.

    Quarenta e seis minutos. O árbitro, sem encarar o público, deixava a bola rolar. Quarenta e oito, quarenta e nove, 50 minutos. Abdala Fraxe ameaçava invadir o campo. Aos 57 minutos, Tracajá roubou a pelota do center half² barelista e, morrendo de cansaço, chutou contra a meta de Zé Maria. Chute chocho. O goleiro escorregou, caiu e a bola entrou. O árbitro sorriu e deu um pulo com a mão fechada para cima; em seguida, recolheu a redonda e apitou o fim da partida. Pronto. A final do torneio ficou transferida para o próximo domingo.

    Protegido pelos guardas territoriais, Maxixe, Duca, Coivara e Cento-e-seis, o juiz cruzava o portão do estádio sob protestos da torcida do Baré, quando Antônia Mariê aproximou-se de Áureo, meteu-lhe o dedo na cara e disparou:

    - Juiz ladrão!!!

    Áureo, com empáfia, antipatia, imponência, prepotência e ironia, respondeu à torcedora:

    - O juiz pode ser ladrão, mas é soberano.

    -------------

    off side¹ - impedimento.

    center half² - meio de campo

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    Tia Lyka

    Dar ou perder?

    Olá, coleguinhas,

    Agora deu. Prima minha veio passar uns dias em Boa Vista e ficou apavorada porque me viu receber três homens diferentes em três saídas. Disse que eu sou muito fácil e que, assim, não vou arranjarninguém pra viver comigo. Mas, cá pra nós, quem disse que eu estou atrás de companheiro? Essa experiência eu já tive. Se pintarem dez homens, eu dou dez vezes. Sem remorso. Quem sabe se amanhã estarei viva? Por coincidência, a professora Anita dos Santos, 41 anos, consulta sobre isso de dar na primeira ou guardar a queca pra depois.

    Tia Lyka,

    Estou perdida. Conheci um cara no Facebook e ele vem passar o feriado de 1º de maio em Boa Vista. Em nossos papos, trocamos algumas intimidades. Pergunto: dou pra ele no primeiro encontro, ou me guardo para depois?

    Anita,

    Importante é o clima. Se rolar tesão, por que não dar? Você acha que o boymagia vem para uns jantarezinhos e fazer passeios turísticos com você?

    Se o cara enfrenta 700 quilômetros pra te ver, ele vem atrás de tua periquita. Se você não der, pode ser que ele encontre alguém e te delete do rol da amizades no Face.

    Veja que você já está nos enta e a concorrência é braba. Com essa falta de macho de verdade, as menininhas estão dando sem nem se preocupar se o caboco é feio ou se vai rolar um bis.

    Não leve meus conselhos como incentivo, mas, sem dar, o risco de perder o visitante é grande. E como é que ele pode querer bisar se não teve a primeira vez?

    Dê, minha filha. Dê e goze gostoso.

    Fui!

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    Aroldo Pinheiro

    O tenente e as medalhas

    Doutor Francisco Elesbão da Silva, médico baiano que adotou Boa Vista para viver e morrer, dizia não conhecer povo tão espirituoso, tão sacana, quanto o povo de Roraima. Bambão se divertia com o anedotário macuxi. Como se não bastassem as histórias protagonizadas por nossa gente, de vez em quando, pessoas vindas de longe tomam para si o papel principal de causos interessantes.

    Criado em 1943, o Território Federal do Rio Branco recebia governadores escolhidos na capital do Brasil. Muitas vezes, esses governantes eram pessoas inconvenientes para o Executivo federal, que, para ver-se livre de aporrinhações, mandava-os para bem longe. Mais longe do que o Território do Rio Branco? Impossível.

    Lá pelo final dos anos 1950 – ou início da década de1960 –, o novo governador trouxe em sua equipe, um tenente que, na função de ordenança, fazia tudo o que seu mestre mandava. Insistente e persistente, tenente Palma Lima conseguiu ser nomeado prefeito de Boa Vista.

    Palma Lima era apaixonado pelo Exército e tinha verdadeira adoração pela farda verde-oliva. Sempre usando impecável uniforme engomado e vincado, sapatos tão brilhantes que refletiam a luz do sol, óculos Rayban – independentemente do local e da hora do dia –, o tenente gostava de desfilar entre sua moradia, na Praça do Centro Cívico, a residência governamental, na avenida Jaime Brasil, e o Palácio do Governo, na esquina da rua Coronel Pinto com a avenida Getúlio Vargas. Narcisista ao extremo, ele imaginava que a população o admirava da mesma maneira que idolatrava os astros do cinema americano daquele tempo.

    No peito, Palma Lima carregava muitas medalhas. Até hoje, não sei onde nem como o militar conseguiu tantas comendas. Dizem até que ele comprou alguns daqueles enfeites. Na cidade, a empáfia do militar tornou-se motivo de piada e deu origem a algumas expressões. Se um cidadão comparecia muito elegante a qualquer acontecimento, alguém comentava: “Tu estás mais bonito do que a farda do tenente”; se uma mulher surgia com brincos, pulseiras e cordões de ouro exagerados, ouvia: “Tu estás mais dourada do que o peito do Palma Lima”.

    O tenente sentia tanto orgulho da farda que fazia questão de pendurá-la na janela de seu quarto no Hotel Boa Vista, hoje, Aipana Plaza. Com as medalhas cuidadosamente viradas para a entrada do estabelecimento, claro.

    Exonerado o governador, Palma Lima deixou Boa Vista.

    Certo dia em Manaus, lanchando na Sorveteria Siroco, olhei para o lado e vi, na janela de apartamento térreo do pequeno Hotel Ideal, uma jaqueta verde-oliva bem passada, bem vincada. Dezenas de medalhas naquela peça de roupa chamaram minha atenção. Pedi a conta e assuntei com o garçom: - Você sabe o nome do militar que mora naquele apartamento?

    Com sorriso maroto, o rapazola me respondeu: - Quem mora aí é o Tenente Medalhinha. – E arrematou: “Toda tarde, ele se fantasia de general e faz plantão na esquina pro povo admirá-lo”

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    Érico Veríssimo

    O desocupado que se ocupa de ocupar terras

    O guerrilheiro bananeiro está mais entusiasmado do que nunca, como pudemos ver nas últimas semanas. Faradilson Mesquita, o desocupado que se ocupa de ocupar terras alheias prometendo mundos e fundos para almas nem tão inocentes, agiu nos bastidores (e fora deles) para arregimentar pessoas a fim de construir o que seria, segundo ele, o maior bairro popular de Boa Vista. Conforme noticiado, ele teve o oficioso apoio oficial da cúpula do governo de Suely Campos nesse projeto em que postulantes a um lote na área invadida foram comparados ao “povo de Israel na beirinha da terra prometida”.

    Faradilson, como já visto, é um agitador profissional. Joga com a inocência de pessoas humildes e conta com a ajudinha de figuras de “alta patente” na busca pelo Eldorado Macuxi.

    A denúncia de que ele estaria sendo apoiado por ocupantes de cargos públicos deve ser investigada Se houver comprovação do envolvimento dessas pessoas nas aventuras do bananeiro, elas devem ser enquadradas na lei.

    Faradilson não tem limites, como demonstrado em todos os cantos. Responde a processos na Justiça, mas, à medida que o tempo passa, parece que sua sede por baderna e enganação, além da clara tentativa de se tornar um líder sabe-se lá de que, aumentam mais e mais, conforme gravações de reuniões promovidas por ele.

    É preciso ter cuidado com essa vontade incontrolável de Faradilson de estar à frente do que ele considera um movimento social. Invasão de terras é crime, e ele bem sabe disso. Não é possível afirmar que todas as pessoas levadas pelo “desocupado profissional” a agir dessa maneira sejam iguais a ele. Prefiro crer que, muitas delas, levadas pelo desespero de ter um pedaço de chão e um teto para morar, são aliciadas pelas promessas dessa eminente “liderança”.

    Faradilson, o tempo da terra sem lei já passou, ainda que os que deveriam ser os primeiros defensores da lei estejam, sabe-se lá em que circunstâncias, ao seu lado!

    Alguém se habilita a apurar ou estão todos comprometidos com a “revolução” do “líder”?

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    Aroldo Pinheiro

    Hipocondria

    - Bom dia, dona Rosa, tudo bem?

    - Que nada meu filho, a coluna hoje tá incomodando tanto que dá vontade de morrer...

    - Oi, dona Rosa, há quanto tempo; alguma novidade?

    - Essa enxaqueca me incomoda demais. Já tomei três Cibalenas e a dor de cabeça não passa...

    - Ei, dona Rosa, a senhora por aqui? O que houve?

    - Vim trazer a mamãe pra fazer a hemodiálise. Enquanto ela está na máquina, aproveitei para bater uma chapa, pois ando sentindo umas dores muito esquisitas na parte superior do
    pulmão esquerdo. Acho que tenho algum problema na pleura.

    Cefaléia, otite, sinusite, gengivite, afta, bócio, bursite, artrite, hérnia de disco, bico de papagaio, prisão de ventre alternada com diarréias, corrimento, joanete, unha encravada, ela reclamava de tudo. Doença era com ela. Dona Rosa reclamava até de peido engatado. 

    Quando dona Rosa não tinha nenhum sintoma anormal, transferia para os parentes. Suas conversas eram sempre recheadas com doenças e tratamentos. Além da hipocondria, ela era
    de um pessimismo ímpar. Acho que, quando criança, assistiu muito aos desenhos de Hardy Har-har - aquela hiena que passava o tempo todo resmungando “Oh, dia..., oh, azar... Eu acho que não vai dar certo”.

    No dia seguinte ao seu quinquagésimo aniversário, dona Rosa decidiu fazer um check-up. O médico, ao estudar o calhamaço de exames, auscultar, e medir pressão, deu-lhe a inesperada e triste notícia:

    - Dona Rosa, a senhora tem saúde de ferro; nesse embalo a senhora chega fácil, fácil nos cem anos.

    A paciente caiu em desespero:

    - Esse doutorzinho é um incompetente. Já pensou: vem dizer que eu, logo euzinha, não tenho nada? Vou procurar outro médico, pois tenho certeza que minha saúde não anda nada
    boa... Pra cima de moá, jamé...?

    Visitou um, dois, quatro especialistas e o diagnóstico era o mesmo: “Saúde de touro, dona Rosa (ou seria saúde de vaca?)”.

    Desiludida com os médicos de sua cidade, dona Rosa decidiu consultar-se em Brasília, que considerava a referência da medicina nacional. Depois de visitar oito médicos e ouvir afirmações positivas sobre sua saúde, ela sentenciou:

    - A medicina nesse país tá uma vergonha. Esses médicos novinhos não tão com nada. Como é que não acharam nenhuma doença nesse corpo todo dolorido e alquebrado? Se eu morrer, minha filha, pode processar o plano de saúde.

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    Ulisses Moroni

    Crianças sempre crianças

    Aqui em Boa Vista tenho visto algumas cenas que demonstram a força de “ser criança”, de sua forma de ver o mundo. Três cenas que presenciei com nossos irmãos venezuelanos,
    que vêm para cá tentar vida nova:

    Na porta de uma lanchonete ficavam aquelas índias, com filhos pequenos ao lado, pedindo esmolas. Inclusive parece que saíram de Boa Vista, não mais as vi nos semáforos. Entrei na
    lanchonete e me pediram uma esmola. Não daria dinheiro, mas um alimento sim. Comprei um pacote de balas para meu filho e uns salgados para aquelas crianças, eram duas. Dei os salgados para a mãe, sob o olhar indiferente dos infantes. Quando viram na minha mão o pacote de balas, os olhos delas brilharam e passaram pedir as guloseimas. A mãe até não gostou, parece que somente ela deveria pedir esmolas. Mas entendi a mensagam e dei as balas às crianças. Que alegria sincera em seus olhos e sorrisos!

    Caminhando para meu o carro estacionado, vi uma cena mais forte. Numa lixeira, uma família de venezuelanos mergulhava para buscar algo. Era um lixo grande, um tambor, de um
    establecimento comercial. Também havia duas crianças, e de repente uma delas achou ali dentre algo similar a um brinquedo. Foi o suficiente para a outra se aproximar e brincar junto, pela calçada, se afastando dos pais que se mantinham mergulhados na lixeira. 

    Num caixa eletrônico de um banco umas duas ou três famílias venezuelanas se protegiam do calor sob o ar condicinado. E aproveitavam para pedir esmolas. Dentre oa adultos, apenas
    mulheres. Parece que eram avó, mães e tias. Umas cinco ou seis crianças com elas. Os adultos, na porta, um local estratégico, pediam cédulas. Estratégico, pois quem vai ali via de regra saca dinheiro.

    Como os adultos logo recebiam um sonoro não dos clientes do banco, então era a vez das crianças ‘entrarem em ação’. Elas iam até os clientes já nos caixas e pediam algo, geralmente
    estendendo a mão. Mas, ali também logo falava mais alto sua principal característica: serem crianças! Uma vinha por trás e pulava nas costas da outra, que passava a correr. As outras aproveitavam que o espaço era grande e passavam a correr também, umas pulando e sobre as outras, brincando e se divertindo!

    Sob o olhar meio reprovador dos pais, que talvez desejassem delas que fossem bem sucedidas nos pedidos de esmolas. Mas talvez se esquecessem que crianças, antes de tudo, da condição econômica, da nacionalidade, ou qualquer outra coisa, são crianças! Sedentas de brincar, pular, sorrir e gritar.

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    Aroldo Pinheiro

    Morto é morto

    O sul do Pará andava movimentado. Garimpeiros desenganados por riquezas de Serra Pelada procuravam ocupação, sobrevivência. Às margens de estradas mal feitas e perigosas, pipocavam novos núcleos habitacionais. Uma mercearia, um lugar que vendesse qualquer tipo de comida e um puteiro eram o suficiente para dar origem a uma nova cidade.

    Em Rurópolis, seu Manel se destacava como o maior empreendedor. Vendo derrubadas de enormes árvores – suas e à sua volta – comprou duas serras circulares e montou madeireira. Em seguida, comprou desempenadeira, tupia e plaina e montou movelaria. Móveis toscos, mas móveis. Para não desperdiçar aparas de madeira, seu Manel decidiu montar funerária que seria explorada por seu único filho, Tuisca.

    Tuisca reclamava da falta de clientes para a funerária. No mês de agosto, ele se lembrava que o último caixão feito tinha sido para dona Merandolina, em fevereiro, serviço pelo qual não recebera, pois a gorda senhora era sua comadre e ele teve vergonha de apresentar fatura para o viúvo. E olha que, para acomodar quase 200 quilos da matrona, o caixão levou muito freijó.

    Tragédia! A caminho de Itaituba, na saída de Rurópolis, uma caçamba capotou. Mais de 50 feridos, 14 mortos. O prefeito do município tomou providências para que os peões tivessem enterros decentes. Depois de reunir-se com delegado, médicos, padre e pastor, determinou que seu Manel fabricasse caixões para os desgraçados que tiveram o azar de morrer naquele fim de mundo.

    Seu Manel e Tuísca festejaram. Em um só dia, venderiam mais caixões do que venderam nos últimos cinco anos. Garantindo pagamento antecipado, compraram combustível, contrataram peões e largaram o pau a construir ataúdes. 

    Com os caixões acomodados em surrado Mercedes 1111, o pessoal chegou ao galpão onde estavam, lado a lado, os cadáveres. Combinados sobre o sistema a ser usado no reconhecimento e acomodação, seu Manel gritava: “Aroldo Pinheiro de Souza!” Tuísca, entre os corpos, localizava o nominado e, ironicamente,respondia: “Presente!” O corpo era acomodado em caixão e recebia papel de identificação.

    Um, dois, três, oito defuntos reconhecidos, prontos e acomodados em seus respectivos paletós de madeira; seu Manel seguia na chamada: “Moisés Brasilino Filho!” Tuisca se aproximou de gordo, careca e feio defunto, vestindo estranha calça rosa de lycra, camisa em azul degradê, com lenço de seda ao pescoço, e respondeu: “Presente!” 

    Ao tentar arrastar o corpo, ouviu um sussurro efeminado:

    – Moço, eu não tou morto...

    – Papai, venha cá: esse cara diz que tá vivo! – Apavorou-se Tuísca.

    Seu Manel, papéis à mão, aproximou-se e ouviu o caboclo bodejar:

    – Eu tou vivo.

    – Vivo? Tu tá doido? – Questionou seu Manel, com medo de ter que devolver dinheiro por caixão não utilizado e, vendo o jeito estranho daquela aberração, acrescentou: “Olha, mana, tu pelo menos sabe escrever?” O empresário suspirou, puxou o moribundo pelos braços, acomodou-o no ataúde e encerrou: “Moisés, o doutor estudou muito pra se formar e disse que tu tá morto; o papel que o doutor assinou diz que tu tá morto... Agora, tu quer discutir com o doutor e com o atestado de óbito? Tu tá morto e vai ser enterrado, pronto!”Com dificuldade, acomodou o gordo no caixão, jogou-lhe a tampa em cima e determinou:

    – Tuisca, aparafusa aí bem apertado, pois parece que esse qualira é meio teimosinho!

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    Tia Lyka

    Consolo de corno

    Meninas, Hoje eu estou com o cão no couro. Em festinha pra lá de íntima, me apareceu um alemãozão todo grande. Eu me engracei e levei aquele deus pra tirar-lhe o sumo em minha humilde residência.

    Ices consumidas, uns amassos, quando venho do banheiro, depois de me assear, o homem me diz que “está com dor de cabeça”. Pode? Despachei-o e, naquela noite, me socorri com um consolo que guardo para essas horas solitárias.

    Depois daquilo, amiga me disse que minha Coca-Cola era Fanta. Ela me garantiu que aquele homão tem um caso com um capitão. Cabe denúncia ao Procon?

    Mas o caso de Lindinalva Silva, professora, mãe de uma menina é mais sério:

    Tia Lyka, Eu e minha irmã nos casamos com dois belos rapazes lutadores de Jiu-Jitsu. A amizade entre os concunhados crescia de forma natural. Muitas vezes, eles, nos tapetes de nossas casas, treinavam golpes aprendidos na academia. Até aí, tudo bem. No sábado passado, voltei um pouco mais cedo do trabalho e dei com os dois, nus, se agarrando em cima de minha cama. Apesar da insistência de meu marido, sei que aquilo não era luta. E agora?

    Lindinalva, A coisa anda muito séria. Homem, com agá maiúsculo, está cada dia mais difícil. Se você for moderninha, abra o jogo com sua irmã e vivam felizes, os quatro, para sempre; agora, se quer levar vida nos padrões ditos normais, dê as contas do boymania e arranje um que preste mesmo. Escolha alguém que lute boxe ou caratê.

    Fui!

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    Érico Veríssimo

    Guerrilheiro bananeiro

    Manifestação encomendada, patrocinada por gente com os interesses mais escusos e usando a boa vontade do povo não é novidade pra ninguém. Organizar meia dúzia de gatos pingados não é difícil quando se tem por trás o vil metal, uma marmita ou o simples pão com mortadela e suco de caixinha para juntar o que, na cabeça de alguns, é anunciado como “multidão”.

    Relatos de pessoas que participaram de protestos sem saber contra o que se estava protestando são comuns. Os mais humildes são sempre os que pagam o pato e se tornam figurantes de cenas que se repetem cada vez mais, comandadas por gente de índole duvidosa.

    Roraima também tem o seu Guilherme Boulos, que responde pelo nome de Faradilson Mesquita!

    Ninguém sabe de que esse sujeito se ocupa, além da famigerada atuação de baderneiro e agitador, atuando contra quem quer que seja desde que atenda aos interesses daqueles que o bancam. Ao que tudo indica, o homem é uma espécie de “coordenador de manifestações”, seja lá o que isso signifique!

    No fim de semana, Faradilson foi acusado por alguns “manifestantes” de tê-los enganado. Segundo os participantes de um pretenso protesto contra o governo federal e sua base de apoio, eles foram aliciados pelo agitador profissional com a promessa de que receberiam terrenos em um bairro que seria construído pelo governo do Estado. Surgiu ainda a informação de que custeando Faradilson e sua suposta vocação para atrair “multidões” estava o chefe da Casa Civil, Oleno Matos.
    A verdade tem de vir à tona! Dizem que, por tal serviço, o “coordenador de manifestações” receberia R$ 30 mil.

    Com toda a pose de guerrilheiro bananeiro, usando uma jaqueta camuflada e ladeado por seu séquito, que certamente recebeu uma “pontinha” pra protestar de “forma espontânea”, Faradilson saiu caminhando pelo Centro Cívico como se estivesse acima de qualquer suspeita e de nariz empinado como se fosse um sujeito com a mais das ilibadas condutas.

    O protesto foi um fiasco! Não durou sequer uma hora! O homem das “multidões” foi vaiado pelas pessoas que foram enganadas e não conseguiu seu grande intento: derrubar do poder os políticos aos quais ele se “opõe” quando lhe pagam bem.

    É bem provável que o feitiço tenha se voltado contra o feiticeiro e outro grande intento de Faradilson também não tenha sido alcançado: pelo fracasso de sua atuação, é certo que aqueles R$ 30 mil não lhe cheguem às mãos!

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    Aroldo Pinheiro

    Noite de terror: barraco com plumas e paetês

    Depois de insistentes toques na campainha, abro a janela. Através das grades do portão, vejo as portas de um carro se abrir e, dele, uma profusão de cores cintilantes e gestos espalhafatosos. Figura gorda, traços indígenas – de longe, não dá pra saber se homem ou mulher –, trajando camisa rosa em degradê, grita com voz afetada:

    – Estamos aqui para reclamar em nome da classe; podemos entrar?

    Não sei a que classe a pessoa se refere. Sou contra visitas não anunciadas. E o que vizinhos falariam depois de ver aquelas coisas invadindo meu espaço em plena madrugada?

    Acendo um cigarro e peço-lhes que me liguem pela manhã. Proponho fazermos lanche em lugar discreto, onde eu pudesse ouvir reclamações e argumentos.

    De lá detrás, um dos visitantes, alto, sessentão, cabelos acaju e barba bem desenhada, propõe: “Vamos embora, meninos. Esse velho não tá com nada”.

    Antes que puxasse a última baforada de meu cigarro e fechasse a janela, outro veículo estaciona ao lado do primeiro. Dele, surge uma mulher feiosa, cara-de-cachimbo-cru, corpo talhado com machado, que grita: “É com o senhor mesmo que nós queremos falar!”

    “Ai, meu Deus, será que esse povo tá na porta certa?”, pensei. Digo à parente de Madame Min que estava dormindo, informo-lhe o número de meu celular e peço-lhe que me ligue pela manhã. “Não muito cedo, claro”.

    Os ocupantes do primeiro carro iniciam discussão com a bruxa do segundo. Acho que se conhecem. A mulher se diz defensora dos direitos e dos bons costumes; a figura estranha – aquela que eu não sei se é homem ou mulher – afirma ser homossexual assumido e que ninguém tem nada com isso. O bate-boca continua. E eu continuo sem saber se a figura foi registrada como macho ou como fêmea, pois, sabemos, homossexual pode pertencer a qualquer gênero.

    O barraco está armado. Imagino que tipo de comentários esse quiproquó vai render a meu respeito.

    Resolvo ignorar a pequena turba. Puxo nova tragada de novo cigarro que acendi sem me dar conta e, antes de jogar fora a guimba, vejo estacionar à frente de minha casa um terceiro veículo; nele, a inscrição “Associação dos Sambistas e Pagodeiros de Roraima”. Conversei com meus botões: “Agora deu. O carnaval está feito...”

    Algumas luzes se acendem nas casas vizinhas, silhuetas se desenham em cortinas, cachorros latem. Meu celular toca escandalosamente. Estiro o braço e, ao procurar identificar a origem da chamada, vejo piscando no display: “ALARME, 8H30; OPÇÕES: DESLIGAR, SONECA”. Desperto, desligo o despertador, olho pro teto, e eu, que não creio, dou graças a Deus por tudo não ter passado de pesadelo. 

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    Érico Veríssimo

    Um dia especial?

    Na semana em que se celebra o Dia da Mulher, nada melhor do que receber como homenagem uma atenção especial do governo: a suspensão de cesarianas na única maternidade do Estado, que atende também pacientes da Guiana e Venezuela. É chato bater na mesma tecla, mas é preciso que se faça isso para que as autoridades sejam cobradas e os erros não continuem se repetindo. Falo isso porque, volta e meia, o Hospital Nossa Senhora de Nazareth vira notícia pelas coisas erradas que lá acontecem. Alguns desses problemas, inclusive, já foram relatados aqui neste espaço.

    Na terça-feira, pacientes denunciaram a um jornal local que as cirurgias estavam suspensas por falta de material cirúrgico. Uma delas ficou internada por três dias. Na data em que deveria se submeter à cesariana, os médicos cancelaram por não haver os instrumentos necessários. A Secretaria de Saúde informou que os procedimentos cirúrgicos seriam retomados no dia seguinte. Espero que isso realmente tenha acontecido, pois, como de costume, os menos favorecidos é que sempre pagam o pato.

    Na semana passada, era no hospital de Rorainópolis que faltava material. Lá, como em Boa Vista, uma grávida foi mandada de volta pra casa porque não havia anestesia para que ela pudesse dar à luz.

    O que adiantam homenagens estampadas em outdoors e páginas de jornal, se na “vida real” e no dia a dia as homenageadas ficam a ver navios quando o assunto é acesso ao serviço público mais básico?

    Dia da Mulher é hoje, amanhã e depois. Seria muito melhor se, em vez de lembranças esporádicas e flores, elas tivessem o que de fato precisam. Já seria um presente bem recebido em qualquer época a maternidade funcionar como deve e atender essas mulheres “vítimas” do Estado mal administrado. Elas não precisam apenas de um “dia especial”, mas de atenção o ano todo.

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    Tia Lyka

    Só pensa naquilo

    Olá, queridos!

    A mulherada tem me perturbado querendo saber truques para prender macho. Simples: põe um saco de maconha debaixo da cama dele e chama a polícia.

    Ora, suas mal-acabadas, o que prende homem é boquete, caldinho de caridade e escalda-pés. Não precisa ser nessa ordem. Conheço muita mulher que perdeu marido para outro homi. Também, não tem quem chupe melhor um pau do que outro macho.

    Cuidem de aprender a chupar (tia Lyka tem ensinado o passo a passo aqui). O resto é bônus. Mas hoje vou acudir a professora Teresa M. Osório, 42 anos, maranhense de Barra do Corda.

    Tia Lyka,

    Nunca me casei, tive só uns namoricos. Com a idade, tenho sentido uns calafrios e não paro de pensar em sexo. No trabalho, gosto de ficar me esfregando no canto da mesa, acho que meus colegas já perceberam. Colocaram um apontador de lápis no lugar, mesmo assim, eu me enrosco de vez em quando. O que faço para deixar de sentir essa bulinação?

    Querida Teresinha,

    Senhora é a mãe. Sou velha, mas trepo mais do que as novinhas.

    Seguinte: Filha, você tem urgentemente que dá essa queca!! Se não liberar o gozo contido aí dentro, você vai explodir no meio da rua - que nem o pintinho sem cu (já ouviu essa piada?). Vou te enviar uma piroca amestrada que tenho aqui. Melhor que marido. Só não se esquece de comprar pilha.

    Fui!

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    Aroldo Pinheiro

    Jogo do bicho (modalidade síria)

    Nos anos 1940, depois de desmembrado do Estado do Amazonas e chegado à condição de território federal, o Rio Branco – esse foi o nome dado a uma das novas unidades da Federação – recebeu migrantes de diversos lugares. A grande maioria tinha deixado suas terras natais para buscar dias melhores cá nessas plagas. No meio de nordestinos, alguns sírios também descobriram a nova fronteira brasileira.

    Comerciantes se estabeleceram na rua principal de Boa Vista, a capital. Entre novos moradores, um desses sírios, ao ouvir falar sobre fortunas que banqueiros do jogo do bicho faziam no Rio de Janeiro, resolveu, ele mesmo, criar sua loteria zoológica. Sem conhecer os mecanismos usados na capital federal, Efraim, utilizando os mesmos 25 animais escolhidos por Barão de Drumond, escolhia, pela manhã, o nome do bicho a ser dado na apuração, escrevia-o em pequeno pedaço de papel, colocava esse papelucho numa caixinha de madeira e, por meio de barbante, deixava-a no topo de um mastro. Ao entardecer, a caixa era arriada e todos ficavam sabendo o resultado.

    Naquela época, no Maracangalha, barzinho onde se serviam cervejas mornas e bebidas quentes pegando fogo, a canalha resolveu contratar Agamenon, adolescente que vivia sob a tutela de Efraim para que, sem desconfiança do velho, visse o nome do bicho a ser escolhido para a tarde de sexta-feira.

    Cedinho, quando Efraim desenhava letras no papelucho, Agamenon esgueirou-se para ajudar os frequentadores do bar e defender um trocado para si. Pelas onze da manhã, no barzinho, o menino, sem jeito, tentou justificar-se:

    - Olha gente, não deu pra ver direito... Mas eu garanto que o bicho começa com B.

    Com propósito de quebrar a banca do neófito bicheiro e fazer farra com a grana do prêmio, os clientes de Abel Mesquita carregaram apostas no burro e na borboleta – únicos animais pertencentes ao jogo a iniciar-se com a letra B.

    Velho Efraim estranhou o grande volume de concorrentes naquele dia.

    Ao final da tarde, mais de 100 pessoas em volta do mastro, todos com sorrisos marotos estampados nas faces, viram o velho descer a caixinha, abri-la, desdobrar o papelucho e anunciar:

    - Brimas, deu biru!

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    Érico Veríssimo

    Com as barbas de molho e de olhos bem abertos

    Raryson Nakayama, ex-prefeito de Iracema, “deu o ninja” em documentos públicos, omitiu informações ao TCE e conseguiu fazer com que duas motos e uma ambulância a serviço da Secretaria de Saúde desaparecessem como num passe de mágica.

    As irregularidades foram descobertas durante mais uma fase da operação Jatevu.

    Embora não tenha tido o mesmo destino de seu colega de Uiramutã, preso em janeiro deste ano em outra etapa da mesma operação, é bom que Nakayama abra bem os olhos (sem trocadilho com suas características nipônicas) e ponha as barbas de molho, pois a polícia vai continuar as investigações para descobrir os “reais culpados” pelos desvios ocorridos na sua administração.

    A “batida” policial ocorreu em casas de ex-subordinados de Nakayama que, certamente, não fizeram nada ou deixaram de fazer sem o seu conhecimento. Afinal de contas, ele era a autoridade máxima do município.

    Já conhecido por ocultar documentos, o ex-mandatário de Iracema foi “importunado” pelo TCE por, pelo menos, quatro anos, mas nunca entregou absolutamente nada. Foi impossível o julgamento de suas contas por falta de dados.

    Mesmo autuado quatro vezes, ele preferiu pagar R$ 80 mil de multa por descumprir a determinação da Justiça. Restou o pedido de cassação de seu mandato em março de 2016.

    No mês seguinte, oficiais de Justiça, acompanhados de auditores fiscais do TCE e de policiais militares, fizeram uma varredura na casa de Nakayama. Uma hora de detenção foi suficiente para que os primeiros documentos começassem a aparecer.

    Outra sacudidela desse tipo talvez o faça repensar e largar o osso que não lhe pertence mais!

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    Tia Lyka

    O pequeno que satisfaz

    Olá, meninos,

    Todo mundo feliz? Muito beijo e muita transa nesse carnaval?

    Eu tou morta de contente. Arranjei um canaimé na primeira noite e o negão só saiu de minha casa na quarta-feira. Tou tão esfurubicada que, agora, só quero saber de rola no Sábado de Aleluia.

    Não se esqueça. Você que foi com muita sede ao pote e transou sem camisinha, dependendo do caso, ainda há tempo para a pílula do dia seguinte. Melhor gastar 23 contos agora do que ter menino chorando no pé do ouvido e botando pai liso na Vara de Infância.

    Mas vamos atender a clientela. A manicure Jônia Maria Brasil reclama e não sabe se mantém relacionamento com um possível pica-de-pano:

    Conheci um sujeito grandão, sarado, simpático e cheiroso. Dentro da calça dele, um volume de dar água na boca.

    Fomos prum motel e, na hora do vamos ver, ele só queria transar em completa escuridão. Gosto de fazer sexo no claro, vendo nos espelhos o que rola em cima da cama. Mas tudo bem.

    Ele até me satisfez, só que o volume do material apresentado era bem menos do que eu tinha imaginado pela saliência na calça. 

    Tou com vontade de despachá-lo.

    Calma, Joninha. Mais vale uma pomba na mão do que duas voando. No seu caso, mais vale meia pomba na queca do que uma grandona na prateleira.

    A filosofia popular diz que é melhor ter um pequeno brincalhão do que um grande bobalhão.

    Te adapta à situação: no lugar de usar o meião,  aprende a beirardear.

    Fui!

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    Ulisses Moroni

    Acessibilidade: sentindo os obstáculos

    Eu estava caminhando, e também correndo um pouco, numa praça aqui em Boa Vista. Um dos muitos bons espaços públicos que temos, nem todas as cidades são assim. Praça agradável, havia muita gente por lá. Já apresenta sinais de deterioração, pede manutenção. Espero que não deixem se acabar.

    Eu corria, quando de repente acabou a energia. Ficar no escuro, sem energia, também outra peculiaridade local... Tudo escuro por alguns momentos. Mas, durar alguns segundos não quer dizer instantâneo. Alguns segundos podem ser momentos infinitos. E foram.

    Corria, estando bem aquecido. Tinha pegado um bom ritmo, boa velocidade para a ocasião. Aquela praça tem sarjetas altas, e várias rampas que rebaixam na calçada, para cadeirantes. Também havia algumas obras, havendo objetos nas pistas.

    Crianças brincavam, e ciclistas pedalavam. Outras pessoas correndo e caminhando.

    Quando a energia cessou, apagando a iluminação, até que a minha “ficha caísse”, eu ainda corri um pouco. E confesso me senti plenamente vulnerável! Vi-me correndo a pé no escuro total. Nos primeiros momentos é pior, pois ocorre a adaptação da visão. Já me preparei para um acidente tipo: cair em buraco, na sarjeta, colidir com criança ou ciclista, colidir e me esfolar nos objetos das obras que estavam espalhados, colidir com alguma das várias pessoas que ali estavam também correndo ou caminhando. E outras incontáveis formas de acidentar-se!

    Logo, parei. A minha visão se adaptou à reduzida luminosidade. Controlei a situação, e as demais pessoas também assim fizeram.  Fizemos todos um contrato silencioso de cautela. Os faróis dos veículos passaram a servir de guia. Não tive como não me colocar no lugar de um deficiente visual. SEM LUZ, O MUNDO PARECIA UM LABIRINTO DE ARMADILHAS! Ainda que eles se adaptem à sua condição física, deu para ter uma impressão das suas dificuldades.

    Também coloquei-me no lugar de quem utiliza muletas. Precisam manter o máximo de equilíbrio, podendo cair com mínimo degrau no solo. Recordei-me de Herbert Vianna, músico que se acidentou e hoje é cadeirante. “Para quem utiliza cadeira de rodas, degrau de um centímetro torna-se um muro!”, disse ele.

    Fui-me embora caminhando, me guiando pelas luzes dos automóveis. Funcionou, exigindo muita atenção. Nada melhor para entender as barreiras do outro do que estar no seu lugar. Todos que lidam com arquitetura urbana deveriam caminhar e empurrar carrinhos de bebê pelas ruas. Serão mais eficazes na sua atividade!

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    Jaider Esbell

    Masoquismo – Maloquismo

    Um dado assunto não é um assunto dado e, jogado o dado, sua chance ainda está no ar. Você tem sorte ou algum consorte? É estratégia, o bom uso das semelhanças.

    Olha para o que ainda há de natureza e vê! Quem nunca, por desconhecimento, matou uma falsa coral pensando estar certo?

    Lembra-se de Ruth e Raquel, as semelhantes em fisionomia e antagônicas no caráter.

    É claro que estou falando de política, essa que vem antes da politicagem. Você já deveria saber que política e politicagem andam juntas desde a concepção.

    Você também já deveria saber que está em uma delas mesmo que ainda não saiba. De sonsos a descarados, tudo o que existe na política é por seu próprio poder de saber se fazer.

    Quem tem poder inventa moda, que antes foi tendência, surto de um habilidoso.

    Sentir prazer com a própria desgraça, para quem está de fora, é um absurdo. Por outro lado, quem está em estado orgástico, nem vê o que há ao redor. Para este, a opinião do mundo é algo que não lhe interessa e jamais interessará.

    Política e politicagem foram paridas juntas e juntas correm soltas no mundo desde sempre. Tende uma a prevalecer sobre a outra, a politicagem pra ser exato.

    O Maloquismo é algo como ter o maior prazer do mundo em morar na maloca, e ponto final. O que diabos o político politiqueiro tem que se empenhar em mudar o Parente de lá? Onde estão a política e a politicagem e onde mesmo estamos e o que viemos fazer? Qual nosso papel nessa novela? Já passou? Nem vi! 

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    Érico Veríssimo

    Barrigas cheias e cabeças ocas

    O que acontece com a única maternidade do Estado? Semanalmente, há reclamações sobre o Hospital Materno-Infantil Nossa Senhora de Nazaré. As denúncias procedem ou pacientes costumam entrar numa alucinação coletiva e saem a desfiar horrores sobre o atendimento e a estrutura da unidade?

    Há três semanas, as péssimas condições de quartos que abrigam recém-nascidos foram notícia. Buracos em paredes serviam de “lar” para lacraias.

    Agora, a denúncia é de que falta material para cirurgias simples. Muitas mães dizem temer uma infecção generalizada e acabar indo direto para o necrotério do Estado, que também não é lá essas coisas.

    Uma paciente, que estava grávida de três meses, teve um aborto “espontâneo” na sexta (10) e, quatro dias depois, ainda batalhava por uma curetagem. Por falta de material, ela e muitas outras que procuraram a maternidade foram mandadas de volta para casa.

    O governo diz que está tudo normal e melhorias estão sendo feitas. É a mesma resposta pronta para todo e qualquer tipo de denúncia que surja contra unidades médico-hospitalares estaduais.

    O Estado até admite estar faltando um ou outro medicamento, afirma que vai fiscalizar empresas que prestam serviços de limpeza e as que fornecem refeições, mas as reclamações não param e são sempre os mesmos alvos.

    Se não soubéssemos como o atual governo lida com Saúde, Educação e Segurança, acreditaríamos que de fato se trata de um delírio coletivo e as grávidas não passam de umas desvairadas reclamando de barriga cheia (com o perdão do trocadilho) de administradores com cabeças tão ocas para solucionar os mais simples problemas

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    Aroldo Pinheiro

    Consolo

    Ah, o anedotário brasileiro! Esse é riquíssimo. Com o advento da internet, coisas ocorridas – ou não – nos cafundós-do-judas chegam aos lugares mais distantes do Planeta.

    Pouquíssimas pessoas devem ter ouvido falar que, no Rio Grande do Norte, existe uma cidade chamada Equador. Sem relação alguma com as linhas que cortam o Planeta Terra horizontal e verticalmente, até hoje não consegui explicação do nome Equador para a cidadezinha de Equador.

    Mas, em Equador, vivia Chico Fumeiro. E, de lá, vem o causo.

    Chico Fumeiro não nasceu: surgiu. Adotado por família de posses, fez-se homem honrado por si mesmo. Do trabalho e persistência, tornou-se empresário onde qualquer taberneiro seria empresário, e, por bem querência, chegou a prefeito do lugarejo. Muito querido, por sinal.

    Chico Fumeiro botou muita gente no mundo. E essa gente ganhou mundo. Chico Fumeiro tem filhos em diversos estados do Brasil – Roraima, inclusive. Chico Fumeiro tem até um filho morando na China.

    Honrado em seus negócios, Chico Fumeiro não resistia a um rabo de saia e, de vez em quando, dava vazão a seus instintos masculinos no único puteiro da cidade. A esposa sabia, mas fazia vista grossa: “coisas de homens”, pensava.

    No ano passado, a prole de Chico Fumeiro decidiu reunir-se para uma grande festa na casa paterna. Por ironia do destino, o velho Chico Fumeiro morreu poucos dias antes da data programada para o regabofe. Filhos que viriam para uma grande evento se reuniram para velar e enterrar o patriarca.

    Morte rápida. A viúva de Chico Fumeiro não se conformava. Os filhos, a todo custo, tentavam mostrar à mãe que os desígnios de Deus são sabidos só pelo criador. Cristãos, tentavam confortar a mãe de qualquer jeito.

    Por ocasião da missa de sétimo dia de falecimento de Chico Fumeiro, os filhos, mais uma vez, se reuniram em torno da mãe para cortar choro e sofrimento. Ela, abatida, desfazia-se em prantos.

    Lá pelas tantas, a viúva entrou no banheiro e, de lá, saiu sem nenhuma lágrima a escorrer pelo rosto marcado por rugas deixadas pela vida. Surpreendeu os filhos quando disse:

    - É. Tá certo. È melhor ele ter sido levado por Deus do que por essas quengas aqui da cidade.

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    Tia Lyka

    Perigos dessa vida

    Oi, meninos e meninas dessa terra de gente fogosa.

    Com a chegada do carnaval, esses pessoal ficam com as partes do baixo-leblon pegando fogo.

    Antigamente, quem mandava durante os três dias de folia, era Momo; hoje, quem domina o pedaço é o capeta. Nesse período, a sacanagem perde limites e os perigos que ela traz afluem por todos os poros de quem tem o cão no couro.

    Vejam o e-mail que o “Sou o que sempre fui” me mandou. Por motivos óbvios, ele pede anonimato.

    Tia Lyka Sou casado há três anos. Sempre procuramos manter um relacionamento de respeito mútuo, mas aberto. Depois de muito conversarmos, minha esposa me convenceu a termos experiência sexual com outro casal.

    Um primo dela e a noiva dele aceitaram participar da novidade.

    Depois de três encontros de pura sacanagem, descobri que estou apaixonado pelo rapaz. E ele diz que está apaixonado por mim. Já tivemos dois encontros às escondidas. E agora: o que devemos fazer?

    Ihhh, rapá! O negócio é complicado. Esse é um dos riscos de participar dessas coisas. As mulheres de vocês desconfiam dessa paixão? E elas, como estão depois da suruba que vocês fizeram? Será que não está rolando sentimento entre as muchachas também?

    Meu conselho é abrir o jogo. Quem sabe vivendo os quatro juntos vocês não serão mais felizes do que têm sido até agora?

    Fui!

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    Ulisses Moroni

    Nada como o tempo

    Certa pessoa enfim foi pleitear o BPC – Benefício de Prestação Continuada. Este o nome correto do benefício concedido aos maiores de 65 anos. Chamamos impropriamente de aposentadoria. É concedido a todos, mesmo sem ter contribuído para a previdência. Basta ser considerado economicamente carente, de acordo com a lei.

    Lembrando que o BPC tem o valor de um salário mínimo.

    Nosso protagonista é um brasileiro honrado, cidadão exemplar. Trabalhou mais de quarenta anos, até que passou a ter problemas de saúde, e teve que reduzir as atividades. Ficou contando os minutos para chegar aos 65 anos e conquistar um pouco de tranquilidade.

    Trabalhou tanto na vida que até deixou de pagar suas contribuições previdenciárias. Se assim tivesse feito, já teria se aposentado. Mas, sempre pensou na família, criou e formou sete filhos. Também conseguiu que a esposa não precisasse trabalhar enquanto os filhos eram pequenos.

    Para receber o Benefício de Prestação Continuada, necessário analisar a renda de todos que moram na casa. Quando ele preencheu o cadastro, colocou ela como sua companheira em união estável. Quando foram analisar os dados dela, constou que ela era casada, mas com outro homem! Isto parou o processo, esclarecimentos seriam necessários.

    Eles viviam juntos já mais de trinta anos, em união estável. Apenas com a força do amor, e sem papeis, como ele se orgulha de afirmar. Na juventude, ela foi casada formalmente com um sujeito trinta anos mais velho. Era ainda uma menina e, de hora para outra, foi viver com um estranho como sua esposa. Não deu certo e, antes que viessem filhos, ela foi-se embora, sem olhar para trás. Para não ver mais o antigo marido, nem foi atrás de fazer o divórcio legal. No ‘papel’, ela permaneceu casada com ele a vida toda. Sofreu demais, tanto que tentou esquecer tudo. O que gerou o problema para o homem de sua vida.

    Necessário identificar seu esposo, para resolver a situação previdenciária. Algo burocrático, mas inafastável. Ela dizia que o ex-marido chamava-se TIÃO DE TAL. Então, buscou-se incansavelmente um SEBASTIÃO. Até que ela encontrou um documento antigo, e constatou que o nome do ex-marido era JOÃO DE TAL!

    Fizeram pesquisas no órgão previdenciário, e constatou-se que JOÃO DE TAL tinha falecido há apenas um ano. Tudo esclarecido, foi deferido pedido do BPC. Disse que aquele período foi tão triste para ela, que resolveu esquecer tudo que conseguisse. Depois de um tempo, nem mesmo recordava o nome do ex-marido! Como diz o ditado, “o tempo cura todos os males!”

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    Menina de rua

    Volta logo, amarelo seboso

    A todo momento me lembro do teu sorriso. Era raro, assim como te ouvir dizer palavras carinhosas. Por isso mesmo, quando se mostravam, meu coração era afagado. Você sempre foi calado, quieto, embora jurasse ser desinibido, engraçado e brincalhão. Passou longe de me mostrar esse lado.

    A meu ver, devia ser guardado somente para aqueles que viviam no teu íntimo. O que eu tinha contigo, sempre soube, era passageiro. Por isso mesmo, vivi cada instante como se fosse o último. Eu te beijava, te abraçava, te cheirava sem parar. Acariciava teus macios e brilhantes cabelos, cujo odor era agradável como cheirar a barriga da minha gatinha de estimação.

    Às vezes, quando você decidia ser o carinhoso da história, meu corpo se enchia de arrepios. “Bebê...”, dizia ao me chamar. Agora, depois de meses, sua voz faz ecos na minha mente e a saudade martela meu coração. As músicas de letras e ritmos nojentos, agora, parecem fazer sentido.

    A todo momento peço para “meu loiro” ser trazido de volta. Bobagem. Nunca fora meu. Entretanto, eu espero, dentro da calmaria possível, pela sua volta. Mesmo não sendo amor nem paixão, meu gostar por ti aperta o peito e faz lágrimas escorrerem dos meus olhos.

    Volta logo, loiro tosco.

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    Menina de rua

    Tudo enrustido (Parte II)

    Sabe aquele boy magia que reclama para que tu pares de se apaixonar por homens maravilhosos de livros e filmes (ainda que alguns sejam duvidosos, tal qual Edward, o vampiro viado de Crepúsculo)? Ele só queria ser aquele cara. E sabe que jamais atingirá tal patamar – não por falta de poderes especiais ou dinheiro, e sim porque carisma e gentileza se foram. Virtudes assim deixaram lugar para grosseria, frescura e MUITA enrustidez. Como têm medo de sair do armário, preferem nos criticar. Porque homem que gosta de mulher jamais perderá tempo criticando a cor do esmalte e tamanho da unha da parceira, comprimento de seu vestido, amigas com as quais anda e maneira como corta / pinta seu cabelo estão fora de seus ideais. Ainda que, em algum momento, pense em comentar sobre alguns dos itens acima, o fará depois de muito tempo e com bom-humor – e se parceira quiser continuar assim, tudo bem. Em verdade, ele quererá cheirar teus cabelos (curtos ou longos, verdes ou naturais), levantar teu vestido (independentemente do tamanho), ter suas costas arranhadas por tuas unhas e ficar com o bilau manchado com a cor do teu batom. Resumindo: te aceitará da forma que tu és, com tua vaidade e elegância. Então, querida, se o guri começar a criticar teu estilo, pula fora que é cilada! Ele quer passar teu batom também.
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    Menina de rua

    Tudo enrustido (Parte I)

    Homem que fica com choradeira de “ai, não aceito que me chame assim, não”, que fica de mimimi porque não gosta de mulher falando palavrão ou se comportando de forma tal, tem mais é que assumir a vontade de ter um dedo quente metido no meio do seu grelho gelado. Tudo um bando de enrustido.

    Eu conhecera tanto do viado guardado em cueca que, sinceramente, a paciência se foi. Pense numa porcaria: chegar num restaurante e ficar aguentando o infeliz dizer, o tempo todo, que o cheiro do lugar o “deixa com dor de cabeça”. Pior, se recusa a entrar no ambiente porque é diferente dos seus “costumes”.

    Esses caras morrem em menos de 10 minutos comigo. Primeiro que sou eu quem tenho que ter iniciativa, porque essas porras têm medo de mulher. Aí, quando chego em cima, o bilau cai. Medinho de guria com atitude.

    Esses caras assim geralmente têm só amigAs, pois evitam contato com outros homens porque os acham muito “errados”. Detestam esportes e julgam que mulher que fica com um aqui e outro ali é “puta”. Pensam que gostar de sexo é vulgar. Gostam de ficar somente em casa vendo filminho; pensam que namoro é só isso. E isso tudo independe de religião ou família. Eles são, apenas, idiotas.

    Recomendação: mantenha anos luz de distância dessas pragas. Eles querem a mesma fruta que você.

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    Menina de rua

    Fracote

    Tia Lyka ensina que homem que é homem sabe trepar. No mínimo, gosta da coisa, sem  reclamações, sem críticas. Negócio é simples, só chegar com jeitinho e comer. 

    Problema é que isso passa a anos luz de jovens como o Fracote.

    Ele é bem lindo. Alto, cheiroso, branco, cabelo macio. E tudo isso entra em contraste  com uma personalidade pautada em personagens heroicos inexistentes, armas de games futuristas, mulheres perfeitas e obedientes, memes imbecis e idiotice gratuita de juventude burra.

    Garotinhos assim só se dão bem com garotinhas, as quais pensam que animes são a melhor coisa do mundo e filmes de terror tornam pessoas mais “cool”. Com elas é fácil agradar; sexo é coisa de boneca para essas gurias.

    Em verdade, na hora de lidar com uma moça um pouco mais cabeça, que já passou por mil e uma tretas, guris assim broxam.

    O Fracote não deu conta do recado; sequer entendeu a mensagem. Ali dizia: “só aceitamos serviço bem feito”. Moleque assim, com cabeça de nerd, mundo girando ao redor de “gueime ófi trônis” só dá merda. Nem beijar, ao menos, sabem – alô-ô, cadê a língua aí?!

    Pena. Todos bem bonitos. Mas fracassos. Pior ainda é ter que ouvir as desculpas que dão depois. Só que eu perdoei, porque, bom, não é todo ser do sexo oposto que lida  bem com mulher que vê o mundo além de besteiras como séries e playstations.

    Lição final: nerdzinho é inservível.

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    Menina de rua

    As Escadas da Liberdade

    Era 22 de julho de 2000 e pouco. Ali estavam dois adolescentes idiotas, sentadinhos nas escadas do bairro Liberdade, área japa de São Paulo. Entre pockys meio amargos, beijinhos. Vinte e cinco segundos, no total. Tão tímidos quanto bobos. Os degraus davam espaço para gestos de carinho.

    Doze meses depois, outro beijo. E quebra pau. Assim, 1.080 dias sem se falar. A briga, ocorrida por pífios motivos, teve consequências tão dramáticas quanto a morte de Wizardmon para proteger Hikari e Tailmon. Meu imbecil foi, então, tratar de mostrar seu pior lado para mim sempre que possível. Arrogante, grosso, estúpido e frio. Em paralelo, eu sofria num inferno construído por um miserável.

    Perdi meu jeito de ser, por três anos. E quem me resgatou, 1.080 dias depois, foi o próprio Devimon, travestido de Angemon. Estendeu-me a mão e disse-me: “A garota que eu conhecia jogaria Digimon comigo. Não aceitaria esse tipo de tortura”. Foi uma ilusão ou resgate inconsciente de seu espírito para ajudar sua ex-amiga? Fato é: estou em pé até hoje. Se escorregar, meu querido Digimon estará perto de mim.

    Seu sorriso e ambígua personalidade protegem-me do medo que sinto, ainda, daquele agressor. E percebi que nada mais nos afastará. Pois, há quatro vidas, estamos juntos. A bruxa e o feiticeiro, a flor e o demônio mascarado de anjo. Tão inseparáveis quanto os degraus das escadas que nos conduziram à mais pura liberdade de amar sem medos.

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    Menina de rua

    As mais belas lágrimas

    Snorlax foi o maior mentiroso que conheci, cuja pegada ensinou-me a gostar de trepar. Até então, sexo para mim era apenas frustração. Pena. Aqueles sete meses ocorreram paralelamente com ele dividindo sua atenção com uma, pasmem, namorada secreta.

    Certo dia, vi outro lado daquele Pokémon. Era seu aniversário. Mesmo já sabendo de tudo, comprei-lhe uma penca de presentes, com direito a um pudim feito só para ele. Minha única intenção era ver seu, ainda que triste, sorriso. Por alguns minutos, até consegui. Depois, tornou-se em vão. A saudade de seu herói bateu forte – o pai havia morrido quando ele tinha apenas 17 anos.

    Snorlax, segurando um dos presentes que lhe trouxe memórias pesadas, começou a chorar na minha frente. “Eu nunca mais tinha ganhado presentes, desde que meu pai morreu... Por que ele me deixou? ”, lamentava. As lágrimas escorriam sem parar. As bochechas pálidas deram lugar ao rubi; os olhos, sempre tão vazios, brilharam como os de um anjo com asas machucadas; a voz, por vezes grossa e autoritária, tornou-se frágil e rouca. Finalmente, vi a verdadeira face de Snorlax.

    Snorlax revelou-me o paradoxal, existente somente naquele rosto: ele ficava gracioso ao chorar. Talvez porque fossem gotas de amor puro, de saudade sincera; de lembranças apertadas em seu coração. Foi lembrando-me disso que lhe perdoei de todas as suas mentiras. Por ele ficou um sentimento indestrutível: carinho. Pois sei que aquele Pokémon safado é só uma máscara.

    Meu verdadeiro Snorlax existe ali. Tão belo quanto frágil

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    Menina de rua

    Beijo com sabor de Ocarina do Tempo

    Tenho facilidade para guardar datas marcantes no meu viver. Aquele 19 de julho de 2000 e pouco foi, certamente, o mais inesquecível até hoje para mim. Lembro-me facilmente de tudo, na ponta da língua. Demais dias, eu demoro um pouco para afirmar dados com precisão.

    Era o último dia do grande evento de cultura japonesa feito em São Paulo. Ali estava eu, afastada de minhas colegas, porque sempre detestei conversar sobre sapatos e outras futilidades.

    Sozinha, caminhei e muito observei aqueles cosplayers. Vinha-me a certeza de que minha fajuta roupa de Wakko Warner jamais deveria, sequer, ter sido pensada. Repentinamente, à minha frente, estava aquele lindíssimo rapaz. Utilizava o verde gorro de Link. Mais: tinha as feições assimetricamente semelhantes às do personagem em Twilight Princess.

    Eu, nem de perto tão linda quanto hoje sou (modéstia à parte), me aproximei dele e puxei assunto mesmo assim. A vergonha escorria pelo meu nariz – graças a deus, tenho hábito de andar com paninhos nas bolsas. Para esse tipo de situação, mesmo. Tentei falar sobre quaisquer besteiras possíveis. “Aqui só tem idiotas. Impossível que eu termine por falar merda”, convencia-me, mentalmente. Obviamente inclusos no ciclo de patetas, as palavras fluíram e, finalmente, o beijo.

    É. Há alguns anos, nas nossas adolescências, o “ficar” significava apenas “dar uns beijinhos a mais, por algumas horas, com a mesma pessoa”. E era suficientemente divertido e prazeroso. Se vocês jovens também aprendessem os benefícios de beijar com vontade, evitariam o desprazer de se tornar papai e mamãe tão cedo.

    Seu beijo era tão gostoso quanto zerar Ocarina of Time sem detonados. Naquela época inexistiam aplicativos de conversas instantâneas além do MSN, e sequer peguei seu e-mail. Entretanto, a vida reserva tretas infinitas para quem é cabaço. Acabamos nos tombando na internet e nos vimos por outros anos – bastava eu pisar naquela bipolar cidade.

    E todas as vezes foram fantásticas. Terminávamos sempre virgens, por receio típico da juventude. Lamentável, pois hoje em dia olhamos para trás e ambos nos arrependemos de ter perdido a grande chance, na última vez em que ficamos, em 2 de julho de 2000 e bolinha. O que teríamos a perder, senão pequena parte de nossas inocências?

    Atualmente, ele namora uma guria a qual tentou, inclusive, me adicionar nas redes sociais tão logo soube de nossa amizade – recusada, querida, recusadíssima. E eu estou enrolada com meu tosco. Conversamos com frequência e lembramo-nos de tudo com sorrisos.

    Faz pouco tempo. As doces lembranças isolam-se em desejos reprimidos. A vida segue. E as oportunidades que passam, aprendi, jamais voltam.

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    Menina de rua

    Meu tosco favorito

    O tosco é meu favorito. Mulher é assim, terrível, mesmo. Garante desgostar, ao passo que se sente completa com a esquisitice (até certo ponto) do outro.

    Meu tosco voltou. Depois de longas semanas em que me calei e o ignorei totalmente, ele retornou com singelo abraço. Mais tarde, com sua sinceridade agraciada pelas virtudes virginianas, levou-me a um lindo lugar, o qual eu totalmente desconhecia. Estávamos sob a luz do luar.

    O ambiente era aberto, com serenatas tocadas por cigarras, sapos e quaisquer outros bichos que emitissem sons para acasalamento, presentes na fauna local – se pá, até jararacas. Ventava muito. As estrelas brilhavam forte e seria insano contá-las. “Hoje o céu está tão estrelado”, ele sussurrou, enquanto me abraçava. Em meus 20 e poucos anos de vida, jamais imaginei que houvesse homens os quais ainda apreciassem ficar ao lado da parceira enquanto observassem a beleza da natureza.

    Por longos minutos, nada dissemos. Ficamos apenas olhando aquele céu, ouvindo os grilos cantarem o mais belo “cri, cri, cri” da noite. Os ventos consigo traziam a esperança de que Boa Vista seria, ao menos por alguns momentos, uma capital fria de doer os ossos (levando em consideração que somos dois magrelos). Então, iniciou-se o inesperado espetáculo: vagalumes, talvez levados pelos instintos apaixonados, começaram a acender suas bundas na nossa frente.

    Eram muitos. Piscavam como se fossem bailarinos, ao som dos coaxos com back vocals grilídeos.  Nos braços daquele rapaz alto, magrelo, branquelo, dos olhos e cabelos claros e eterna expressão de mau-humor, senti-me no paraíso. Nada havia ali, senão sentimentos disfarçados de silêncio e calma respiração.

    Naquela noite, o capô do meu carro terminou amassado, por óbvios motivos. E passou despercebido por nós dois. Até que, exatamente uma semana depois, meu querido papai percebeu aquele estranho abatatado e mostrou-me, confuso: “Filha, já percebeu isto aqui? Como que conseguiste essa façanha, hein? ”. Olhei, abaixei a cabeça e tranquei-me no meu quarto. Ri por mais de meia hora.

    Ah, tosco. Meu tosco favorito. Peça-me em namoro logo. Afaste teu medo de se apaixonar por mim...

    Sou boazinha, parei de morder... com força.

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    Menina de rua

    Tosco

    Vou inaugurar meu espaço neste jornaleco contando minha aventura mais recente – e curta.

    Sempre me avisaram que o guri era gente boa, meio doido e bom de cama. Fiquei secando a pimenteira (discretamente) até que, finalmente, o bicho abriu trela para ficarmos juntinhos em sua casa.

    Por lá, depois de muita enrolação, rolaram uns beijos, muito bons por sinal. E ficou só nisso. Hoje em dia, vocês sabem que o pacote tem que ser completo, não é? Gasolina está cara demais para ir do céu até o inferno, só para voltar com a sensação de purgatório na pepeca. E o diacho sumiu. Desapareceu. Mágica, sem feitiços de minha parte.

    Meses depois, ele voltou como gato fugido de casa: cara de inocente. E aí, me chamou para ficar com ele de novo. Mas dessa vez, ah, dessa vez rolou, sim. Meia boca, infelizmente. Fraco demais para um patrimônio tão grande. Eu percebia que o guri era esquisito. Caladão, respondia mensagens de maneira peculiar e tinha comportamentos meio grosseiros.

    Só que engoli isso tudo depois da segunda vez. Pois é, rolou a segundona. Foi tão bom que marquei na minha agenda. Viajei, esqueci-me dos problemas. Teria sido ótimo ter filmado para, de repente, cair nas mãos de um otário que conheci. Doer-se-ia. Eu riria. Bom, ficou gravado apenas em memória.

    Tudo isso para, depois, a praga sumir de novo. Fiquei na minha, sequer corri atrás. Confesso ter perdido, porém, horas para tentar compreender por que ele agira daquele jeito. Até que aceitei, a contragosto, o que um colega me disse: “O cara te leva na casa dele, te beija e fica só nisso para depois sumir? Véi, ele é um TOSCO”.

    E, até hoje, o colega refere-se a esse guri como “Tosco”. Eu também. Mamãe idem. No desfecho, só para constar, dei-lhe um fora, esclarecendo-lhe que a praga era peculiar e esquisita demais para mim.

    Texto curto. A resposta foi, no entanto, de quem sequer leu o primeiro parágrafo e repetiu tudo que eu já havia falado. Só que quem deu o pé na bunda dele fui eu. Sou inocente, se você é incapaz de interpretar uma mensagem de zap-zap. E agir de maneira mais educada.

    Mas o tosco serviu de aprendizado.

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    Aroldo Pinheiro

    Os que escapolem!

    Quem vive de ganhar a vida com as próprias habilidades manuais sabe bem a sensação de se deixar algo escapulir.

    O ato de escapulir é inspiração para muita alegoria, visto que é um ato arrebatador, cheio de adrenalina e semióticas. Visualmente, vejo arte nesse ato e me empenho no salto para, ao menos, bater na trave, derrubar a baliza e sorrir.

    O pescador tá lá no meio do lago, o peixe malha, ele levanta a rede e pega com descuido o tucunaré, que escapole. O Vaqueiro na mata cinza mira o golpe no boi, que, mais habilidoso, escapa. A ave de rapina, que geralmente não erra, deixa a presa escapulir e, daí, vem o improvável. O vendedor de absurdos que deixa escapar na última hora a vítima feita, amarga. O político que sem mais noção de suas charlatanices escapole pra fora do jogo e cai decadente.

    Quem escapuliu nunca contará a sensação de estar livre, pois, em tese, quem escapa de uma jamais quererá outra. Escapulir ou deixar algo escapulir pode bem ser empregado  com uma palavrinha da moda, desses tempos de marmotas e imposições insuspeitas, a meritocracia – mereceu tem, não mereceu não tem. Usado com afoito entre a classe empresarial, o termo é simplificado para justificar os fins do sistema capitalista.

    Na comunidade, quem vive sabe: tem roça, come; não tem, troca por outra coisa. E, se nada tem: solidariedade ou pega-se o alheio. Quando dito, com tanta naturalidade, que tem mais quem mais se empenha, numa linha rasa da interpretação imediatista, o lado mais humano de nossa humanidade pensa, a longo prazo, varrendo ecos das injustiças acumuladas. É um privilégio estender a memória a esse tempo. É um desafio ter tanta cultura para desromantizar os propósitos de cada argumento, quando o que se precisa mesmo é saber reordenar as coisas, visto que as mãos estão lisas, os músculos tesos e há de haver repouso para uma tentativa mais fatal, mais letal.

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    Érico Veríssimo

    Humanizando a relação com empresas

    Quando pensamos que Suely vai pôr as coisas nos trilhos e fazer o que não fez até agora, surge uma nova denúncia. A bola da vez é o secretário de Saúde, César Penna, aquele com a ‘missão de humanizar os atendimentos em hospitais’. Um desvio de R$ 2,7 milhões fez com que a Justiça determinasse seu afastamento.

    O rolo agora é com uma empresa de gases medicinais. O caso vai de fraude em licitação a enriquecimento ilícito. Será que a governadora escolheu mal seus subordinados ou eles são os adequados para os “propósitos” de governo? As denúncias de favorecimento a empresas “amigas” deixam claro que o caos não se deve apenas à “herança maldita” de outras gestões, afinal, já se passaram dois anos.

    O governo que decretou emergência em 2016 porque venezuelanos “sobrecarregaram” os hospitais é o mesmo que mete os pés pelas mãos quando o assunto é licitação. Que confiança se pode ter em quem estende o chapéu pedindo socorro ao Governo Federal, mas passa sorrateiramente a mão no bolso do contribuinte, conforme o MP?

    E não é de hoje que a mesma secretaria fica sob suspeita. Em 2015, já se apuravam irregularidades em aluguel de veículos, alimentação hospitalar e aquisição de equipamentos. O espaço aqui é curto para citar tudo que se noticiou sobre a Saúde nos últimos anos.

    O governo parece não ter pena de quem precisa de hospital público e sofre com o atendimento quase sempre miserável. Se tivesse, o trato com a coisa pública seria bem melhor, sem dar margem para especulações ou motivos para ser investigado.

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    Érico Veríssimo

    A culpa é do tamanho

    Volta e meia, algumas figuras do governo se destacam além de Suely e sua habilidade gerencial. A bola da vez é o secretário de Justiça e Cidadania, Uziel Castro, que demonstrou não ter muita paciência ao ser confrontado com a realidade.

    Em recente entrevista, Uziel tergiversou sobre números. Não soube dizer quantos são os presos na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, quantos fugiram em 2015 e 2016, e nem quantos foram recapturados. Ele parecia nervoso. Quem lá estava, disse que seu queixo e boca tremiam.

    Como as principais perguntas eram de pelo menos dois repórteres, houve um momento em que Uziel, para se afastar da ‘parede’ na qual foi encostado, perguntou aos demais se eles não teriam o que perguntar.

    Ao ser interpelado por um repórter se policiais e agentes não ouviram gritos ou qualquer barulho enquanto presos eram decapitados e estripados, Uziel elevou um pouco o tom e deu uma resposta, no mínimo, atrapalhada.

    “Você conhece a penitenciária, já entrou lá dentro? Ali pode gritar, ali pra ouvir... é muito grande aquela penitenciária. Tem muitos policiais... ontem nós tínhamos reforço. Você não conhece, só diz isso quem não conhece a penitenciária. Vou convidar você pra fazer uma visita ali e a próxima pergunta que você fizer vai ser diferente (sic)”.

    Embora atribua ao tamanho da Pamc a dificuldade de se evitar o pior, ele afirma que havia reforço naquele dia. Se havia, era porque desconfiavam de que algo pudesse ocorrer. Homens foram colocados lá para que esse algo não acontecesse. Mas, o secretário não soube explicar por que, mesmo com a segurança reforçada, houve o massacre.

    Para que perguntas diferentes sejam feitas da próxima vez, Uziel convida o repórter a conhecer a Pê-á.

    Parece que o secretário é um dos poucos que conhecem a Pamc a fundo. Mesmo assim, não se sabe por que até hoje ele nem o governo foram capazes de evitar fugas em massa e chacinas. Talvez o problema maior seja o tamanho do presídio, como o próprio Uziel reconhece!

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    Tia Lyka

    Beijo na Xota

    Olá, meus discípulos e discípulas!!
     
    Tô quase abrindo a Igreja da Sacanagem de Todos os Dias tantos são os seguidores de tia Lyka. No lugar do dízimo, vou cobrar dez por cento dos boquetes. O que acham?
     
    Por falar em “boc-boc”, tenho um babado (nada bom pras xoxotinhas de plantão) que tá dando o que falar nas redes sociais. Um doido aí, lá da casa do caraio, fez uma enquete para saber porque os homens não gostam de chupar as “bandadinhas” e, pasmem, as respostas foram as mais absurdas possíveis. Ainda bem que essa pesquisa não foi no Brasil.
     
    Ainda assim, a gente sabe que muitos homens têm nojinho de cair de boca no serviço. Uns alegam que o cheiro é forte; outros, que parece uma gosma e por aí vai. Não se chega a um consenso.
     
    Sobre um assunto, me perguntaram no grupo de “zap-zap” – as putinhas do Caburaí – o que eu tinha a dizer sobre essas criaturas antiboquete. Respondo:
     
    Pra mim, homem que não gosta de chupar uma bucetinha tem um pé na viadagem. Macho que é macho cai de boca e só larga se a gente puxar pelos cabelos.
     
    Caso você tenha um bofe que só passe a língua por cima e a enxugue nas suas coxas, despache-o enquanto é tempo. A gente pode até ficar sem perfume francês uns dias, mas sem ganhar um beijinho na perereca não dá.
     
    E mais: quem não chupa, não fode!
     
    Fui!
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    Aroldo Pinheiro

    Traficante de amor

    O pai morreu. Como herança, o rapaz recebeu pequeno comércio de miudezas e armarinhos. Logo, Fofão cansou de vender zíperes, botões, colchetes, fitilhos, sianinhas e colibris. Pouco dinheiro, muito pingado. Ele queria mais.

    Descobriu que comprar produtos na cidade venezuelana de Santa Elena de Uairén traria retorno mais rápido. Tornou-se sacoleiro. Capitalizou. Resolveu crescer. Comprou duas picapes Pampa, da Ford, e passou a investir em distribuição de petróleo.

    Cinco vezes por semana, cruzava a fronteira e, na volta, trazia gasolina descaminhada da terra do eterno Hugo Chávez. Riscos de sofrer acidente fatal ou de ser preso pela Polícia Federal levaram-no a abandonar a profissão de importador informal.

    Mas ele gostava de ganhar dinheiro. Se fosse com facilidade e dentro da ilegalidade, melhor ainda. Passou a trazer uísques, vinhos e vasodilatadores do país vizinho. Dava preferência à “ração pra pinto”, pois, em grande quantidade, podia ser acondicionada em pequenos pacotes e os ganhos eram altos. Lucro garantido e risco de ser pego quase zero.

    Em cada viagem, ele trazia centenas de cartelas com milagrosos comprimidos de Viagra e Cialis. Em viagem para repor estoque, Fofão chegou ao balcão da principal farmácia de Santa Elena e, usando portunhol caprichado, pediu:

    - Tienes Viagra y Cialis?

    - Si, señor; quantos? – Respondeu a balconista, brasileira de Uiramutã, na mesma linguagem do empreendedor.

    - Dá-me lo que tienes.

    - Señor, se lleva todos, como fícan los venezolanos? Ele, que não gosta dos hermanos, atacou: “Que se danen. Se ellos todos brochan, no más producirán venezolanitos”.

    Trinta e duas caixas de Cialis;quarenta e sete de Viagra. R$ 1.100 de lucro. “Bom demais”, festejou.

    Na alfândega brasileira, ele deu azar de, por amostragem, ter o veículo revistado. Os homens da lei encontraram os vasodilatadores. Até pensou em oferecer uma propina para os federais. Achou melhor não. “Perco a mercadoria, mas recupero o prejuízo na próxima viagem”, consolou-se.

    No entanto, a coisa não seria tão fácil assim. O chefe da fiscalização resolveu indiciá-lo como contrabandista de medicamentos. Ao ouvir a qualificação, ele aproximou-se da autoridade e, cheio de empáfia, bradou:

    - Contrabandista de medicamentos não. Meu trabalho tem cunho social. Sou um traficante de amor.

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    Tia Lyka

    Beijo grego

    Olá, pessoas!

    Até que enfim, chegou novembro, né? Se bem que muita gente parou no mês de setembro, graças à mamys Sussu que “se esqueceu” de pagar o salário. Mas eu não tô aqui pra falar de gente caloteira, não. Fecha a porta do quarto que o assunto de hoje é quente e faz cosquinha na bunda.

    Vocês já conhecem o beijo grego? A Alessandra do Passarinho K. Grande, 36 anos, professora universitária, nunca ganhou um.

    Tia Lyka, Vi um filme pornô esses dias e fiquei doida. O cara enfiava a boca no traseiro da mulher e só largava quando ela caía ciscando. A posição chama-se: beijo grego. Como faço pro meu marido fazer em mim?

    Fofa, O primeiro passo, é lavar bem a bunda e passar lenço umedecido pra tirar as caquinhas. Depois, botar os meninos pra dormir na casa da avó, comprar a bebida que ele gosta, caprichar no boquete e dizer que está doida pra dar o cu – sem esse último item fica difícil convencê-lo de cara.

    No mais, é só ficar numa posição favorável. A melhor delas é você ficar deitada sobre uma mesa de costas (claro), empinar o bumbum, deixar as pernas levemente abertas pro boymagia enterrar a cara. Feito isso, relaxa os esfíncteres (pregas), deixa o macho chupar à vontade e espera a queda. Só não relaxa demais (pode sair gases e estragar tudo).

    Fui

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    Ulisses Moroni

    Ficaram seis vidas para o gato

    Mudei-me para uma casa certa vez, e lá havia um gato morando. Era uma moradia coletiva, e um vizinho disse-me que era do antigo morador. O dono se foi, e o gato ficou, como diz a lenda. Era todo branco, parecia que tomava banho diariamente. Sinceramente, não gostei da ideia no início. Com o tempo fui me acostumando.

    O bichano era na dele, não fazia sujeira e não entrava em casa.

    Depois de um tempo, passei a comprar ração e colocar na varanda a noite.

    Moradia coletiva, estacionamento coletivo. Havia um portão motorizado, e cada morador tinha seu controle. Pintaram tudo de branco, o portão, capa do motor e o muro. Ficou da cor do gato.

    Uma manhã fui sair de carro e acionei controle para abrir o portão. Foi quando escutei uns gritos fortes, tipo pedido de socorro misturado a muita dor. Um enorme susto, vinha do portão. Até cheguei a pensar que tivesse prensado uma criança, tamanho meu pânico. Mas eu não via nada.

    O portão em movimento, tentei parar, mas não deu, abriu até o final.

    Olhei com muita atenção e descobri a causa: um gato todo branco ficou preso em meio ao portão, parede e trilho de movimentação. Como era branco, e o portão também, eu me confundi.

    A situação era trágica, o felino estava esmagado pelo trilho. Tentei tirá-lo, mas não teve jeito. Então a solução foi fechar o portão. O gato estava imóvel, aparentando morto. O portão fechou-se e o gato ficou livre. Tombou para o lado, caindo imóvel no chão.

    Cheguei perto para pegá-lo, quando tomei outro susto. O bicho soltou um miado forte, deu um saldo sobre o portão e caiu na rua. Correu como uma bala de revólver, logo sumindo.

    Fui trabalhar e no caminho lembrei do “meu gato”. Aquele gato prensado se parecia com ele. A noite eu teria certeza, pois o encontraria - ou não - em casa.

    Cheguei do trabalho e fiquei aguardando, mas o bichano não veio. Isto se repetiu nos dias seguintes. Hipótese: matei meu amigo de quadro patas!

    Dias depois, ouço um barulho na varanda, vou lá e quem encontro? O gato pedindo comida! Ele estava inteiro, aparentemente sem lesões.

    O leitor poderá questionar: será que meu gato realmente era aquele que foi esmagado no portão? Há muitas semelhanças entre gatos brancos... Realmente o questionamento tem lógica. Porém, minha certeza do gato esmagado ser o meu era absoluta.

    Quando chegou em casa, o gato parecia uma zebra, com as marcas do trilho do portão sobre o corpo. Então, nesta história teve apenas um gato. A conclusão é que a lenda é verdadeira: GATOS TÊM SETE VIDAS!

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    Aroldo Pinheiro

    Dança da chuva no Centro Cívico

    Na segunda-feira, bela manhã ensolarada, na frente da Assembleia Legislativa, um furdunço. Alto falantes a todo vapor, barulho demais, muito preto e muito vermelho, pensei: “Será que flamenguistas estão festejando o empate de 2 a 2 com o Corínthians?”

    Chegando mais perto, vi que dois grupos distintos se misturavam em manifestações e  reinvindicações diferentes: índios, por falta de tinta, usaram carvão para pintar os corpos de preto e exigiam algo do Ministério da Justiça; de camisetas e chapéus vermelhos, CUT e sei lá mais que agremiações de insatisfeitos protestavam contra a PEC 241.

    A farra era grande. Das duas aparelhagens de som saíam gritos de ordem – ou de desordem – simultâneos, ferindo ouvidos, além de índios cantando e gritando numa língua que só eles entendiam (se é que entendiam). O espaço na frente da “Casa do Povo” transformou-se em ensaio para a confusão de uma torre de babel.

    Estacionei meu carro e me aproximei da baderna decidido a fazer fotos. Quem sabe poderia até colher informações importantes para reportagem em meu jornaleco?

    Sob apreensivos olhares de policiais militares, curiosos, fotógrafos,cinegrafistas e jornalistas se perdiam naquela confusão. Pode até ser que esse cronista esteja errado, mas ali, alguns jovens pintados de preto, com as marcas Zorba e Calvin Klein bem destacadas em cuecas que sobravam um palmo acima de bermudões, pareciam ter sido recrutados na periferia da cidade para fazer número e barulho com silvícolas de verdade. Quer dizer: tinha índio genuíno misturado com índio “hecho en Paraguay”.

    Por falta de comando, índios e não índios se confundiam e ninguém mais era de ninguém. Tinha gente de camiseta e boné vermelhos segurando em pau de índio e índio botando a boca em butica de mulher de camiseta e boné vermelhos.

    De repente, sem que nenhuma autoridade tivesse surgido para, pelo menos, tentar ouvir reinvindicações daquela turba, imensa nuvem negra formou-se sobre a Praça do Centro Cívico e derramou milhares de litros de água, pondo fim, por algum tempo, àquela esculhambação.

    Com a roupa ensopada, sentei-me na calçada e pensei: “Os deuses devem ter achado que essa bagunça era um arremedo de dança da chuva e mandaram água pra amenizar o calor infernal que vinha fazendo em nossa cidade”.

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    Aroldo Pinheiro

    Boa memória X vaga lembrança

    Cem anos de vida é muita coisa. Há poucas décadas, não se vivia tanto. Nos anos 1950 e 1960,  um homem com 50 anos era considerado um homem velho. E poucos chegavam a essa idade.

    Com o progresso da ciência, mais e mais pessoas chegam facilmente aos 80, 90, 100 anos. Daniel Sapateiro completou 100 anos de vida com saúde e lucidez de fazer inveja a muito Rui  Figueiredo.

    Conheço seu Daniel desde que me entendo por gente. No balcão da loja de meu pai, muitas  vezes vendi-lhe ilhoses, botões rápidos, tachinhas, tinta Tic-Tac, mantas de vaqueta e saltos para sapatos.

    Há sete anos, quando seu Daniel comemorava 65 no ofício de sapateiro, eu, jornalista, fui  entrevistá-lo para reportagem no jornal Roraima Hoje. Tarde agradável conversando com o  paraibano de Cajazeiras.

    Falou-me sobre sua vida no Nordeste, sua vinda para Boa Vista, o casamento, a aquisição do  imóvel onde vive até hoje, a alegria com o nascimento do único filho, a felicidade de ainda ter irmãos.

    Na época, com 93 anos, seu Daniel disse-me ter ido a Brasília, onde participou da festa de 100  anos de sua irmã mais velha. Família longeva, Santa, a mana, morreu em 2014 com 108 anos de idade.

    Durante a entrevista, seu Daniel explicou-me que raramente algum freguês deixava de vir  buscar os sapatos deixados para serem reparados: “As pessoas se apaixonam por sapatos de qualidade e querem que eles durem a vida inteira”, explicou-me.

    Ele não soube me dizer como fazia para encontrar um calçado deixado há muito tempo, mas disse que a mão ia certa na prateleira e buscava o que ele queria.

    Lá pelas tantas, seu Daniel me perguntou:

    - Você é ou foi casado com dona Maura - uma mulher bonita que trabalha na Educação?

    - Sim...

    - Faz tempo “que não vejo ela”...

    - É, seu Daniel: Maura está morando em Brasília desde 2005; por quê?

    Seu Daniel levantou-se e pegou um saco plástico na prateleira. Entregou-me o pacote e, nele, estava escrito: MAURA PINHEIRO, 03/08/2004, R$ 16,00. Sorri e rcomentei:

    - Maura sempre foi desligada. Vou pagar pelo seu serviço e levar os sapatos pra ela em minha  próxima viagem ao Distrito Federal.

    ....

    Dias depois, em Brasília, abri minha mala e entreguei aquele pacote para Maura. Ela abriu o  saco plástico e, ao ver o velho par de sapatos, sacudiu os ombros:

    - Não entendi...

    - Tu mandaste consertar esses sapatos em 2004. Seu Daniel Sapateiro me alertou sobre o  esquecimento. Paguei pelo serviço e  trouxe-os pra ti, pois devias gostar muito deles.

    Maura não se lembrava dos sapatos. Claro, também não se lembrava de tê-los mandado para conserto e afrimou ter uma vaga lembrança de seu Daniel.

    Se ela chegar aos 100 anos, certamente não terá a mesma lucidez de Daniel Sapateiro.

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    Tia Lyka

    Dedo podre

    Queridos e queridas!

    As “muié” pensam que eu sou casamenteira, querem que eu dê um jeito de tirá-las do caritó (solteirice). Não arrumei nem pra mim, quanto mais pra vocês, que não sei nem a cor do grelo.

    Tudo bem! O conselho de hoje vai pra todas as solteiras - as largadas também - que querem arrumar um macho pra chamar de seu, mas têm o dedo podre.

    Primeira atitude: gostar de si mesma. Andar cheirosa, calcinha limpa, boca escovada; depois, procurar macho no lugar certo. Vejo mulher doida pra casar, procurando homem em forró, pagode, Pit Stop, seresta... Me poupem!

    A única coisa que vão arrumar nesses lugares é rola. E suja. Vamos ter mais critério, exigir pelo menos que o cabra tenha nível superior pra não ouvir um “a gente fumo”, “moro no Tranquedo”, “vou pra Guiana Inglesa”.

    Procure saber se ele é bom filho, se tem trabalho fixo, algum parente preso (se for de facção, foge e muda de endereço), se atirou fogo em gato quando criança.

    Os cabras chamam vocês de gostosa e vocês já vão abaixando a calcinha. Não dá! Experimentem frequentar lugares decentes como ir à missa aos domingos, fazer caridade. Depois de laçar o macho, é só dá uma surra de perereca. Garanto que no outro dia, ele compra as alianças.

    Homem não quer casar. Nossa sorte é que eles não vivem sem buceta.

    Fui!

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    Tia Lyka

    Sexo tantra da tia Lyka

    Olá, meus seguidores!

    Hoje, vou direto ao ponto. Que nem exame de próstata: sem rodeios.

    Tenho recebido muitas reclamações das casadas e pedidos de conselhos para melhorar o sexo com o parceiro, como fazer a perereca morder o croquete, passar 3 dias gozando (se eu usar essa ténica com meus clientes, vou perder dinheiro).

    E eu pensando que o povo estava preocupado mesmo era com a crise, com a falta de banana-maçã na cidade. Nada. A mulherada quer aprender a praticar o sexo tântrico.

    Pois bem. Anotem as dicas da titia aqui:

    Você vai precisar de pelo menos 4 horas livres com o parceiro. Deixe os meninos com a avó - ou num abrigo infantil, dê Rivotril pro cachorro, desligue o telefone e puxe o fio da campainha. Prepare o ambiente: roupas de camas limpas, velas aromáticas (não aquelas de macumba), de preferência as que exalam feromônio – só procurar em sexy shop. Faça o check in de buceta (depilação, 3x10 séries de contrações dos músculos da pepeca).

    O mais importante: avise ao bofemagia que a noite está reservada para os dois. Vai que o doido inventa de ir assistir ao jogo do Atlético no bar do Loureiro.

    Mande mensagem pelo “zap-zap”: “a noite é uma criança e eu sou uma chu-pe-ta”, acompanhada da foto de sua boca sorvendo um din-din de coco (te vira pra comprar). Ele vai passar o resto do dia de pau duro. À noite, receba-o como se estivesse ganhando um desses sapatos brilhosos da moda.

    Leve-o pro quarto e inicie a sessão. Primeira técnica: Olho no olho; depois, toque o peito dele, direcione-o a tocar o seu. Em seguida, comece a massagear, suavemente, a face, orelhas, mãos, pernas, bumbum. O prazer é explorar o corpo inteiro do parceiro e retardar o gozo ao máximo.

    Agora, fofa, se o bofemagia tiver problema de ejaculação precoce, nem perde tempo. Dá uma chupadinha mea-boca e corre pra assistir ao Netflix.

    Fui!

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    Tia Lyka

    Amigos também trepam

    Olá, meu povo!

    Gostaram do meu cabelo roxinho? Pensando em pintar a pepeca também, mas meus clientes só gostam dela peladinha, que nem tomate. No momento, está igual a macaquinho novo: só as penuginhas.

    Hoje, trago dúvida da escriba Deyse Sobral dos Santos Padilha, 24 anos - meio puta ocasionalmente (ela que diz):

    Tia Lyka,
    Querida mestra das inteligências supremas sobre ppk e regos! Vivo na friendzone com meu melhor amigo há anos, e olha que ele é feio e eu sou linda, mas eu o amo até hoje -  só que não deixo de dar pros outros, pra não morrer seca; tou certa? Esse amor é possível? Será que ele fala sério quando diz que não trepa comigo para não quebrar a amizade?

    Fofa!

    Eu acho que já respondi você por aqui. Está escrevendo um livro, é? Vamos lá:

    Queridaaaaa! Homem que gosta de ppk (gostei dessa abreviação pra pepeca - assim, o Barão não passa o dedo censurador dele) não tem esse negócio de amizade, não. Ele come até a mãe.

    Quem se preocupa com amizade é menina pobre, suburbana, que escreve na camisa da escola no final de ano. Pra mim, homem que renega buceta não merece ter piroca. Fique esperta: ou esse cara senta na macaxeira, ou tem o pau pequeno.

    Em todo o caso, vai a última tentativa: lava bem a xana, convida o amigo pra ir ao cinema e. no escurinho, pega firme no pau dele. É! Assim sem avisar, sem clima. Chega no ouvido dele e sussurra: quero fu-der. E volta a assistir o filme naturalmente.

    Se voltar pra casa sem se sentar na pica amiga, entenda: ele não quer sua ppk.

    Fui!

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    Ulisses Moroni

    20 anos, logo ali!

    Neste ano, 2016, retorno a 1996, e um número se ilumina como título da minha reflexão: Faz 20 anos! Como um susto, ou um acender de luzes, vejo que uma passagem importante de minha vida recebe agora esta coroa: duas dezenas de anos.

    Naquele ano, comecei a trabalhar na Justiça Federal em Franca, São Paulo. Logo depois, em 1998, saí de lá para assumir o cargo e a cidade onde estou até hoje. Uma rápida passagem, mas muito importante e marcante para mim. Retorno no tempo e tento olhar daqui, de hoje, a visão de futuro que eu tinha lá em 1996.

    A conclusão primeira é que lá, com 27 anos, eu não concebia como realidade ter em minha memória um lápso de 20 anos! Hoje eu me espanto pensando em fatos mais até mais distantes.

    Brevemente, espero escrever “há 50 anos!” Em outubro de 1996 fui convocado como mesário numa das primeiras sessões eleitorais com urnas eletrônicas. Uma experiência então pioneira, até desacreditada. Hoje, todas as eleições brasileiras são praticamente concluídas no dia da votação.

    Os celulares talvez fossem notícia de pesquisa no exterior. A privatização da telefonia apontava que muita coisa boa viria. Mas eu jamais pensava que em duas décadas haveria o tal celular totalmente difundido, qualquer pessoa podendo ser localizada onde está em qualquer lugar.

    Telefone era algo caro, pouco acessível. Hoje, há mais linhas telefônicas do que pessoas no Brasil. Ainda existiam máquinas de escrever.

    Os editores de texto vieram para tornar a arte ou ofício de escrever algo simples, acessível e eficaz. Mas eu testemunhei uma revolução: aprimoramento e difusão da internet. Informações e mais informações ao alcance de todos, de graça, a qualquer momento. Redes sociais para reduzir o mundo a uma vizinhança. Chance de todos falarem e mostrarem o que desejam. Na rede, enquanto o pedestre reclama da acessibilidade, o prefeito pode estar lendo. O artista faz seu show e pode ser notado por milhares de pessoas, sem gravadora ou propaganda. A garota bonita sai do cabelereiro, bota sua foto e vira uma modelo tão vista quando aquelas das capas de revistas. O Brasil realizaria Copa do Mundo e Olímpiadas, e fazendo bonito. Nossa seleção sofreria a mais humilhante derrota de sua história em casa. Mas depois conquistaria a medalha de ouro olímpica em pleno Maracanã!

    Nestes 20 anos, foram muitas as revoluções que vivi em minha vida e testemunhei no mundo. Que Deus me dê outros 20 anos, para eu me olhar hoje, aqui em 2016, e saber que meu otimismo na vinda mudanças intensas e positivas estava correto!

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    Tia Lyka

    A crise e o “banho de gato”

    Olá, queridos – e queridas!

    Sei que a vida não está fácil, tem muita gente trepando sem ligar a central de ar – ninguém aguenta 40% de aumento de energia, né? Eu mesma tive que reajustar a tabela de meus serviços sexuais. F... no calor não dá! Eu suo que nem tirador de espírito. Mas digo a vocês: sexo é prioridade. Podem cortar tudo, cabelereiro, manicure, lavagem e polimento do carro, cervejinha, mas a perereca e um talo bem afiado não podem faltar.

    Trago o assunto à pauta porque tenho recebido muitos e-mails de casais, amantes, querendo se separar e um dos motivos, acreditem, são os gastos do(a) parceiro(a). Eu digo: meu bem, você já sustentou uma puta um mês? Então, não sabe o que é gastar.

    O Antônio Ferreira Neto, 65 anos, é uma dessas criaturas que está desesperado. Quer dispensar a namorada, uma novinha de 20 anos.

    Tia Lyka,

    Estou namorando uma novinha há sete meses, mas estou pensando seriamente em terminar. A menina só quer andar com calça de marca, cabelo e unhas feitas, academia, perfume importado e celular da moda. Toda vez que falo em terminar, ela me dá um “banho de gato” que faz eu desistir na hora. Me ajude a terminar essa relação, sem perder esse “mimo”. Adoro ser chupado.

    Querido Toinho,

    Eu não vejo solução para o teu caso. Se a novinha faz o caqueado gostoso, você tem que investir, enchê-la de presenes. É que nem em restaurante, o garçom te serve bem, você paga os dez por cento sem reclamar.

    Até porque, nessa tua idade, o pau já não atende aos comandos, fica preguiçoso. Você já não faz mais todas posições – um papai-mamãe uma vez na vida outra na morte. Só goza com boquete ou se estimular a próstrata.

    Das duas uma: ou você mantém a novinha que faz o boquete caprichado, mas é careira, ou compra um animal de estimação em fase de amamentação. Os gatinhos são mais carinhosos.

    Fui!

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    Aroldo Pinheiro

    O homem nu

    Vivo sozinho há alguns anos. Antes, tinha muito medo da solidão. Com a experiência, descobri que viver sozinho não é sinônimo de ser solitário. Acostumei-me de tal maneira com a situação que não sei se me adaptaria a uma nova vida a dois. 

    Alguém mostrou que, entre as vantagens de morar sozinho, estão a possibilidade de usar banheiro com porta aberta, beber água no gargalo de garrafas, se esparramar na cama, não ter hora para dormir nem para acordar, comer o que quiser à hora que quiser... Tem mais uma: viver nu. Adoro viver nu. Chegando à minha casa, depois que o carro cruza o limite da rua, antes mesmo de o portão se fechar completamente, tiro toda a roupa e passo o resto do tempo como Deus me trouxe ao mundo.

    Portões de ferro e três metros de muro garantem minha individualidade em meu cantinho naturista.
    Mas, para viver assim, neguinho tem que ser cauteloso. Situações vexaminosas podem ocorrer.

    Sábado desses, em casa, nu, do jeitinho que gosto de ficar, lavei cuecas, li um pouco e, depois, ouvindo acordes emitidos por Eric Clapton, abandonei-me nos braços de Johnnie Walker - cachorro engarrafado, o verdadeiro amigo do homem. Lá pelas duas da manhã, resolvi limpar a cozinha e botar a sujeira para fora. Com poucos vizinhos, morando em rua de pouco movimento, parti para a ação do jeitinho que estava: vestido de nada. Com sacos de lixo nas mãos, acionei o comutador da entrada de visitas e dirigi-me à lixeira. “Pá” – um vento forte e sacana fechou o portão. Sem chave, sem controle remoto, como voltar pra dentro do meu terreiro?

    Como um homem de 62 anos, que não pratica nenhum exercício, poderia escalar um muro de três metros de altura? E se conseguisse subir, como chegar ao chão do outro lado sem desmentir ou fraturar ossos já meio corroídos pela osteoporose?

    Ali, lembrei-me que fugitivos da Pê-á usam a vizinhança como rota de fuga. “E se alguns meninos tiverem escapado e os homens vierem dar um baculejo por aqui?”, pensei.

    Apavorei-me com a possibilidade de, nu, às duas da matina, tentando pular um muro, dar de cara – ou de bunda – com policiais. Até que eu explicasse que berimbau não é gaita, os tiras já teriam me colocado aos costumes, bem do jeitinho que sabem e gostam de fazer.

    Na rua, caminhando de um lado para outro, pensando, lembrei-me que a casa do lado da minha estava desocupada, que o mecanismo do portão eletrônico estava desativado e que a parede entre nossos imóveis é bem mais baixa que a muralha que cerca o meu muquifo. Corri pra lá, abri o portão torcendo para que ninguém o ouvisse o impacto de ferrugem correndo pra lá e pra cá. Fiz-me de surdo para a cachorrada que latia ali perto, escalei dois metros e dez de muro e, já em casa, joguei-me na “piscínica” para controlar medo, nervosismo e batidas cardíacas. Ri da situação, tomei duas talagadas de uísque e, deitado na rede, sem me incomodar com as estupidezes que saíam da boca de Serginho Groissman, dormi. Nu, claro.

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    Ulisses Moroni

    A oportunidade e o livre arbítrio

    Três pessoas denunciadas por dois furtos, em residências de Boa Vista. Fatos ocorreram há mais de dez anos. Todos os réus tinham, na época, idades próximas aos dezoito anos.

    Processo antigo, fora encaminhado ao mutirão da justiça penal. Concluí a instrução processual, participando das audiências. Chamou minha atenção pelo destino dos réus.
            
    O primeiro, ao sair da prisão, foi participar de crimes mais graves. Ele acabou morrendo em confronto. Não sei se com outros bandidos, ou com a polícia.

    O segundo permaneceu na marginalidade. Não conseguindo emprego ao sair da prisão, voltou a furtar. Foi novamente preso e processado. Agora reincidente, ficou na cadeia mais tempo. Saiu novamente. E, novamente... 'caiu'. Não cometeu crimes mais graves, ficando 'apenas' nos furtos. Reincidente, terá dificuldades de sair em condicional ou liberdade provisória. AQUELA CHANCE QUE ELE TEVE LÁ ATRÁS... FICOU LÁ ATRÁS! Ele ainda é jovem, antes dos trinta anos. Terá outra oportunidade daqui a algum tempo.

    Porém, o terceiro reú chamou muito mais minha atenção. Considerado o mais perigoso dos três na época dos fatos, foi abandonado por pai e mãe. Envolveu-se nas chamadas ‘galeras’ de jovens, que pintavam o terror. “Semente de coisa boa” ele não era! Seguindo a lógica dos outros dois réus, eu não esperava boas notícias do terceiro.

    Fiquei muito surpreso quando ele entrou na sala. Era uma pessoa que eu conhecia de vista, um empresário local. Contou-me que todos ficaram presos pelo mesmo tempo, no primeiro fato. Foram soltos praticamente juntos.

    Assim que ele saiu da prisão, teve oportunidade de trabalhar com um serralheiro, na manutenção e fabricação de portões. Passado um tempo, pediu demissão para tentar ser empreendedor. E deu muito certo. Trabalham com ele atualmente umas doze pessoas. Tem dois filhos, mostrou as fotos.

    Houve tempo para conversar mais com ele sobre o assunto. Reconhece o erro que cometeu. Não expõe o fato do processo como cartão de visitas, pois se trata de passado distante. Hoje ele é outra pessoa. Disse que teve a oportunidade de trabalhar e precebeu que poderia dar algo melhor à sua vida. Fez isso. Sua mudança não se motivou por religião,  programas de recuperação governamentais ou mesmo um amor.

    Logicamente, foi condenado pelo furto cometido. Como era primário, e o crime não foi grave, houve substituição da pena de prisão por  prestação pecuniária. Uma ilustração do ditado popular: QUERER É PODER!

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    Tia Lyka

    Chupetinha pra curar o estresse

    Olá, pessoal!

    Espero que vocês estejam doidos para falar de sacanagem porque eu já estou molhadinha só de pensar. Comigo é assim: quando não tô fazendo, tô falando. Problema de memória.
    Tenho recebido muitas queixas de mulheres  - de homens também – sobre seus parceiros (as). Povo anda estressaaado. Mas o que me chamou atenção foi a mensagem da Jussara Bernardo A. Silva, 45 anos. Ela é professora de língua estrangeira e disse que está quase largando tudo e voltando pro Ceará. Motivo? Estresse do macho.

    Tia Lyka,

    A senhora é a última tentativa para salvar meu casamento. Há dois meses, meu marido está insuportável. A vida dele é reclamar de tudo, nada está bom, a comida está salgada, o arroz está cru. Desde que fui promovia no trabalho e comecei a chegar mais tarde em casa – e morta de cansada - os problemas começaram.

    Sei que a senhora é especialista em ensinar o povo a trepar -  no meu caso, a gente nem anda fazendo mais isso, ando sem tesão – mas gostaria que me desse uns conselhos pra ter ele tem, responde que é “estresse” do trabalho. Me ajude!

    Querida, Ju

    Seguinte: homem estressado é falta de boquete. É! Quer ver um homem ficar mansinho é só fazer uma chupetinha caprichada nele. Você começou a se dedicar mais ao trabalho e se esqueceu que tem um macho em casa? Não pode.

    Um casamento sem sexo não se sustenta. Nem com dinheiro. Eis uma dica simples: Surpreenda o boymagia hoje. Faça uma jantinha gostosa, bote os meninos pra dormir cedo, veste aquele lingerie que você comprou na promoção e bota pra f... Preguiça? Imagina que ele tá te pagando uma nota, que você vai poder comprar muitos perfumes, bolsas caras, sapatos lindos. Comigo sempre dá certo.

    E se estiver com muuuuuita preguiça, só dar uma chupetinha (já ensinei aqui) de fazer ele lamber os beiços. Mulher que tem preguiça de trepar, tem que saber chupar, fofa. Copia.

    Fui!

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    Tia Lyka

    Remédio pra esquecer chifre

    Pessoal, de novo, vou tratar de um tema que pouca gente gosta de falar – menos quando é da vida dos outros -, mas que a toda hora esquenta cabeça de gente: chifre. E digo a vocês: dói pra disgrama. Pensam que puta não leva chifre, é? Hum! Até se apaixona.

    Nesses dias, encontrei-me com amigo (de infância) na lotérica. Ele leva chifre desde criança, quando a gente brincava de manja trepa na Praça da Bandeira. Fez questão de me dizer que continua continua levando diadema de vaca. Agora, satisfeito. “Eu sempre como primeiro”, me confidenciou ao pé de ouvido. Tão vendo? Tudo depende da maneira como você encara as adversidades da vida. É isso que vou explicar à Judith Pedrosa de A. Fonseca, 42 anos. Vejam o perrengue que a bombeira está passando:

    Tia Lyka Estava desconfiada do meu namorado e resolvi segui-lo. Flagrei ele caindo de boca numa periguete no pagode, pode? Além da decepção de ver o homem que, até semana passada, era com quem eu queria casar e ter muitos filhos, ainda passei vergonha de presenciar a cena na frente das minhas amigas e dos “pessoal” da oposição. O que faço, tia? Mesmo sendo traída com uma feiosa, sou louca por ele. E tenho medo de ficar solteirona que nem minhas amigas.

    Querida, Ju!

    Tem certeza que vai ter esse tanto de menino com essa idade? Te apressa.

    E mais: menino é brinquedo caro. Pensa bem antes de começar a parir. Outra: quem procura, acha. Falta do que fazer sair atrás de macho pra fazer flagrante.

    Antes de você querer colocar coleira no seu macho, ponha na ponta do lápis as vantagens que ele pode trazer pra sua vida. Não pode entrar só com a pica. Ganha bem? Super dotado? ejaculação precoce? Sabe lavar louça? Gosta de trepar (esse item é importantíssimo, pelo menos pra mim)? Se ele não atender a um desses pré-requisitos, caia fora urgente.

    Conselho? Pra esquecer o negócio é trepar. Trepa chorando, mas trepa, querida.

    Fui!

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    Tia Lyka

    Panela velha e penico novo

    E aí, pessoal! Caçando muitos Pokémons por Boa Vista City?

    Estou até gostando dessa brincadeira de procurar esses bichinhos.
    Gosto mais quando eles se escondem dentro da minha calcinha e o boy magia tem que matá-los. Até arrepio só de pensar. Delícia!

    Quem não está muito ligada na nova onda e correndo do pau é a professora Aurora de Melo A. Pinto. Olha a reclamação da “mardita”:

    Tia Lyka

    Tenho 58 anos, arranjei um namorado de 24, mas tou meio arrependida, o menino quer transar toda hora. Tem remédio pra baixar o tesão? Estou cansada de furunfar. Já sou uma idosa.

    Querida Aurora,

    Isso que dá arrumar macho novo. Esses meninos são que nem pedreiro na hora do almoço: comem tudo e ainda lambem o prato. Já acordam querendo furunfar (não vou mais falar “fuder”. Barão anda reclamando. Tnc!).

    Tá pensando que é a Suzana Vieira? Ela é rica, bem. Mulher com dinheiro fode (assim pode falar) se quiser. Agora uma lisa que nem você, arruma um rapazinho de 24 anos? Boa de levar uma surra de cipó.

    Tudo bem. Sei que faz bem pro ego uma coroa desfilar com cabra novo.
    Também é bom sentir um pau bem durinho bulinando a gente de noite, né? Eles são tarados, gozam até raspando a rola.

    Eu sei que meu papel aqui é trazer soluções, mas também não posso deixar de falar a real. Agora, se você está “xonada” e paixão de velha é que nem lombriga em menino renova a cada seis meses, deixa eu balançar os peitos aqui e vê o que cai de solução.

    Pensando, pensando... Anota aí:

    Toda vez que o boy magia quiser trepar, você cai de boca nos bagos dele. Capricha no boquete até ele pedir pra Jesus voltar. A ideia é esvaziar os ovos do bofe, deixar ele esmorecido que nem picolezeiro em final de expediente.

    Caso, não funcione, manda esse cabra pra mim. Mas manda com a carteria cheira. Eu cobro caro e gosto de furunfar a noite toda.

    Fui!

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    Aroldo Pinheiro

    Se for abençoada, não faz mal

    Zé Camargo chegou a Roraima com os primeiros paraibanos. Nem sabia dizer como se deu a mudança. Contava que, bebendo com amigos em Catolé do Rocha, acompanhou-os na subida em pau-de-arara. Apesar de ter medo de água, aboletou-se num ita. Sem nunca ter visto uma máquina daquelas, embarcou num DC-3. Quando Camargo curou-se do porre, estava deitado numa fianga, em quartinho safado da pensão de Dona Alice, na avenida Sebastião Diniz.

    Trabalhou como ajudante de pedreiro, limpador de quintais, vigia de obra, menino de recado de putas. Nada dava certo: o vício na marvada pinga punha tudo a perder. Amigos se cotizaram e, para ele, montaram um boteco. Tinham que vigiá-lo, pois, se dessem mole, Zé Camargo entornaria todo o estoque de pinga.

    Não há organismo que resista à quantidade de álcool que Camargo consumia regularmente. Um dia, em coma alcoólico, foi conduzido ao Hospital Nossa Senhora de Fátima. Chegou à casa de saúde quase morto. Seu Cosme, homem que dedicou a vida àquele hospital, e as madres enfermeiras, sempre prestativas, conseguiram trazer Camargo de volta à vida.

    Seis meses internado, vivendo à base de aguadas sopinhas e secos grelhados. O paraibano recebeu alta. Antes, porém, madre Aquilina chamou- o para papo sério: “Meu filho, você tem que cortar o álcool de sua vida. Do contrário, você é um homem morto”.

    Zé Camargo voltou para a direção do boteco. Resistiu nos primeiros dias, mas, logo, capitulou e retomou a vida de caneiro. Numa segunda-feira, por volta das 11 da manhã, o paraibano entornava um traçado, “pra abrir o apetite” quando deu com madre Aquilina entrando no boteco. Zé não teve tempo de esconder o copo ou disfarçar. Olhando nos olhos de cabra morta do caneiro, a irmã-enfermeira aproximou-se do paraibano e disparou:

    - Seu Zé Camargo, o senhor não merece um pingo de confiança. Falta-lhe amor pela vida.

    Antes que a freira abrisse o resto da ladainha, o bebum apelou:

    - Madre, esse traçado é feito com quinado São Raphael, conhaque São João da Barra e cachaça São Francisco. Duvido que três santos fortes como esses prejudiquem um pobre temente a Deus como eu.

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    Plinio Vicente

    Mendigos, milionários

    Juquinha era flanelinha e vivia num muquifo. Em outro morava Rosinha, que fazia bolinhos de chuva e saia vendendo pelos sinais. Sempre repartia com ela o que conseguia a mais. Mas nunca passou disso. Eram tão pobres que não dava para levar uma vida melhor, a não ser sonhar. Depois de uma manhã de boas gorjetas, convidou a companheira de infortúnios e decidiu levá-la para almoçar num restaurante. Não conseguiram, foram barrados na porta. Motivo: roupas mal trajadas. Comeram bolinhos de chuva. Ao passar na frente de uma casa lotérica, Juquinha entrou e jogou na mega sena. Ganhou sozinho. O nacibo mudou sua vida e a de Rosinha. Comprou o restaurante e fez dela sua mulher e a chefe da cozinha. 

    Nacibo - [Do ár. na,Cb, ‘porção’, ‘lote’; ‘fortuna’, ‘sorte’.] - Substantivo masculino - 1.Sorte, fortuna.

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    Plinio Vicente

    Loirinho e a puta Ritinha

    Loirinho, piloto, feinho, voava para o garimpo levando de tudo: comida, combustível, putas e principalmente garimpeiros. Sua base era a pista do Paapiú, mas fazia muitas pernas, o que lhe tomava quase todo o dia. Saia com o raiar do sol e voltava quando ele se punha, cansado, sem ânimo para nada, a não ser o banho, janta e cama. Sentia falta de mulher, só que não tinha tempo para ir até o puteiro. Um dia, levando Ritinha ‘boca de ouro’, no meio do voo arriscou uma cantada. Ela topou. Acertou preço e horário, só não o lugar. Para não perder a transa, assim que aterrissou foi ali mesmo, na nacela. Depois das pernas de Ritinha, foi cuidar das outras, de pista em pista, feliz, floresta afora...

    Nacela2 - [Do fr. nacelle.] - Substantivo feminino - Espaço da fuselagem ou cabina dos aviões pequenos destinado ao piloto, à tripulação ou, eventualmente, a passageiros.

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    Plinio Vicente

    O emporcalhado

    Jucimar era sujeitado arretado, atirado, sem medo de nada, não enjeitava desafio. Caminhoneiro, certa vez teve que parar uns dias numa vila do interior à espera do conserto de seu 12 rodas. Não havia o que fazer e na tarde do sábado, andava à toa quando ouviu a voz de uma jovem, pedindo ajuda. Correu e ficou sabendo: ela levava uma leitoa para vender e fazer dinheiro para a feira quando a bicha escapou e escafedeu-se brejo adentro. Encantado com a beleza da moça, e sabendo que o tédio estava por acabar, não teve dúvidas: atirou-se à caça da suína. Quando voltou com leitoa nos braços, todo sujo, labreado, ganhou uma recompensa que jamais esquece: o regaço quente e acolhedor de uma cabrocha. 

    Labreado - [Part. de labrear.] - Adjetivo - 1.Bras. N.E. Sujo, emporcalhado, breado, lambrecado.

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    Plinio Vicente

    A mocambeira de lábios de mel

    Maceió, ainda pequena, praias de arrecifes alagoados e outros encantos, levaram Casimiro vir de longe para conhecer os lugares de que tanto ouvira falar. Solitário, arredio, de pouca conversa, arranjou um guia, Manduca, que depois de levá-lo pra todo canto, propôs uma visita às lagoas no rumo sul. Alugaram um barco e foram entrando Mundaú adentro, gente pescando, gente passando, nada demais. Até que se deslumbrou com a jovem morena, labirinteira, na porta de um mocambo, sorriso nos lábios que mais pareciam favos de mel. Virou catador de sururu, fez do Mundaú seu novo lar e hoje quem quiser saber por onde anda Casemiro, basta ir à lagoa e o verá nos braços da sua mocambeira dos lábios de mel.

    Labirinteira - [De labirinto + -eira.] - Substantivo feminino - 1.Bras. N.E. Mulher que faz labirinto (9): 

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    Plinio Vicente

    Poesia e despudor

    Napoleão era bom de escrita. Letra bonita, caprichada, sonhava ser jornalista, mas Juraci, dono do hebdomadário de Serra Branca, onde morava, não ia muito com a cara dele. O considerava inteligente demais para seu gosto. Na verdade, era pura inveja e ciúme, medo de ver alguém melhor que ele no arranjo das letras. Certo dia Jura recebeu uma colaboração anônima, pequena crônica falando das belezas das moçoilas serra-branquenses. Espantou-se com o texto bem escrito, as palavras elegantes, poesia temperando as linhas. Assuntou, desconfiou e antes de publicar, quis saber do autor. Não publicou e ao ser questionado do porquê, apenas respondeu: “É um labéu que despudora a pureza de nossas virgens”.

    Labéu - [De or. obscura.] - Substantivo masculino - 1.Nota infame ou infamante; 2.Mancha na reputação; desdouro, desonra.

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    Aroldo Pinheiro

    Belém, belém...

    No início o ruído à minha volta tornou-se tão constante – e irritante – que prometi a mim mesmo que não ia aderir ao modismo.

    Logo, vi que não ter o aplicativo me tornava um alienado. Capitulei e troquei meu antigo e querido aparelho celular analógico por modernoso smartphone – com tantas utilidades que, tenho certeza, não vou utilizar nem 10% delas até o dia de minha morte – e instalei o WhatsApp.

    No inicio, me apaixonei pela nova modalidade de comunicação. A paixão começou a sumir no dia em que começaram a me adicionar a grupos e eu passei a receber mais de mil mensagens por dia. Destas mensagens, poucas eram aproveitáveis.

    As mesmas piadinhas sem graça são enviadas por quase todos os integrantes de diferentes grupos. Mensagens de “bom dia”, “boa tarde”, “boa noite”, “bom fim de semana”, “bom domingo” cheias de flores, animaizinhos, crianças, paisagens e músicas românticas passaram a ocupar o espaço de memória de meu aparelho e a encher de impaciência o meu saco.

    Filmes de sacanagem e sexo explícito e vídeos com pegadinhas ridículas fazem parte do pacote.

    Comecei a dedicar boa parte de meu precioso tempo a excluir-me de grupos que tinham me adicionado sem me consultar e deletar mensagens idiotas e desinteressantes. Comecei, também, a ter ódio do WhatsApp.

    Usuários do WhatsApp acham que temos de estar prontos para ler, ver, ouvir e, se for o caso, responder às mensagens que nos enviam a qualquer hora. Há os chatos que te encontram na rua e, mostrando o display de seus aparelhos, perguntam: “Tu viste essa?”

    E o aplicativo é fofoqueiro. Se você, por algum motivo, alega não ter recebido determinada mensagem, o interlocutor corta: “Recebeu sim. Às 10h43 os pauzinhos ficaram azuis. Além do mais, vi que tu ficaste on-line até as 11h37; falavas com quem?”

    Já aconteceu de ouvir o sinal anunciando mensagem às três da manhã. Com filhos e mãe - de 92 anos de idade - morando fora do Estado, vi-me obrigado a despertar, revirar-me na cama com todas as dores que a coluna me dedica, pegar o celular na mesinha de cabeceira, digitar a senha do aparelho e ler: “Dormindo?” Resposta: “Estava até a hora que você me mandou a porra dessa pergunta!” Claro que a vontade de digitar um palavrão é grande.

    Nada contra a modernidade. Celular é útil e WhatsApp é prático, mas, por favor, tenhamos um pouco mais de respeito como nossos semelhantes.


    Em tempo: se alguém me adicionar a algum grupo depois de publicado esse desabafo, pode considerar-se meu inimigo. Belém, belém, nunca mais fico de bem.

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    Ulisses Moroni

    Ainda tenho muito a fazer por aqui

    Eu lia um jornal de Manaus e vi uma notícia sobre a novel Avenida das Torres.

    Trata-se de via expressa que corta parte da capital amazonense.

    Via de alta velocidade, que fica mais rápida à noite.

    Recordei de um episódio ocorrido comigo nessa avenida.

    Quase me envolvi em um acidente, que provavelmente seria fatal.

    Eu andava dirigindo meu carro, à noite, já altas horas.

    Como não conhecia bem o lugar, sem querer adentrei na avenida sem parar!

    Talvez por ser obra recente, não havia placa de PARE na rua onde eu andava.

    Eu achava que estava na preferencial...

    Cruzei, e uma picape veio na minha direção pela via preferencial.

    Andava com velocidade superior a uns 100 km/h.

    Cruzei a avenida, quase junto à picape.

    Foi possível sentir o vento dela passando por detrás do meu carro.

    Um segundo a menos, e colidiria com minha porta.

    Provavelmente eu sofrereria uma lesão grave ou mesmo fatal.

    Desta recordação, outras cenas surgem, na minha parede da memória.

    Moleque, de bicicleta, uma vez fui querer segurar em um caminhão, pegando carona.

    Todo mundo fazia isto, achei que seria fácil. Segurei com a mão esquerda o caminhão, e com a direita o guidão da bicicleta.

    Era frio e eu usava uma jaqueta.

    Não sei o que aconteceu, mas minha roupa ficou presa no caminhão.

    Este corria cada vez mais, e eu não conseguia me soltar.

    De repente chegou um quebra-molas, e o caminhão reduziu a velocidade. Com salto do quebra-molas eu pulei, e minha roupa soltou.

    A bicicleta desgovernou, e fui ao chão, mas miraculosamente nada aconteceu.

    Menino ainda, resolvi descer um escorregador na lateral de uma piscina funda.

    Estava vazia, e tive uma "ideia brilhante": desceria até o fim da rampa e, antes de cair na água, com os pés eu parava.

    Detalhe: EU NÃO SABIA NADAR!

    Claro que não consegui parar e caí na água.

    Houve um milagre: invés de eu morrer afogado, aprendi a nadar!

    Outra vez, já adulto, entrei numa construção.

    Deveria usar capacete, mas não usei.

    Erro também quem deixou-em entrar sem a proteção.

    Uma barra de ferro cai do alto em cima de mim.

    Quando eu virei para ver o que acontecia, tirei a cabeça de sua trajetória.

    Senti o vendo nos meus ouvidos. O impacto foi tão forte que perfurou o piso.

    São muitas as cenas 'POR UM TRIZ' na parede da memória.

    O céu não me chamou em nenhuma destas ocasiões.

    Acredito que Ele quis me dizer que ainda tenho muito a fazer por aqui.

    Certamente o Criador, com sua concessão, espera que eu faça o bem.

    Espero não desapontá-lo!

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    Tia Lyka

    Periquita ou Pokémon?

    Olá, queridos do meu Brasil.

    O que tenho visto de mulher abraçada em pé de cajueiro depois da receitinha que passei aqui não está na conta. Se acalmem! O chá pra buceta não é milagroso. Se estiver muito afolozada, só fazendo cirurgia pra deixar a perseguida bem justinha, original.

    Se bem que tem homem que nem liga se está apertada ou frouxa. É. Tem neguinho trocando buceta por Pokémon. Espiem esta conversa:

    Tia Lyka

    Namoro um rapaz há oito meses. De uns tempos pra cá, ele começou a sair com um amigo de infância para caçar Pokémon. Ando meio desconfiada, esse colega dele nunca teve namorada; será que meu amado anda trocando perereca por pinto?

    Augusta Aurelina S. Pinto, professora, 38 anos

    Querida Augusta

    Não vou te enganar: Parece que essa Coca é Fanta.

    Tá bom, não chora. Vamos pensar que o rapaz não teve infância e agora quer compensar o tempo perdido brincando com o amiguinho. Mas se você não quer perder o bofe, bom entrar na brincadeira e sair à caça dos bichinhos.

    Eu, quando brincava de manja-esconde (gostava mais da manja trepa) sempre dava uma recompensa pros meninos: o primeiro que me achasse, levava um boquete. Não sei até hoje por que só colocavam eu pra me esconder.

    De lá pra cá, muita coisa mudou, ninguém mais brinca de amarelinha, manja, queimada. As brincadeiras agora estão na tela do computador, nos smartphones, mas a essência dos joguinhos de procura acha continua a mesma: sedução, descoberta. A sensação é a mesma que dar uma pirocada da vida: os meninos “pira”.

    Portanto, use a curiosidade dos rapazes a seu favor. Quando o Coca e o Fanta, digo, teu namorado e o amiguinho dele forem jogar, enrabicha atrás e propõe premiação: a cada bichinho encontrado, um boquete bem demorado.

    Só precisa ficar atenta pra esses bichinhos não se esconderem em cu de caboco. Caso isso aconteça, pode guardar a buceta pra outro e deixa os meninos se divertirem com os Pokémons.

    Fui!

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    Tia Lyka

    Perereca arrochadinha

    Gente!

    Tem coisa melhor do que meter numa perereca apertadinha ? A minha é mais arroxada do que cu de sapo. Querem saber o segredo? O primeiro deles é fazer exercícios vaginais pelo menos três vezes por semana. Eu já ensinei aqui, perderam essa aula?

    Vamos fazer uma revisão rápida. O curso completo estarei vendendo em breve na internet. Não vou ficar aqui contando meus segredos sem ganhar um tostão. Comigo é assim: dinheiro na mão, calcinha no chão.

    O exercício é bem tranquilo, pode ser feito na fila do banco, vendo novela, no cabeleleiro e até em velório. Contraia a vagina como se estivesse prendendo o xixi. Prende, solta, prende, solta. Repita pelo menos 10 vezes seguida, descansa; depois faz de novo.

    Essa prática vai fortalecer as paredes da sua vagina (também uso nome bonito pra buceta, tá!) e deixar seu bofe magya louco de tesão. Tem outra dica que é pra mulher sem vergonha e chifreira que nem a Francemeire Augusta do O. Grande, 46 anos. Olha o aperreio da maranhense:

    Tia Lyka

    Venho por meio desta pedir socooooro!

    Depois de um mês fora de casa, meu marido deve chegar de viagem dia 20 de agosto. Arrumei um negão que tem uma lapa de pica. São 17 centímetros contra 11 do meu esposo. Além de grande, é grossa que aaaarde.

    O que eu faço pra ficar arrochadinha antes de ele chegar? Não quero morrer degolada. Por favor, me ajude!

    Querida France do O Grande,

    Anota aí, malacabada:

    Faz um chá com a casca do cajueiro, deixa esfriar, depois coa e guarda. Pega uma bacia e higieniza (álcool ou água quente) para fazer um banho de assento.

    Antes do asseio, lave bem a queca, tire o sebinho. Depois, coloque água morna e o chá na bacia, mergulhe a perereca e deixe ela lá se afogando por uns por 15 minutos. Fazer só umas duas vezes por semana para não ter ressecamento. E nada de fuder com o negão nesses dias.

    O resto é deixar com o pau pequeno.

    Fui!

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    Aroldo Pinheiro

    Gravidez temporã

    Há muito tempo, o Departamento de Trânsito do Distrito Federal foi exemplo de bom atendimento e respeito ao público. As cidades incharam, a frota automobilística, proporcionalmente, cresceu mais do que a população, e o Detran-DF, infelizmente, parou no tempo. Perdeu a corrida.

    A qualidade dos serviços deixa a desejar. Se você não madrugar às portas da repartição, dificilmente conseguirá resolver seus problemas.
    Cedo, entrei na fila para vistoriar o surrado Corsa. Às 11h30, saí do veículo para alimentar pulmões e estômago. Nicotina e alcatrão para o primeiro e um salgadinho safado para o segundo.

    Lá longe, vi uma figura que me pareceu familiar. Seria o Mangulão?
    O corpo arredondado, a barriga proeminente, os cabelos esbranquiçados e aqueles óculos que eu não conhecia provocaram dúvidas. Os mais de dois metros de altura e o desajeitado jeito de andar, porém, me deram a certeza. Ali pertinho de mim, estava um colega de faculdade. Colega de 40 anos atrás.

    Surpresa maior: ao seu lado, em vestido solto cobrindo enorme barriga, Celinha, a sua namorada dos nossos tempos de CEUB.

    - Mangulão!?!?

    A figura me estudou por alguns minutos e, logo, um sorriso se abriu:

    - Índio? Não é possível! Celinha, ‘ocê num tá reconhecendo o Índio?

    Abraços, cumprimentos, perguntas, lembranças...

    - Puxa vida, estou feliz pelo reencontro. Mais feliz por saber que vocês casaram e que ainda tão fazendo menino.

    Mangulão abriu um sorriso, puxou-me pro lado e confidenciou:

    - Que menino que nada, rapaz. Eu tou mexendo com revenda de automóveis e tenho que vir ao Detran todos os dias. Com essas filas enormes, eu não dou conta de resolver meus negócios. – E arrematou. – Resolvi comprar uma barriga postiça para a Celinha e ela, diariamente, monta a gravidez para ter atendimento preferencial...

    Com um tapa nas minhas costas, ele encerrou:

    - Tu tá pensando que eu sou leso? Já faz mais de um ano que ela tá “grávida”...

    É. Zé Eustáquio, o Mangulão, meu colega de faculdade, não mudou nada.

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    Tia Lyka

    Perereca independente

    Olá, queridos

    Sem querer ser feminista – detesto rótulos que nos marcam que nem vaca no pasto – mas acho importante abordar um assunto que tem deixado muita mulher independente sem rola fixa. É, fofas, ter profissão, casa e carro próprios e saber onde fica o botãozinho de gozar pode jogar você na estatística das “sem marido”.

    E vamos combinar que a gente gosta de ter um pau gostoso em casa pra fazer saliência. Adoro! A diferença é que eu emito fatura.

    A Deyse Sobral dos Santos Padilha, jornalista, 23 anos, já enfrenta o problema por se bancar. Vejam o que a escriba diz:

    Titia linda e maravilhosa, que sempre tem solução para nossos problemas sexuais (os mais destruidores de vidas),

    Gostaria de saber por que os homens de hoje em dia têm tanto medo da gente que trabalha, é formada e independente? Eu pensei que deveria ocorrer o contrário, mas parece que os caras se intimidam. E quando vou pra cima e faço um super boquete, o cara fica louco, mas também parece se sentir incapaz de dar conta do recado "todo".

    Querida, Deyse!

    Adorei o “titia linda e maravilhosa”. Parece até ser da família (risos).

    Vê só: imagina que prender o xixi foi a única sensação de orgasmo que sua vó teve a vida toda. De lá para cá, evoluímos bastante. Hoje tem vibrador, sela da bicicleta, massagem erótica, Pokémon, o caralho de asa para nos dar prazer.

    É muita ferramenta disputando com as pirocas. O homens num guenta, fia. Quando eles vêem uma mulher com diploma, chave do carro na mão, pensam logo: “Fudeu! Vou ter que me esforçar. Nada de meter e gozar logo”.

    É nessa hora que a gente tem que dar uma de “mulherzinha”. Como? Ficar manhosa, dizer que ele tem a maior pica do mundo, que ele é forte, machão. Fala isso no ouvidinho dele que, aposto meu cu, vai ficar de pau duro por três dias.

    Caso dê errado, tem muito pedreiro dando sopa por aí: são viris, gostam de trepar e vão te tratar como princesa. Depois, você paga um curso de engenharia pra ele.

    Ui!

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    Aroldo Pinheiro

    Erasmo quase parou o Brasil

    Atendendo convite do governo, que precisava de professores para expandir a rede escolar, Erasmo Sabino de Oliveira mudou-se para Roraima. Em Boa Vista, enquanto se dedicava à educação de adolescentes, viu possibilidades de ganhar dinheiro no setor imobiliário. Se deu bem.

    No final do século passado, numa dessas campanhas de governo em tempo de crise, a Caixa Econômica Federal alardeou que teria bastante dinheiro para financiar quem quisesse investir em casas populares.

    Ao saber que existiria verba fácil para o setor, o empresário, destemido, resolveu que aquele seria o momento de alavancar seus negócios.

    Ao ver o projeto de Erasmo, o gerente do banco federal assegurou-lhe que, depois de análise da documentação, o dinheiro seria liberado. Com aquela garantia verbal, para ganhar tempo, o potiguar resolveu iniciar a construção de seu conjunto habitacional.

    Depois de um mês de desembolso, a fonte secou e o financiamento oficial não havia saído. “É questão de dias”, garantiu-lhe o gerente. Para não parar, Erasmo passou a comprar fiado o material necessário para dar andamento nas obras.

    Sessenta dias se passaram e o empréstimo não tinha sido aprovado. O gerente disse que logo, logo, a grana estaria na conta do empreendedor. Desmobilizar equipes redundaria em prejuízo. Além do mais, sem reservas, como pagar rescisões trabalhistas? A saída: pedir dinheiro emprestado a agiotas e tocar o que havia iniciado.

    Já bastante endividado no comércio e pendurado em mãos de agiotas, Erasmo soube que a carteira para o financiamento que ele pleiteara havia sido fechada.

    Desespero. Apelar pra quem?

    Ao ouvir lamúrias do empresário, Marivaldo Barçal, advogado, prometeu levá-lo a Brasília para falar com Romero Jucá. Para o influente senador, não seria difícil mobilizar a Caixa Econômica Federal e resolver o problema de Erasmo.

    Passagens foram compradas com cheque pré-datado. Difícil foi convencer dona Dalva, proprietária da boutique Shalon a vender-lhe fiado um paletó.

    Numa sexta-feira, Marivaldo e Erasmo embarcaram juntos para encontrar-se com o senador às oito horas de segunda na capital federal.

    No gabinete, além do senador, estavam presentes uns oito homens vestindo elegantes e finos paletós pretos: os picões da Caixa Econômica Federal. Romero Jucá iniciou o discurso:

    - Senhores, esta reunião foi agendada para ver se, juntos, conseguimos encontrar uma solução para o problema deste grande empresário roraimense. Erasmo enfrenta sérias dificuldades desde que a Caixa Econômica fechou uma carteira de crédito e está a ponto de parar um dos maiores empreendimentos imobiliários de nosso Estado.

    Com um olhar, o vice-presidente consultou o presidente da Caixa Econômica Federal; sentindo-se autorizado a falar, dirigiu-se ao empresário:

    - Quantas casas o senhor está construindo?

    Apesar de nervoso, Erasmo respondeu alto:

    - 55.

    Os homens da Caixa se entreolharam, o senador Romero Jucá mostrou-se nervoso. O vice-presidente da instituição reinquiriu Erasmo com certo sarcasmo:

    - Quantas?

    Erasmo respondeu pausada e nervosamente:

    - Cin-quen-ta e cin-co.

    Os homens da Caixa abriram risadas, Romero Jucá ficou vermelho de vergonha; o presidente fechou:

    - Senador, problemas desse tamanho, a gente resolve com um telefonema...

    Erasmo ficou satisfeito com a promessa de que seu financiamento seria liberado no dia seguinte. Depois de agradecer o senador Romero Jucá pela ajuda, pediu-lhe R$ 200 reais emprestados para pagar o táxi.

    - Senador, problemas desse tamanho, a gente resolve com um telefonema...

    Erasmo ficou satisfeito com a promessa de que seu financiamento seria liberado no dia seguinte. Depois de agradecer o senador Romero Jucá pela ajuda, pediu-lhe R$ 200 reais emprestados para pagar o táxi.

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    Ulisses Moroni

    Monteiro Lobato: infância e brasilidade

    Saudade, muita e boa saudade!

    Esta a melhor para palavra para descrever a sensação que tive ao ver uma foto do principal elenco da primeira versão do "Sítio do Pica-pau Amarelo" - série de televisão baseada na obra do escritor Monteiro Lobato, criada e transmitida pela Rede Globo no final dos anos setenta e início dos oitenta.

    Os personagens da foto eram Dona Benta, Tia Anástacia, boneca Emília, Visconde de Sabugosa, Pedrinho e Narizinho. Estes os principais, de todos os episódios.

    Mas havia outros, a bruxa-jacaré Cuca, o saltitante Saci Pererê, Tio Barbabé, o porquinho Marques de Rabicó, o burro-sábio Conselheiro...

    Vendo isto, parece que retorno no tempo. Meus pensamentos voam e, como num filme, assisto-me em uma cena.

    Estou saindo da escola, segundo, terceiro ou quarto ano do primeiro grau.

    Naquele tempo se chamava assim. Hoje, o quarto e quinto anos do ensino fundamental.

    Eu saía das aulas querendo chegar logo em casa, para assistir ao 'Sítio'.

    Estudava à tarde. Saía rápido pelas ruas entre a escola e minha casa, calculando a velocidade dos passos para chegar na hora de o programa começar.

    Usava uma mochila tipo pasta, ia alternando de uma mão para a outra, para não incomodar.

    Antes, um copo de leite, pãozinho, alguma fruta, e... televisão!
    Quantas gerações de brasileiros não fizeram isto.

    Depois as crianças da série cresceram, e colocaram outras. Mas a primeira versão é inesquecível.

    Quanta infância, quanta alegria, quanta criatividade.

    A magia de Monteiro Lobato, a competência dos atores e produtores.

    Sim, pois os artistas da televisão se uniram com o artista das letras.

    O resultado foi sempre um bom episódio.

    Havia humor, suspense, conhecimentos técnicos e morais, inteligência emocional.

    Quanta alegria, que saudade!

    Pergunto-me se Monteiro Lobato teve aquela infância? Ou se inspirou na de seus filhos? Se foi assim, que paizão foi ele.

    E, porque não falar, quanto brasilidade!

    A Cuca, apareceu aqui agora.

    O Visconde de Sabugosa, sempre um cientista, um sábio.

    Emília, a percepção feminina aguçada em tudo que olhava.A música tema, seu refrão, "Sítio do Pica-pau amarelo, sítio do pica-pau amarelo...! Um trecho da música de um episódio: "Sete piratas sobre um caixão, ho!, ho!, ho!, e uma garrafa de rum. No fim da bebida, saiu confusão, ho!, ho!, ho!, e não sobrou nenhum! Tum tum tum tum tum tum". Cantada em coro. Que boa recordação!

    Passado sim, mas a alegria inesperada que estas lembranças trouxeram é presente, sentida aqui e agora.

    O bom passado é sempre presente, uma alegria conquistada na estrada da vida.

    Que o espírito de Monteiro Lobato reencarne, para criar histórias na era da internet, para as crianças de hoje!

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    Tia Lyka

    Beijar o furico é bom?

    Olá, meu povo de esquerda e de direita!

    Aqui, o único partido que manda é o meu (por enquanto). E digo mais: ninguém vai ver meu nome em lista de propina. Mesmo dando pra ala do PT e caciques do PMDB, todo serviço que faço é limpinho. Sou puta e honesta.

    Mas meu papo aqui não é de política, se bem que a boa sacanagem está perdendo feio pra esse povo do Congresso, né, não?! Hum. Deixa quieto!

    Seguinte: hoje falo de uma bolinação gostosa de fazer e que tem até curado quem tem prisão de ventre. Vejam só o que a Maria Estelita Gomes B. Grupette, 43 anos, ex-gafanhota, me contou pelo “zap zap”:

    Tia Lyka,
    
    Arrumei um velho tarado em fiofó. Quando me conheceu, foi logo arreando minha calcinha e enfiando a língua no “redodin”. Fui lá no Curupira e voltei de tão bom.

    Tenho prisão de ventre e notei que as linguadas do velho têm me ajudado a evacuar regurlarmente. Mas fico travada, contraio a bunda, o que faço pra relaxar?

    Querida, Estelita

    Como diz o Mike Guy Bras: “Ê, maluco, se é bom, deixa rooolar!”

    Fofa, se o velho gosta de chupar cu, deixa. Para com esse negócio de ficar travada, pensa nos benefícios anais que esse homem está te fazendo. Você sabe o quanto é ruim ficar entupida. Fico arrepiada, só de me imaginar cagando um coco.

    Faz assim abestada: a melhor maneira de curtir bem a linguada na bunda é deixar ela bem escancarada. Abre bem essa bunda que Deus te deu (com as duas mãos sua lôca) e deixe a cara do velho se perder dentro dela. Pra deixá-lo mais tarado, reboladas na velocidade 5. Copiou?

    Ah! Não se esquece de assear bem esse cu com sabonete íntimo (na Farmavita tem). Eu uso com alecrim e menta, fica super refrescante. Porque fedor de cu é pior do que cheirar arroto de chefe depois do almoço: a gente quer vomitar na cara da peste, mas prefere se manter no emprego.
    
    Ui!

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    Tia Lyka

    Boi na linha

    Olá, pessoal!

    Feliz da vida com o sucesso que a versão on-line do jornaleco está fazendo. Esse jornalzinho fuleiro atravessou fronteiras e agora está em smatphones, tabletes, notebooks e o caralho a quatro.

    Na cozinha, no banheiro, na fila da lotérica, qualquer lugar é apropriado para se manter informado e – por que não – com um pouco de tesão. Acessem! Quem entrar primeiro, vai gozar mais rápido. Mas vamos ao que interessa. Vejam o que esse sexgenário está passando:

    Tia Lyka,

    Estou namorando há cinco anos uma mulher de 27 anos. De uns meses pra cá venho notando um tratamento diferente dela. Tem evitado trepar comigo, sempre está com dor de cabeça, menstruada ou com inflamação no útero.

    Eu ando cabreiro. Ela está sempre depilada, calcinha nova e perfume dentro da bolsa. Será que, de dono, virei sócio?

    Sou José Carlos A. Monteiro, 67 anos, servidor público federal.

    Querido, Carlos

    Tem boi na linha, mano.

    Vê só: se tua namorada anda negando fogo, mas desfilando de calcinha nova e com a xereca raspada, coisa boa ela não anda aprontando, já te alerto.

    Agora, vamos combinar, né? Quarenta anos te separam da mulher, cara. Tu achas que ainda tem sangue nas veias pra bombear esse pau velho? A mulher tá no auge, deve ter aprendido a gozar um dia desses, imgina o vulcão no meio dessa vagina.

    A decisão é tua. Ou continua a levar chifre, mas feliz por desfilar com a franguinha e fazer inveja pros teus amigos, ou deixa a biscate e procura uma vovó professora aposentada numa dessas serestas da cidade.

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    Aroldo Pinheiro

    O juiz e o BMW

    Uma noite, em dezembro de 1998, antes de mais uma viagem à terra de Tio Sam, eu tomava uísque com Adilson Dantas, na época juiz do Trabalho em Boa Vista. Ao sair de minha casa, no portão, meu amigo encomendou: “Se passares pela Biscayne Boulevard, dá uma paradinha e vê o preço de um BMW 325 pra mim”.

    Na época, o rombo deixado pelo juiz do Trabalho Nicolau dos Santos Neto e o ex-senador Luís Estêvão na construção da sede do Tribunal do Trabalho, em São Paulo, ocupava todos os espaços da mídia nacional. Um pouco da imprensa estadunidense também dava destaque ao juiz ladrão, que ficara conhecido pelos gastos em restaurantes de luxo, coleção de carros importados e investimentos milionários que fazia em Miami.

    Resolvido o que eu fora tratar, saí de meu hotel em South Beach para pequenas compras no centro da capital da Flórida e, eis que, ao parar num sinal vermelho, olho para a placa de identificação da avenida e leio “Biscayne Boulevard”. Lembrei-me da incumbência que Adilson me dera de brincadeira.

    Duas quadras adiante, entrei em imensa e luxuosa loja de veículos europeus. O terno do sujeito que me recebeu era mais caro do que a surrada F-1000 e o rodado Fiesta que ocupavam a garagem de minha casa. Somados.

    Eu, vestido com camiseta, calça jeans desbotada e surrado tênis do dia a dia, não me apequenei à frente vendedor. Cheio de moral, disse-lhe que estava interessado num BMW 325.

    O homem conduziu-me a uma mesa, mostrou-me panfletos, falou da potência, do conforto e dos opcionais para aquele modelo de máquina alemã. Disse-me que só poderia entregar o veículo de meus sonhos em, pelo menos, oito meses a partir do pedido.

    Passo seguinte: preencher formulário para futuros contatos. Ao perguntar meu nome, disse-lhe chamar-me Adilson Dantas; naturalidade: brasileira; profissão: juiz do Trabalho.

    Quando soube de minha procedência e ocupação, os verdes olhos do vendedor brilharam. Claro que, para completar a ficha – e a brincadeira –, passei endereço, telefone e e-mail de Adilson.


    Saí da loja sobraçando uns dois quilos com ricos impressos sobre BMWs.


    De volta ao Brasil, tomando umas doses de uísque, contei a história para Adilson e entreguei-lhe todo o material que eu conseguira sobre o “BMW dele”.

    Até pouco tempo antes de transferir-se para a Justiça do Trabalho amazonense, Mr. Adilson Dantas recebia mensagens do elegante e insistente vendedor querendo fechar negócio num BMW 325.

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    Tia Lyka

    Pau “drobado”

    Olá, meus amores!

    Como vão de arraiá? Aposto meu grelo que, se fizesse uma pesquisa em Boa Vista, ganharíamos como povo que mais gosta de bagaceira; segundo lugar, seria em fudelança – faz sentindo, né?

    Mas também, é arraiá pipocando pra tudo quanto é lado. Eu acho é bom, chego com a bolsinha cheia em casa, além de comer horrores nessas festas. Tô parecendo uma pamonha de tanto milho que já empurrei pra dentro.

    Falando em empurrar, lembrei de msg que leitor me mandou por Whatsra. Vejam o sofrimento do pobre:

    Tia Lyka,

    Tenho 62 anos e namoro uma mulher de 40. Meu pênis não fica duro como quando eu tinha 20. Por problemas cardíacos, não posso usar vasodilatadores.

    O que faço pra penetrar minha parceira e dar-lhe prazer?

    José Leotávio A. Monteiro, autônomo.

    Querido José,

    Mete “drobado”, lá dentro o bicho se ajeita.

    Brincadeirinha.

    Esse papo de pau mole, sempre me dá trabalho. Pra você ter uma ideia como o assunto é delicado, a clientes com disfunção erétil (é brocha, tá!), estou dando um tratamento diferenciado: massagem tântrica, mantra para conseguir dinheiro inesperado, fio-terra, batida de ovo de pato, simpatia. Até surra com folhas de mari mari estou usando.

    Agora, vocês também não se emendam, né? Pegar vaca nova sem ter capim no pasto, dá nisso! Mulher de 40 – saibam – está saindo faísca pelas ventas. Estão doidas pra trepar, já sabem sua posição peferida, como atingir orgasmo, ponto G, ter gêmeos, menino com olho azul. São profissa, mermão! Quando entram no play é pra jogar.

    Aí o cabrinha fica brincando de encher o “boneco”. Não acompanha.
    Pra ti, que é cardíaco, só vejo uma solução: compra uma rola de “prástico”- as de motorzinho são as melhores (prazer em 4G) – e leva pro cambate, guerreiro. Quem sabe, teu pau vendo outro tinindo e ainda fazendo barulho não se anime.

    Aviso: não vale ficar com inveja e enfiar o pau no rabo.

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    Aroldo Pinheiro

    Visita inesperada

    Boa Vista, anos 1960, ruas empoeiradas, sem asfalto, sem calçadas. Num dia de ponto facultativo, depois de tomar preguiçoso café da manhã, Petrônio Mota recostou-se no muro de sua residência, na esquina da rua Coronel Mota com avenida Benjamin Constant, acendeu um cigarro e abandonou-se em pensamentos olhando para o movimento da cidade sem movimento.

    Na avenida, lá perto do grupo Escolar Oswaldo Cruz, debaixo de guarda chuva, usando sombras dos pés de “dona téri” para proteger-se do sol escaldante, surge figura conhecida.

    Depois de cruzar a rua Barão do Rio Branco, Davi Cruz, em indefectíveis calça e camisa de linho branco, atravessa a avenida para aproveitar a sombra de frondoso fícus italiano da frente da residência de Áureo Cruz. Com a visão cerceada pelas abas do chapéu e da sombrinha, o policial ouve a saudação:

    - Bom dia, Davi.

    A voz rouca, de garganta consumida pelos muitos pau-roncas fumados desde a infância, responde:

    - Bom dia, Petrônio. Tudo bem?

    - É. Vendo o tempo passar. Aonde você vai com tanta pressa?

    - Vou aqui na casa do Santiago, tenho assunto urgente pra tratar com ele e com Maria Mota.

    - Entra prum cafezinho, homem? - Tá bom. Já que você insiste, vou parar pra fumar um cigarro e prosar um pouquinho.

    Entraram, sentaram-se à longa mesa da varanda e, entre uma e outra xícaras de café e muitos cigarros, se abandonaram em conversa. Quase monólogo, pois seu Davi dominava a prosa. Falou de caçadas, de pescarias, de doenças, de saudades, de vidas e de mortes.

    Convidado para almoçar, Davi diz que “vai fazer só uma boquinha” e se farta com a rabada preparada por dona Dorzinha. Rabada com arroz e farinha d’água, grossa como piçarra, comida de macho, como o caboco.

    Antes do suculento doce de caju, Davi lembra: “Rapá, eu tenho que falar com Santiago”.

    Água fresca do pote, mais café, mais conversa. Davi falou sobre a filha que morava no Rio de Janeiro, sobre o arrependimento que sentia por ter comprado um jipe velho, Candango, que só vivia no prego, sobre a seca que não dava chance de o gado engordar, sobre a alta constante do custo de vida.

    E chegou a noite.

    Por cima da cerca de pau-rainha, Davi olha para a residência de Santiago, do outro lado da rua, volta-se para Petrônio e diz:

    - Minha Nossa Senhora, o tempo passou e Santiago tá de saída com a Maria.

    Ansioso para que a visita vá-se embora, Petrônio não faz comentário. Davi acrescenta:

    - Tá bom, eu volto amanhã. Se você estiver por aqui, eu dou uma paradinha pra botar assuntos em dia...

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    Tia Lyka

    Dar o furico vicia

    Olá, gente bonita!

    Vocês nem notaram meu cabelinho encarnado, né? Pintei pra despistar umas quengas que andam querendo levar fama com meu nome. Qualquer hora, arranco essa verruga. Homens reclamam de cócegas na bunda.
    Vamos falar de cu alheio?

    Vejam o que a servidora pública (federal) Jocicléia Matias C. Picanço, 35 anos, quer saber:

    Tia Lyka,
    Há tempos, estou para lhe perguntar: dar o cu vicia?

    Querida Jô Picanço,

    Não sei. Experimenta: dá o teu e depois me conta.
    Falando dos vera: não só vicia como arranca as pregas se não der direito.

    O truque é ter sempre à mão um lubrificante à base de água. Cuspe é o mais barato. E eficaz. Antes da penetração, também é bom brincar de Chacrinha: “Roda, roda, roda a fita”. Lembra dos dedinhos das chacretes?

    Eu tenho uma miga que adora dar o fiofó. Último namorado terminou porque não agentava mais traçar furico. Todo dia, enjoa. Nhã!
    Roscofe, minha nega, é iguaria especial e só deve ser oferecido em ocasiões especiais: aniversário, Dia dos Namorados, Natal, Ano Novo. Tem mulher que se empolga tanto que se esquece que tem perereca.

    Além do que, “esses pessoal” que gostam de dar a rodela sabem bem o trabalho que dá pra deixar a área da fossa limpa. Duchinha, limão, dieta de suco verde, Luftal e por aí vai. Comer feijoada? Nem pensar. Se você souber usar bem o rabicó, não vai faltar roupa nova e geladeira cheia em casa. É só saber a hora certa de oferecer pro boy magia. E se o gato estiver ciscando em terreiro alheio é só ameaçar que vai tirar a bundinha da cesta básica. Ele enlouquece.

    Agora, se você está com medo de ficar viciada, me passa o endereço do bofe que eu empresto o meu de vez em quando.

    Ui!

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    Aroldo Pinheiro

    O corte

    Ele se diz italiano, mas nunca mostrou documento que o comprove. Diz também que morou em Londres, mas até hoje não apresentou registro de sua passagem pela terra de Winston Churchill. Independentemente disso, o cara é gente boa.

    Descontrolado com números e orçamento, ele está sempre no vermelho. Por misturar salário com bicos, nunca sabe quanto ganha. Nem quanto gasta.

    Divorciado, assumiu mais uma despesa mensal: pensão alimentícia. Sabendo que falha nesse tipo de pagamentos é uma das poucas coisas que dá cadeia, ele prioriza depósitos nas contas da ex e da filha.

    A coisa pegou. Muita farra, muita muiezada, contas começaram a se acumular. Em determinado momento, ele passou a sortear quem seriam os felizardos a receber atrasados.

    Imposto Predial foi o primeiro compromisso a ser botado no escaninho de “pago se um dia puder”. Em seguida, o consórcio. Conta de telefone residencial também entrou no rol. Seguida por telefone celular.

    Os ímãs da porta da geladeira já quase não suportavam o peso de tantos boletos quando ele decidiu atrasar contas de água e de luz.

    Perdido, ele passou a se preocupar com o dia em que sua energia elétrica seria cortada, pois,na porta do refrigerador, três papelotes da Eletrobras e amontoavam à espera de pagamento.

    Certa noite, ao apelar para a caderneta da pequena mercearia da vizinhança, conseguiu três latas de sardinhas, um quilo de farinha, seis ovos, meia dúzia de limões e o aviso: “Daqui pra frente, só com dinheiro, viu?”.

    Em casa, ele destampou a meiota de caninha Pitu e embriagou-se pensando na vida.

    Calor. Calor infernal. Ele acordou e viu que o condicionador de ar estava desligado. Acionou o interruptor de luz. Nada. Correu à geladeira em busca de água para tirar o gosto de cabo de guarda chuva que lhe vinha à boca e viu que o branco vazio dera lugar a uma penumbra sobre as poucas garrafas de H₂O que descansavam, suarentas, nas grades enferrujadas. Pensou: “Cortaram minha luz”.

    Lá fora, um barulho ensurdecedor, diferente. Ao abrir a janela cuidadosamente, deu com fios elétricos espalhados na rua e um caminhão Munck retirando o poste de frente de sua casa.

    Assustou-se. Conseguiu pensar: “Esse povo não tem consideração: com três meses de atraso, eles agora levam até o poste”.

    Com calma, deu-se conta de que, em operação preventiva, os funcionários da companhia energética faziam manutenção de rede e colocavam postes de concreto no lugar de similares de madeira.

    Aliviado, ligou para a ex-mulher, pediu-lhe dinheiro emprestado, pagou duas das contas de luz em atraso e voltou a tocar a vida como vinha tocando.

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    Aroldo Pinheiro

    Praga de mãe

    E ninguém queria mais a responsabilidade de ser governador do Lions Cube de Roraima. É que, para levar a coisa a sério, demanda tempo e muitos que abraçaram a missão ficaram momentaneamente sem condições de abraçar seus negócios.

    Erasmo se viu praticamente forçado a assumir o cargo, no Distrito L-1, composto pelos estados de Roraima, Amazonas, Rondônia e o Acre. Na época, diretores do Lions no Amazonas, muito influentes dentro da Zona Franca, tiveram facilidade arrecadar fundos entre empresários e promover a maior convenção leonística jamais ocorrida no Brasil.

    Iniciando-se no mundo dos negócios, o empresário de Roraima zerou saldo de conta bancária e rapou o fundo do tacho para, comparecer ao evento. Ali, decidir-se-ia quem iria a Hong Kong participar de convenção mundial da associação beneficente.

    Erasmo Sabino foi o indicado. Por um lado, Sabino festejava a chance de visitar o outro lado do Planeta. Antevia, também, a oportunidade de encontrar-se com seu irmão, Genivaldo, diplomata, que à época, servia na representação brasileira em Pequim. O problema seria dinheiro para bancar despesas pessoais na grande viagem. O potiguar usou a máxima “já que tá gostoso deixa”.

    No encerramento da convenção amazonense, muitos dos presentes teriam que fazer pronunciamentos. Erasmo, que até então só tinha discursado para alunos em sala de aula, apesar de ter rabiscado roteiro para improviso de sua fala, estava nervoso. Ficou ainda mais nervoso quando viu pessoas do naipe de Gilberto Mestrinho e Arthur Virgílio Neto sentados à mesa dos trabalhos.

    Apesar de alguns copos de cerveja, os belos discursos deixavam Erasmo com medo de fazer feio. “Como fazer bonito depois de um Mestrinho ou um Arthur Virgílio?”, pensava. Sabino até cogitou abandonar o recinto sem dizer nada. “Filho de Chico Fumeiro não foge da raia”, ponderou.
    Eis que o nome de Erasmo Sabino de Oliveira foi anunciado. Ao púlpito, como disfarce para seu nervosismo, o empresário ajustou o microfone e, sem abrir o roteiro que trazia no bolso do paletó,depois de saudar os presentes, desabafou:

    - É praga de mãe... A plateia não entendeu nada. Erasmo deu sequência: “Nunca em minha vida, eu pensei em fazer viagem internacional. Hoje, lembrei-me de minha mãe que, quando se via atentada, gritava a qualquer um de seus filhos: “Menino, vai pra China”. Meu irmão, Genivaldo, é diplomata e, hoje, mora em Pequim. Eu, dentro de poucos dias, estarei em Hong Kong. Se as coisas continuarem nesse embalo, logo, logo, todos os filhos de Chico Fumeiro, meu pai, terão ido ao outro lado do mundo pra cumprir a praga que dona Severina, minha mãe, rogou.

    Risos. Aplausos. Bem à vontade, Erasmo sentiu-se tranquilo e encerrou seu discurso. Até Mestrinho e Arthur Virgílio o aplaudiram de pé. No seu jeito simples de ser, Erasmo chorou.

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    Jaider Esbell

    Antes do céu cair

    Parentes, eu vou sair. Vou sair nu e eles vão perguntar por vocês, vão querer saber sobre vocês. Vou dizer: perguntem a eles, eles estão lá no norte da Amazônia, esparramados no pé do monte Roraima. Eles estão todos lá, são sobreviventes. Se, felizes ou tristes, perguntem a eles. Se satisfeitos ou decepcionados, perguntem.

    Olha eles aqui ó, na arte, vê na geografia? Podem estar sadios e mortos. Vamos, acessem a internet, escrevam no Google – GARIMPO MATA A AMAZÔNIA. Eu poderia te enrolar, desconversar, te contar mitos, fazer desenhos coloridos. Poderia falar de qualquer coisa, mas eu não vejo TV, não discuto politicagem, nem gosto de futebol. Eu só insinuarei: Talvez eles sejam como vocês. Tipo assim ó: Os açougueiros não se entendem porque têm facas. Os ignorantes têm insultos. Os amores têm seus ciúmes. Os deuses querem melhor aos seus e por aí em diante.

    Talvez falte diálogo, entendimento, trabalho, compreensão, compromisso. Mas, o que aparece mesmo é a felicidade: essa se sobressai. O povo tem uma tendência à felicidade. É a desgraça que torna aquilo mais vida? Essas coisas boas de ver, de fazer, sentir. O índio tem flechas, mas não floresta. Conhecimento. Vamos encher o nosso livro de prazer e dor e dar para a ciência. Vamos estar nas estantes virtuais, encaixotados como mercadoria sem venda. Vamos ser bibliografia, papel pros brancos e nossos filhos cheirarem.

    Tudo parecia bem mas, os bens de uns são as ruínas dos outros. Os minutos passam e é a própria eternidade. Ninguém vê ou sente a agonia banalizada. Nessa primeira abordagem já está claro? Claro, não vou contar o segredo de ninguém. Minha mãe nunca me disse: não fale com estranhos. Ela sabia. Todos somos estanhos. Então seria melhor não dizer nada, pois sabia. Logo eu saberia.

    Hoje, estou aqui e vou te dizer: gosto mesmo dos estranhos. Eles são nossos reflexos e você sabe, reflexos encantam, e haja vida para buscá-los. Direi eles estão lá, e eles virão pra ver se eu sou eu mesmo ou só um mentiroso a mais no parlamento. O despertador tocou. Trocamos nossa cultura, não levantamos mais na lua.

    -          Senhor Jaider Esbell – O seu embarque é o próximo!

    -          Eu: muito obrigado! Vamos parentes!

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    Ulisses Moroni

    Boas notícias também existem

    São tantas as notícias negativas divulgadas na imprensa, que parece que tudo é ruim.

    As coisas boas da vida parecem não existir, ou então não viram notícias.

    Porém, estão no "mundo bom" que está a nosso redor, basta observarmos.

    Dia destes, andando pela rua fiquei positivamente emocionado.
    Frequentemente vou a um local aqui em Boa Vista, onde moro.
    Estaciono meu carro e sigo a pé por alguns metros.
    Neste dia que do fato aqui relatado foi assim. 
    Manhã de sol e céu azul, dia quente, um clima de felicidade! 
    Na minha curta caminhada entre o local onde estaciono meu carro e o destino final, passo defronte a umas casas, com as janelas abertas diretamente para a rua. 
    Além de abertas para a rua, são baixas e sem cortinas ou obstáculos. 
    Então, para não ver dentro do imóvel, necessário desviar o olhar. 
    Meu telefone celular toca, atendo e pedem para eu esperar enquanto a linha é transferida. 
    Já me condicionei a não andar falando ao celular, nem de carro nem a pé. Questão de segurança. Fico parado bem de frente a uma daquelas janelas, que estava aberta. 
    O sol me empurra para mais perto, onde havia sombra.
    Involuntariamente, presto atenção no que ocorria no interior da casa. 
    No local havia algumas crianças e adolescentes, umas quatro pessoas. Diria que talvez com idades entre uns 10 a 14 anos, não pude ver bem. Faziam tarefa escolar.
    Uniformes escolares, roupas brancas. Escola pública.
    Discutiam em voz alta, bem concentrados, sobre matemática. 
    Foi possível ouvir bem que o assunto tratava sobre ‘fórmulas e números’. 
    Um dizia que era assim que se resolvia a questão, outro dizia que era de outro jeito. Enfim, interação para aprenderem. Trabalho em equipe visando aprendizado escolar. Abriram livros, mostravam uns para outros. 
    Meu coração começou a ficar apertado.
    Não sei se pela saudade desta época escolar em minha vida. 
    Ou então pela beleza da cena que eu testemunhava.
    Em minha frente estava o “mundo bom”! 
    Para mim foi uma dose forte de entusiasmo na vida, acho que ganhei meu dia. 
    Aquelas crianças e adolescentes estudando sério, talvez para as aulas da tarde. 
    Não vemos publicadas notícias boas assim nos jornais.
    O ruim, o “mundo mau” tem mais divulgação.
    Coisas simples, de um bom e saudável cotidiano. 
    Dá para ver que o mundo vai bem, obrigado. 
    Saí dali entusiasmado em fazer minha parte corretamente.
    Para deixar este mundo melhor.
    Boa, simples e muito feliz cena cotidiana!

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    Tia Lyka

    Pau pequeno em buraco grande

    Olá, pessoal!

    Doidinha de vontade pra falar sacanagem gostosa, aí me vem um leitor me pedir receita pra pau pequeno, pode?

    Pau pequeno, pra mim, é que nem churrasquinho de dois reais. Você come, come e não enche o bucho. Mas deixa pra lá, tia Lyka também é inclusão social, vamos ajudar o deficiente.

    Olha a situação do rapaz:

    Tia Lyka,

    Tenho pau pequeno, 11 centímetros. Arrumei uma paquera no pagode e, no rala e rola, ao passar a mão na peladinha dela, tomei um susto. Pensei que ela tinha escondido o Fofão debaixo das pernas.

    Se a demônia demorasse a nascer mais um pouquinho, ia ser que nem armário de pobre: só barata. Fiquei até com medo de ir adiante e não dar conta com pau desse tamanho. O que faço?

    José Raimundo Rodrigues M. de Jesus, cearense, açougueiro, 38 anos.

    Querido JotaErre,

    Até eu fiquei com medo dessa buceta!

    Fofinho, vou ser sincera: não dá pra fazer muita coisa com um pau pequeno desse. Mas não se desanime, auto estima é tudo. Às vezes, esses bucetões só tem cara de bicho papão. Quando você começa a tirar as dobras, sobra só um buraquinho.

    O que vai fazer você pôr medo nela é entrar guloso. Primeira coisa: cair de boca. Deixa os grandes lábios e seus irmãos siameses tomarem conta dessa cara de tigela. Importante é deixar sua parceira bem assanhadinha para receber seu toquinho de amarrar osga.

    Mas não deixe, de forma alguma, ela pegar no seu “tiquin” pra pôr “padentro”. Capaz de brochar na hora. Segure-o com as duas mãos e sinta-se o Alexande Frota no filme “As Brasileirinhas”, ponha-a de quatro (essa posição faz seu pau crescer uns dois centímetros) e solte o mantra do pau pequeno:

    - Mô, te aguenta que vou meter com tuuuudo!

    Ui!

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    Tia Lyka

    Dica pra emprestar o redondo

    Olá, pessoal!

    Animadinhos para mais uma dica de Tia Lyka? Tirem os meninos da sala, pois vamos falar de cu alheio.

    E quem traz o assunto à tona, é a professora Talita C. e A. Braga, 23 anos:

    Tia Lyka,
    Admiro muito tua sinceridade e sabedoria, além de escreveres melhor do que muitos jornalistas por aí. Seguinte: uma amiga me disse que sexo anal é só uma questão de costume, que com o tempo fica gostoso. A senhora acha que devo seguir com o conselho? Já tentei 6 vezes e foi horrível, mesmo estando toda limpa e cheirosa, usando lubrificante. Me ajude!

    Querida, Talita CeA

    Cuidado com esse sobrenome, Ana Paula Valadão vai te dar uma surra de harpa. Tá repreendido!

    Seguinte: você sabe que eu sou muito sincera, não gosto de mentir.

    Então, não vou te esconder a verdade. Dói, querida! É a mesma sensação de estar cagando pra dentro. Parece que teus olhos vão sair da caixa.

    Mas, hoje em dia, está bem melhor do que no meu tempo, quando a única opção era passar cuspe. Agora, tem lubrificante à base d´água, tem até anestesia, pode?! Mas fique atenta: as pomadas anestésicas não são indicadas pelos médicos porque tiram a sensibilidade do ânus e, com a penetração, pode romper pregas.

    Depois, quando sentir do fechamento será tarde. Não sabem a falta que elas fazem quando se está diante de um engarrafamento na Bola do Centro Cívico. Vontade de correr pro Palácio dos Campos e dar uma cagada ligeira.

    Eu suo frio só de pensar. Então, vamos às alternativas mais simples?
    Peça ao parceiro pra começar com o dedo - o mindinho, se você tiver o cu infantil. Encorajada com o dedo do boy magia, é hora de trocá-lo pela marreta de fogo. A melhor posição para iniciante é de “ladinho”.

    A vontade é de correr pro banheiro pensando que vai cagar um cupuaçu.

    Relaxa, o pior está por vir! Nunca ouviu dizer que “pica não tem ombro”?

    Ui!

     

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    Aroldo Pinheiro

    Ordem Judicial

    Virou bagunça. Falta de vergonha impera nesse país. Do rádio ou da televisão, a qualquer minuto, de qualquer emissora, só se ouve falar em delações, mandados, depoimentos, prisões. Termos jurídicos se tornaram tão comuns que, noutro dia, ao dizer para o irmão que a mãe o estava chamando, a filha de minha vizinha ameaçou: “Se tu não for logo, ele vai te coercitivar”.

    A honestidade foi pras cucuias. Tenho saudade de pessoas como Waldir Abdala, Petrônio [Mota] Oliveira, Eurides do Carmo Macellaro Barreto e José Figueiredo Filho, homens que sempre trabalharam em setores financeiros do então Território Federal e viveram exclusivamente de seus salários.

    Pela administração do Território e do Estado passaram outros honestos, mas, pra mim, os quatro citados são suficientes para exemplificar verdadeiras mãos limpas.

    José Figueiredo Filho morreu há poucos dias. Com ele, eu gostava de prosear. Algumas vezes, poucas, invadi o quintal de “seu” Figueiredo só para um cafezinho e ouvir histórias interessantes da pequena e antiga Boa Vista.

    José Figueiredo chegou aqui no início dos anos 1960. Ocupou cargos de confiança em muitos governos. Isso num tempo em que, para ocupar cargo de confiança, a pessoa tinha que ser confiável mesmo.

    Figueiredo, entre outros cargos importantes, foi presidente da Companhia de Águas e Esgotos de Roraima. Ele me contou que recebeu a companhia com muitas dívidas, principalmente com o INPS (hoje INSS).

    Desde sua criação, administradores da empresa estatal nunca tinham se preocupado com repassasses de valores cobrados de seus funcionários para o Instituto de Previdência. A dívida estava impagável. O governo do Território contava com uma anistia que não vinha.

    Sem caixa, o Instituto Nacional de Previdência Social fazia campanha para receber tudo que lhe era devido em todas as unidades da Federação. A ordem era “se não fizer acordo, cobrar judicialmente”.

    E eis que, certo dia, José Figueiredo Filho recebeu a visita de Otoniel Ferreira de Souza. O oficial de Justiça explicou ao presidente da Caer que estava ali para fazer acordo sobre as dívidas com o INPS. O manda chuva da estatal respondeu-lhe que a arrecadação mal dava para pagar funcionários, que as repartições públicas não quitavam seus débitos e que, assim sendo, não havia condições sequer de propor um acordo. Otoniel foi taxativo:

    - Seu Figueiredo, então nós vamos ter que penhorar alguns bens da Caer.

    O presidente sorriu, olhou seriamente nos olhos do oficial de Justiça e capitulou:

    - Otoniel, o terreno em que fica a administração da empresa pertence à União, os veículos que utilizamos pertencem ao governo do Território; a única coisa que pertence de fato à Caer é essa caixa d’água enorme que acabou de ser inaugurada. Pode empenhá-la.

    Ao ouvir aquilo, desanimado, o oficial de Justiça deixou o gabinete do presidente e, depois de conversar com o juiz de direito, nunca mais voltou para cobrar a Companhia de Águas e Esgotos de Roraima.

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    Jaider Esbell

    Me bata, mas bata nocaute ou...

    Pra ir me conhecendo por mim mesmo, se gostar me recomenda, por favor e obrigado!

    Bom mesmo é ser estranho, mutante e ouvir de sua mãe que você é doido e mau.

    Já fui de um tudo onde deu pra ir nessa vida miserável. Pedreiro, bom neto, lenhador, pescador, professor. Vaqueiro, vagabundo, igrejeiro, atleta, coroinha. Flechador, fazedor de tijolo, de farinha e assustei os outros na noite breu.

    Fui vendedor, capinador, ciscador. Já fui vigia, já tive vontade de fugir de casa. Já fui encrenqueiro, vítima, trapaceiro, nunca traí ou fui X9.

    Apanhei de palmatória, peguei irmão pra levar surra, levei surra em casa, na rua, fui o rei da figurinha. Repeti de ano na escola, ganhei medalha, trabalhei sem receber.

    Já fui andarilho, estudante, eletricista, sonhador, canoeiro. Já fui guia, estive perdido, arranquei pedra na serra, perturbei as filhas alheias, os filhos, fiz o escambau.

    Já fui poeta, toquei fogo no campo, fumei, peidei silenciosamente, soltei o jabuti e fui pra roça.

    Já corri de bicicleta, a pé, de cavalo, andei em cabos de alta voltagem, pulei de 100 metros n'água.
    Já fui a Paris só dizer, oi.

    Já fui leitor, contador de estórias, já lacei boi, montei cavalo brabo, fiz saliência, danação, já fui feliz, desci boiando o rio, brinquei de guerra feri uns corações.

    Bom mesmo é ser estranho, azedo, feio e fedorento. Sábio, lezo, sonso, mas nunca traí a honra e tenho horror à pobreza de espírito e desonestidade.

    Nunca tive castidade, nunca aceitei minha idade, portanto não tenho cidade nem comunidade.

    Já corri com medo da vaca, subi em pé de caimbé e de lá vi o horizonte e no auge da sanoloucura Deus me disse: “Não tem jeito, esse é você e não te falo mais nada. Procure um espelho e se multiplique. Vai, infeliz, que você não é nada disso. Você é um artista, e só”.

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    Ulisses Moroni

    Onde há vida há esperança (cada pessoa, uma lição)

    No meu trabalho, conheci um senhor que sofreu acidente grave. Ao mergulhar em um rio, ele bateu a cabeça e fraturou a coluna e, como consequência, está tetraplégico. Está, em linhas gerais, sem movimentos nos braços e pernas. O cérebro não consegue mandar seus comandos, devido à lesão na coluna cervical.

    Eu iria falar que ele FICOU tetraplégico. Mas, depois da conversa que tive com ele, vou dizer que ele ESTÁ tetraplégico.
    O acidente ocorrera há uns vinte anos.

    Com uns cinquenta anos, ele estava acompanhado dos filhos, que o ajudavam.

    Falei bastante com ele, possibilitado pelo momento.
    Iniciou-se naquela conversa, ali, uma aula de vida para mim.
    Contou-me que, em verdade, sofria de tetraplegia em menor grau. E explicou os diversos tipos desta situação.

    Até aquele momento, eu achava que todas as situações de tetraplegia eram iguais. Depois da conversa, vi que existem classificações.
    Falou da ida ao Hospital Sarah Kubistchek, em Brasília, referência mundial nesse tipo de tratamentos.

    Lá chegando, os pacientes são encaminhados para uma determinada ala, onde estão internadas pessoas com lesões mais graves que a daquele que chega.

    Ou seja, o acidentado, agora paciente do hospital, verá pessoas que estão em situação de saúde pior que a dele.

    E, no caso específico de meu personagem, realmente havia pessoas em situação pior, com mais limitações ou lesões.

    Saber, e ver, que sempre tem alguém que pode estar em situação mais desfavorável que a nossa é, talvez, o primeiro tratamento que aquele hospital oferece. Remédio gratuito contra a tristeza e a insatisfação.
    Lá, nosso tetraplégico recebeu orientações sobre novas atividades, como postura, higiene, comunicação, dentre outras situações.

    Seguindo na conversa, falou-me sobre as pesquisas com células-tronco. E como estas poderão recuperar órgãos danificados de muitas pessoas como ele.

    Explicou que no Brasil as pesquisas seguem determinada linha de pesquisa, enquanto outros países seguem outra.
    O brilho nos olhos dele era forte, quando falava sobre as pesquisas com células tronco.

    A esperança é um combustível para a vida. Seus olhos mostravam isso.
    Diálogo finalizado, tive a experiência de me sentir melhor e maior.
    Saí de lá aprimorado como pessoa.

    Aprender sempre, a todo tempo com qualquer pessoa.

    Todos sempre têm algo a nos ensinar. Exercitemos a humildade.

    Acreditar sempre que nossa vida, e o mundo, podem e irão melhorar.
    Esperança, um combustível da vida!

    Gratuito e a ao alcance de todos.

    A qualquer tempo, em qualquer lugar.

     

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    Tia Lyka

    As preferidas dos machos

    Oi, gentêê!!

    Tô gostando da interação de vocês aqui na coluna. Quando não me xingam pro Barão, querem comer meu rabo ensopado. Ora, saibam as senhoras (só mulher que me esculhamba; será por que, hein?) que daqui, não saio.
    Pra mostrar que sou boazinha, trago assunto que interessa a todas, suas horrorosas.Que o diga Maricélia Gutierrez C. Maranhão, 36 anos.

    Tia Lyka,
    Comecei um namoro e estou querendo aprender posições novas. Como sou muito tímida e tenho pouca experiência, preciso de sua ajuda: quais posições mais agradam os homens?

    Querida Maricélia,

    Dúvida: esse teu sobrenome não tem nada a ver com o deputado da anulação, né?

    Gosto de novinhas que adoram trepar, mas não entendem do riscado. São mais obedientes.

    Claro que há muitas dicas para deixar homem enfeitiçado. É muito fácil: basta não sonegar periquita. Se tem uma coisa que deixa os homens estressados e com o pau doendo é mulher que marca dia e hora pra trepar.

    Conhecer posições que eles preferem também ajuda bastante. Aqui estão quatro delas que vão deixar teu boy “doidin doidin” pela tua pepeca. 1. Por cima – Eles adoram ver você cavalgar. Mesmo que não goze, dá uns gemidos que o pau dele cresce uns dois centímetros;

    2. Por cima e de costas – Essa é pra glorificar igreja. A visão da bunda da parceira e o domínio nos movimentos dão ao homem um prazer inenarrável. Melhor do que quibe de arroz;

    3. De quatro – Eles gostam mais do que clássico com Vasco e Flamengo. Além da visão extraordinária da bunda da mulher, homens vibram quando se sentem dominadores. Pra animar, inclina bem a coluna e deixa o bumbum mais empinadinho;

    4. 69 – Nessa, eu sempre me engasgo com os ovos. Os homens adoram porque podem chupar e serem chupados simultaneamente. Lava bem o rabo quando for fazer.

    Se você praticar essas posições, saiba que seu namorado não vai querer outra coisa. A não ser que alguém o convide para comer uma tartaruga. Tem gente que só sai de buceta pra comer quelônio.

    Ui!
    Jornal Roraima Agora

     

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    Aroldo Pinheiro

    Acho que um tal de Alzheimer tá me devendo

    Boa parte dos que ultrapassam a barreira dos 60, como eu, têm medo de ouvir falar no alemão: Alzheimer. No mundo, mais de 35 milhões de pessoas sofrem com a doença; só no Brasil, há mais de um milhão e duzentas mil vítimas desse mal. Seu Zé faz parte dessa estatística. 

    Português, trabalhador, seu Zé chegou ao Brasil quando tinha 19 anos.

     

    Carpinteiro, começou trabalhando nas obras que se erguiam junto ao sonho de construir Brasília. Em 1959. Juntando dinheiro, montou marcenaria, que evoluiu para loja de móveis, que evoluiu para rede de revenda de eletrodomésticos, e, paralelamente, uma imobiliária. Ficou rico. Milionário.

     

    Homem bom, quando procurado, seu Zé ajudava amigos e parentes. Dinheiro ele não dava: emprestava. Fazia pequenos empréstimos com juros bem abaixo daqueles praticados por bancos. Ao emprestar algum trocado, exigia de volta conforme o combinado. Sem dispensa de juros. “Se não for assim, os vagabundos se acomodam”, dizia seu Zé, com forte sotaque lusitano.

     

    O português começou a variar. Passou a confundir situações, esquecer fim de histórias que começara a contar, fazia confusão até com os nomes dos oito filhos. Levado a médico, a família ouviu o que tinha medo de ouvir: mal de Alzheimer.

     

    Toda família tem uma ovelha negra. Joaquim era o problema na casa de seu Zé. Vagabundo, farrista, bon vivant, nunca soube o que é trabalho. Aproveitava-se do fato de ser o filho preferido e, contrariando princípios do portuga, conseguia e renovava empréstimos feitos pelo velho com a promessa de um dia pagar. Com juros, claro. 

     

    Seu Zé abria a carteira para Joaquim e anotava a nova operação com esperança de que um dia, quem sabe, o filho tomasse tenência, desse rumo à vida e pagasse o que lhe era devido.

    Manoel, filho mais velho do português, advogado bem sucedido no Rio de Janeiro, ligou para saber notícias do pai. Telefonema atendido por Joaquinzinho:

    - Tudo bem por aí?

    - Tudo beleza, mano.

    - E papai, como está?

    - Muito bem. Saudável, come com vontade. Fisicamente, muito bem mesmo. Psicologicamente, na fase ideal pra se pedir dinheiro emprestado: ele empresta e se esquece quanto e pra quem emprestou... 

     

     

    Acho que um tal de Alzheimer tá me devendo

    Boa parte dos que ultrapassam a barreira dos 60, como eu, têm medo de ouvir falar no alemão: Alzheimer. No mundo, mais de 35 milhões de pessoas sofrem com a doença; só no Brasil, há mais de um milhão e duzentas mil vítimas desse mal. Seu Zé faz parte dessa estatística.

    Português, trabalhador, seu Zé chegou ao Brasil quando tinha 19 anos. Carpinteiro, começou trabalhando nas obras que se erguiam junto ao sonho de construir Brasília. Em 1959. Juntando dinheiro, montou marcenaria, que evoluiu para loja de móveis, que evoluiu para rede de revenda de eletrodomésticos, e, paralelamente, uma imobiliária. Ficou rico. Milionário.

    Homem bom, quando procurado, seu Zé ajudava amigos e parentes. Dinheiro ele não dava: emprestava. Fazia pequenos empréstimos com juros bem abaixo daqueles praticados por bancos. Ao emprestar algum trocado, exigia de volta conforme o combinado. Sem dispensa de juros. “Se não for assim, os vagabundos se acomodam”, dizia seu Zé, com forte sotaque lusitano.

    O português começou a variar. Passou a confundir situações, esquecer fim de histórias que começara a contar, fazia confusão até com os nomes dos oito filhos. Levado a médico, a família ouviu o que tinha medo de ouvir: mal de Alzheimer.

    Toda família tem uma ovelha negra. Joaquim era o problema na casa de seu Zé. Vagabundo, farrista, bon vivant, nunca soube o que é trabalho. Aproveitava-se do fato de ser o filho preferido e, contrariando princípios do portuga, conseguia e renovava empréstimos feitos pelo velho com a promessa de um dia pagar. Com juros, claro.

    Seu Zé abria a carteira para Joaquim e anotava a nova operação com esperança de que um dia, quem sabe, o filho tomasse tenência, desse rumo à vida e pagasse o que lhe era devido.

    Manoel, filho mais velho do português, advogado bem sucedido no Rio de Janeiro, ligou para saber notícias do pai. Telefonema atendido por Joaquinzinho:

    - Tudo bem por aí?

    - Tudo beleza, mano.

    - E papai, como está?

    - Muito bem. Saudável, come com vontade. Fisicamente, muito bem mesmo. Psicologicamente, na fase ideal pra se pedir dinheiro emprestado: ele empresta e se esquece quanto e pra quem emprestou...

     

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    Tia Lyka

    Sexo depois dos 80

    Olá, queridos!

    Muita gente sofre só de pensar em chegar à terceira idade. A maioria acredita que, ter 60 anos ou mais é deixar de trepar, cagar e limpar o cu sozinho. As mulheres sofrem com medo de cair tudo, até o pinguelo.

    Nada disso, gente! Olha a Suzana Vieira, aos73 anos, pegando novinho direto na balada. E o Stênio Garcia, com 83, fazendo nudes com a mulher. Leiam, abaixo, o depoimento da Alexianne Medeiros S. Araújo, 31 anos:

    Tia Lyka

    Meu namorado tem 81 anos e, pasmem, ainda dá no couro. Com ele, senti meu primeiro orgasmo, tem experiência e sabe tocar no ponto certo. Minha preocupação é que pra ele ficar de pimba dura só tomando a “azulzinha”.

    Ele é cardíaco, tenho medo que a qualquer hora, morra em cima de mim.

    Me ajude!

    Querida, Alexianne (onde tua mãe achou esse nome, criatura?)

    Se for pra morrer, que seja em cima de você, né, fia?!

    Agora, cá pra nós: meio século separam vocês, hein? Você vai matar esse velho de qualquer jeito, minha filha. Manera. Eu sei que gozar é bom, mas ficar viúva antes dos 40 dá azar. A não ser que o velho tenha posses.

    Olha só: juro que passei dois dias estudando seu caso. Encontrar outra saída que não seja a “azulzinha” tá mais difícil que achar o esconderijo do Neudo. Mas a mamãe aqui sempre dá um jeito.

    Pensando bem, velhos têm preguiça de fuder. Quando encontram uma menina nova, eles se assanham, num instante, estufam o peito, parecem galo de briga, é por isso, que querem estar com a rola tinindo.

    Uma saída pra não sacrificar a rola velha é usar as habiidades das mãozinhas engelhadas para uma massagem tântrica? Não sabe o que é? Caça no Google. Põe o octagenário pra massagear essa perereca até ela implodir de tanto prazer.

    Vai sentir vontade de dar uma metida, claro! Quando isso acontecer, tenha em casa uma piroca de borracha, daquelas que amarram na cintura – nesses motéis é só o que tem. Amarra na cintura do velho e grita: seguuura peão.

    Não se esquece de escondê-la no cofre, após o uso. Velho é bicho astucioso.

    Fui! 

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    Aroldo Pinheiro

    O bem e o mal

    Sexta-feira. Dia de rabada no Restaurante da Família. Cheguei cedo. Apreciadores desse prato, preparado por dona Míriam, sabem que quem chega depois das 12h30 dança. Me deliciando com a carne suculenta, não pude deixar de ouvir conversa que vinha de mesa ao lado.

    Os rapazes têm pouco mais de 30 anos de idade. Conheço os dois desde pequeninhos. Doutor Balada - apelido que lhe foi dado pelos colegas de medicina - e Bip-bip - denominação que recebeu depois que trocou noites de farra por longas e cansativas corridas matinais – falavam sobre a nova vida e lembravam um pouco das farras loucas que fizeram até pouco tempo atrás.

    Pagodes e pegadas faziam parte dos relatos. Tudo mais ou menos na base do “lembra daquela noite?”. Essas lembranças não eram alimentadas por saudosismo ou por infelicidade nos dias de hoje, eram simplesmente recordações da loucuras e dos muitos atos irresponsáveis que praticaram em passado recente. Hoje, Bip-bip e Doutor Balada sentem-se felizes com os rumos que deram a suas vidas.

    Quem ouvisse os nomes citados por eles pensaria que escalavam uma dessas gangues galerosas: Batata, Camarão, Come-quieto, Calhambeque, Cavaco, Sem-futuro, Amarrado, Três-pernas, Chumbrega, Passa-quatro, Chupeta, Negão.

    Quando citado o nome de Negão, histórias interessantes surgiram. Farras loucas, claro. Farras que duravam até quatro dias. Pra eles, Negão era a prova de resistência alcoólica. “Ele só parava depois que todo mundo estivesse morto”, comenta Bip-bip.

    - Encontrei-me com ele há poucos dias... – Diz o médico. – Diferente, trabalhando duro, casado, dedicado à família. Nem parece que era o rei da bandalha. E virou católico. Desses de ir à missa todo domingo.

    Bip-bip confirma a informação. E acrescenta: “Encontrei-me com ele num casamento. Ali na igreja Nossa Senhora da Consolata. Falou-me das mudanças na vida dele e me convidou pra frequentar o templo com ele.

    Riram. Bip-bip acrescentou:

    - Nada contra. Acho até legal que ele tenha encontrado o caminho do bem. Mas fugi do convite. E justifiquei: “Negão, como os católicos têm esse negócio de contar pecados prum padre, se eu me ajoelhar no confessionário, vou ter que passar o resto da minha vida dentro da igreja. Só confessando os pecados que cometi no tempo em que eu era errado”.

    Riram muito. Viram que eu prestava atenção à conversa e emudeceram. 

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    Tia Lyka

    Bulindo na rodela

    Olá, pessoas do bem!

    Eu sei que o tema já foi tratado aqui, mas, como as dúvidas persistem, vamos falar de novo no assunto, pois não quero meus leitores deixando de dar (e sentir) prazer por medo de uma linguada.

    Vamos direto ao ponto. Todo mundo gosta, mas a maioria evita falar no assunto, pricipalmente os homens que morrem de medo de virar viado só porque curtiram uma linguada no rabo. Não é bem assim. Eu adoro beijos na bundinha e você?

    Quem também parece gostar é o Osvaldo Paraíba da S. Santos, 57 anos, servidor público. Nessa idade, ele está com medo de queimar a rosca, pode? Espiem a dúvida do cearense:

    Tia Lyka

    Depois de viúvo virei festeiro. Em serestas, sou famoso entre as mulheres - modéstia à parte, sou um verdadeiro “pé de valsa”. Essa minha habilidade me ajuda na conquista da mulherada.

    Noutro dia, conheci uma quarentona que me virou do avesso. Boa de cama, ela fez de tudo comigo. Numa hora, senti a língua dela deslizar no meu fiofó. Gostei e quero repetir. Será que sou gay?

    Meu menino!

    Não precisa ter medo. Uma linguada assim, de surpresa, faz qualquer caboco endoidar. O danado é que isso vicia. Um cliente aqui da casa foi pego de surpresa como você e, hoje, chora se se a gente não der uma raspadinha no brioco dele.

    Você não tem porque se preocupar. Se você gostou e não sente tesão por homem, fique tranquilo que você não é gay. Importante é ter prazer. Seja lá como for.

    Fui!

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    Aroldo Pinheiro

    No cartão. Três vezes

    Ao longe, o azul do céu se misturava com o azul do mar. Mocinhas de corpos perfeitos passavam à sua frente. Quando ele se deliciava com a brisa que amenizava a quentura do sol, o despertador tocou.
    Que pena. Trabalhar.

    Levantou-se, meditou no vazo sanitário por alguns minutos, fez a barba, escovou os dentes, tomou banho pensando na beleza da praia que fizera parte de seu sonho minutos atrás. Teve vontade de voltar para a cama. Queria aqueles momentos de volta, mesmo sabendo que tinha sido um sonho.

    Trabalhar, cara!

    Cumprimentou o cachorro, abasteceu as tigelas com ração e água, verificou se tinha passado chave em todas as portas, checou cadeados. Pelas imagens no monitor, conferiu se todas as câmeras de segurança estavam funcionando, deu partida no carro, acionou o controle do portão elétrico e saiu de casa.

    No caminho, deparou-se com a pressa dos que iam em busca de seu ganha pão. Ele, como quase todos os outros, enfrentaria a rotina da segunda-feira.

    Chegou a seu estabelecimento – panificadora bem frequentada por quem quer matar a broca com delícias regionais e comidinha caseira. Depois de dar uma geral em funcionários, dar uma checada se tudo estava nos conformes na mesa com comidas, sentou-se no lugarzinho de sempre, e, por detrás do vidro que separa a caixa, preparou-se para somar valores em comandas e cobrar o que lhe era devido por clientes.

    Por volta das 8h30, quando o movimento é maior, chegou a vez de atender um rapazinho com cara de sono, barba por fazer, jeito de quem nunca botou um prego numa barra de sabão, mas com ares de quem é o dono do mundo. Típico filhinho de papai.

    Somados os valores, o homem do caixa anunciou: R$ 4,30.
    Preguiçosamente, o cliente puxou a carteira do bolso da bermuda e, dela, um cartão de plástico. Baixinho, preguiçosamente, determinou: “Crédito”.

    O empresário suou frio. Acinte. “Comprar R$ 4,30 e pagar com cartão de crédito?”, pensou. Duas outras pessoas se postavam na fila para pagar suas despesas, quando o rapazinho do cartão pediu: “Parcele em três vezes, por favor”.

    Indignado, quase espumando de raiva, Pimentel obedeceu. Digitou números, emitiu sua via, deu comprovante para o cliente e ironicamente “agradeceu a preferência”.

    Enquanto atendia o próximo da fila que se formava, Pimentel lembrou-se do sonho que tivera antes de sair de casa. Ao somar valores de nova comanda, questionou-se: “Será que o sorriso que aquela mocinha de olhos e biquíni azuis me enviou eram pura educação ou ela ‘tava dando mole’?”

    - Próximo!

     

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    Aroldo Pinheiro

    Quanto vale uma vida humana?

    Depois de fazer meu check in, saí do saguão para alimentar os pulmões com nicotina. Nisso, quase perco o voo. Corri contra o tempo, atropelei pessoas na esteira rolante, mas consegui chegar a meu avião.
    No dia 22 de março, fui o último a embarcar no voo JJ 4674 da TAM, Brasília a Boa Vista.

    Avião lotado. Em céu de brigadeiro, absorvido nas palavras cruzadas, gritos ecoaram de poltronas mais à frente: “Por favor, tem algum médico a bordo?” Depois de afastar curiosos, com dificuldade, o jovem voluntário chegou a uma idosa que passava mal.

    Estávamos voando há uns 40 minutos. O comandante anunciou: “Senhoras e senhores, pedimos que mantenham a calma. Uma passageira está com problema de saúde e teremos que aterrissar no aeroporto de Palmas para dar-lhe assistência apropriada”. A comissária prosseguiu com aquelas instruções para pouso e, depois de violenta pancada contra a pista, o avião taxiou.

    Enquanto paramédicos entraram na aeronave para retirar a idosa que precisava de socorro, pessoas cá do lado de dentro comentavam o ocorrido.

    Muitos reclamavam da atitude tomada pelo comandante do Airbus 320A. Alguns falavam em compromissos inadiáveis e prejuízos causados irrecuperáveis.

    Ao celular, um velho gordo, gritava para que todos ouvissem que ia processar a companhia, “pois, se não estivesse em Boa Vista às 14 horas, perderia mais de 500 mil reais”. Nem sei se ele falava com alguém ou se queria só aparecer para os outros passageiros.

    Um jovem com barba espessa e muitas tatuagens nos braços grossos, característicos de fisiculturistas, vomitava conhecimentos sobre procedimentos de voos: “Esse comandante foi muito irresponsável. Por causa de uma velha, ele colocou em risco a vida de 170 pessoas. Vocês sentiram o impacto na pista? Foi porque o avião estava muito pesado. Os tanques do combustível estavam muito cheios para que ele aterrissasse”.

    Não ouvi ninguém defender a atitude que o comandante Nascimento tomou. Ali, pensei: “Se fosse a mãe ou o filho de um desses reclamantes que precisasse de atendimento médico, será que eles condenariam a decisão que o responsável pela aeronave e seus passageiros tomou?”
    A atitude do comandante Nascimento causou prejuízos à empresa aérea. Quantos litros de combustível foram consumidos na aterrissagem e na decolagem? Qual o desgaste de pneus? Quanto a TAM teve que pagar pelo uso da pista e do aeroporto? No solo, quantas pessoas foram mobilizadas para retirar a idosa que passara mal e conduzi-la para assistência apropriada?

    Certamente alguns milhares de reais foram despendidos com a atitude do comandante Nascimento.

    Para os materialistas que se sentiram prejudicados com a decisão do comandante, uma pergunta: quanto vale uma vida humana?

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    Tia Lyka

    Priquito cheiroso

    Olá, queridíssimos!

    Vamos esquentar o dia falando sacanagem? É, porque quem acessa Tia Lyka achando que vai encontrar versículos da Bíblia tá muito enganado.

    Aqui o papo é mais embaixo. E por ser expert nessa área, eu trago pras meninas uma assunto que sempre fede, mas quase não falado em rodas de conversa. Isso mesmo! Quem nunca passou a mão no priquito e sentiu aquele cheirinho? Vejam o que Maria Olentina G. de Assis, 42 anos, quer saber.

    Tia Lyka

    Sempre tenho cuidado de andar limpinha. Lavo bem as partes íntimas, uso absorvente diário pra não ficar resquício de xixi na vagina, mas minha xereca está sempre com forte cheiro, a ponto de eu me incomodar na hora da transa. Tem algum remédio ou perfume que eu possa usar pra ficar com a perseguida cheirosa?

    Querida Olentina

    Não sou ginecoligista; logo, não posso receitar remédios. Quer que o CRM feche esse puteiro, sua doida?!
    Pra começar, pare de usar aborvente íntimo diário. A perereca tem que respirar, fofa! Ela não pode passar o dia num lugar escuro, abafado. Aí, que vai feder mais. E olha: homens não suportam buceta fedida.
    A boa higiene é fundamental pra uma trepada com vale tudo. Por isso, anota aí, ordinária:

    Compra um sabonete íntimo lá na Farmavita. Durante o banho, abre a bicha, deixa a água correr em cima, põe sabonete na mão e começa a lavar as dobrinhas do priquito. Junta os dois dedos (indicador e maior de todos) e começa a fazer movimentos de vai e vem nos pequenos lábios (não vai gozar, sua louca).

    É essa área que acumula aquele sebinho que dá o fedido na queca. Homem também tem sebinho, só que eles esfolam a cabeça da rola e fica mais fácil de limpar. Depois do banho, enxuga a perereca direitinho. Com ela bem cuidada, bota uma calcinha limpa e já pode sair despreocupada.
    Sabontes íntimos funcionam como Cepacol de perereca. Não pode deixar de usar nunca mais, entendeu? Seu parceiro vai adorar o novo cheirinho e vai cair de boca com gosto.

    Agora, se continuar fedendo, corre pro ginecoligista antes que as beiradas caiam na rua.

    Fui!

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    Aroldo Pinheiro

    Os ovos do juiz

    Território do Rio Branco, início da década de 1960. Em Mucajaí, incomodado com chifres ou com a suspeita de tê-los, agricultor, matou a mulher com golpes de enxada na cabeça. Naquele tempo, o crime mais violento ocorrido nesta Terra de Makunaima.

    Sem fórum na cidade, o julgamento de Nilo dar-se-ia no salão da União Operária Beneficente. A cidade parou para assistir ao embate entre o promotor, Aristarte Leite, e Nozinho, advogado de defesa.

    Na mesma hora em que os atores se posicionavam para o julgamento. Zeca Pato-rouco saía de casa com a missão de vender 12 ovos e, com o apurado, comprar carne para que sua mãe recheasse pastéis. Deliciosos, muito apreciados na pequena cidade.

    Enquanto Pato-rouco batia de porta em porta oferecendo a produção da galinha pedrês, testemunhas era m ouvidas no quente salão, desprovido de qualquer sistema de refrigeração. O juiz, doutor Trindade, tinha sido acomodado de costas para a janela, de maneira que a brisa da manhã refrescasse o corpo abafado por paletó e toga.

    Os nãos ouvidos por Zeca foram muitos. Na União Operária, o roteiro do julgamento de Nilo era seguido ao pé da letra. Doutor Aristarte, caminhando de um lado para outro, sobre a prótese de madeira que substituía membro inferior perdido em acidente, desancava o acusado, “monstro covarde que matou indefesa dona de casa”.

    Quase duas da tarde. No momento em que o rábula Nozinho apresentava seus argumentos para os jurados, Zeca voltava pra casa com os doze ovos dentro do já amarfanhado saco de papel. Ao ver muitos carros – bem uns oito – estacionados na frente da União Operária, o menino resolveu encostar: “Quem sabe vendo os ovos por aqui?”

    Público cansado, jurados sonolentos, o juiz pingava dentro das vestes. Doutro Aristarte, com o paletó de linho branco encharcado de suor, rebatia o advogado de Nilo: “Defesa da honra? Esse crápula não tem honra pra defender. O covarde tirou a vida da companheira sem dar-lhe de chance de explicar-se...”

    Sem entender o que se passava no salão, Zeca Pato-rouco pendurou-se na janela, esticou o bracinho e cutucou a costa daquele estranho usando estranho e negro vestido godê. O meritíssimo voltou-se para ver de quem partia a insolência e sensibilizou-se quando ouviu a voz fraquinha do menino magrelo:

    - Moço: o senhor não quer comprar uma dúzia de ovos? É só 20 cruzeiros...

    Faminto, sonhando com o almoço, o juiz levantou-se, levantou a saia, meteu a mão no bolso, entregou ao garoto uma nota de vinte cruzeiros, colocou o saco com ovos em cima da mesa e voltou a atenção para a fala do promotor. “Daqui a pouco, vou me esbaldar em farofa com arroz e feijão”, pensou.

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    Aroldo Pinheiro

    Meu vizinho

    Conheci o meu vizinho. Gente boa.
    Não, não é um novo vizinho. Há mais de dez anos moramos próximos um do outro.
    Nossas conversas, até segunda-feira, se resumiam a simples bons-dias, boas-tardes, boas-noites. Quando passou disso, no máximo, uma reclamação do calor.
    Com o apagão de segunda-feira, pela primeira vez coloquei cadeira na porta da rua e, enquanto fumava cigarros, abandonei-me em pensamentos vazios projetados na espirais de fumaça. De alguma forma, tentava não ficar nervoso com a falta que o Jornal Nacional me fazia.

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    Ulisses Moroni

    Está em nossa frente

    Há pelo menos uns cinco anos, aqui mesmo em Boa Vista, sempre passo defronte a certo estabelecimento comercial .
    Normalmente de carro; às vezes a pé mesmo.
    Vou geralmente aos comércios vizinhos dali.

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    Tia Lyka

    Grelo duro

    Olá, gente do bem!

    Sentiram minha falta? Nem sabem: na Páscoa, eu enfiei a cara nos ovos. Literalmente.Adooooro!

    Vixe, nem vou poder contar minhas sacanagens pra vocês hoje. Tenho uma pergunta daquelas e o Barão (mão de vaca) só me dá 400 palavras neste espaço, pode? Mas o tema é bom, vai deixar muito homem de orelha em pé. Vejam.

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    Tia Lyka

    Cunilíngua e felação

    Olá, meu povo

    Adoro começar a semana falando de sexo com vocês. Aliás, todo dia pra mim é dia de meter, concordam? Mesmo quando tô com preguiça, eu dou umazinha só pra dormir mais gostoso.

    ­­Hoje, vou direto ao ponto, pois o assunto é de arrancar os cabelos da bunda. Olha o que essa diaba tá querendo aprender a fazer:

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    Alceste Almeida

    COMER GAMBÁ ERRADO

    A palavra gambá tem seu berço no tupi gâ’bá, seio oco, uma referência ao marsúpio onde as fêmeas criam seus filhotes. O bicho propriamente dito tem cerca de 50cm de comprimento, sem contar a cauda, que chega a medir 40cm. Podem reproduzir-se três vezes durante o ano, dando 10 a 20 filhotes em cada gestação, que dura de 12 a quatorze dias. Produzem um líquido fétido através das glândulas axilares, utilizado pelo animal como defesa. Durante o cio, a fêmea costuma exalar esse odor para atrair os machos.

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    Plinio Vicente

    O doutor

    Figura labróstica, vestia sempre as mesmas roupas. Barba espessa e os cabelos desgrenhados, as crianças tinham medo do fantasma ambulante quando ele aparecia na vila. Não lhe davam conversa, nem sequer bom dia, boa tarde ou boa noite. Certa vez, quando chegava à venda pra comprar o básico da semana,

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    Alceste Almeida

    MATANDO CACHORRO A GRITO

    A expressão significa estar em desespero, sem saída, passar por grandes necessidades. Explicando toscamente: quando precisamos defender-nos de um cachorro, mas não temos nada à mão, o jeito é gritar tão alto que faça o bicho morrer de susto e fugir.

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    Ulisses Moroni

    Usar o celular, e não ser refém dele

    O celular talvez seja uma das criações mais revolucionárias do homem.

    Recordo-me quando não havia celulares, e vivia muito bem.

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    Alceste Almeida

    RABO DE ARRAIA

    Golpe dado com as pernas junto ao chão visando a derrubar os oponentes. Aplica-se com um movimento de rotação, com a perna esticada, varrendo a horizontal e apoiando-se uma ou ambas as mãos no chão.

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    Plinio Vicente

    De pó para pó

    Ufa! O carnaval chegou ao fim. É hora de recolher a fantasia, respirar fundo e olhar pra quaresma. São 40 dias que vão da quarta-feira de cinzas à Sexta-Feira da Paixão. Para católicos e ortodoxos, o período se destina a penitências. A pessoa faz jejum, priva-se de carne e renuncia a prazeres. No primeiro dia da provação, o fiel vai à igreja e recebe cinza sobre a cabeça. O padre, então, lhe diz: “Lembra-te, homem, que és pó e ao pó retornarás”. Lembra-te também: quaresma se escreve com a inicial minúscula.

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    Plinio Vicente

    O tangedor de caranguejos

    Wagner Paiva da Silva - para os íntimos, para os colegas de farra, para as
    putas: Vaguinho. O caboco sempre foi bom de farra e adorava cabarés. Casou-se com Janaína, mas não se aprumou. Aproveitava todas as vantagens da vida conjugal: comidinha caseira, roupinha lavada e engomada, mulher cheirosa a esperar para carinho e vadiagem, etc., mas vivia o resto do tempo como se solteiro fosse.
    A esposa acostum

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    Plinio Vicente

    O amor revelado aos berros

    Ele sempre foi um sujeito tranquilo. Tinha a capacidade de afastar todo tipo de agressão, fosse ela ao seu corpo ou à sua mente. Mas já lá pelos 18 anos, descobriu um outro eu que existia dentro de si. Tudo porque, paixão secreta pela moreninha colega de faculdade, não conseguiu impedir que um acesso de fúria se transformasse numa reação quase incontrolável.

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    Plinio Vicente

    A santa que venceu a morte

    Quem a vê, um pingo de gente, não imagina a guerreira que habita em sua’lma. Essa têmpera ela forjou ainda no ventre da mãe, menina de aldeia que, levada pela paixão descontrolada,

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    Plinio Vicente

    O amor pisando em brasas

    Quinzinho, roceiro aquietado, tinha uma fraqueza. Ritinha acendia nele a chama da paixão. Certa noite, quadra de São João, a encontrou na festa da fazenda. Graciosa, bonita, conseguia despertar em sua alma quase uma obsessão. Lá pelas tantas, fogueira queimada,

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    Plinio Vicente

    Morte feliz nos braços da sereia

    Apolinário era solitário. Solidão que só aumentou com a idade, mal que fez de sua alma morada de demônios, que se multiplicavam à medida que ia aumentando as doses de cachaça. Corpo e mente debilitados, quando voltava da venda para o casebre em que vivia na beira do rio,

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    Plinio Vicente

    A mãe do valentão

    Seu Leôncio, oitenta e tantos anos, sorvia calmamente uma dose de cagibrina, chapéu na cabeça. Terêncio, façanheiro desrespeitoso, passou e junto com um “eu sou é macho!” deu-lhe um tapa que fez voar o chapéu do ancião. Seu Leôncio levantou-se, pegou calmamente o chapéu, ajeitou-o e continuou nos goles compassados da bebida. Terêncio passou de novo e repetiu o tapa no meio do “eu sou é macho!”. Leôncio foi lá e com a mesma calma apanhou o chapéu. Quando Terêncio veio pela terceira vez o velhinho lhe perguntou: “Por acaso vossa
    graça é filho de dona Mariquinha?”. O valentão brecou os passos e respondeu: “Sou, sim. Por quê?”. Seu Leôncio foi curto e grosso: “Tracei muito a senhora sua mãe...” Façanheiro - [De façanha + -eiro.] – Adjetivo - Substantivo masculino - 1.Que ou aquele que alardeia façanhas; gabola, bazófio, valentão.

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    Plinio Vicente

    A donzela e o despacho

    Passava pela mesma calçada e parava sob a mesma janela na esperança de que ela se debruçasse no umbral e lhe desse um sorriso. Nada, pois mesmo quando já estava enfeitando o batente com sua beleza, fazendo dele uma tela de pintura, bastava vê-lo para sumir.

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    Plinio Vicente

    O baio do capitão

    Os donos traziam seus animais e nos fins de semana o local se transformava numa grande feira. Totonho era quem cuidava dos bichos. A maioria dos cavalos era da raça manga-larga. Chegando de viagem, capitão Juca Barros apartou um da tropa, o baio com uma marca, façalvo que o distinguia dos demais,

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    Plinio Vicente

    A dama era de araque

    Tonico tinha fama de bom fabro. Mas certo dia descobriu que beleza e mecânica não se misturam. Foi assim. A dona parou o carrão na sua oficina, desceu elegante e majestosa e perguntou-lhe se podia ver o motor estava esquentando tanto. Enquanto ela se refrescava na vasca de água de poço ao lado

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    Plinio Vicente

    A quenga do coronel

    Betinho, músico sem carreira, fazia biscates para sobreviver. Certo dia recebeu uma proposta que mudou sua vida. Recebeu proposta para ensinar a quenga de um poderoso que queira ser cantora profissional. A moça veio, ele se encheu de olhos por ela e topou. Por dos motivos: a grana era boa e a dona um pitéu.

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    Aroldo Pinheiro

    A donzela e o despacho

    Passava pela mesma calçada e parava sob a mesma janela na esperança de que ela se debruçasse no umbral e lhe desse um sorriso. Nada, pois mesmo quando já estava enfeitando o batente com sua beleza, fazendo dele uma tela de pintura, bastava vê-lo para sumir. Procurou um pai de santo.

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    Plinio Vicente

    Detetive das antigas

    Terêncio era servidor exemplar, desses para quem o trabalho é uma religião. Não estudara, mas por ser tão dedicado e por ter comprovada experiência, foi nomeado para o IEDIC

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    Plinio Vicente

    Aninha e o príncipe encantado

    Aninha, tão linda, despertava paixão nos jovens de sua aldeia. Muitas vezes, o sentimento por ela os levava a tentativas de conquista.

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    Plinio Vicente

    A besta do Suapi

    O Suapi fora tomado por um enorme vazio desde que seu Levindo se fora. Todos, no vale do Cotingo, sentiam falta daquele fizera um garimpo ser conhecido Brasil afora como o seio dos

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    Plinio Vicente

    O baiano e a boneca

    Zelão viera da Bahia trabalhar na construção da BR-174 e com ele, outros da boa terra. Unidos pelas origens, tinham os mesmos hábitos de alimentação, música e religião:

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    Plinio Vicente

    A fúria da natureza

    Jamais vira a natureza se manifestar de maneira tão furiosa. Foram dias e dias, mais de mês, de tempestades que pareciam querer engolir tudo naquele fim de mundo.

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    Plinio Vicente

    O doce sabor da selva

    Aprender com os índios a sabedoria da vida fez com que Antônio acabasse adotando os costumes da aldeia. Incorporou no seu dia-a-dia valores morais e espirituais e a

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    Plinio Vicente

    Anjos-da-guarda

    Aristeu garimpou Amazônia afora, bamburrou e blefou, gastando o ganho com mulher e cachaça. Perdia as amantes por não conseguia se livrar da manguaça.

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    Plinio Vicente

    A pedra sagrada

    Mamede nasceu nas margens do rio Purus. Filho de árabes, ficou órfão e foi criado por família cristã, que o adotou para não deixá-lo no abandono.

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    Plinio Vicente

    O peão e o valentão

    Manezinho era peão dos bons, amansava burro xucro e fazia dele carneirinho. Certa vez o patrão o mandou ir examinar um rebanho que queria comprar.

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    Plinio Vicente

    As babas de João de Deus

    Ainda criança ele descobriu que seria vítima de muitas babas vida afora, como a babugem que lhe escorria pela boca; ou a baba das vacas que ordenhava a mando do pai.

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    Plinio Vicente

    Milagre no Maruai

    Quando o avião tocou o solo, evitando a ruma de cupinzeiros que infestam o lavrado roraimense,

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    Plinio Vicente

    O cananeu e o galileu

    As notícias se espalhavam, falando dos milagres creditados a um desconhecido rabi da Galileia. Pastores tocando seus rebanhos nas montanhas;

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    Plinio Vicente

    O espírito do mal

    Encontrou toda a comunidade abalada com o que ocorrera na noite anterior, quando o velho tuxaua, agindo de forma tresloucada, pôs fim à sua vida. Percebeu que, enquanto o corpo era preparado para o ritual de despedida, uma profunda tristeza passeava pelas veredas da aldeia.

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    Plinio Vicente

    Amor na selva

    Quando pôs os pés na aldeia sentiu o ambiente um tanto ababelado. Os anciãos não se entendiam, os mais jovens se ameaçavam e as acusações cruzavam o ar como flechas envenenadas. Apaziguou os ânimos e quis saber os motivos de tamanha balbúrdia.

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    Plinio Vicente

    A pena de mutum

    Guardou no farnel do marido uma porção de aaru. Pôs junto uma pena de mutum para lhe dar sorte, pois guardava na alma a angústia de vê-lo partir e o temor de não vê-lo voltar. Era uma longa viagem entre a aldeia e a cidade,

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    Plinio Vicente

    Tentação e pecado

    Era visto como um símbolo aarônico, tamanha a sua sabedoria e religiosidade. A solidão da selva o fez apegar-se à fé para enfrentar os demônios que transformavam sua alma em inferno. Com o tempo, novos costumes transformaram suas crenças num suplicio.

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    Plinio Vicente

    A caganeira do Eustáquio

    A caganeira do Eustáquio

    Eustáquio era o marido imperfeito, daquele que mulher só arruma porque se descuida.Todo sábado ele vestia o terno de brim impecavelmente branco,jantava e metia o pé na direção do salão de baile. Só voltava para casa com o sol batendo

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    Jaider Esbell

    Papo Reto - Língua entre os dentes e rabo entre as pernas---

    Papo Reto - Língua entre os dentes e rabo entre as pernas---

    Olha, a língua e o rabo do dragão! Deixa passar!

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    Ulisses Moroni

    Tão jovem e vendo maldade em tudo

    Tão jovem e vendo maldade em tudo

    Nestes dias vi poema e viajei na minha memória. “Retornei” a 1984, à escola onde eu cursava o primeiro colegial. Aula de literatura.

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    Plinio Vicente

    O judeu ‘paraguaio’

    O judeu ‘paraguaio’

    Desde menino, como bom carioca, André não dispensava uma feijoada. Cresceu, estudou, se formou e um dia descobriu que a avó materna, que não conheceu, era judia.

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    Plinio Vicente

    Prestação de contas--

    Era uma vez, num reinado imenso, um povo que se dizia feliz, apesar de cobranças de impostos absurdos, juros altíssimos, inflação fugindo ao controle e desmandos de toda sorte.

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